O Nordeste é a região do Brasil que tem a maior compreensão sobre a agenda ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança corporativa), segundo estudo do Serasa Experian divulgado com exclusividade ao Estadão.
O levantamento, que visa mapear como os PMEs (pequenos e médios empreendedores) encaram o ESG, aponta que a região lidera a compreensão sobre essa agenda (38,8%), seguida pelo Sudeste (34,7%), que concentra grande parte dos polos empresariais brasileiros.
Para o vice-presidente de PMEs da Serasa Experian, Cleber Genero, não há uma explicação específica para essa dianteira do Nordeste frente aos seus pares. No entanto, o executivo ressalta que o alto potencial da região para o desenvolvimento de novas tecnologias para a bioeconomia impulsiona a agenda na região — considerando que a produção de energia solar, por exemplo, é forte na região.
Essa explicação se reflete nos próprios dados, que demonstram que a maioria das empresas se engajaram em alguma ação para promover a pauta. Na região, 74% afirmam que sua empresa prioriza a redução ou eliminação de vários tipos de poluição, contra 65% no Brasil.
Além disso, pautas como a geração de energia renovável também são mais desenvolvidas no Nordeste (58%) do que em todo o Brasil (41%), assim como a seleção de fornecedores com base em práticas sustentáveis (57% no Nordeste contra 46% no Brasil).
PMEs não sabem significado de ESG, mas praticam
O estudo destaca ainda o desconhecimento das pequenas e médias empresas sobre o significado da sigla ESG. Embora 67% dos PMEs não saibam o que a ela significa, 89% adotam algum tipo de prática ESG no dia a dia. Somente 33,3% dos empresários sabem o significado da sigla.
O levantamento aponta que os empreendimentos realizam práticas nas três frentes, sendo as de governança, que prevê boas práticas de gestão e normas éticas, as mais adotadas (66%) pelas pequenas empresas e prioridade de investimentos e esforços (43,8%). Para Genero, a explicação para isso é que essa é uma pauta prioritária para os pequenos empreendedores diretamente atrelada a existência do negócio.
Ele explica que as grandes empresas possuem setores inteiros para se dedicar a essa área e cuidar de toda a área burocrática, permitindo que o foco seja o pilar social ou ambiental para fortalecer a imagem da empresa. Em contrapartida, os pequenos não contam com essa estrutura e precisam ter atenção na governança para poderem funcionar.
Segundo o estudo, cerca de 66% das empresas investem em criar mecanismos de integridade próprios, consolidados em seus códigos de ética; 45,35% têm canais de denúncias internos e 44,5% têm pessoas ou fornecedores responsáveis pela investigação das denúncias recebidas.
Para Genero, os dados refletem que ESG perpassou as grandes empresas e, mesmo que não seja necessariamente conhecido pela sigla, as suas práticas já são vistas como um agregador de valor para empresas de todos os portes.
“A adoção dessas práticas podem impulsionar o empreendedor, permitindo que ele tenha diferencial competitivo, já que cada vez mais empresas demandam o cumprimento de padrões mínimos de ESG para fechar parcerias com seus fornecedores”, explica Genero.