Crise hídrica deve afetar mais de 50% da indústria mundial de alimentos até 2050, aponta relatório


Segundo estudo da Comissão Global sobre Economia da Água (GCEW), se não houver ações de governança compartilhada entre os países, incluindo o Brasil, o agravamento da crise irá resultar em perdas de quase 10% para a atividade econômica global em 25 anos

Por Shagaly Ferreira

A combinação de uma economia fraca, do uso destrutivo da terra e da má-gestão dos recursos hídricos está colocando em alto risco o ciclo global da água e deve resultar em consequências econômicas graves para o mundo até 2050. É o que aponta a Comissão Global sobre Economia da Água (GCEW, na sigla em inglês).

Em um relatório divulgado nesta quinta-feira, 17, o grupo de especialistas da entidade mostra que, caso não haja ações de governança global para mitigação do problema, a crise hídrica deve afetar mais da metade da produção mundial de alimentos até 2050 e causar a perda de, em média, 8% do PIB mundial no mesmo período. Nos países de baixa renda, os prejuízos na atividade econômica são ainda mais intensos, podendo chegar a perdas de 15% no PIB.

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Segundo especialistas, crise hídrica pode afetar de forma significativa a produção mundial de alimentos Foto: Tiago Queiroz/AE

O estudo intitulado “The Economics of Water: Valuing the Hydrological Cycle as a Global Common Good” (A Economia da Água: Valorizando o Ciclo Hidrológico como um Bem Comum Global) foi assinado por líderes internacionais, como a diretora da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, o diretor do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático, Johan Rockström, o presidente de Singapura, Tharman Shanmugaratnam, e a fundadora do Instituto de Inovação e Propósito Público da University College London, Mariana Mazzucato.

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Segundo o documento, o que baseia a estimativa dos analistas é que, mundialmente, mais de 50% da produção da indústria alimentícia e quase três bilhões de pessoas estão em áreas afetadas por secas ou por instabilidades na disponibilidade de água. Além disso, eles apontam que o atual momento é o primeiro na história em que a humanidade está desequilibrando o ciclo global da água.

Entre os pontos mais vulneráveis aos riscos, estão locais de alta densidade populacional, como o noroeste da Índia, o nordeste da China e o sul e leste da Europa. Já na África e na América do Sul, os analistas dizem que a falta de chuvas em regiões de desmatamento podem diminuir as taxas de crescimento das localidades em 0,5 e 0,7 ponto porcentual, respectivamente.

“Se as tendências atuais persistirem, declínios extremos no armazenamento de água podem tornar a irrigação inviável, levando a uma redução de 23% na produção global de cereais”, sinaliza o documento. “Os impactos econômicos serão severos. Os efeitos combinados de mudanças nos padrões de chuva e aumento de temperaturas devido às mudanças climáticas, juntamente com o declínio do armazenamento de água e a falta de acesso à água limpa, implicarão que os países de alta renda correm o risco de ver seus PIBs encolherem.”

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Governança global com protagonismo do Brasil

Para evitar que o cenário da crise hídrica se torne ainda mais crítico nos próximos 25 anos, os integrantes da GCEW defendem uma nova economia da água, gerida por uma governança de coalizão entre setores públicos e privados de diversos países. A ação seria uma maneira de atingir mais rapidamente estratégias de mitigação, como a adoção mais ampla da agricultura regenerativa e de energias renováveis, a restauração de ao menos 30% dos ecossistemas degradados até 2030 e a reutilização de águas residuais.

O Brasil, considerado pelo relatório como um importante exportador líquido de umidade terrestre (a chamada água verde), é visto como estratégico nessa coalizão. “A questão real será como levaremos o tema desse relatório para o cotidiano e como poderemos fazer uma espécie de coalizão de diferentes parceiros espalhados globalmente em torno de países específicos, incluindo o Brasil”, diz Mazzucato. “Se colocarmos as questões relacionadas à água no centro de como a economia é governada, isso significará focar nos pontos que prejudicam as finanças.”

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Segundo os especialistas, será papel dos governos moldar e criar, com os mercados, movimentos para atingir as metas mais críticas relacionadas à crise hídrica, incluindo o financiamento em projetos estratégicos de risco do setor privado. No País, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é citado como um potencial parceiro para esse tipo de ação, e a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30), que acontecerá em 2025, como um momento oportuno para essa discussão.

“Sabemos o que precisa acontecer no Brasil e o governo brasileiro também sabe. Falharemos no Acordo de Paris se enfrentarmos apenas as questões do carvão, do petróleo e do gás. Também precisaremos proteger a biodiversidade, a água doce. (A COP-30 e outras convenções) Serão o momento de fazer com que a estrutura global da biodiversidade e a estrutura climática funcionem juntas. O que está faltando até agora é colocar a água como uma espécie de peça horizontal nisso”, diz Rockström.

A combinação de uma economia fraca, do uso destrutivo da terra e da má-gestão dos recursos hídricos está colocando em alto risco o ciclo global da água e deve resultar em consequências econômicas graves para o mundo até 2050. É o que aponta a Comissão Global sobre Economia da Água (GCEW, na sigla em inglês).

Em um relatório divulgado nesta quinta-feira, 17, o grupo de especialistas da entidade mostra que, caso não haja ações de governança global para mitigação do problema, a crise hídrica deve afetar mais da metade da produção mundial de alimentos até 2050 e causar a perda de, em média, 8% do PIB mundial no mesmo período. Nos países de baixa renda, os prejuízos na atividade econômica são ainda mais intensos, podendo chegar a perdas de 15% no PIB.

Segundo especialistas, crise hídrica pode afetar de forma significativa a produção mundial de alimentos Foto: Tiago Queiroz/AE

O estudo intitulado “The Economics of Water: Valuing the Hydrological Cycle as a Global Common Good” (A Economia da Água: Valorizando o Ciclo Hidrológico como um Bem Comum Global) foi assinado por líderes internacionais, como a diretora da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, o diretor do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático, Johan Rockström, o presidente de Singapura, Tharman Shanmugaratnam, e a fundadora do Instituto de Inovação e Propósito Público da University College London, Mariana Mazzucato.

Segundo o documento, o que baseia a estimativa dos analistas é que, mundialmente, mais de 50% da produção da indústria alimentícia e quase três bilhões de pessoas estão em áreas afetadas por secas ou por instabilidades na disponibilidade de água. Além disso, eles apontam que o atual momento é o primeiro na história em que a humanidade está desequilibrando o ciclo global da água.

Entre os pontos mais vulneráveis aos riscos, estão locais de alta densidade populacional, como o noroeste da Índia, o nordeste da China e o sul e leste da Europa. Já na África e na América do Sul, os analistas dizem que a falta de chuvas em regiões de desmatamento podem diminuir as taxas de crescimento das localidades em 0,5 e 0,7 ponto porcentual, respectivamente.

“Se as tendências atuais persistirem, declínios extremos no armazenamento de água podem tornar a irrigação inviável, levando a uma redução de 23% na produção global de cereais”, sinaliza o documento. “Os impactos econômicos serão severos. Os efeitos combinados de mudanças nos padrões de chuva e aumento de temperaturas devido às mudanças climáticas, juntamente com o declínio do armazenamento de água e a falta de acesso à água limpa, implicarão que os países de alta renda correm o risco de ver seus PIBs encolherem.”

Governança global com protagonismo do Brasil

Para evitar que o cenário da crise hídrica se torne ainda mais crítico nos próximos 25 anos, os integrantes da GCEW defendem uma nova economia da água, gerida por uma governança de coalizão entre setores públicos e privados de diversos países. A ação seria uma maneira de atingir mais rapidamente estratégias de mitigação, como a adoção mais ampla da agricultura regenerativa e de energias renováveis, a restauração de ao menos 30% dos ecossistemas degradados até 2030 e a reutilização de águas residuais.

O Brasil, considerado pelo relatório como um importante exportador líquido de umidade terrestre (a chamada água verde), é visto como estratégico nessa coalizão. “A questão real será como levaremos o tema desse relatório para o cotidiano e como poderemos fazer uma espécie de coalizão de diferentes parceiros espalhados globalmente em torno de países específicos, incluindo o Brasil”, diz Mazzucato. “Se colocarmos as questões relacionadas à água no centro de como a economia é governada, isso significará focar nos pontos que prejudicam as finanças.”

Segundo os especialistas, será papel dos governos moldar e criar, com os mercados, movimentos para atingir as metas mais críticas relacionadas à crise hídrica, incluindo o financiamento em projetos estratégicos de risco do setor privado. No País, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é citado como um potencial parceiro para esse tipo de ação, e a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30), que acontecerá em 2025, como um momento oportuno para essa discussão.

“Sabemos o que precisa acontecer no Brasil e o governo brasileiro também sabe. Falharemos no Acordo de Paris se enfrentarmos apenas as questões do carvão, do petróleo e do gás. Também precisaremos proteger a biodiversidade, a água doce. (A COP-30 e outras convenções) Serão o momento de fazer com que a estrutura global da biodiversidade e a estrutura climática funcionem juntas. O que está faltando até agora é colocar a água como uma espécie de peça horizontal nisso”, diz Rockström.

A combinação de uma economia fraca, do uso destrutivo da terra e da má-gestão dos recursos hídricos está colocando em alto risco o ciclo global da água e deve resultar em consequências econômicas graves para o mundo até 2050. É o que aponta a Comissão Global sobre Economia da Água (GCEW, na sigla em inglês).

Em um relatório divulgado nesta quinta-feira, 17, o grupo de especialistas da entidade mostra que, caso não haja ações de governança global para mitigação do problema, a crise hídrica deve afetar mais da metade da produção mundial de alimentos até 2050 e causar a perda de, em média, 8% do PIB mundial no mesmo período. Nos países de baixa renda, os prejuízos na atividade econômica são ainda mais intensos, podendo chegar a perdas de 15% no PIB.

Segundo especialistas, crise hídrica pode afetar de forma significativa a produção mundial de alimentos Foto: Tiago Queiroz/AE

O estudo intitulado “The Economics of Water: Valuing the Hydrological Cycle as a Global Common Good” (A Economia da Água: Valorizando o Ciclo Hidrológico como um Bem Comum Global) foi assinado por líderes internacionais, como a diretora da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, o diretor do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático, Johan Rockström, o presidente de Singapura, Tharman Shanmugaratnam, e a fundadora do Instituto de Inovação e Propósito Público da University College London, Mariana Mazzucato.

Segundo o documento, o que baseia a estimativa dos analistas é que, mundialmente, mais de 50% da produção da indústria alimentícia e quase três bilhões de pessoas estão em áreas afetadas por secas ou por instabilidades na disponibilidade de água. Além disso, eles apontam que o atual momento é o primeiro na história em que a humanidade está desequilibrando o ciclo global da água.

Entre os pontos mais vulneráveis aos riscos, estão locais de alta densidade populacional, como o noroeste da Índia, o nordeste da China e o sul e leste da Europa. Já na África e na América do Sul, os analistas dizem que a falta de chuvas em regiões de desmatamento podem diminuir as taxas de crescimento das localidades em 0,5 e 0,7 ponto porcentual, respectivamente.

“Se as tendências atuais persistirem, declínios extremos no armazenamento de água podem tornar a irrigação inviável, levando a uma redução de 23% na produção global de cereais”, sinaliza o documento. “Os impactos econômicos serão severos. Os efeitos combinados de mudanças nos padrões de chuva e aumento de temperaturas devido às mudanças climáticas, juntamente com o declínio do armazenamento de água e a falta de acesso à água limpa, implicarão que os países de alta renda correm o risco de ver seus PIBs encolherem.”

Governança global com protagonismo do Brasil

Para evitar que o cenário da crise hídrica se torne ainda mais crítico nos próximos 25 anos, os integrantes da GCEW defendem uma nova economia da água, gerida por uma governança de coalizão entre setores públicos e privados de diversos países. A ação seria uma maneira de atingir mais rapidamente estratégias de mitigação, como a adoção mais ampla da agricultura regenerativa e de energias renováveis, a restauração de ao menos 30% dos ecossistemas degradados até 2030 e a reutilização de águas residuais.

O Brasil, considerado pelo relatório como um importante exportador líquido de umidade terrestre (a chamada água verde), é visto como estratégico nessa coalizão. “A questão real será como levaremos o tema desse relatório para o cotidiano e como poderemos fazer uma espécie de coalizão de diferentes parceiros espalhados globalmente em torno de países específicos, incluindo o Brasil”, diz Mazzucato. “Se colocarmos as questões relacionadas à água no centro de como a economia é governada, isso significará focar nos pontos que prejudicam as finanças.”

Segundo os especialistas, será papel dos governos moldar e criar, com os mercados, movimentos para atingir as metas mais críticas relacionadas à crise hídrica, incluindo o financiamento em projetos estratégicos de risco do setor privado. No País, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é citado como um potencial parceiro para esse tipo de ação, e a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30), que acontecerá em 2025, como um momento oportuno para essa discussão.

“Sabemos o que precisa acontecer no Brasil e o governo brasileiro também sabe. Falharemos no Acordo de Paris se enfrentarmos apenas as questões do carvão, do petróleo e do gás. Também precisaremos proteger a biodiversidade, a água doce. (A COP-30 e outras convenções) Serão o momento de fazer com que a estrutura global da biodiversidade e a estrutura climática funcionem juntas. O que está faltando até agora é colocar a água como uma espécie de peça horizontal nisso”, diz Rockström.

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