A presença de uma liderança mais humanizada nas empresas, que seja preparada e escute os colaboradores, foi um dos principais temas tratados no Great Summit, evento promovido pelo ecossistema de empresas Great People e pela Great Place to Work, consultoria focada no ambiente de trabalho. A questão apareceu em diversos painéis e palestras ao longo dos três dias do evento, entre 20 e 22 de março, focado em questões relacionadas à gestão e governança de pessoas.
Outro ponto abordado foi a pauta ESG (questões ambientais, sociais e de governança corporativa), tema principal do terceiro dia de discussões. O principal recado é que as organizações devem iniciar suas jornadas, não importa se são grandes, médias ou pequenas. O mais importante é tomar as atitudes possíveis e medir os resultados para poder avançar.
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O Great Summit ocorreu de forma online, e trouxe painéis, palestras, debates e apresentações de cases. O primeiro painel, por exemplo, tratou sobre as tendências para a gestão de pessoas, incluindo as questões com o home office e trabalho híbrido - para os quais a flexibilidade foi apontada como o caminho a ser seguido. Uma adaptação é necessária para processos como contratação e onboarding ocorrerem online.
Também trouxe o alerta de que a saúde mental é um tema importante. “É preciso investir na preparação da liderança, para garantir que seja mais humanizada, tenha conhecimento e esteja alinhada com a estratégia da empresa”, afirmou Daniela Diniz, diretora de conteúdo e relações institucionais do Great People. Em termos de gestão de pessoas, a recomendação foi se perguntar quais trabalhadores têm potencial e como desenvolvê-los, além de ouvi-los diretamente e entender suas necessidades.
A adaptação ao home office, mais uma vez, passa pela liderança, que deve confiar no time. “Trata-se de construir relação de confiança. Os funcionários devem ter alinhamento e autonomia com o que precisam fazer, e o líder deve deixar claro o que se espera do profissional, para assim poder cobrar quando necessário”, contou Ana Ribas, gerente de Treinamento e Desenvolvimento, Talentos e Performance da consultoria Atos.
A preparação deve contemplar que os líderes e gestores ouçam seus colaboradores sobre diversos assuntos do negócio. “Deve ser uma troca, a liderança precisa ter percepção de que não detém o conhecimento sobre tudo”, avisa Laís Fernanda Souza - Coordenadora de Diversidade & Inclusão da Accor, do ramo hoteleiro. O acolhimento a pessoas de grupos minorizados também deve ser feito com atenção, para remover vieses inconscientes e de fato criar um ambiente acolhedor.
ESG
Um dos temas em voga no mundo dos negócios, o ESG costuma ser associado a grandes empresas, as listadas em bolsa, que são obrigadas a divulgar relatórios sobre sustentabilidade e possuem recursos para investir em diminuir seu impacto ambiental ou em causas sociais. No entanto, os participantes do Great Summit reforçaram que a agenda socioambiental pode estar em companhias de todos os tamanhos, começando pela governança.
A governança é o ponto de partida para qualquer empresa, por significar a adoção de uma base ética e princípios como transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa em todos os relacionamentos que constrói.
“É um sistema onde as empresas são dirigidas e controladas para os stakeholders, as partes interessadas”, explicou Valéria Café, diretora de vocalização do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) na palestra sobre como começar a jornada ESG.
Com esse início, as empresas podem focar em como realizar ações ESG para o público interno, levando a inclusão, e para o externo, mitigando impactos e gerando externalidades positivas. “O RH tem obrigação de trazer para dentro a diversidade. Ninguém trabalha ESG porque é bonzinho, e sim porque é bom pros negócios”, afirmou Cleide Nakashima, diretora de Recursos Humanos e ESG da distribuidora de alimentos CSD.
E, ao se avaliar a diversidade, é necessário ter em conta a interseccionalidade. “Por exemplo, quais mulheres estão avançando? São só mulheres brancas, sem deficiência? Quais estão com barreiras que as impedem de avançar? Há uma correlação entre criatividade, resultados e diversidade”, lembra Grazi Mendes, diretora de diversidade, equidade e inclusão da Thoughtworks, consultoria focada em tecnologia.
O que pode ajudar nessa jornada é a cooperação com outras empresas do mesmo ramo, o chamado benchmarking. A análise setorial pode ajudar a empresa a se tornar mais lucrativa e resiliente, mas não se pode esquecer de buscar a inovação. “Não há uma linha de chegada, você não vai chegar lá e colocar um certificado na parede, é uma construção ao longo do tempo”, adverte Rodrigo Santini, Diretor Executivo do SISTEMA B Brasil, ecossistema de empresas que certifica as melhores práticas.
Por fim, o ponto principal é começar. “Se não sabe por onde, olhe para os funcionários, para comunidade em volta, para consumidores, veja as necessidades, e defina uma meta”, sugeriu Valéria Café. Com governança, calculando os resultados e verificando o progresso em relação às metas, todas as empresas podem causar uma diferença.