Executivos brasileiros têm preocupação com mudança climática acima da média global, indica pesquisa


Líderes do País também demonstram maior otimismo de que será possível evitar os piores efeitos da subida global da temperatura

Por Luis Filipe Santos

Os executivos brasileiros estão entre os que mais se preocupam com as mudanças climáticas no mundo, mas também demonstram um otimismo maior em relação ao tema do que seus pares em outras nações. As conclusões são de um estudo da consultoria Deloitte, realizada com dois mil CxOs (chefes de experiência, executivos de alto escalão que se ocupam da experiência dos clientes) em 24 países e que avaliou questões ESG (ambientais, sociais e de governança corporativa).

De acordo com os números calculados pela Deloitte, 69% dos CxOs brasileiros afirmaram se preocupar com as mudanças climáticas o tempo todo ou na maior parte do tempo. No entanto, 89% revelaram ter algum grau de otimismo de que os piores efeitos da subida global de temperatura serão evitados - 11% acima da média geral. Além disso, 91% concordaram que o mundo pode ter crescimento econômico e ainda atingir os objetivos ambientais, mais do que os 84% globais.

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De acordo com o líder de ESG na Deloitte Brasil, Anselmo Bonservizzi, esses dados refletem a economia brasileira, muito voltada para commodities e setores como mineração e agricultura. “As pessoas que atuam nesses setores têm uma consciência muito grande sobre a importância da sustentabilidade para os negócios e se sentem confiantes de que vão conseguir vencer esse desafio”, explica.

Além disso, a maioria dos executivos do País relatou que suas companhias aumentaram os investimentos em sustentabilidade em 2022 - 85% (em comparação com 75% globalmente). 31% afirmou ter feito aumentos significativos. Também demonstraram muito mais confiança que as empresas são sérias ao lidar com a crise climática (47%, ante 29% na média global), o que não se repete com a mesma questão sobre os governos (34%, enquanto a média geral é de 28%).

Pesquisa da Deloitte ouviu dois mil CxOs em 24 países diferentes Foto: Hannah McKay / Reuters
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O tema de uma transição justa para uma economia descarbonizada, ou seja, que emita poucos gases de efeito estufa, foi valorizado principalmente por países em desenvolvimento. O Brasil ficou na segunda colocação com 67% dos CxOs respondendo que esse é um tema importante, atrás da África do Sul (75%) e à frente de Emirados Árabes Unidos (66%) e China (62%). Já países desenvolvidos como Islândia, Alemanha e Noruega veem o tema como menos importante - respectivamente, 20%, 25% e 27%. A média global foi de 46%.

Bonservizzi atribui isso a uma percepção de que os países menos desenvolvidos já são afetados pelas mudanças climáticas e tem mais a perder caso os piores efeitos se concretizem. Os executivos brasileiros relataram sofrer mais com situações como calor extremo, secas extremas e incêndios florestais do que seus pares de outros países.

Pressão

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Um dos fatores que leva as empresas a mudarem para se tornarem mais sustentáveis é a pressão dos stakeholders (partes interessadas). Os principais citados foram governos (74% no Brasil, 68% global), consumidores/clientes (73% Brasil, 68% global) e membros do conselho e da administração (73% Brasil, 68% global).

Embora os bancos e funcionários apareçam entre os últimos na lista de stakeholders no momento - no Brasil, os CxOs responderam que a pressão vinda deles foi relevante para 56% e 63% das empresas, respectivamente, o especialista considera que os dois grupos podem ser fundamentais para a adoção da sustentabilidade. A pressão pode ser feita por meio de taxas de juros maiores para quem não levar fatores ambientais e sociais em consideração na hora de buscar empréstimos, ou com a perda de talentos para concorrentes.

Cultura

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Todas as mudanças, no entanto, devem começar a partir da cultura da empresa, em questões como a transparência e a relação com fornecedores. “São problemas que temos que lidar. Por exemplo, devemos buscar sempre os fornecedores mais baratos? E os outros aspectos? Também é necessário garantir condições econômicas que permitam que as pessoas possam consumir”, pondera Bonservizzi.

Entre as principais ações mencionadas no levantamento, estão o uso de materiais mais sustentáveis (66% na média brasileira); melhorar a eficiência no uso de energia (66%) e treinar os funcionários para ações contra as mudanças climáticas e impactos (63%). Outras mais difíceis foram citadas, como o desenvolvimento de novos produtos (61%), exigir que fornecedores e parceiros tenham padrões de sustentabilidade (52%), incorporar questões ambientais em doações e lobby político (44%) e atrelar a remuneração líderes a critérios ambientais (43%).

Esses últimos são considerados pela Deloitte como mudanças mais difíceis, mas capazes de tornar uma companhia realmente sustentável através da cultura interna. “Se a empresa enxergar como custo, vai fazer o mínimo necessário. É preciso migrar a visão de custo para a de oportunidade”, considera o líder de ESG da Deloitte. “O custo de fazer as mudanças está dado, o de não fazer é o que pode levar a uma armadilha, com os concorrentes crescendo e a empresa ficando para trás”, alerta.

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Apesar dos ganhos com a realização das adaptações muitas vezes ser intangível, o desenvolvimento de métricas para medir esses ganhos está ocorrendo. “É importante mensurar para saber se está indo na direção correta, e é importante saber que ainda estamos aprendendo as ações”, insiste Bonservizzi.

Para ele, a principal informação obtida na edição 2023 da pesquisa é que a maioria das empresas já começou a agir para fazer sua parte. “Passamos da filosofia para a ação, é uma evolução. O crescimento [da preocupação] demonstra quem se sentiu pessoalmente afetado pelas mudanças climáticas, e que o tema continua atraindo atenção. Saímos da inércia, a roda começou a girar, e as empresas começaram a se beneficiar das medidas”, acredita.

Os executivos brasileiros estão entre os que mais se preocupam com as mudanças climáticas no mundo, mas também demonstram um otimismo maior em relação ao tema do que seus pares em outras nações. As conclusões são de um estudo da consultoria Deloitte, realizada com dois mil CxOs (chefes de experiência, executivos de alto escalão que se ocupam da experiência dos clientes) em 24 países e que avaliou questões ESG (ambientais, sociais e de governança corporativa).

De acordo com os números calculados pela Deloitte, 69% dos CxOs brasileiros afirmaram se preocupar com as mudanças climáticas o tempo todo ou na maior parte do tempo. No entanto, 89% revelaram ter algum grau de otimismo de que os piores efeitos da subida global de temperatura serão evitados - 11% acima da média geral. Além disso, 91% concordaram que o mundo pode ter crescimento econômico e ainda atingir os objetivos ambientais, mais do que os 84% globais.

De acordo com o líder de ESG na Deloitte Brasil, Anselmo Bonservizzi, esses dados refletem a economia brasileira, muito voltada para commodities e setores como mineração e agricultura. “As pessoas que atuam nesses setores têm uma consciência muito grande sobre a importância da sustentabilidade para os negócios e se sentem confiantes de que vão conseguir vencer esse desafio”, explica.

Além disso, a maioria dos executivos do País relatou que suas companhias aumentaram os investimentos em sustentabilidade em 2022 - 85% (em comparação com 75% globalmente). 31% afirmou ter feito aumentos significativos. Também demonstraram muito mais confiança que as empresas são sérias ao lidar com a crise climática (47%, ante 29% na média global), o que não se repete com a mesma questão sobre os governos (34%, enquanto a média geral é de 28%).

Pesquisa da Deloitte ouviu dois mil CxOs em 24 países diferentes Foto: Hannah McKay / Reuters

O tema de uma transição justa para uma economia descarbonizada, ou seja, que emita poucos gases de efeito estufa, foi valorizado principalmente por países em desenvolvimento. O Brasil ficou na segunda colocação com 67% dos CxOs respondendo que esse é um tema importante, atrás da África do Sul (75%) e à frente de Emirados Árabes Unidos (66%) e China (62%). Já países desenvolvidos como Islândia, Alemanha e Noruega veem o tema como menos importante - respectivamente, 20%, 25% e 27%. A média global foi de 46%.

Bonservizzi atribui isso a uma percepção de que os países menos desenvolvidos já são afetados pelas mudanças climáticas e tem mais a perder caso os piores efeitos se concretizem. Os executivos brasileiros relataram sofrer mais com situações como calor extremo, secas extremas e incêndios florestais do que seus pares de outros países.

Pressão

Um dos fatores que leva as empresas a mudarem para se tornarem mais sustentáveis é a pressão dos stakeholders (partes interessadas). Os principais citados foram governos (74% no Brasil, 68% global), consumidores/clientes (73% Brasil, 68% global) e membros do conselho e da administração (73% Brasil, 68% global).

Embora os bancos e funcionários apareçam entre os últimos na lista de stakeholders no momento - no Brasil, os CxOs responderam que a pressão vinda deles foi relevante para 56% e 63% das empresas, respectivamente, o especialista considera que os dois grupos podem ser fundamentais para a adoção da sustentabilidade. A pressão pode ser feita por meio de taxas de juros maiores para quem não levar fatores ambientais e sociais em consideração na hora de buscar empréstimos, ou com a perda de talentos para concorrentes.

Cultura

Todas as mudanças, no entanto, devem começar a partir da cultura da empresa, em questões como a transparência e a relação com fornecedores. “São problemas que temos que lidar. Por exemplo, devemos buscar sempre os fornecedores mais baratos? E os outros aspectos? Também é necessário garantir condições econômicas que permitam que as pessoas possam consumir”, pondera Bonservizzi.

Entre as principais ações mencionadas no levantamento, estão o uso de materiais mais sustentáveis (66% na média brasileira); melhorar a eficiência no uso de energia (66%) e treinar os funcionários para ações contra as mudanças climáticas e impactos (63%). Outras mais difíceis foram citadas, como o desenvolvimento de novos produtos (61%), exigir que fornecedores e parceiros tenham padrões de sustentabilidade (52%), incorporar questões ambientais em doações e lobby político (44%) e atrelar a remuneração líderes a critérios ambientais (43%).

Esses últimos são considerados pela Deloitte como mudanças mais difíceis, mas capazes de tornar uma companhia realmente sustentável através da cultura interna. “Se a empresa enxergar como custo, vai fazer o mínimo necessário. É preciso migrar a visão de custo para a de oportunidade”, considera o líder de ESG da Deloitte. “O custo de fazer as mudanças está dado, o de não fazer é o que pode levar a uma armadilha, com os concorrentes crescendo e a empresa ficando para trás”, alerta.

Apesar dos ganhos com a realização das adaptações muitas vezes ser intangível, o desenvolvimento de métricas para medir esses ganhos está ocorrendo. “É importante mensurar para saber se está indo na direção correta, e é importante saber que ainda estamos aprendendo as ações”, insiste Bonservizzi.

Para ele, a principal informação obtida na edição 2023 da pesquisa é que a maioria das empresas já começou a agir para fazer sua parte. “Passamos da filosofia para a ação, é uma evolução. O crescimento [da preocupação] demonstra quem se sentiu pessoalmente afetado pelas mudanças climáticas, e que o tema continua atraindo atenção. Saímos da inércia, a roda começou a girar, e as empresas começaram a se beneficiar das medidas”, acredita.

Os executivos brasileiros estão entre os que mais se preocupam com as mudanças climáticas no mundo, mas também demonstram um otimismo maior em relação ao tema do que seus pares em outras nações. As conclusões são de um estudo da consultoria Deloitte, realizada com dois mil CxOs (chefes de experiência, executivos de alto escalão que se ocupam da experiência dos clientes) em 24 países e que avaliou questões ESG (ambientais, sociais e de governança corporativa).

De acordo com os números calculados pela Deloitte, 69% dos CxOs brasileiros afirmaram se preocupar com as mudanças climáticas o tempo todo ou na maior parte do tempo. No entanto, 89% revelaram ter algum grau de otimismo de que os piores efeitos da subida global de temperatura serão evitados - 11% acima da média geral. Além disso, 91% concordaram que o mundo pode ter crescimento econômico e ainda atingir os objetivos ambientais, mais do que os 84% globais.

De acordo com o líder de ESG na Deloitte Brasil, Anselmo Bonservizzi, esses dados refletem a economia brasileira, muito voltada para commodities e setores como mineração e agricultura. “As pessoas que atuam nesses setores têm uma consciência muito grande sobre a importância da sustentabilidade para os negócios e se sentem confiantes de que vão conseguir vencer esse desafio”, explica.

Além disso, a maioria dos executivos do País relatou que suas companhias aumentaram os investimentos em sustentabilidade em 2022 - 85% (em comparação com 75% globalmente). 31% afirmou ter feito aumentos significativos. Também demonstraram muito mais confiança que as empresas são sérias ao lidar com a crise climática (47%, ante 29% na média global), o que não se repete com a mesma questão sobre os governos (34%, enquanto a média geral é de 28%).

Pesquisa da Deloitte ouviu dois mil CxOs em 24 países diferentes Foto: Hannah McKay / Reuters

O tema de uma transição justa para uma economia descarbonizada, ou seja, que emita poucos gases de efeito estufa, foi valorizado principalmente por países em desenvolvimento. O Brasil ficou na segunda colocação com 67% dos CxOs respondendo que esse é um tema importante, atrás da África do Sul (75%) e à frente de Emirados Árabes Unidos (66%) e China (62%). Já países desenvolvidos como Islândia, Alemanha e Noruega veem o tema como menos importante - respectivamente, 20%, 25% e 27%. A média global foi de 46%.

Bonservizzi atribui isso a uma percepção de que os países menos desenvolvidos já são afetados pelas mudanças climáticas e tem mais a perder caso os piores efeitos se concretizem. Os executivos brasileiros relataram sofrer mais com situações como calor extremo, secas extremas e incêndios florestais do que seus pares de outros países.

Pressão

Um dos fatores que leva as empresas a mudarem para se tornarem mais sustentáveis é a pressão dos stakeholders (partes interessadas). Os principais citados foram governos (74% no Brasil, 68% global), consumidores/clientes (73% Brasil, 68% global) e membros do conselho e da administração (73% Brasil, 68% global).

Embora os bancos e funcionários apareçam entre os últimos na lista de stakeholders no momento - no Brasil, os CxOs responderam que a pressão vinda deles foi relevante para 56% e 63% das empresas, respectivamente, o especialista considera que os dois grupos podem ser fundamentais para a adoção da sustentabilidade. A pressão pode ser feita por meio de taxas de juros maiores para quem não levar fatores ambientais e sociais em consideração na hora de buscar empréstimos, ou com a perda de talentos para concorrentes.

Cultura

Todas as mudanças, no entanto, devem começar a partir da cultura da empresa, em questões como a transparência e a relação com fornecedores. “São problemas que temos que lidar. Por exemplo, devemos buscar sempre os fornecedores mais baratos? E os outros aspectos? Também é necessário garantir condições econômicas que permitam que as pessoas possam consumir”, pondera Bonservizzi.

Entre as principais ações mencionadas no levantamento, estão o uso de materiais mais sustentáveis (66% na média brasileira); melhorar a eficiência no uso de energia (66%) e treinar os funcionários para ações contra as mudanças climáticas e impactos (63%). Outras mais difíceis foram citadas, como o desenvolvimento de novos produtos (61%), exigir que fornecedores e parceiros tenham padrões de sustentabilidade (52%), incorporar questões ambientais em doações e lobby político (44%) e atrelar a remuneração líderes a critérios ambientais (43%).

Esses últimos são considerados pela Deloitte como mudanças mais difíceis, mas capazes de tornar uma companhia realmente sustentável através da cultura interna. “Se a empresa enxergar como custo, vai fazer o mínimo necessário. É preciso migrar a visão de custo para a de oportunidade”, considera o líder de ESG da Deloitte. “O custo de fazer as mudanças está dado, o de não fazer é o que pode levar a uma armadilha, com os concorrentes crescendo e a empresa ficando para trás”, alerta.

Apesar dos ganhos com a realização das adaptações muitas vezes ser intangível, o desenvolvimento de métricas para medir esses ganhos está ocorrendo. “É importante mensurar para saber se está indo na direção correta, e é importante saber que ainda estamos aprendendo as ações”, insiste Bonservizzi.

Para ele, a principal informação obtida na edição 2023 da pesquisa é que a maioria das empresas já começou a agir para fazer sua parte. “Passamos da filosofia para a ação, é uma evolução. O crescimento [da preocupação] demonstra quem se sentiu pessoalmente afetado pelas mudanças climáticas, e que o tema continua atraindo atenção. Saímos da inércia, a roda começou a girar, e as empresas começaram a se beneficiar das medidas”, acredita.

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