Número de conselheiros em grandes empresas cai, enquanto o de membros de comitês aumenta


Pesquisa aponta também quais foram os tipos de comitês que apresentaram maior crescimento no último ano

Por Luis Filipe Santos

As empresas têm buscado diminuir os conselhos, estruturas que visam tratar estratégias a longo prazo e políticas para toda a companhia, e criar mais comitês, núcleos especializados para tratar de temas importantes, aponta pesquisa da ZRG Brasil, empresa de consultoria em lideranças, com companhias listadas na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo.

A tendência se refletiu no número total de integrantes de conselhos e comitês: nos conselhos, eram 1.719 membros em 2020, 1.700 em 2021 e 1.593 em 2022 - queda de 8% em dois anos. Já nos comitês, a evolução foi de 1.518 em 2020, saltando para 1.686 em 2021 e chegando a 1.973 em 2022 - subida de 29% no período. A situação deve ter efeito positivo na governança corporativa, avaliam os autores.

A pesquisa também demonstrou quais foram os temas que tiveram mais comitês criados. O líder absoluto foi o de Riscos, que passou de 75 para 134 (aumento de 78,6%). Na sequência, aparece os de Finanças e Fiscal, que foram de 118 para 169 (+43,2%); Investimentos, Fusões e Aquisições e Ativos, de 49 para 68 (+38,7%), Estratégia, Inovação e Novos Negócios, de 151 para 194 (+ 28,4%) e ESG, Ética e Governança, de 232 para 289 (+24,5%).

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Segundo os autores da pesquisa, a situação é positiva e deve levar a uma melhoria na governança corporativa, já que os comitês têm mais tempo para debater os assuntos e informar os conselhos sobre as medidas a serem tomadas. “Os comitês conseguem entrar em detalhes que os conselhos não teriam tempo para analisar”, explica Aline Larangeira, Sócia e líder da Prática de Avaliação de Conselhos na ZRG.

“O mundo ficou muito mais complicado. Se alguém disser que está entendendo o que acontece ao redor, está enganado”, comenta Darcio Crespi, sênior advisor da ZRG. “Os comitês estão aí para auxiliar no entendimento, cada vez mais especializados e por vezes com elementos externos”, reforça. Assim, os comitês se tornam um ponto de equilíbrio e garantem haver muito mais pessoas observando e buscando um determinado resultado.

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Dinâmica

A interação entre as duas instâncias tem sido tranquila, através de uma dinâmica de reuniões de conselho ajustadas para trazer a participação dos comitês, que por sua vez tem mais interação com as diretorias e outras partes do nível operacional. “O comitê vai ter muito mais tempo para os assuntos específicos e pode se reunir mais vezes”, conta Larangeira.

Comitês tem mais tempo para entrar em detalhes de assuntos e levar informações de qualidade aos conselhos Foto: Pixabay
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“Quando um tema vai para o comitê, tem a obrigação de entrar no detalhe, e quando traz para o conselho, é de uma forma mais sumária, resumida. Assim se consegue trazer uma contextualização um pouco maior. E, como sempre foi, toda decisão é no conselho”, completa. A informação de qualidade é crucial, já que a possibilidade de responsabilização de conselheiros hoje é maior.

Crespi cita como exemplo os comitês de recursos humanos e gestão de pessoas de como funciona a dinâmica. “Por vezes, o assunto fica na rabeira da pauta e acaba tendo um tempo exíguo para ser apresentado. Algumas vezes nos últimos anos, vi como um dos primeiros três assuntos, mas no geral é um dos últimos, e não deveria ser”, comenta. É importante lembrar que temas como saúde mental e turnover, políticas de home office e remuneração e saúde física, que envolvem a empresa toda e se tornaram mais importantes durante a pandemia, estão sob a alçada da gestão de pessoas.

Riscos

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O crescimento no número de comitês de riscos teria surgido, principalmente, por causa da pandemia de Covid-19. Durante a emergência sanitária, as companhias iniciaram a criação de comitês de crise e risco. Uma vez que os números da doença respiratória caíram, os comitês de risco foram mantidos, enquanto outros focados na estratégia foram criados ou permaneceram.

Temas como ESG (pauta ambiental, social e de governança corporativa) e tecnologia também passaram a ser mais presentes, mas ainda necessitam de mais prioridade. “Quando a empresa está em um momento melhor, começa a tratar do ESG com mais atenção. Mas temos visto uma pressão grande vinda dos investidores e de todos os lados para o amadurecimento nesses temas. As empresas começam de forma cética, mas depois genuinamente tem uma discussão mais madura”, avalia Larangeira.

Diversidade

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A pesquisa também avaliou a divisão de gênero nos conselhos e comitês. Em três anos, o crescimento tem sido lento, mas gradativo em 2 pontos percentuais - saindo de 12% em 2020, para 14% em 2021 e 16% em 2022, nos boards. Nos comitês, subiu de 15% para 16% e agora está em 18%. Os números são considerados baixos e preocupantes.

“Ter pessoas diferentes ajuda a ter visão mais ampla, uma perspectiva maior, e enxergar outros riscos que ninguém estava encontrando. As empresas às vezes tem arrogância e ignoram muitas coisas”, afirma Larangeira. Contudo, ela relata que há um esforço para aumentar a diversidade de gênero e ter políticas para desenvolvimento de carreira. “Ainda é muito baixo, mas estamos no caminho certo”, conclui.

As empresas têm buscado diminuir os conselhos, estruturas que visam tratar estratégias a longo prazo e políticas para toda a companhia, e criar mais comitês, núcleos especializados para tratar de temas importantes, aponta pesquisa da ZRG Brasil, empresa de consultoria em lideranças, com companhias listadas na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo.

A tendência se refletiu no número total de integrantes de conselhos e comitês: nos conselhos, eram 1.719 membros em 2020, 1.700 em 2021 e 1.593 em 2022 - queda de 8% em dois anos. Já nos comitês, a evolução foi de 1.518 em 2020, saltando para 1.686 em 2021 e chegando a 1.973 em 2022 - subida de 29% no período. A situação deve ter efeito positivo na governança corporativa, avaliam os autores.

A pesquisa também demonstrou quais foram os temas que tiveram mais comitês criados. O líder absoluto foi o de Riscos, que passou de 75 para 134 (aumento de 78,6%). Na sequência, aparece os de Finanças e Fiscal, que foram de 118 para 169 (+43,2%); Investimentos, Fusões e Aquisições e Ativos, de 49 para 68 (+38,7%), Estratégia, Inovação e Novos Negócios, de 151 para 194 (+ 28,4%) e ESG, Ética e Governança, de 232 para 289 (+24,5%).

Segundo os autores da pesquisa, a situação é positiva e deve levar a uma melhoria na governança corporativa, já que os comitês têm mais tempo para debater os assuntos e informar os conselhos sobre as medidas a serem tomadas. “Os comitês conseguem entrar em detalhes que os conselhos não teriam tempo para analisar”, explica Aline Larangeira, Sócia e líder da Prática de Avaliação de Conselhos na ZRG.

“O mundo ficou muito mais complicado. Se alguém disser que está entendendo o que acontece ao redor, está enganado”, comenta Darcio Crespi, sênior advisor da ZRG. “Os comitês estão aí para auxiliar no entendimento, cada vez mais especializados e por vezes com elementos externos”, reforça. Assim, os comitês se tornam um ponto de equilíbrio e garantem haver muito mais pessoas observando e buscando um determinado resultado.

Dinâmica

A interação entre as duas instâncias tem sido tranquila, através de uma dinâmica de reuniões de conselho ajustadas para trazer a participação dos comitês, que por sua vez tem mais interação com as diretorias e outras partes do nível operacional. “O comitê vai ter muito mais tempo para os assuntos específicos e pode se reunir mais vezes”, conta Larangeira.

Comitês tem mais tempo para entrar em detalhes de assuntos e levar informações de qualidade aos conselhos Foto: Pixabay

“Quando um tema vai para o comitê, tem a obrigação de entrar no detalhe, e quando traz para o conselho, é de uma forma mais sumária, resumida. Assim se consegue trazer uma contextualização um pouco maior. E, como sempre foi, toda decisão é no conselho”, completa. A informação de qualidade é crucial, já que a possibilidade de responsabilização de conselheiros hoje é maior.

Crespi cita como exemplo os comitês de recursos humanos e gestão de pessoas de como funciona a dinâmica. “Por vezes, o assunto fica na rabeira da pauta e acaba tendo um tempo exíguo para ser apresentado. Algumas vezes nos últimos anos, vi como um dos primeiros três assuntos, mas no geral é um dos últimos, e não deveria ser”, comenta. É importante lembrar que temas como saúde mental e turnover, políticas de home office e remuneração e saúde física, que envolvem a empresa toda e se tornaram mais importantes durante a pandemia, estão sob a alçada da gestão de pessoas.

Riscos

O crescimento no número de comitês de riscos teria surgido, principalmente, por causa da pandemia de Covid-19. Durante a emergência sanitária, as companhias iniciaram a criação de comitês de crise e risco. Uma vez que os números da doença respiratória caíram, os comitês de risco foram mantidos, enquanto outros focados na estratégia foram criados ou permaneceram.

Temas como ESG (pauta ambiental, social e de governança corporativa) e tecnologia também passaram a ser mais presentes, mas ainda necessitam de mais prioridade. “Quando a empresa está em um momento melhor, começa a tratar do ESG com mais atenção. Mas temos visto uma pressão grande vinda dos investidores e de todos os lados para o amadurecimento nesses temas. As empresas começam de forma cética, mas depois genuinamente tem uma discussão mais madura”, avalia Larangeira.

Diversidade

A pesquisa também avaliou a divisão de gênero nos conselhos e comitês. Em três anos, o crescimento tem sido lento, mas gradativo em 2 pontos percentuais - saindo de 12% em 2020, para 14% em 2021 e 16% em 2022, nos boards. Nos comitês, subiu de 15% para 16% e agora está em 18%. Os números são considerados baixos e preocupantes.

“Ter pessoas diferentes ajuda a ter visão mais ampla, uma perspectiva maior, e enxergar outros riscos que ninguém estava encontrando. As empresas às vezes tem arrogância e ignoram muitas coisas”, afirma Larangeira. Contudo, ela relata que há um esforço para aumentar a diversidade de gênero e ter políticas para desenvolvimento de carreira. “Ainda é muito baixo, mas estamos no caminho certo”, conclui.

As empresas têm buscado diminuir os conselhos, estruturas que visam tratar estratégias a longo prazo e políticas para toda a companhia, e criar mais comitês, núcleos especializados para tratar de temas importantes, aponta pesquisa da ZRG Brasil, empresa de consultoria em lideranças, com companhias listadas na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo.

A tendência se refletiu no número total de integrantes de conselhos e comitês: nos conselhos, eram 1.719 membros em 2020, 1.700 em 2021 e 1.593 em 2022 - queda de 8% em dois anos. Já nos comitês, a evolução foi de 1.518 em 2020, saltando para 1.686 em 2021 e chegando a 1.973 em 2022 - subida de 29% no período. A situação deve ter efeito positivo na governança corporativa, avaliam os autores.

A pesquisa também demonstrou quais foram os temas que tiveram mais comitês criados. O líder absoluto foi o de Riscos, que passou de 75 para 134 (aumento de 78,6%). Na sequência, aparece os de Finanças e Fiscal, que foram de 118 para 169 (+43,2%); Investimentos, Fusões e Aquisições e Ativos, de 49 para 68 (+38,7%), Estratégia, Inovação e Novos Negócios, de 151 para 194 (+ 28,4%) e ESG, Ética e Governança, de 232 para 289 (+24,5%).

Segundo os autores da pesquisa, a situação é positiva e deve levar a uma melhoria na governança corporativa, já que os comitês têm mais tempo para debater os assuntos e informar os conselhos sobre as medidas a serem tomadas. “Os comitês conseguem entrar em detalhes que os conselhos não teriam tempo para analisar”, explica Aline Larangeira, Sócia e líder da Prática de Avaliação de Conselhos na ZRG.

“O mundo ficou muito mais complicado. Se alguém disser que está entendendo o que acontece ao redor, está enganado”, comenta Darcio Crespi, sênior advisor da ZRG. “Os comitês estão aí para auxiliar no entendimento, cada vez mais especializados e por vezes com elementos externos”, reforça. Assim, os comitês se tornam um ponto de equilíbrio e garantem haver muito mais pessoas observando e buscando um determinado resultado.

Dinâmica

A interação entre as duas instâncias tem sido tranquila, através de uma dinâmica de reuniões de conselho ajustadas para trazer a participação dos comitês, que por sua vez tem mais interação com as diretorias e outras partes do nível operacional. “O comitê vai ter muito mais tempo para os assuntos específicos e pode se reunir mais vezes”, conta Larangeira.

Comitês tem mais tempo para entrar em detalhes de assuntos e levar informações de qualidade aos conselhos Foto: Pixabay

“Quando um tema vai para o comitê, tem a obrigação de entrar no detalhe, e quando traz para o conselho, é de uma forma mais sumária, resumida. Assim se consegue trazer uma contextualização um pouco maior. E, como sempre foi, toda decisão é no conselho”, completa. A informação de qualidade é crucial, já que a possibilidade de responsabilização de conselheiros hoje é maior.

Crespi cita como exemplo os comitês de recursos humanos e gestão de pessoas de como funciona a dinâmica. “Por vezes, o assunto fica na rabeira da pauta e acaba tendo um tempo exíguo para ser apresentado. Algumas vezes nos últimos anos, vi como um dos primeiros três assuntos, mas no geral é um dos últimos, e não deveria ser”, comenta. É importante lembrar que temas como saúde mental e turnover, políticas de home office e remuneração e saúde física, que envolvem a empresa toda e se tornaram mais importantes durante a pandemia, estão sob a alçada da gestão de pessoas.

Riscos

O crescimento no número de comitês de riscos teria surgido, principalmente, por causa da pandemia de Covid-19. Durante a emergência sanitária, as companhias iniciaram a criação de comitês de crise e risco. Uma vez que os números da doença respiratória caíram, os comitês de risco foram mantidos, enquanto outros focados na estratégia foram criados ou permaneceram.

Temas como ESG (pauta ambiental, social e de governança corporativa) e tecnologia também passaram a ser mais presentes, mas ainda necessitam de mais prioridade. “Quando a empresa está em um momento melhor, começa a tratar do ESG com mais atenção. Mas temos visto uma pressão grande vinda dos investidores e de todos os lados para o amadurecimento nesses temas. As empresas começam de forma cética, mas depois genuinamente tem uma discussão mais madura”, avalia Larangeira.

Diversidade

A pesquisa também avaliou a divisão de gênero nos conselhos e comitês. Em três anos, o crescimento tem sido lento, mas gradativo em 2 pontos percentuais - saindo de 12% em 2020, para 14% em 2021 e 16% em 2022, nos boards. Nos comitês, subiu de 15% para 16% e agora está em 18%. Os números são considerados baixos e preocupantes.

“Ter pessoas diferentes ajuda a ter visão mais ampla, uma perspectiva maior, e enxergar outros riscos que ninguém estava encontrando. As empresas às vezes tem arrogância e ignoram muitas coisas”, afirma Larangeira. Contudo, ela relata que há um esforço para aumentar a diversidade de gênero e ter políticas para desenvolvimento de carreira. “Ainda é muito baixo, mas estamos no caminho certo”, conclui.