ESG sem o G: governança corporativa é o pilar menos valorizado, diz pesquisa


Especialistas destacam que empresas refletem os interesses da sociedade e priorizam o social e o ambiental

Por Beatriz Capirazi

A governança corporativa é o pilar menos valorizado do ESG, segundo uma pesquisa do ManpowerGroup ao qual o Estadão teve acesso. Segundo a entidade, apenas 14% dos entrevistados no Brasil concentram as suas atividades no setor. Em um cenário global, o patamar é de 15%.

A área mais valorizada pelas empresas no Brasil, ainda segundo a pesquisa, seria o social, de acordo com 42% dos entrevistados pelo estudo. Em um contexto mundial, há uma queda para o patamar dos 37%. O meio ambiente seria o segundo ponto mais valorizado no País por 26% dos entrevistados. Em termos mundiais, a perspectiva sobe para 29%.

Para Jansen Moreira, CEO e fundador da startup Incentive.me, o “G” da sigla não recebe a devida atenção por parte do mercado, fator que pode gerar casos problemáticos no sistema organizacional das companhias, como no caso da Americanas.

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Governança ‘esquecida’

Para a diretora de gestão estratégica de pessoas do ManpowerGroup, Wilma Dal Col, a priorização das empresas reflete os interesses da sociedade. “Quando falamos de social e ambiental, a própria demanda da população dá o impulso para que estas ações sejam implementadas nas empresas. As organizações se engajam em uma temática que já está presente no dia a dia da sociedade”, diz.

A governança corporativa em si, no entanto, está na rotina das corporações, mas não no dia a dia da sociedade. Por esse motivo, segundo Wilma, o pilar acaba sendo deixado de lado por não ser tão mensurável quanto às duas outras iniciais do ESG.

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Wilma del Col, diretora de gestão estratégica de pessoas do ManpowerGroup Foto: Anderson Timóteo/ManpowerGroup

“As iniciativas de governança parecem não ter tanto ‘brilho’ para o público quanto às iniciativas ambientais e sociais”, diz Jansen Moreira, justificando que, por isso, as próprias empresas acabam dando menos destaque para a governança corporativa nas ações voltadas para ESG realizadas no ambiente corporativo.

Moreira defende que um exemplo prático, do seu ponto de vista, pode estar nas próprias empresas listadas na Bolsa de Valores do Brasil, a B3. “Nos relatórios de empresas, temos mais páginas sobre ações sociais e de meio ambiente do que sobre os próprios resultados financeiros”, afirma.

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Aceitação do público

Para Moreira, outro fato que leva a este cenário é a própria natureza de ações sociais e ambientais, que tendem a ser mais bem aceitas pelo público. “A parte de governança é mais difícil você ter uma foto bonita no catálogo de apresentação da empresa”, diz.

O CEO da Incentive.me defende ainda que isso se dá também pela imagem que a empresa deseja passar para os consumidores e para a mídia. Wilma Dal Col é de opinião similar, mas ressalta que há também uma cobrança social natural, tanto da opinião pública quanto dos funcionários.

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“As pessoas se preocupam se essa empresa tem um posicionamento ético, trabalha com diversidade, se polui. Para a empresa se tornar mais atrativa, é natural se preocupar mais com estas questões”, explica Dal Col, reforçando que a visibilidade que as ações sociais e ambientais têm na mídia impulsionam as empresas a mostrarem projetos nesse sentido.

Para os especialistas ouvidos pelo Estadão, o rombo financeiro de R$ 20 bilhões da Americanas, ainda sob investigação judicial, levou as empresas a voltarem a discutir a importância da governança corporativa, tanto pela transparência que as práticas ESG propõem, assim como a gestão de controle de risco e um conselho alinhado com os valores da empresa.

É preciso compreensão sobre governança

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Para a diretora de vocalização e influência do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Valéria Café, a governança é, sim, valorizada pelas empresas, mas ainda falta compreensão da população sobre a importância deste aspecto nas empresas. “Governança é algo que as pessoas não entendem. Quando se fala em ESG, as pessoas tendem a pensar em pautas sociais e ambientais”.

Valéria Café, diretora de vocalização e influência do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Foto: Regis Filho/IBGC

A professora de pós-graduação do Insper especializada em ESG, Luciana Lima, é de uma opinião similar a de Café. Para ela, não há dificuldade em mensurar o ‘G’, mas é preciso desenvolver a prática para ser do interesse dos gestores das empresas. Neste sentido, Wilma Dal Col reforça que para que a governança corporativa seja mais valorizada, é preciso que todos entendam a sua importância, para não ser vista como algo meramente burocrático.

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“Toda mudança cultural sempre ocorre de cima para baixo. É óbvio que você tem um tempo para maturação, mas se você tiver no topo de uma organização focada em governança corporativa, ele impacta em todos os outros níveis”, explica a porta-voz do ManpowerGroup.

Para Pedro Melo, diretor-geral do IBGC, há, de fato, uma dificuldade de comparação entre os três pilares, mas isso não significa que as companhias não estejam avançando na governança das suas empresas ou interessadas no assunto. “Tem muitas ações sendo feitas. O G é transversal. A transparência, considerada uma das bases da governança corporativa, é o ‘mote’ para que ações voltadas para o meio ambiente e para o social aconteçam”.

Pedro Melo, diretor-geral do IBGC. Foto: Regis Filho/IBGC

Dal Col reforça ainda que as organizações estão em um processo de amadurecimento, mas que a gestão deve, de fato, aderir aos padrões ESG para promover uma governança efetiva.

“Não se pode esquecer que o desenho da governança não é suficiente para dar conta de gerenciar os desafios. Ela precisa sair do papel e tomar corpo no dia a dia, por meio das decisões que são tomadas, dos modelos de comportamentos adotados, especialmente, pelos gestores do negócio”, afirma a professora do Insper.

A governança corporativa é o pilar menos valorizado do ESG, segundo uma pesquisa do ManpowerGroup ao qual o Estadão teve acesso. Segundo a entidade, apenas 14% dos entrevistados no Brasil concentram as suas atividades no setor. Em um cenário global, o patamar é de 15%.

A área mais valorizada pelas empresas no Brasil, ainda segundo a pesquisa, seria o social, de acordo com 42% dos entrevistados pelo estudo. Em um contexto mundial, há uma queda para o patamar dos 37%. O meio ambiente seria o segundo ponto mais valorizado no País por 26% dos entrevistados. Em termos mundiais, a perspectiva sobe para 29%.

Para Jansen Moreira, CEO e fundador da startup Incentive.me, o “G” da sigla não recebe a devida atenção por parte do mercado, fator que pode gerar casos problemáticos no sistema organizacional das companhias, como no caso da Americanas.

Governança ‘esquecida’

Para a diretora de gestão estratégica de pessoas do ManpowerGroup, Wilma Dal Col, a priorização das empresas reflete os interesses da sociedade. “Quando falamos de social e ambiental, a própria demanda da população dá o impulso para que estas ações sejam implementadas nas empresas. As organizações se engajam em uma temática que já está presente no dia a dia da sociedade”, diz.

A governança corporativa em si, no entanto, está na rotina das corporações, mas não no dia a dia da sociedade. Por esse motivo, segundo Wilma, o pilar acaba sendo deixado de lado por não ser tão mensurável quanto às duas outras iniciais do ESG.

Wilma del Col, diretora de gestão estratégica de pessoas do ManpowerGroup Foto: Anderson Timóteo/ManpowerGroup

“As iniciativas de governança parecem não ter tanto ‘brilho’ para o público quanto às iniciativas ambientais e sociais”, diz Jansen Moreira, justificando que, por isso, as próprias empresas acabam dando menos destaque para a governança corporativa nas ações voltadas para ESG realizadas no ambiente corporativo.

Moreira defende que um exemplo prático, do seu ponto de vista, pode estar nas próprias empresas listadas na Bolsa de Valores do Brasil, a B3. “Nos relatórios de empresas, temos mais páginas sobre ações sociais e de meio ambiente do que sobre os próprios resultados financeiros”, afirma.

Aceitação do público

Para Moreira, outro fato que leva a este cenário é a própria natureza de ações sociais e ambientais, que tendem a ser mais bem aceitas pelo público. “A parte de governança é mais difícil você ter uma foto bonita no catálogo de apresentação da empresa”, diz.

O CEO da Incentive.me defende ainda que isso se dá também pela imagem que a empresa deseja passar para os consumidores e para a mídia. Wilma Dal Col é de opinião similar, mas ressalta que há também uma cobrança social natural, tanto da opinião pública quanto dos funcionários.

“As pessoas se preocupam se essa empresa tem um posicionamento ético, trabalha com diversidade, se polui. Para a empresa se tornar mais atrativa, é natural se preocupar mais com estas questões”, explica Dal Col, reforçando que a visibilidade que as ações sociais e ambientais têm na mídia impulsionam as empresas a mostrarem projetos nesse sentido.

Para os especialistas ouvidos pelo Estadão, o rombo financeiro de R$ 20 bilhões da Americanas, ainda sob investigação judicial, levou as empresas a voltarem a discutir a importância da governança corporativa, tanto pela transparência que as práticas ESG propõem, assim como a gestão de controle de risco e um conselho alinhado com os valores da empresa.

É preciso compreensão sobre governança

Para a diretora de vocalização e influência do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Valéria Café, a governança é, sim, valorizada pelas empresas, mas ainda falta compreensão da população sobre a importância deste aspecto nas empresas. “Governança é algo que as pessoas não entendem. Quando se fala em ESG, as pessoas tendem a pensar em pautas sociais e ambientais”.

Valéria Café, diretora de vocalização e influência do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Foto: Regis Filho/IBGC

A professora de pós-graduação do Insper especializada em ESG, Luciana Lima, é de uma opinião similar a de Café. Para ela, não há dificuldade em mensurar o ‘G’, mas é preciso desenvolver a prática para ser do interesse dos gestores das empresas. Neste sentido, Wilma Dal Col reforça que para que a governança corporativa seja mais valorizada, é preciso que todos entendam a sua importância, para não ser vista como algo meramente burocrático.

“Toda mudança cultural sempre ocorre de cima para baixo. É óbvio que você tem um tempo para maturação, mas se você tiver no topo de uma organização focada em governança corporativa, ele impacta em todos os outros níveis”, explica a porta-voz do ManpowerGroup.

Para Pedro Melo, diretor-geral do IBGC, há, de fato, uma dificuldade de comparação entre os três pilares, mas isso não significa que as companhias não estejam avançando na governança das suas empresas ou interessadas no assunto. “Tem muitas ações sendo feitas. O G é transversal. A transparência, considerada uma das bases da governança corporativa, é o ‘mote’ para que ações voltadas para o meio ambiente e para o social aconteçam”.

Pedro Melo, diretor-geral do IBGC. Foto: Regis Filho/IBGC

Dal Col reforça ainda que as organizações estão em um processo de amadurecimento, mas que a gestão deve, de fato, aderir aos padrões ESG para promover uma governança efetiva.

“Não se pode esquecer que o desenho da governança não é suficiente para dar conta de gerenciar os desafios. Ela precisa sair do papel e tomar corpo no dia a dia, por meio das decisões que são tomadas, dos modelos de comportamentos adotados, especialmente, pelos gestores do negócio”, afirma a professora do Insper.

A governança corporativa é o pilar menos valorizado do ESG, segundo uma pesquisa do ManpowerGroup ao qual o Estadão teve acesso. Segundo a entidade, apenas 14% dos entrevistados no Brasil concentram as suas atividades no setor. Em um cenário global, o patamar é de 15%.

A área mais valorizada pelas empresas no Brasil, ainda segundo a pesquisa, seria o social, de acordo com 42% dos entrevistados pelo estudo. Em um contexto mundial, há uma queda para o patamar dos 37%. O meio ambiente seria o segundo ponto mais valorizado no País por 26% dos entrevistados. Em termos mundiais, a perspectiva sobe para 29%.

Para Jansen Moreira, CEO e fundador da startup Incentive.me, o “G” da sigla não recebe a devida atenção por parte do mercado, fator que pode gerar casos problemáticos no sistema organizacional das companhias, como no caso da Americanas.

Governança ‘esquecida’

Para a diretora de gestão estratégica de pessoas do ManpowerGroup, Wilma Dal Col, a priorização das empresas reflete os interesses da sociedade. “Quando falamos de social e ambiental, a própria demanda da população dá o impulso para que estas ações sejam implementadas nas empresas. As organizações se engajam em uma temática que já está presente no dia a dia da sociedade”, diz.

A governança corporativa em si, no entanto, está na rotina das corporações, mas não no dia a dia da sociedade. Por esse motivo, segundo Wilma, o pilar acaba sendo deixado de lado por não ser tão mensurável quanto às duas outras iniciais do ESG.

Wilma del Col, diretora de gestão estratégica de pessoas do ManpowerGroup Foto: Anderson Timóteo/ManpowerGroup

“As iniciativas de governança parecem não ter tanto ‘brilho’ para o público quanto às iniciativas ambientais e sociais”, diz Jansen Moreira, justificando que, por isso, as próprias empresas acabam dando menos destaque para a governança corporativa nas ações voltadas para ESG realizadas no ambiente corporativo.

Moreira defende que um exemplo prático, do seu ponto de vista, pode estar nas próprias empresas listadas na Bolsa de Valores do Brasil, a B3. “Nos relatórios de empresas, temos mais páginas sobre ações sociais e de meio ambiente do que sobre os próprios resultados financeiros”, afirma.

Aceitação do público

Para Moreira, outro fato que leva a este cenário é a própria natureza de ações sociais e ambientais, que tendem a ser mais bem aceitas pelo público. “A parte de governança é mais difícil você ter uma foto bonita no catálogo de apresentação da empresa”, diz.

O CEO da Incentive.me defende ainda que isso se dá também pela imagem que a empresa deseja passar para os consumidores e para a mídia. Wilma Dal Col é de opinião similar, mas ressalta que há também uma cobrança social natural, tanto da opinião pública quanto dos funcionários.

“As pessoas se preocupam se essa empresa tem um posicionamento ético, trabalha com diversidade, se polui. Para a empresa se tornar mais atrativa, é natural se preocupar mais com estas questões”, explica Dal Col, reforçando que a visibilidade que as ações sociais e ambientais têm na mídia impulsionam as empresas a mostrarem projetos nesse sentido.

Para os especialistas ouvidos pelo Estadão, o rombo financeiro de R$ 20 bilhões da Americanas, ainda sob investigação judicial, levou as empresas a voltarem a discutir a importância da governança corporativa, tanto pela transparência que as práticas ESG propõem, assim como a gestão de controle de risco e um conselho alinhado com os valores da empresa.

É preciso compreensão sobre governança

Para a diretora de vocalização e influência do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Valéria Café, a governança é, sim, valorizada pelas empresas, mas ainda falta compreensão da população sobre a importância deste aspecto nas empresas. “Governança é algo que as pessoas não entendem. Quando se fala em ESG, as pessoas tendem a pensar em pautas sociais e ambientais”.

Valéria Café, diretora de vocalização e influência do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Foto: Regis Filho/IBGC

A professora de pós-graduação do Insper especializada em ESG, Luciana Lima, é de uma opinião similar a de Café. Para ela, não há dificuldade em mensurar o ‘G’, mas é preciso desenvolver a prática para ser do interesse dos gestores das empresas. Neste sentido, Wilma Dal Col reforça que para que a governança corporativa seja mais valorizada, é preciso que todos entendam a sua importância, para não ser vista como algo meramente burocrático.

“Toda mudança cultural sempre ocorre de cima para baixo. É óbvio que você tem um tempo para maturação, mas se você tiver no topo de uma organização focada em governança corporativa, ele impacta em todos os outros níveis”, explica a porta-voz do ManpowerGroup.

Para Pedro Melo, diretor-geral do IBGC, há, de fato, uma dificuldade de comparação entre os três pilares, mas isso não significa que as companhias não estejam avançando na governança das suas empresas ou interessadas no assunto. “Tem muitas ações sendo feitas. O G é transversal. A transparência, considerada uma das bases da governança corporativa, é o ‘mote’ para que ações voltadas para o meio ambiente e para o social aconteçam”.

Pedro Melo, diretor-geral do IBGC. Foto: Regis Filho/IBGC

Dal Col reforça ainda que as organizações estão em um processo de amadurecimento, mas que a gestão deve, de fato, aderir aos padrões ESG para promover uma governança efetiva.

“Não se pode esquecer que o desenho da governança não é suficiente para dar conta de gerenciar os desafios. Ela precisa sair do papel e tomar corpo no dia a dia, por meio das decisões que são tomadas, dos modelos de comportamentos adotados, especialmente, pelos gestores do negócio”, afirma a professora do Insper.

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