CEOs acreditam que recessão global pode dificultar avanço do ESG, aponta pesquisa


Levantamento global da consultoria KPMG afirma que, embora reconheçam importância da pauta, executivos temem falta de recursos para implantá-la

Por Luis Filipe Santos

Uma pesquisa global realizada pela consultoria KPMG junto aos CEOs de empresas apontou que, embora a maior parte deles reconheça a importância da pauta ESG (ambiental, social e de governança, na sigla em inglês), eles preveem que a implementação de projetos ligados ao tema será afetada por uma provável recessão econômica em 2023. Os dados indicam que 50% irão pausar ou reavaliar seus esforços ESG existentes ou planejados nos próximos seis meses, enquanto 34% já realizaram essa revisão.

Isso acontece apesar de a importância da área ser cada vez mais notada. De acordo com o estudo da KPMG, 45% dos CEOS dizem que a pauta pode melhorar os resultados financeiros, um crescimento em relação aos 37% do levantamento anterior, publicado em agosto de 2021. Por outro lado, 69% veem os stakeholders (as partes interessadas) com uma demanda maior por reportes e transparência; antes, eram 58%. Setenta e dois por cento dos entrevistados acreditam que a observação e análise das partes interessadas pelo ESG vai aumentar (ante 62% na versão anterior) e 14% dizem que o ceticismo relacionado ao greenwashing está aumentando - em 2021, eram 8%. O greenwashing é praticado quando uma organização afirma tomar ações supostamente corretas ambientalmente, mas as atitudes são inócuas ou mesmo prejudiciais.

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Entre os principais riscos para a adoção da pauta nos próximos três anos, foram citados outras pressões econômicas que façam o foco sair do ESG (17%); mudanças regulatórias frequentes (16%) e falta de orçamento para investir na transformação ESG (15%). Por outro lado, acreditam que, se não corresponderem às expectativas relacionadas às questões socioambientais e de governança, há riscos embutidos, como ter um acesso mais caro ao crédito (25% das respostas), dificuldades no recrutamento de talentos (22%) e ver os competidores ganhando espaço (21%).

“Enquanto os CEOs tentam proteger suas empresas da recessão que se aproxima, os esforços ESG estão sob uma pressão crescente. O levantamento confirma que o ESG se tornou um imperativo intrínseco aos negócios, impactando a resiliência financeira, o crescimento e as expectativas dos stakeholders”, afirmou Jane Lawrie, líder para assuntos corporativos da KPMG no relatório.

A publicação ainda destaca declarações de executivos que reforçam a importância de um bom recrutamento que garanta não só a diversidade, mas também o alinhamento dos colaboradores com a visão da companhia, e a necessidade de investigar a cadeia de fornecedores para garantir que também estejam de acordo com o ESG.

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Levantamento foi feito pela consultoria KPMG. Foto: Sam Mircovich/REUTERS

Segundo Charles Krieck, presidente da KPMG no Brasil e na América do Sul, o resultado do estudo não significa que a pauta ESG irá retroceder, e sim que as empresas irão escolher com maior cuidado no que investir em sua jornada. Assim, em sua avaliação, é fundamental entender o contexto no qual a companhia opera e decidir quais são os aspectos sociais, ambientais e éticos que têm relação direta com o sucesso do negócio.

“Esse raciocínio vale independentemente de haver uma crise ou não. A única diferença é que, na crise, alguns aspectos se tornam mais presentes”, afirma Krieck. “Os problemas sociais, ambientais e éticos que temos pela frente não vão desaparecer por causa de uma possível crise econômica. Eles vão se intensificar”, destaca, citando como exemplo a pandemia de covid-19 e seus efeitos.

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A pauta seguirá presente por ser importante também na avaliação de riscos e oportunidades – e os riscos trazidos pelas mudanças climáticas se tornam mais presentes em diversos setores. Empresas do setor alimentício, por exemplo, precisam estar atentas a mudanças no ciclo das chuvas, e as da tecnologia precisam apostar na diversidade para serem mais criativas nas soluções que desenham. “Os projetos ESG a serem priorizados serão aqueles com esta clara conexão”, diz Nelmara Arbex, sócia líder em ESG da KPMG Brasil.

O levantamento ouviu 1.325 executivos de empresas com receita acima de US$ 500 milhões entre 12 de julho e 24 de agosto, em 11 países (Austrália, Canadá, China, França, Índia, Alemanha, Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Espanha e Itália).

Desafios

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Além da recessão, o levantamento aponta para o surgimento de outras questões críticas, como a comunicação com os stakeholders. Mais atentos às questões socioambientais que os afetam e às atitudes e discursos das empresas com os meios digitais, eles exigirão que as organizações tenham uma comunicação clara com os interessados.

“Isso significa que a empresa tem que se adaptar. Os diversos grupos podem publicar suas opiniões e evidências sobre algo que ocorreu no relacionamento com a empresa, o que também é novo. A qualidade dessas relações impacta diretamente no valor que o mercado vê nessas empresas. Assim, empresas precisam se preparar para esse contexto interativo”, avalia Krieck, que sugere como possível solução a criação do cargo de vice-presidente para relações com stakeholders (Chief of Stakeholders´ Relations Officer), que responderia diretamente ao CEO.

Outro ponto afetado pelo cenário é a cadeia de suprimentos global, que teve diversos problemas com a guerra na Ucrânia e os lockdowns na China por conta da pandemia. Os aspectos ESG também se relacionam com esses problemas, já que os fornecedores também são parte do negócio e as empresas devem garantir que eles sigam os padrões morais adotados. “A crise pode fazer com que o foco dos esforços na cadeia de fornecedores mude, mas eles seguirão presentes, até para que as cadeias sigam funcionando. A necessidade de cuidar da resiliência das cadeias se intensifica”, avalia Arbex.

Uma pesquisa global realizada pela consultoria KPMG junto aos CEOs de empresas apontou que, embora a maior parte deles reconheça a importância da pauta ESG (ambiental, social e de governança, na sigla em inglês), eles preveem que a implementação de projetos ligados ao tema será afetada por uma provável recessão econômica em 2023. Os dados indicam que 50% irão pausar ou reavaliar seus esforços ESG existentes ou planejados nos próximos seis meses, enquanto 34% já realizaram essa revisão.

Isso acontece apesar de a importância da área ser cada vez mais notada. De acordo com o estudo da KPMG, 45% dos CEOS dizem que a pauta pode melhorar os resultados financeiros, um crescimento em relação aos 37% do levantamento anterior, publicado em agosto de 2021. Por outro lado, 69% veem os stakeholders (as partes interessadas) com uma demanda maior por reportes e transparência; antes, eram 58%. Setenta e dois por cento dos entrevistados acreditam que a observação e análise das partes interessadas pelo ESG vai aumentar (ante 62% na versão anterior) e 14% dizem que o ceticismo relacionado ao greenwashing está aumentando - em 2021, eram 8%. O greenwashing é praticado quando uma organização afirma tomar ações supostamente corretas ambientalmente, mas as atitudes são inócuas ou mesmo prejudiciais.

Entre os principais riscos para a adoção da pauta nos próximos três anos, foram citados outras pressões econômicas que façam o foco sair do ESG (17%); mudanças regulatórias frequentes (16%) e falta de orçamento para investir na transformação ESG (15%). Por outro lado, acreditam que, se não corresponderem às expectativas relacionadas às questões socioambientais e de governança, há riscos embutidos, como ter um acesso mais caro ao crédito (25% das respostas), dificuldades no recrutamento de talentos (22%) e ver os competidores ganhando espaço (21%).

“Enquanto os CEOs tentam proteger suas empresas da recessão que se aproxima, os esforços ESG estão sob uma pressão crescente. O levantamento confirma que o ESG se tornou um imperativo intrínseco aos negócios, impactando a resiliência financeira, o crescimento e as expectativas dos stakeholders”, afirmou Jane Lawrie, líder para assuntos corporativos da KPMG no relatório.

A publicação ainda destaca declarações de executivos que reforçam a importância de um bom recrutamento que garanta não só a diversidade, mas também o alinhamento dos colaboradores com a visão da companhia, e a necessidade de investigar a cadeia de fornecedores para garantir que também estejam de acordo com o ESG.

Levantamento foi feito pela consultoria KPMG. Foto: Sam Mircovich/REUTERS

Segundo Charles Krieck, presidente da KPMG no Brasil e na América do Sul, o resultado do estudo não significa que a pauta ESG irá retroceder, e sim que as empresas irão escolher com maior cuidado no que investir em sua jornada. Assim, em sua avaliação, é fundamental entender o contexto no qual a companhia opera e decidir quais são os aspectos sociais, ambientais e éticos que têm relação direta com o sucesso do negócio.

“Esse raciocínio vale independentemente de haver uma crise ou não. A única diferença é que, na crise, alguns aspectos se tornam mais presentes”, afirma Krieck. “Os problemas sociais, ambientais e éticos que temos pela frente não vão desaparecer por causa de uma possível crise econômica. Eles vão se intensificar”, destaca, citando como exemplo a pandemia de covid-19 e seus efeitos.

A pauta seguirá presente por ser importante também na avaliação de riscos e oportunidades – e os riscos trazidos pelas mudanças climáticas se tornam mais presentes em diversos setores. Empresas do setor alimentício, por exemplo, precisam estar atentas a mudanças no ciclo das chuvas, e as da tecnologia precisam apostar na diversidade para serem mais criativas nas soluções que desenham. “Os projetos ESG a serem priorizados serão aqueles com esta clara conexão”, diz Nelmara Arbex, sócia líder em ESG da KPMG Brasil.

O levantamento ouviu 1.325 executivos de empresas com receita acima de US$ 500 milhões entre 12 de julho e 24 de agosto, em 11 países (Austrália, Canadá, China, França, Índia, Alemanha, Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Espanha e Itália).

Desafios

Além da recessão, o levantamento aponta para o surgimento de outras questões críticas, como a comunicação com os stakeholders. Mais atentos às questões socioambientais que os afetam e às atitudes e discursos das empresas com os meios digitais, eles exigirão que as organizações tenham uma comunicação clara com os interessados.

“Isso significa que a empresa tem que se adaptar. Os diversos grupos podem publicar suas opiniões e evidências sobre algo que ocorreu no relacionamento com a empresa, o que também é novo. A qualidade dessas relações impacta diretamente no valor que o mercado vê nessas empresas. Assim, empresas precisam se preparar para esse contexto interativo”, avalia Krieck, que sugere como possível solução a criação do cargo de vice-presidente para relações com stakeholders (Chief of Stakeholders´ Relations Officer), que responderia diretamente ao CEO.

Outro ponto afetado pelo cenário é a cadeia de suprimentos global, que teve diversos problemas com a guerra na Ucrânia e os lockdowns na China por conta da pandemia. Os aspectos ESG também se relacionam com esses problemas, já que os fornecedores também são parte do negócio e as empresas devem garantir que eles sigam os padrões morais adotados. “A crise pode fazer com que o foco dos esforços na cadeia de fornecedores mude, mas eles seguirão presentes, até para que as cadeias sigam funcionando. A necessidade de cuidar da resiliência das cadeias se intensifica”, avalia Arbex.

Uma pesquisa global realizada pela consultoria KPMG junto aos CEOs de empresas apontou que, embora a maior parte deles reconheça a importância da pauta ESG (ambiental, social e de governança, na sigla em inglês), eles preveem que a implementação de projetos ligados ao tema será afetada por uma provável recessão econômica em 2023. Os dados indicam que 50% irão pausar ou reavaliar seus esforços ESG existentes ou planejados nos próximos seis meses, enquanto 34% já realizaram essa revisão.

Isso acontece apesar de a importância da área ser cada vez mais notada. De acordo com o estudo da KPMG, 45% dos CEOS dizem que a pauta pode melhorar os resultados financeiros, um crescimento em relação aos 37% do levantamento anterior, publicado em agosto de 2021. Por outro lado, 69% veem os stakeholders (as partes interessadas) com uma demanda maior por reportes e transparência; antes, eram 58%. Setenta e dois por cento dos entrevistados acreditam que a observação e análise das partes interessadas pelo ESG vai aumentar (ante 62% na versão anterior) e 14% dizem que o ceticismo relacionado ao greenwashing está aumentando - em 2021, eram 8%. O greenwashing é praticado quando uma organização afirma tomar ações supostamente corretas ambientalmente, mas as atitudes são inócuas ou mesmo prejudiciais.

Entre os principais riscos para a adoção da pauta nos próximos três anos, foram citados outras pressões econômicas que façam o foco sair do ESG (17%); mudanças regulatórias frequentes (16%) e falta de orçamento para investir na transformação ESG (15%). Por outro lado, acreditam que, se não corresponderem às expectativas relacionadas às questões socioambientais e de governança, há riscos embutidos, como ter um acesso mais caro ao crédito (25% das respostas), dificuldades no recrutamento de talentos (22%) e ver os competidores ganhando espaço (21%).

“Enquanto os CEOs tentam proteger suas empresas da recessão que se aproxima, os esforços ESG estão sob uma pressão crescente. O levantamento confirma que o ESG se tornou um imperativo intrínseco aos negócios, impactando a resiliência financeira, o crescimento e as expectativas dos stakeholders”, afirmou Jane Lawrie, líder para assuntos corporativos da KPMG no relatório.

A publicação ainda destaca declarações de executivos que reforçam a importância de um bom recrutamento que garanta não só a diversidade, mas também o alinhamento dos colaboradores com a visão da companhia, e a necessidade de investigar a cadeia de fornecedores para garantir que também estejam de acordo com o ESG.

Levantamento foi feito pela consultoria KPMG. Foto: Sam Mircovich/REUTERS

Segundo Charles Krieck, presidente da KPMG no Brasil e na América do Sul, o resultado do estudo não significa que a pauta ESG irá retroceder, e sim que as empresas irão escolher com maior cuidado no que investir em sua jornada. Assim, em sua avaliação, é fundamental entender o contexto no qual a companhia opera e decidir quais são os aspectos sociais, ambientais e éticos que têm relação direta com o sucesso do negócio.

“Esse raciocínio vale independentemente de haver uma crise ou não. A única diferença é que, na crise, alguns aspectos se tornam mais presentes”, afirma Krieck. “Os problemas sociais, ambientais e éticos que temos pela frente não vão desaparecer por causa de uma possível crise econômica. Eles vão se intensificar”, destaca, citando como exemplo a pandemia de covid-19 e seus efeitos.

A pauta seguirá presente por ser importante também na avaliação de riscos e oportunidades – e os riscos trazidos pelas mudanças climáticas se tornam mais presentes em diversos setores. Empresas do setor alimentício, por exemplo, precisam estar atentas a mudanças no ciclo das chuvas, e as da tecnologia precisam apostar na diversidade para serem mais criativas nas soluções que desenham. “Os projetos ESG a serem priorizados serão aqueles com esta clara conexão”, diz Nelmara Arbex, sócia líder em ESG da KPMG Brasil.

O levantamento ouviu 1.325 executivos de empresas com receita acima de US$ 500 milhões entre 12 de julho e 24 de agosto, em 11 países (Austrália, Canadá, China, França, Índia, Alemanha, Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Espanha e Itália).

Desafios

Além da recessão, o levantamento aponta para o surgimento de outras questões críticas, como a comunicação com os stakeholders. Mais atentos às questões socioambientais que os afetam e às atitudes e discursos das empresas com os meios digitais, eles exigirão que as organizações tenham uma comunicação clara com os interessados.

“Isso significa que a empresa tem que se adaptar. Os diversos grupos podem publicar suas opiniões e evidências sobre algo que ocorreu no relacionamento com a empresa, o que também é novo. A qualidade dessas relações impacta diretamente no valor que o mercado vê nessas empresas. Assim, empresas precisam se preparar para esse contexto interativo”, avalia Krieck, que sugere como possível solução a criação do cargo de vice-presidente para relações com stakeholders (Chief of Stakeholders´ Relations Officer), que responderia diretamente ao CEO.

Outro ponto afetado pelo cenário é a cadeia de suprimentos global, que teve diversos problemas com a guerra na Ucrânia e os lockdowns na China por conta da pandemia. Os aspectos ESG também se relacionam com esses problemas, já que os fornecedores também são parte do negócio e as empresas devem garantir que eles sigam os padrões morais adotados. “A crise pode fazer com que o foco dos esforços na cadeia de fornecedores mude, mas eles seguirão presentes, até para que as cadeias sigam funcionando. A necessidade de cuidar da resiliência das cadeias se intensifica”, avalia Arbex.

Uma pesquisa global realizada pela consultoria KPMG junto aos CEOs de empresas apontou que, embora a maior parte deles reconheça a importância da pauta ESG (ambiental, social e de governança, na sigla em inglês), eles preveem que a implementação de projetos ligados ao tema será afetada por uma provável recessão econômica em 2023. Os dados indicam que 50% irão pausar ou reavaliar seus esforços ESG existentes ou planejados nos próximos seis meses, enquanto 34% já realizaram essa revisão.

Isso acontece apesar de a importância da área ser cada vez mais notada. De acordo com o estudo da KPMG, 45% dos CEOS dizem que a pauta pode melhorar os resultados financeiros, um crescimento em relação aos 37% do levantamento anterior, publicado em agosto de 2021. Por outro lado, 69% veem os stakeholders (as partes interessadas) com uma demanda maior por reportes e transparência; antes, eram 58%. Setenta e dois por cento dos entrevistados acreditam que a observação e análise das partes interessadas pelo ESG vai aumentar (ante 62% na versão anterior) e 14% dizem que o ceticismo relacionado ao greenwashing está aumentando - em 2021, eram 8%. O greenwashing é praticado quando uma organização afirma tomar ações supostamente corretas ambientalmente, mas as atitudes são inócuas ou mesmo prejudiciais.

Entre os principais riscos para a adoção da pauta nos próximos três anos, foram citados outras pressões econômicas que façam o foco sair do ESG (17%); mudanças regulatórias frequentes (16%) e falta de orçamento para investir na transformação ESG (15%). Por outro lado, acreditam que, se não corresponderem às expectativas relacionadas às questões socioambientais e de governança, há riscos embutidos, como ter um acesso mais caro ao crédito (25% das respostas), dificuldades no recrutamento de talentos (22%) e ver os competidores ganhando espaço (21%).

“Enquanto os CEOs tentam proteger suas empresas da recessão que se aproxima, os esforços ESG estão sob uma pressão crescente. O levantamento confirma que o ESG se tornou um imperativo intrínseco aos negócios, impactando a resiliência financeira, o crescimento e as expectativas dos stakeholders”, afirmou Jane Lawrie, líder para assuntos corporativos da KPMG no relatório.

A publicação ainda destaca declarações de executivos que reforçam a importância de um bom recrutamento que garanta não só a diversidade, mas também o alinhamento dos colaboradores com a visão da companhia, e a necessidade de investigar a cadeia de fornecedores para garantir que também estejam de acordo com o ESG.

Levantamento foi feito pela consultoria KPMG. Foto: Sam Mircovich/REUTERS

Segundo Charles Krieck, presidente da KPMG no Brasil e na América do Sul, o resultado do estudo não significa que a pauta ESG irá retroceder, e sim que as empresas irão escolher com maior cuidado no que investir em sua jornada. Assim, em sua avaliação, é fundamental entender o contexto no qual a companhia opera e decidir quais são os aspectos sociais, ambientais e éticos que têm relação direta com o sucesso do negócio.

“Esse raciocínio vale independentemente de haver uma crise ou não. A única diferença é que, na crise, alguns aspectos se tornam mais presentes”, afirma Krieck. “Os problemas sociais, ambientais e éticos que temos pela frente não vão desaparecer por causa de uma possível crise econômica. Eles vão se intensificar”, destaca, citando como exemplo a pandemia de covid-19 e seus efeitos.

A pauta seguirá presente por ser importante também na avaliação de riscos e oportunidades – e os riscos trazidos pelas mudanças climáticas se tornam mais presentes em diversos setores. Empresas do setor alimentício, por exemplo, precisam estar atentas a mudanças no ciclo das chuvas, e as da tecnologia precisam apostar na diversidade para serem mais criativas nas soluções que desenham. “Os projetos ESG a serem priorizados serão aqueles com esta clara conexão”, diz Nelmara Arbex, sócia líder em ESG da KPMG Brasil.

O levantamento ouviu 1.325 executivos de empresas com receita acima de US$ 500 milhões entre 12 de julho e 24 de agosto, em 11 países (Austrália, Canadá, China, França, Índia, Alemanha, Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Espanha e Itália).

Desafios

Além da recessão, o levantamento aponta para o surgimento de outras questões críticas, como a comunicação com os stakeholders. Mais atentos às questões socioambientais que os afetam e às atitudes e discursos das empresas com os meios digitais, eles exigirão que as organizações tenham uma comunicação clara com os interessados.

“Isso significa que a empresa tem que se adaptar. Os diversos grupos podem publicar suas opiniões e evidências sobre algo que ocorreu no relacionamento com a empresa, o que também é novo. A qualidade dessas relações impacta diretamente no valor que o mercado vê nessas empresas. Assim, empresas precisam se preparar para esse contexto interativo”, avalia Krieck, que sugere como possível solução a criação do cargo de vice-presidente para relações com stakeholders (Chief of Stakeholders´ Relations Officer), que responderia diretamente ao CEO.

Outro ponto afetado pelo cenário é a cadeia de suprimentos global, que teve diversos problemas com a guerra na Ucrânia e os lockdowns na China por conta da pandemia. Os aspectos ESG também se relacionam com esses problemas, já que os fornecedores também são parte do negócio e as empresas devem garantir que eles sigam os padrões morais adotados. “A crise pode fazer com que o foco dos esforços na cadeia de fornecedores mude, mas eles seguirão presentes, até para que as cadeias sigam funcionando. A necessidade de cuidar da resiliência das cadeias se intensifica”, avalia Arbex.

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