Mudanças climáticas não são consideradas nas discussões de 47,6% dos conselhos das empresas


Levantamento divulgado pelo IBGC nesta sexta-feira, 8, aponta que assunto é considerado relevante, mas não há ações práticas

Por Beatriz Capirazi
Atualização:

As mudanças climáticas, embora cada vez mais em evidência diante das ondas de calor extremo, ainda não são consideradas nas discussões de 47,6% dos comitês de assessoramento dos conselhos das empresas. A conclusão é de uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) nesta sexta-feira, 8. O estudo aborda a atuação dos conselhos de administração diante dos impactos climáticos.

O gerente de pesquisa e conteúdo no IBGC, Luiz Martha, afirma que as mudanças climáticas eram até um tempo atrás uma temática para o futuro. A percepção, diz, mudou com alguns acontecimentos recentes, como as altas temperaturas e a queda de energia em São Paulo no início de novembro provocada pelos fortes ventos e a queda de árvores.

“Quanto mais essas coisas acontecem perto da gente, mais esses eventos ajudam a enxergar a importância da pauta”, afirma. Para ele, o fato de 55,1% dos respondentes considerarem que os conselhos já enxergam as implicações das mudanças climáticas e possuírem conselheiros com esse foco demonstra que a pauta é abordada, mas ainda não é a prioridade.

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Ele destaca que o cenário político e econômico instável vivido pelo Brasil nos últimos anos pode ter levado as empresas a não considerarem esse assunto em suas discussões. Segundo ele, diante da forte polarização, a preocupação dos empresários para assuntos de longo prazo, como a sustentabilidade, não ganhou tanta atenção — o que deve mudar nos próximos anos.

Para Luiz Martha, essa questão é refletida no próprio levantamento, realizado em parceria com o Chapter Zero Brazil e baseado no questionário britânico Board scorecard. A pesquisa aponta que apenas 39,3% dos respondentes veem a questão climática sendo pautada apenas quatro vezes no ano nas agendas dos conselhos, demonstrando que a maioria ainda peca na falta de ações.

Gerente de pesquisa e conteúdo no IBGC, Luiz Martha Foto: Regis Filho/IBGC
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“A percepção dos respondentes é que os conselhos não estão agindo. Existe essa consciência de que é um tema urgente, importante, mas ainda não se consegue transformar em ações práticas, que façam a mudança acontecer, pela dificuldade de colocar isso em andamento”, explica.

Martha destaca que a falta de ações práticas pode ser explicada pela novidade do assunto, além de depender do investimento de tempo, recursos e pessoas. “Esses recursos são escassos em muitas empresas, considerando que são soluções criadas para lidar com uma questão que vai ter impactos mais severos muito lá na frente. Talvez não entre no foco porque ainda não é o que está fazendo os empresários ganhar ou perder dinheiro.”

Além disso, ele pontua que essa falta de ações práticas também pode ser vista como um temor da concorrência. Ele explica que, considerando que é preciso um investimento de tempo e recursos para uma mudança efetiva nos processos produtivos de uma empresa, existe o temor de que a concorrência esteja ganhando competitividade enquanto a empresa está investindo em algo que é para o futuro.

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“Se eu fizer e o meu concorrente não, será que vou perder competitividade? Porque ele vai estar ganhando mercado agora, por mais que no futuro eu esteja mais preparado (para uma economia de baixo carbono). Vou fazer sozinho? Não. A maioria vai fazer quando todo mundo estiver fazendo, quando for algo sistêmico”.

O estudo, apresentado durante a participação do Instituto na Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança Climática (COP-28), mostra ainda a falta de percepção sobre qual a responsabilidade das empresas na mudança e o seu impacto no meio ambiente. Para 39,2% dos respondentes, ainda não há clareza sobre a responsabilidade do conselho e da equipe executiva pelas decisões de redução de emissões de gases de efeito estufa.

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Atrelar remuneração às metas

O levantamento aponta que 37,4% dos CEOs e presidentes dos conselhos de administração ou consultivos não comunicam e divulgam para os funcionários e executivos a importância de se cumprir a meta climática estabelecida para a organização. Cerca de 21,5% apresentam uma posição de neutralidade sobre essa questão. Juntos, os dois dados (que representam 58,9%) demonstram que a maioria dos CEOs não tem uma posição pró-sustentabilidade nas empresas.

Para ele, um fator que pode impulsionar as pautas atreladas a sustentabilidade nos conselhos de administração é relacionar as metas sobre o clima a incentivos e à remuneração dos executivos de maneira significativa e mensurável, cenário que ainda não acontece para 69,1% dos respondentes.

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Atualmente, os conselhos não consideram a questão climática nas decisões de investimento (53,3%), não usam uma e não avaliam os impactos da transição net zero em suas operações e nas decisões de investimento (51,4%).

Outro facilitador para a implementação dessas pautas nos conselhos seria a incorporação da agenda na avaliação de riscos e oportunidades e na estratégia central dos negócios. Martha lembra que os negócios têm uma estrutura formada há muitos anos que funciona de uma determinada forma. Inserir a agenda sustentável na de negócios, para ele, é o que a impulsionará no mundo executivo.

As mudanças climáticas, embora cada vez mais em evidência diante das ondas de calor extremo, ainda não são consideradas nas discussões de 47,6% dos comitês de assessoramento dos conselhos das empresas. A conclusão é de uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) nesta sexta-feira, 8. O estudo aborda a atuação dos conselhos de administração diante dos impactos climáticos.

O gerente de pesquisa e conteúdo no IBGC, Luiz Martha, afirma que as mudanças climáticas eram até um tempo atrás uma temática para o futuro. A percepção, diz, mudou com alguns acontecimentos recentes, como as altas temperaturas e a queda de energia em São Paulo no início de novembro provocada pelos fortes ventos e a queda de árvores.

“Quanto mais essas coisas acontecem perto da gente, mais esses eventos ajudam a enxergar a importância da pauta”, afirma. Para ele, o fato de 55,1% dos respondentes considerarem que os conselhos já enxergam as implicações das mudanças climáticas e possuírem conselheiros com esse foco demonstra que a pauta é abordada, mas ainda não é a prioridade.

Ele destaca que o cenário político e econômico instável vivido pelo Brasil nos últimos anos pode ter levado as empresas a não considerarem esse assunto em suas discussões. Segundo ele, diante da forte polarização, a preocupação dos empresários para assuntos de longo prazo, como a sustentabilidade, não ganhou tanta atenção — o que deve mudar nos próximos anos.

Para Luiz Martha, essa questão é refletida no próprio levantamento, realizado em parceria com o Chapter Zero Brazil e baseado no questionário britânico Board scorecard. A pesquisa aponta que apenas 39,3% dos respondentes veem a questão climática sendo pautada apenas quatro vezes no ano nas agendas dos conselhos, demonstrando que a maioria ainda peca na falta de ações.

Gerente de pesquisa e conteúdo no IBGC, Luiz Martha Foto: Regis Filho/IBGC

“A percepção dos respondentes é que os conselhos não estão agindo. Existe essa consciência de que é um tema urgente, importante, mas ainda não se consegue transformar em ações práticas, que façam a mudança acontecer, pela dificuldade de colocar isso em andamento”, explica.

Martha destaca que a falta de ações práticas pode ser explicada pela novidade do assunto, além de depender do investimento de tempo, recursos e pessoas. “Esses recursos são escassos em muitas empresas, considerando que são soluções criadas para lidar com uma questão que vai ter impactos mais severos muito lá na frente. Talvez não entre no foco porque ainda não é o que está fazendo os empresários ganhar ou perder dinheiro.”

Além disso, ele pontua que essa falta de ações práticas também pode ser vista como um temor da concorrência. Ele explica que, considerando que é preciso um investimento de tempo e recursos para uma mudança efetiva nos processos produtivos de uma empresa, existe o temor de que a concorrência esteja ganhando competitividade enquanto a empresa está investindo em algo que é para o futuro.

“Se eu fizer e o meu concorrente não, será que vou perder competitividade? Porque ele vai estar ganhando mercado agora, por mais que no futuro eu esteja mais preparado (para uma economia de baixo carbono). Vou fazer sozinho? Não. A maioria vai fazer quando todo mundo estiver fazendo, quando for algo sistêmico”.

O estudo, apresentado durante a participação do Instituto na Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança Climática (COP-28), mostra ainda a falta de percepção sobre qual a responsabilidade das empresas na mudança e o seu impacto no meio ambiente. Para 39,2% dos respondentes, ainda não há clareza sobre a responsabilidade do conselho e da equipe executiva pelas decisões de redução de emissões de gases de efeito estufa.

Atrelar remuneração às metas

O levantamento aponta que 37,4% dos CEOs e presidentes dos conselhos de administração ou consultivos não comunicam e divulgam para os funcionários e executivos a importância de se cumprir a meta climática estabelecida para a organização. Cerca de 21,5% apresentam uma posição de neutralidade sobre essa questão. Juntos, os dois dados (que representam 58,9%) demonstram que a maioria dos CEOs não tem uma posição pró-sustentabilidade nas empresas.

Para ele, um fator que pode impulsionar as pautas atreladas a sustentabilidade nos conselhos de administração é relacionar as metas sobre o clima a incentivos e à remuneração dos executivos de maneira significativa e mensurável, cenário que ainda não acontece para 69,1% dos respondentes.

Atualmente, os conselhos não consideram a questão climática nas decisões de investimento (53,3%), não usam uma e não avaliam os impactos da transição net zero em suas operações e nas decisões de investimento (51,4%).

Outro facilitador para a implementação dessas pautas nos conselhos seria a incorporação da agenda na avaliação de riscos e oportunidades e na estratégia central dos negócios. Martha lembra que os negócios têm uma estrutura formada há muitos anos que funciona de uma determinada forma. Inserir a agenda sustentável na de negócios, para ele, é o que a impulsionará no mundo executivo.

As mudanças climáticas, embora cada vez mais em evidência diante das ondas de calor extremo, ainda não são consideradas nas discussões de 47,6% dos comitês de assessoramento dos conselhos das empresas. A conclusão é de uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) nesta sexta-feira, 8. O estudo aborda a atuação dos conselhos de administração diante dos impactos climáticos.

O gerente de pesquisa e conteúdo no IBGC, Luiz Martha, afirma que as mudanças climáticas eram até um tempo atrás uma temática para o futuro. A percepção, diz, mudou com alguns acontecimentos recentes, como as altas temperaturas e a queda de energia em São Paulo no início de novembro provocada pelos fortes ventos e a queda de árvores.

“Quanto mais essas coisas acontecem perto da gente, mais esses eventos ajudam a enxergar a importância da pauta”, afirma. Para ele, o fato de 55,1% dos respondentes considerarem que os conselhos já enxergam as implicações das mudanças climáticas e possuírem conselheiros com esse foco demonstra que a pauta é abordada, mas ainda não é a prioridade.

Ele destaca que o cenário político e econômico instável vivido pelo Brasil nos últimos anos pode ter levado as empresas a não considerarem esse assunto em suas discussões. Segundo ele, diante da forte polarização, a preocupação dos empresários para assuntos de longo prazo, como a sustentabilidade, não ganhou tanta atenção — o que deve mudar nos próximos anos.

Para Luiz Martha, essa questão é refletida no próprio levantamento, realizado em parceria com o Chapter Zero Brazil e baseado no questionário britânico Board scorecard. A pesquisa aponta que apenas 39,3% dos respondentes veem a questão climática sendo pautada apenas quatro vezes no ano nas agendas dos conselhos, demonstrando que a maioria ainda peca na falta de ações.

Gerente de pesquisa e conteúdo no IBGC, Luiz Martha Foto: Regis Filho/IBGC

“A percepção dos respondentes é que os conselhos não estão agindo. Existe essa consciência de que é um tema urgente, importante, mas ainda não se consegue transformar em ações práticas, que façam a mudança acontecer, pela dificuldade de colocar isso em andamento”, explica.

Martha destaca que a falta de ações práticas pode ser explicada pela novidade do assunto, além de depender do investimento de tempo, recursos e pessoas. “Esses recursos são escassos em muitas empresas, considerando que são soluções criadas para lidar com uma questão que vai ter impactos mais severos muito lá na frente. Talvez não entre no foco porque ainda não é o que está fazendo os empresários ganhar ou perder dinheiro.”

Além disso, ele pontua que essa falta de ações práticas também pode ser vista como um temor da concorrência. Ele explica que, considerando que é preciso um investimento de tempo e recursos para uma mudança efetiva nos processos produtivos de uma empresa, existe o temor de que a concorrência esteja ganhando competitividade enquanto a empresa está investindo em algo que é para o futuro.

“Se eu fizer e o meu concorrente não, será que vou perder competitividade? Porque ele vai estar ganhando mercado agora, por mais que no futuro eu esteja mais preparado (para uma economia de baixo carbono). Vou fazer sozinho? Não. A maioria vai fazer quando todo mundo estiver fazendo, quando for algo sistêmico”.

O estudo, apresentado durante a participação do Instituto na Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança Climática (COP-28), mostra ainda a falta de percepção sobre qual a responsabilidade das empresas na mudança e o seu impacto no meio ambiente. Para 39,2% dos respondentes, ainda não há clareza sobre a responsabilidade do conselho e da equipe executiva pelas decisões de redução de emissões de gases de efeito estufa.

Atrelar remuneração às metas

O levantamento aponta que 37,4% dos CEOs e presidentes dos conselhos de administração ou consultivos não comunicam e divulgam para os funcionários e executivos a importância de se cumprir a meta climática estabelecida para a organização. Cerca de 21,5% apresentam uma posição de neutralidade sobre essa questão. Juntos, os dois dados (que representam 58,9%) demonstram que a maioria dos CEOs não tem uma posição pró-sustentabilidade nas empresas.

Para ele, um fator que pode impulsionar as pautas atreladas a sustentabilidade nos conselhos de administração é relacionar as metas sobre o clima a incentivos e à remuneração dos executivos de maneira significativa e mensurável, cenário que ainda não acontece para 69,1% dos respondentes.

Atualmente, os conselhos não consideram a questão climática nas decisões de investimento (53,3%), não usam uma e não avaliam os impactos da transição net zero em suas operações e nas decisões de investimento (51,4%).

Outro facilitador para a implementação dessas pautas nos conselhos seria a incorporação da agenda na avaliação de riscos e oportunidades e na estratégia central dos negócios. Martha lembra que os negócios têm uma estrutura formada há muitos anos que funciona de uma determinada forma. Inserir a agenda sustentável na de negócios, para ele, é o que a impulsionará no mundo executivo.

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