Quais os cinco temas de ESG que serão tendência em 2025? Especialistas fazem projeções


Mercado de carbono e IA na governança estão entre os tópicos listados pelos analistas para o cenário corporativo brasileiro

Por Shagaly Ferreira

O que será tendência em ESG no Brasil no ano em que o País sediará a 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30)? A agenda de sustentabilidade será marcada por iniciativas relacionadas ao evento, agendado para o mês de novembro em Belém (PA), segundo analistas da área ouvidos pelo Estadão.

A expansão do mercado de carbono e o crescimento do uso de inteligência artificial (IA) para aperfeiçoar atividades de governança também são citados como destaque nas estratégias das empresas em 2025.

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Especialistas esperam maior destaque para o mercado de carbono em 2025 Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A reportagem ouviu a coordenadora do Centro de Estudos em Ética, Transparência, Integridade e Compliance da FGV (FGVethics), Lígia Maura Costa, o coordenador do Centro de Referência em ESG da Fundação Dom Cabral (FDC), Carlos Penteado Braga, o diretor do Inova ESPM, Pedro Fernandes Saad, o vice-presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), André Vasconcellos e o consultor internacional em Governança, Reputação e Relações Institucionais, Gui Athia.

Confira os cinco principais tópicos destacados:

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1 - COP-30 colocando o ESG na agenda de negócios

A chegada de 2025 não só trará a COP-30 para a mesa de reuniões das grandes empresas como, consequentemente, dará mais holofotes para os pilares ESG de forma mais estratégica para os negócios, dizem os analistas. Isso fará com que as companhias brasileiras, especialmente as de capital aberto, precisem traçar estratégias e materializar iniciativas que possam ter resultados concretos para serem apresentados durante o evento.

“Já se calcula que entre 30% e 40% das empresas que participam da B3 têm a intenção de ter representantes nesta COP, e para estar na COP é preciso levar iniciativas, bons relatórios e framework (estratégia de resolução) adequado”, explica Braga, da FDC.

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Com isso, diante de uma perspectiva de seca de IPOs em 2025 e fortalecimento de fusões e aquisições, a estratégia de maior foco em sustentabilidade pelas empresas pode ser um diferencial no fechamento de negócios, como projeta Vasconcellos, do IBRI.

“As transações não serão mais baseadas apenas só em métricas financeiras, mas também no alinhamento da empresa-alvo com as expectativas de sustentabilidade e com os compromissos da empresa adquirente. Isso pode ser um diferencial competitivo no mercado e um mitigador de riscos, inclusive reputacionais.”

2 - Relatórios de sustentabilidade com padrões internacionais

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Apesar de a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) definir que as empresas de capital aberto precisarão publicar relatórios de sustentabilidade com padrões internacionais só a partir do exercício de 2026, a previsão é que muitas companhias se adiantem às adequações já neste ano.

Trata-se da adoção de determinações publicadas pela International Financial Reporting Standard (IRFS) — as normas IRFS1 e IRFS2 — conforme a resolução nº. 193/2023. Dados da Deloitte e IBRI do ano passado, com informações de empresas listadas na B3 e no exterior, apontam que mais da metade delas pretende adequar seus relatórios antecipadamente a essas normas.

“O Brasil deve se direcionar gradualmente para um maior alinhamento com padrões internacionais de transparência, influenciado pelo mercado de capitais, pela CVM e pela pressão de investidores internacionais e institucionais”, ressalta Costa, da FGVethics. “A tendência é a de que o reporte de métricas ESG se torne mais comparável e sistemático, fortalecendo a transparência.”

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3 - Novos capítulos no mercado de carbono

Se o ano de 2024 foi um marco das discussões normativas sobre a regulamentação do mercado de carbono pela lei nº. 15.042, 2025 deverá dar luz a aspectos mais práticos desse cenário. Especialistas esperam que o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) seja também um dos grandes assuntos da COP-30.

A expectativa é a de que o País cresça em oportunidades de negociação de créditos de carbono, com um mercado mais estruturado e robusto, capaz de fornecer mais segurança para atrair investidores internacionais.

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“O ano de 2025 será o da montagem desse marco, de detalhamento do que foi aprovado no Congresso”, comenta Braga, da FDC. “Isso vai trazer maior interesse do mercado e dos bancos, e se espera que, na COP-30, já tenha uma série de empresas mostrando seus planos de descarbonização (também com este método).”

4 - Uso da IA para otimizar atividades regulatórias

O processo de regulamentação da IA no Brasil ainda segue em curso, mas o avanço do uso dessa tecnologia para auxiliar atividades corporativas tem se tornado visível, principalmente nos setores que dirigem a governança das empresas. No ano passado, a pesquisa ‘Compliance On Top’ revelou que, no País, 7 em cada 10 lideranças da área de compliance — setor que rege normas e regras corporativas — relatam ter participado de discussões e projetos relacionados à IA.

Neste ano, a tendência é a de que essa utilidade aumente. “Os investidores começarão a exigir um nível mais profundo de due diligence (análise prévia) de ESG, utilizando dados e tecnologias para medir e avaliar o impacto das empresas não apenas em termos financeiros, mas também sociais, ambientais e sob a ótica da governança”, diz Vasconcellos, do IBRI.

“Soluções baseadas em big data, IA e blockchain serão cada vez mais utilizadas para monitorar o impacto ambiental e social das empresas, gerenciar riscos, inclusive de eventos climáticos extremos, e garantir a conformidade com a legislação em vigor.”

5 - Maior vigilância contra o washing

Com os olhos do mundo no Brasil em virtude da COP-30, as ações em prol da diversidade e da sustentabilidade precisarão ter sintonia entre o discurso e a prática. Por isso, segundo os analistas, as empresas com interesse em receber financiamentos, principalmente internacionais, neste sentido deverão estar atentas para a pressão contra o washing, termo em inglês referente a falsas ações de ESG.

Práticas como promessas ambientais não fundamentadas em métricas reais ou recursos recebidos de fundos ESG usados indevidamente estarão na mira de investidores e reguladores.

Segundo Athia, mundialmente há um movimento que pode ganhar corpo em parte das empresas no sentido de demonstrar mais prática do que discurso via green hushing (silêncio verde, em português). A estratégia vista como controversa parte de um princípio de ação condicionada à ocultação ou à menor exposição de metas corporativas ambientais. “A tendência surge como resposta ao crescente ceticismo do público em relação ao greenwashing bem como à crescente polarização política do ESG”, explica.

Mas, no Brasil, a necessidade de transparência nas companhias pode demonstrar menor incidência desse movimento no mercado doméstico, considerando a pontuação de Braga, do Inova ESPM. “Com a COP-30, as empresas precisarão ir além dos discursos, demonstrando compromissos concretos com práticas sustentáveis e transparentes. Transparência será essencial para atrair talentos, consumidores e investidores. Além disso, temas como diversidade e inclusão devem integrar as estratégias de organizações que desejam liderar com propósito.”

O que será tendência em ESG no Brasil no ano em que o País sediará a 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30)? A agenda de sustentabilidade será marcada por iniciativas relacionadas ao evento, agendado para o mês de novembro em Belém (PA), segundo analistas da área ouvidos pelo Estadão.

A expansão do mercado de carbono e o crescimento do uso de inteligência artificial (IA) para aperfeiçoar atividades de governança também são citados como destaque nas estratégias das empresas em 2025.

Especialistas esperam maior destaque para o mercado de carbono em 2025 Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A reportagem ouviu a coordenadora do Centro de Estudos em Ética, Transparência, Integridade e Compliance da FGV (FGVethics), Lígia Maura Costa, o coordenador do Centro de Referência em ESG da Fundação Dom Cabral (FDC), Carlos Penteado Braga, o diretor do Inova ESPM, Pedro Fernandes Saad, o vice-presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), André Vasconcellos e o consultor internacional em Governança, Reputação e Relações Institucionais, Gui Athia.

Confira os cinco principais tópicos destacados:

1 - COP-30 colocando o ESG na agenda de negócios

A chegada de 2025 não só trará a COP-30 para a mesa de reuniões das grandes empresas como, consequentemente, dará mais holofotes para os pilares ESG de forma mais estratégica para os negócios, dizem os analistas. Isso fará com que as companhias brasileiras, especialmente as de capital aberto, precisem traçar estratégias e materializar iniciativas que possam ter resultados concretos para serem apresentados durante o evento.

“Já se calcula que entre 30% e 40% das empresas que participam da B3 têm a intenção de ter representantes nesta COP, e para estar na COP é preciso levar iniciativas, bons relatórios e framework (estratégia de resolução) adequado”, explica Braga, da FDC.

Com isso, diante de uma perspectiva de seca de IPOs em 2025 e fortalecimento de fusões e aquisições, a estratégia de maior foco em sustentabilidade pelas empresas pode ser um diferencial no fechamento de negócios, como projeta Vasconcellos, do IBRI.

“As transações não serão mais baseadas apenas só em métricas financeiras, mas também no alinhamento da empresa-alvo com as expectativas de sustentabilidade e com os compromissos da empresa adquirente. Isso pode ser um diferencial competitivo no mercado e um mitigador de riscos, inclusive reputacionais.”

2 - Relatórios de sustentabilidade com padrões internacionais

Apesar de a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) definir que as empresas de capital aberto precisarão publicar relatórios de sustentabilidade com padrões internacionais só a partir do exercício de 2026, a previsão é que muitas companhias se adiantem às adequações já neste ano.

Trata-se da adoção de determinações publicadas pela International Financial Reporting Standard (IRFS) — as normas IRFS1 e IRFS2 — conforme a resolução nº. 193/2023. Dados da Deloitte e IBRI do ano passado, com informações de empresas listadas na B3 e no exterior, apontam que mais da metade delas pretende adequar seus relatórios antecipadamente a essas normas.

“O Brasil deve se direcionar gradualmente para um maior alinhamento com padrões internacionais de transparência, influenciado pelo mercado de capitais, pela CVM e pela pressão de investidores internacionais e institucionais”, ressalta Costa, da FGVethics. “A tendência é a de que o reporte de métricas ESG se torne mais comparável e sistemático, fortalecendo a transparência.”

3 - Novos capítulos no mercado de carbono

Se o ano de 2024 foi um marco das discussões normativas sobre a regulamentação do mercado de carbono pela lei nº. 15.042, 2025 deverá dar luz a aspectos mais práticos desse cenário. Especialistas esperam que o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) seja também um dos grandes assuntos da COP-30.

A expectativa é a de que o País cresça em oportunidades de negociação de créditos de carbono, com um mercado mais estruturado e robusto, capaz de fornecer mais segurança para atrair investidores internacionais.

“O ano de 2025 será o da montagem desse marco, de detalhamento do que foi aprovado no Congresso”, comenta Braga, da FDC. “Isso vai trazer maior interesse do mercado e dos bancos, e se espera que, na COP-30, já tenha uma série de empresas mostrando seus planos de descarbonização (também com este método).”

4 - Uso da IA para otimizar atividades regulatórias

O processo de regulamentação da IA no Brasil ainda segue em curso, mas o avanço do uso dessa tecnologia para auxiliar atividades corporativas tem se tornado visível, principalmente nos setores que dirigem a governança das empresas. No ano passado, a pesquisa ‘Compliance On Top’ revelou que, no País, 7 em cada 10 lideranças da área de compliance — setor que rege normas e regras corporativas — relatam ter participado de discussões e projetos relacionados à IA.

Neste ano, a tendência é a de que essa utilidade aumente. “Os investidores começarão a exigir um nível mais profundo de due diligence (análise prévia) de ESG, utilizando dados e tecnologias para medir e avaliar o impacto das empresas não apenas em termos financeiros, mas também sociais, ambientais e sob a ótica da governança”, diz Vasconcellos, do IBRI.

“Soluções baseadas em big data, IA e blockchain serão cada vez mais utilizadas para monitorar o impacto ambiental e social das empresas, gerenciar riscos, inclusive de eventos climáticos extremos, e garantir a conformidade com a legislação em vigor.”

5 - Maior vigilância contra o washing

Com os olhos do mundo no Brasil em virtude da COP-30, as ações em prol da diversidade e da sustentabilidade precisarão ter sintonia entre o discurso e a prática. Por isso, segundo os analistas, as empresas com interesse em receber financiamentos, principalmente internacionais, neste sentido deverão estar atentas para a pressão contra o washing, termo em inglês referente a falsas ações de ESG.

Práticas como promessas ambientais não fundamentadas em métricas reais ou recursos recebidos de fundos ESG usados indevidamente estarão na mira de investidores e reguladores.

Segundo Athia, mundialmente há um movimento que pode ganhar corpo em parte das empresas no sentido de demonstrar mais prática do que discurso via green hushing (silêncio verde, em português). A estratégia vista como controversa parte de um princípio de ação condicionada à ocultação ou à menor exposição de metas corporativas ambientais. “A tendência surge como resposta ao crescente ceticismo do público em relação ao greenwashing bem como à crescente polarização política do ESG”, explica.

Mas, no Brasil, a necessidade de transparência nas companhias pode demonstrar menor incidência desse movimento no mercado doméstico, considerando a pontuação de Braga, do Inova ESPM. “Com a COP-30, as empresas precisarão ir além dos discursos, demonstrando compromissos concretos com práticas sustentáveis e transparentes. Transparência será essencial para atrair talentos, consumidores e investidores. Além disso, temas como diversidade e inclusão devem integrar as estratégias de organizações que desejam liderar com propósito.”

O que será tendência em ESG no Brasil no ano em que o País sediará a 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30)? A agenda de sustentabilidade será marcada por iniciativas relacionadas ao evento, agendado para o mês de novembro em Belém (PA), segundo analistas da área ouvidos pelo Estadão.

A expansão do mercado de carbono e o crescimento do uso de inteligência artificial (IA) para aperfeiçoar atividades de governança também são citados como destaque nas estratégias das empresas em 2025.

Especialistas esperam maior destaque para o mercado de carbono em 2025 Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A reportagem ouviu a coordenadora do Centro de Estudos em Ética, Transparência, Integridade e Compliance da FGV (FGVethics), Lígia Maura Costa, o coordenador do Centro de Referência em ESG da Fundação Dom Cabral (FDC), Carlos Penteado Braga, o diretor do Inova ESPM, Pedro Fernandes Saad, o vice-presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), André Vasconcellos e o consultor internacional em Governança, Reputação e Relações Institucionais, Gui Athia.

Confira os cinco principais tópicos destacados:

1 - COP-30 colocando o ESG na agenda de negócios

A chegada de 2025 não só trará a COP-30 para a mesa de reuniões das grandes empresas como, consequentemente, dará mais holofotes para os pilares ESG de forma mais estratégica para os negócios, dizem os analistas. Isso fará com que as companhias brasileiras, especialmente as de capital aberto, precisem traçar estratégias e materializar iniciativas que possam ter resultados concretos para serem apresentados durante o evento.

“Já se calcula que entre 30% e 40% das empresas que participam da B3 têm a intenção de ter representantes nesta COP, e para estar na COP é preciso levar iniciativas, bons relatórios e framework (estratégia de resolução) adequado”, explica Braga, da FDC.

Com isso, diante de uma perspectiva de seca de IPOs em 2025 e fortalecimento de fusões e aquisições, a estratégia de maior foco em sustentabilidade pelas empresas pode ser um diferencial no fechamento de negócios, como projeta Vasconcellos, do IBRI.

“As transações não serão mais baseadas apenas só em métricas financeiras, mas também no alinhamento da empresa-alvo com as expectativas de sustentabilidade e com os compromissos da empresa adquirente. Isso pode ser um diferencial competitivo no mercado e um mitigador de riscos, inclusive reputacionais.”

2 - Relatórios de sustentabilidade com padrões internacionais

Apesar de a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) definir que as empresas de capital aberto precisarão publicar relatórios de sustentabilidade com padrões internacionais só a partir do exercício de 2026, a previsão é que muitas companhias se adiantem às adequações já neste ano.

Trata-se da adoção de determinações publicadas pela International Financial Reporting Standard (IRFS) — as normas IRFS1 e IRFS2 — conforme a resolução nº. 193/2023. Dados da Deloitte e IBRI do ano passado, com informações de empresas listadas na B3 e no exterior, apontam que mais da metade delas pretende adequar seus relatórios antecipadamente a essas normas.

“O Brasil deve se direcionar gradualmente para um maior alinhamento com padrões internacionais de transparência, influenciado pelo mercado de capitais, pela CVM e pela pressão de investidores internacionais e institucionais”, ressalta Costa, da FGVethics. “A tendência é a de que o reporte de métricas ESG se torne mais comparável e sistemático, fortalecendo a transparência.”

3 - Novos capítulos no mercado de carbono

Se o ano de 2024 foi um marco das discussões normativas sobre a regulamentação do mercado de carbono pela lei nº. 15.042, 2025 deverá dar luz a aspectos mais práticos desse cenário. Especialistas esperam que o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) seja também um dos grandes assuntos da COP-30.

A expectativa é a de que o País cresça em oportunidades de negociação de créditos de carbono, com um mercado mais estruturado e robusto, capaz de fornecer mais segurança para atrair investidores internacionais.

“O ano de 2025 será o da montagem desse marco, de detalhamento do que foi aprovado no Congresso”, comenta Braga, da FDC. “Isso vai trazer maior interesse do mercado e dos bancos, e se espera que, na COP-30, já tenha uma série de empresas mostrando seus planos de descarbonização (também com este método).”

4 - Uso da IA para otimizar atividades regulatórias

O processo de regulamentação da IA no Brasil ainda segue em curso, mas o avanço do uso dessa tecnologia para auxiliar atividades corporativas tem se tornado visível, principalmente nos setores que dirigem a governança das empresas. No ano passado, a pesquisa ‘Compliance On Top’ revelou que, no País, 7 em cada 10 lideranças da área de compliance — setor que rege normas e regras corporativas — relatam ter participado de discussões e projetos relacionados à IA.

Neste ano, a tendência é a de que essa utilidade aumente. “Os investidores começarão a exigir um nível mais profundo de due diligence (análise prévia) de ESG, utilizando dados e tecnologias para medir e avaliar o impacto das empresas não apenas em termos financeiros, mas também sociais, ambientais e sob a ótica da governança”, diz Vasconcellos, do IBRI.

“Soluções baseadas em big data, IA e blockchain serão cada vez mais utilizadas para monitorar o impacto ambiental e social das empresas, gerenciar riscos, inclusive de eventos climáticos extremos, e garantir a conformidade com a legislação em vigor.”

5 - Maior vigilância contra o washing

Com os olhos do mundo no Brasil em virtude da COP-30, as ações em prol da diversidade e da sustentabilidade precisarão ter sintonia entre o discurso e a prática. Por isso, segundo os analistas, as empresas com interesse em receber financiamentos, principalmente internacionais, neste sentido deverão estar atentas para a pressão contra o washing, termo em inglês referente a falsas ações de ESG.

Práticas como promessas ambientais não fundamentadas em métricas reais ou recursos recebidos de fundos ESG usados indevidamente estarão na mira de investidores e reguladores.

Segundo Athia, mundialmente há um movimento que pode ganhar corpo em parte das empresas no sentido de demonstrar mais prática do que discurso via green hushing (silêncio verde, em português). A estratégia vista como controversa parte de um princípio de ação condicionada à ocultação ou à menor exposição de metas corporativas ambientais. “A tendência surge como resposta ao crescente ceticismo do público em relação ao greenwashing bem como à crescente polarização política do ESG”, explica.

Mas, no Brasil, a necessidade de transparência nas companhias pode demonstrar menor incidência desse movimento no mercado doméstico, considerando a pontuação de Braga, do Inova ESPM. “Com a COP-30, as empresas precisarão ir além dos discursos, demonstrando compromissos concretos com práticas sustentáveis e transparentes. Transparência será essencial para atrair talentos, consumidores e investidores. Além disso, temas como diversidade e inclusão devem integrar as estratégias de organizações que desejam liderar com propósito.”

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