Emissão de dívidas de empresas para financiar projetos ESG cai 38% no Brasil em 2022


Embora operações em moeda nacional tenham crescido em valor, queda de recursos vindos do exterior derruba total investido

Por Luis Filipe Santos

A consultoria Nint, especializada em questões socioambientais, calculou a quantidade de vezes em que empresas brasileiras emitiram dívida para financiar questões e projetos ESG (ambientais, sociais e de governança corporativa, na sigla em inglês), e o valor total dessas operações em 2022. De acordo com o relatório, os números apresentaram uma queda, tanto no total arrecadado quanto no número de operações, puxados principalmente pelo menor interesse de investidores estrangeiros.

Em 2022, foram realizadas 79 operações por empresas brasileiras, que arrecadaram R$ 58 bilhões - uma redução de 38% nos recursos em relação ao ano anterior, que teve 121 emissões. No mercado nacional, as operações cresceram para R$ 39 bilhões (+39%), enquanto internacionalmente foram investidos R$ 15 bilhões, queda de 75% na comparação com 2021.

continua após a publicidade

A diferença entre os resultados nacional e internacional pode ser explicada por alguns fatores. Um é que foi um ano complicado para o mercado de renda fixa de forma geral; outro são as incertezas do mercado internacional com fatores como a guerra na Ucrânia e as eleições de 2022 - situação parecida já havia ocorrido antes 2018, de acordo com o relatório da Nint.

“Além disso, tivemos um esgotamento dos potenciais emissores, que já haviam feito muitas emissões em 2021. Uma empresa tem apenas uma parcela das dívidas que está apta a receber essa rotulagem”, explica Cristóvão Alves, diretor de Pesquisa e Avaliação da Nint.

Empresa de papel e celulose tem se envolvido em iniciativas ESG    Foto: L. Adolfo/AE
continua após a publicidade

No entanto, ele destaca que o mercado nacional de dívida ESG traz boas notícias, já que uma proporção maior da dívida emitida é atrelada a fatores socioambientais e de governança do que na média global. “Demonstra que há uma certa maturidade no mercado e o ambiente se torna mais favorável. A tendência é que evolua e tenha retomada do crescimento nos próximos anos”, projeta.

Outro ponto positivo é a variedade nos setores que realizaram emissões. Enquanto no mundo o setor de energia é responsável por cerca de dois terços das dívidas com base ESG, no Brasil responde por um terço. No País, o setor financeiro aparece em segundo lugar com 13,4% das emissões, seguido por bioenergia (10,8%), agropecuário (8,2%) e papel e celulose (7,4%). Outros setores como alimentos e bebidas, transportes e logísticas e construção civil também aparecem na lista.

“A entrada de outros setores, especialmente ligados à agropecuária e biocombustíveis, são importantes para ter títulos verdes que façam a diferença e tragam setores importantes da economia brasileira. Traz mecanismos sofisticados para o mercado de dívida no Brasil e uma série de instrumentos que financiam os setores a caminharem para o ESG”, avalia Alves.

continua após a publicidade

Desempenho

O mercado brasileiro de emissão de dívida ESG também difere da média global por ser mais atrelado a SLBs, ou seja, a títulos que contam com um determinado indicador de desempenho. 28% das operações foram desta maneira, mas elas arrecadaram 47% dos recursos - bastante acima do mercado global, que gira em torno de 20%. A tendência tem ganhado força no Brasil.

“É importante porque a maior parte é feita para o capital de giro, e é difícil ter ‘green bond’ para capital de giro por não se saber em qual projeto foi usado”, comenta Alves. “A principal importância é que as empresas consigam entregar uma melhoria no seu desempenho com as relações socioambientais para além dos projetos focados unicamente nelas”, completa.

continua após a publicidade

Outro dado importante são os tipos de títulos emitidos: 71% são considerados “verdes”, 20,1% “sustentáveis”, 4,8% para a “transição” (ou seja, rumo a uma operação sem emissão de gases de efeito estufa) e os 4,1% restantes, “sociais”. Os títulos para a transição nunca se destacaram devido à dificuldade das empresas para admitirem que seu negócio gera externalidades negativas - então, a preferência fica por emitir SLBs.

Já os poucos títulos sociais tem outra explicação. “É difícil pensar em tipos de negócio para financiar projetos que gerem benefícios sociais. Para justificar, ele precisa ser encaminhado para populações vulneráveis, o que é difícil de comprovar. Isso ocorre mais em negócios de menor porte, negócios sociais, fintechs, por exemplo”, afirma Alves. O que não significa que não seja possível para as grandes companhias: o Itaú, por exemplo, emitiu um “gender bond”, que captou R$ 2 bilhões para apoiar projetos de empreendedorismo feminino no início de fevereiro de 2023.

A consultoria Nint, especializada em questões socioambientais, calculou a quantidade de vezes em que empresas brasileiras emitiram dívida para financiar questões e projetos ESG (ambientais, sociais e de governança corporativa, na sigla em inglês), e o valor total dessas operações em 2022. De acordo com o relatório, os números apresentaram uma queda, tanto no total arrecadado quanto no número de operações, puxados principalmente pelo menor interesse de investidores estrangeiros.

Em 2022, foram realizadas 79 operações por empresas brasileiras, que arrecadaram R$ 58 bilhões - uma redução de 38% nos recursos em relação ao ano anterior, que teve 121 emissões. No mercado nacional, as operações cresceram para R$ 39 bilhões (+39%), enquanto internacionalmente foram investidos R$ 15 bilhões, queda de 75% na comparação com 2021.

A diferença entre os resultados nacional e internacional pode ser explicada por alguns fatores. Um é que foi um ano complicado para o mercado de renda fixa de forma geral; outro são as incertezas do mercado internacional com fatores como a guerra na Ucrânia e as eleições de 2022 - situação parecida já havia ocorrido antes 2018, de acordo com o relatório da Nint.

“Além disso, tivemos um esgotamento dos potenciais emissores, que já haviam feito muitas emissões em 2021. Uma empresa tem apenas uma parcela das dívidas que está apta a receber essa rotulagem”, explica Cristóvão Alves, diretor de Pesquisa e Avaliação da Nint.

Empresa de papel e celulose tem se envolvido em iniciativas ESG    Foto: L. Adolfo/AE

No entanto, ele destaca que o mercado nacional de dívida ESG traz boas notícias, já que uma proporção maior da dívida emitida é atrelada a fatores socioambientais e de governança do que na média global. “Demonstra que há uma certa maturidade no mercado e o ambiente se torna mais favorável. A tendência é que evolua e tenha retomada do crescimento nos próximos anos”, projeta.

Outro ponto positivo é a variedade nos setores que realizaram emissões. Enquanto no mundo o setor de energia é responsável por cerca de dois terços das dívidas com base ESG, no Brasil responde por um terço. No País, o setor financeiro aparece em segundo lugar com 13,4% das emissões, seguido por bioenergia (10,8%), agropecuário (8,2%) e papel e celulose (7,4%). Outros setores como alimentos e bebidas, transportes e logísticas e construção civil também aparecem na lista.

“A entrada de outros setores, especialmente ligados à agropecuária e biocombustíveis, são importantes para ter títulos verdes que façam a diferença e tragam setores importantes da economia brasileira. Traz mecanismos sofisticados para o mercado de dívida no Brasil e uma série de instrumentos que financiam os setores a caminharem para o ESG”, avalia Alves.

Desempenho

O mercado brasileiro de emissão de dívida ESG também difere da média global por ser mais atrelado a SLBs, ou seja, a títulos que contam com um determinado indicador de desempenho. 28% das operações foram desta maneira, mas elas arrecadaram 47% dos recursos - bastante acima do mercado global, que gira em torno de 20%. A tendência tem ganhado força no Brasil.

“É importante porque a maior parte é feita para o capital de giro, e é difícil ter ‘green bond’ para capital de giro por não se saber em qual projeto foi usado”, comenta Alves. “A principal importância é que as empresas consigam entregar uma melhoria no seu desempenho com as relações socioambientais para além dos projetos focados unicamente nelas”, completa.

Outro dado importante são os tipos de títulos emitidos: 71% são considerados “verdes”, 20,1% “sustentáveis”, 4,8% para a “transição” (ou seja, rumo a uma operação sem emissão de gases de efeito estufa) e os 4,1% restantes, “sociais”. Os títulos para a transição nunca se destacaram devido à dificuldade das empresas para admitirem que seu negócio gera externalidades negativas - então, a preferência fica por emitir SLBs.

Já os poucos títulos sociais tem outra explicação. “É difícil pensar em tipos de negócio para financiar projetos que gerem benefícios sociais. Para justificar, ele precisa ser encaminhado para populações vulneráveis, o que é difícil de comprovar. Isso ocorre mais em negócios de menor porte, negócios sociais, fintechs, por exemplo”, afirma Alves. O que não significa que não seja possível para as grandes companhias: o Itaú, por exemplo, emitiu um “gender bond”, que captou R$ 2 bilhões para apoiar projetos de empreendedorismo feminino no início de fevereiro de 2023.

A consultoria Nint, especializada em questões socioambientais, calculou a quantidade de vezes em que empresas brasileiras emitiram dívida para financiar questões e projetos ESG (ambientais, sociais e de governança corporativa, na sigla em inglês), e o valor total dessas operações em 2022. De acordo com o relatório, os números apresentaram uma queda, tanto no total arrecadado quanto no número de operações, puxados principalmente pelo menor interesse de investidores estrangeiros.

Em 2022, foram realizadas 79 operações por empresas brasileiras, que arrecadaram R$ 58 bilhões - uma redução de 38% nos recursos em relação ao ano anterior, que teve 121 emissões. No mercado nacional, as operações cresceram para R$ 39 bilhões (+39%), enquanto internacionalmente foram investidos R$ 15 bilhões, queda de 75% na comparação com 2021.

A diferença entre os resultados nacional e internacional pode ser explicada por alguns fatores. Um é que foi um ano complicado para o mercado de renda fixa de forma geral; outro são as incertezas do mercado internacional com fatores como a guerra na Ucrânia e as eleições de 2022 - situação parecida já havia ocorrido antes 2018, de acordo com o relatório da Nint.

“Além disso, tivemos um esgotamento dos potenciais emissores, que já haviam feito muitas emissões em 2021. Uma empresa tem apenas uma parcela das dívidas que está apta a receber essa rotulagem”, explica Cristóvão Alves, diretor de Pesquisa e Avaliação da Nint.

Empresa de papel e celulose tem se envolvido em iniciativas ESG    Foto: L. Adolfo/AE

No entanto, ele destaca que o mercado nacional de dívida ESG traz boas notícias, já que uma proporção maior da dívida emitida é atrelada a fatores socioambientais e de governança do que na média global. “Demonstra que há uma certa maturidade no mercado e o ambiente se torna mais favorável. A tendência é que evolua e tenha retomada do crescimento nos próximos anos”, projeta.

Outro ponto positivo é a variedade nos setores que realizaram emissões. Enquanto no mundo o setor de energia é responsável por cerca de dois terços das dívidas com base ESG, no Brasil responde por um terço. No País, o setor financeiro aparece em segundo lugar com 13,4% das emissões, seguido por bioenergia (10,8%), agropecuário (8,2%) e papel e celulose (7,4%). Outros setores como alimentos e bebidas, transportes e logísticas e construção civil também aparecem na lista.

“A entrada de outros setores, especialmente ligados à agropecuária e biocombustíveis, são importantes para ter títulos verdes que façam a diferença e tragam setores importantes da economia brasileira. Traz mecanismos sofisticados para o mercado de dívida no Brasil e uma série de instrumentos que financiam os setores a caminharem para o ESG”, avalia Alves.

Desempenho

O mercado brasileiro de emissão de dívida ESG também difere da média global por ser mais atrelado a SLBs, ou seja, a títulos que contam com um determinado indicador de desempenho. 28% das operações foram desta maneira, mas elas arrecadaram 47% dos recursos - bastante acima do mercado global, que gira em torno de 20%. A tendência tem ganhado força no Brasil.

“É importante porque a maior parte é feita para o capital de giro, e é difícil ter ‘green bond’ para capital de giro por não se saber em qual projeto foi usado”, comenta Alves. “A principal importância é que as empresas consigam entregar uma melhoria no seu desempenho com as relações socioambientais para além dos projetos focados unicamente nelas”, completa.

Outro dado importante são os tipos de títulos emitidos: 71% são considerados “verdes”, 20,1% “sustentáveis”, 4,8% para a “transição” (ou seja, rumo a uma operação sem emissão de gases de efeito estufa) e os 4,1% restantes, “sociais”. Os títulos para a transição nunca se destacaram devido à dificuldade das empresas para admitirem que seu negócio gera externalidades negativas - então, a preferência fica por emitir SLBs.

Já os poucos títulos sociais tem outra explicação. “É difícil pensar em tipos de negócio para financiar projetos que gerem benefícios sociais. Para justificar, ele precisa ser encaminhado para populações vulneráveis, o que é difícil de comprovar. Isso ocorre mais em negócios de menor porte, negócios sociais, fintechs, por exemplo”, afirma Alves. O que não significa que não seja possível para as grandes companhias: o Itaú, por exemplo, emitiu um “gender bond”, que captou R$ 2 bilhões para apoiar projetos de empreendedorismo feminino no início de fevereiro de 2023.

A consultoria Nint, especializada em questões socioambientais, calculou a quantidade de vezes em que empresas brasileiras emitiram dívida para financiar questões e projetos ESG (ambientais, sociais e de governança corporativa, na sigla em inglês), e o valor total dessas operações em 2022. De acordo com o relatório, os números apresentaram uma queda, tanto no total arrecadado quanto no número de operações, puxados principalmente pelo menor interesse de investidores estrangeiros.

Em 2022, foram realizadas 79 operações por empresas brasileiras, que arrecadaram R$ 58 bilhões - uma redução de 38% nos recursos em relação ao ano anterior, que teve 121 emissões. No mercado nacional, as operações cresceram para R$ 39 bilhões (+39%), enquanto internacionalmente foram investidos R$ 15 bilhões, queda de 75% na comparação com 2021.

A diferença entre os resultados nacional e internacional pode ser explicada por alguns fatores. Um é que foi um ano complicado para o mercado de renda fixa de forma geral; outro são as incertezas do mercado internacional com fatores como a guerra na Ucrânia e as eleições de 2022 - situação parecida já havia ocorrido antes 2018, de acordo com o relatório da Nint.

“Além disso, tivemos um esgotamento dos potenciais emissores, que já haviam feito muitas emissões em 2021. Uma empresa tem apenas uma parcela das dívidas que está apta a receber essa rotulagem”, explica Cristóvão Alves, diretor de Pesquisa e Avaliação da Nint.

Empresa de papel e celulose tem se envolvido em iniciativas ESG    Foto: L. Adolfo/AE

No entanto, ele destaca que o mercado nacional de dívida ESG traz boas notícias, já que uma proporção maior da dívida emitida é atrelada a fatores socioambientais e de governança do que na média global. “Demonstra que há uma certa maturidade no mercado e o ambiente se torna mais favorável. A tendência é que evolua e tenha retomada do crescimento nos próximos anos”, projeta.

Outro ponto positivo é a variedade nos setores que realizaram emissões. Enquanto no mundo o setor de energia é responsável por cerca de dois terços das dívidas com base ESG, no Brasil responde por um terço. No País, o setor financeiro aparece em segundo lugar com 13,4% das emissões, seguido por bioenergia (10,8%), agropecuário (8,2%) e papel e celulose (7,4%). Outros setores como alimentos e bebidas, transportes e logísticas e construção civil também aparecem na lista.

“A entrada de outros setores, especialmente ligados à agropecuária e biocombustíveis, são importantes para ter títulos verdes que façam a diferença e tragam setores importantes da economia brasileira. Traz mecanismos sofisticados para o mercado de dívida no Brasil e uma série de instrumentos que financiam os setores a caminharem para o ESG”, avalia Alves.

Desempenho

O mercado brasileiro de emissão de dívida ESG também difere da média global por ser mais atrelado a SLBs, ou seja, a títulos que contam com um determinado indicador de desempenho. 28% das operações foram desta maneira, mas elas arrecadaram 47% dos recursos - bastante acima do mercado global, que gira em torno de 20%. A tendência tem ganhado força no Brasil.

“É importante porque a maior parte é feita para o capital de giro, e é difícil ter ‘green bond’ para capital de giro por não se saber em qual projeto foi usado”, comenta Alves. “A principal importância é que as empresas consigam entregar uma melhoria no seu desempenho com as relações socioambientais para além dos projetos focados unicamente nelas”, completa.

Outro dado importante são os tipos de títulos emitidos: 71% são considerados “verdes”, 20,1% “sustentáveis”, 4,8% para a “transição” (ou seja, rumo a uma operação sem emissão de gases de efeito estufa) e os 4,1% restantes, “sociais”. Os títulos para a transição nunca se destacaram devido à dificuldade das empresas para admitirem que seu negócio gera externalidades negativas - então, a preferência fica por emitir SLBs.

Já os poucos títulos sociais tem outra explicação. “É difícil pensar em tipos de negócio para financiar projetos que gerem benefícios sociais. Para justificar, ele precisa ser encaminhado para populações vulneráveis, o que é difícil de comprovar. Isso ocorre mais em negócios de menor porte, negócios sociais, fintechs, por exemplo”, afirma Alves. O que não significa que não seja possível para as grandes companhias: o Itaú, por exemplo, emitiu um “gender bond”, que captou R$ 2 bilhões para apoiar projetos de empreendedorismo feminino no início de fevereiro de 2023.

A consultoria Nint, especializada em questões socioambientais, calculou a quantidade de vezes em que empresas brasileiras emitiram dívida para financiar questões e projetos ESG (ambientais, sociais e de governança corporativa, na sigla em inglês), e o valor total dessas operações em 2022. De acordo com o relatório, os números apresentaram uma queda, tanto no total arrecadado quanto no número de operações, puxados principalmente pelo menor interesse de investidores estrangeiros.

Em 2022, foram realizadas 79 operações por empresas brasileiras, que arrecadaram R$ 58 bilhões - uma redução de 38% nos recursos em relação ao ano anterior, que teve 121 emissões. No mercado nacional, as operações cresceram para R$ 39 bilhões (+39%), enquanto internacionalmente foram investidos R$ 15 bilhões, queda de 75% na comparação com 2021.

A diferença entre os resultados nacional e internacional pode ser explicada por alguns fatores. Um é que foi um ano complicado para o mercado de renda fixa de forma geral; outro são as incertezas do mercado internacional com fatores como a guerra na Ucrânia e as eleições de 2022 - situação parecida já havia ocorrido antes 2018, de acordo com o relatório da Nint.

“Além disso, tivemos um esgotamento dos potenciais emissores, que já haviam feito muitas emissões em 2021. Uma empresa tem apenas uma parcela das dívidas que está apta a receber essa rotulagem”, explica Cristóvão Alves, diretor de Pesquisa e Avaliação da Nint.

Empresa de papel e celulose tem se envolvido em iniciativas ESG    Foto: L. Adolfo/AE

No entanto, ele destaca que o mercado nacional de dívida ESG traz boas notícias, já que uma proporção maior da dívida emitida é atrelada a fatores socioambientais e de governança do que na média global. “Demonstra que há uma certa maturidade no mercado e o ambiente se torna mais favorável. A tendência é que evolua e tenha retomada do crescimento nos próximos anos”, projeta.

Outro ponto positivo é a variedade nos setores que realizaram emissões. Enquanto no mundo o setor de energia é responsável por cerca de dois terços das dívidas com base ESG, no Brasil responde por um terço. No País, o setor financeiro aparece em segundo lugar com 13,4% das emissões, seguido por bioenergia (10,8%), agropecuário (8,2%) e papel e celulose (7,4%). Outros setores como alimentos e bebidas, transportes e logísticas e construção civil também aparecem na lista.

“A entrada de outros setores, especialmente ligados à agropecuária e biocombustíveis, são importantes para ter títulos verdes que façam a diferença e tragam setores importantes da economia brasileira. Traz mecanismos sofisticados para o mercado de dívida no Brasil e uma série de instrumentos que financiam os setores a caminharem para o ESG”, avalia Alves.

Desempenho

O mercado brasileiro de emissão de dívida ESG também difere da média global por ser mais atrelado a SLBs, ou seja, a títulos que contam com um determinado indicador de desempenho. 28% das operações foram desta maneira, mas elas arrecadaram 47% dos recursos - bastante acima do mercado global, que gira em torno de 20%. A tendência tem ganhado força no Brasil.

“É importante porque a maior parte é feita para o capital de giro, e é difícil ter ‘green bond’ para capital de giro por não se saber em qual projeto foi usado”, comenta Alves. “A principal importância é que as empresas consigam entregar uma melhoria no seu desempenho com as relações socioambientais para além dos projetos focados unicamente nelas”, completa.

Outro dado importante são os tipos de títulos emitidos: 71% são considerados “verdes”, 20,1% “sustentáveis”, 4,8% para a “transição” (ou seja, rumo a uma operação sem emissão de gases de efeito estufa) e os 4,1% restantes, “sociais”. Os títulos para a transição nunca se destacaram devido à dificuldade das empresas para admitirem que seu negócio gera externalidades negativas - então, a preferência fica por emitir SLBs.

Já os poucos títulos sociais tem outra explicação. “É difícil pensar em tipos de negócio para financiar projetos que gerem benefícios sociais. Para justificar, ele precisa ser encaminhado para populações vulneráveis, o que é difícil de comprovar. Isso ocorre mais em negócios de menor porte, negócios sociais, fintechs, por exemplo”, afirma Alves. O que não significa que não seja possível para as grandes companhias: o Itaú, por exemplo, emitiu um “gender bond”, que captou R$ 2 bilhões para apoiar projetos de empreendedorismo feminino no início de fevereiro de 2023.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.