Pesquisa aponta que 93% dos CEOs afirmam estar lidando com dez ou mais desafios


Estudo do Pacto Global da ONU e Accenture indica que 98% consideram sustentabilidade como fundamental para o cargo que ocupam

Por Luis Filipe Santos

A sustentabilidade é um fator fundamental para os executivos dos principais negócios, segundo a 12ª edição da pesquisa com os CEOs realizada pelo Pacto Global da ONU e a consultoria Accenture. Porém, o atual cenário de crises sociais, econômicas e ambientais faz com que surjam desafios para fazê-la avançar nas organizações. De acordo com os dados do levantamento, 98% dos entrevistados acreditam que a sustentabilidade é uma das obrigações do cargo em que ocupam, 15% a mais do que há dez anos.

A sustentabilidade passou a ser vista como um tema de governança que afeta os negócios de forma geral, ao lidar principalmente com a competitividade no longo prazo. Se antes era um ponto de atenção principalmente pela percepção dos consumidores e outros públicos, agora é também vista como fundamental para a resiliência e tornar as empresas mais preparadas para os próximos anos. Dois terços dos executivos (66%) apontam que suas empresas estão engajadas em parcerias estratégicas de longo prazo e em construir essa resiliência.

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“Hoje, os líderes estão vendo que não dá mais para tratar da economia em detrimento de direitos sociais e do meio ambiente”, relata Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil - a organização tenta levar para as empresas a pauta dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pelo ex-secretário geral da entidade, Kofi Annan, em 2000, como metas para 2030.

Como exemplo, Pereira citou a dependência europeia do gás natural russo para aquecimento. Com a invasão russa da Ucrânia, a situação se complicou, mas demonstrou que as fontes renováveis podem ser uma fonte de força, por não dependerem de origens em outros países. “Os investimentos na energia renovável sempre dependeram do humor do mercado. Agora, são fundamentais”, diz Carlo.

Policrise

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No entanto, se reconhecem a importância, os CEOs também têm que lidar com múltiplos problemas - como os efeitos da guerra na Ucrânia, a subida da inflação e das taxas de juros, a pandemia e a desorganização das cadeias produtivas causada por ela.

Guerra na Ucrânia ajudou a causar "policrise", com efeitos na economia que podem atrasar e impedir que os ODS sejam atingidos até 2030 Foto: SERGEY SHESTAK/EFE/EPA

93% dos ouvidos afirmam que têm que lidar com dez ou mais desafios simultâneos e 87% deles acreditam que o atual nível de mudanças está tão alto que impactará na entrega dos ODSs. “O Fórum Econômico Mundial chama de policrise, parece que soltaram todos os cavaleiros do apocalipse ao mesmo tempo, e com vários efeitos”, resume Pereira.

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“O sonho de um CEO é lidar com coisas com as quais ele está habituado, e o que vem acontecendo é exatamente o contrário: está todo mundo perdido, tendo que lidar com coisas fora do controle, como essas grandes tensões sociais e políticas, a guerra e outras coisas”, avalia o diretor CEO do Pacto Global. A situação seria ainda mais difícil por boa parte dos executivos atuais não estar acostumado a problemas geopolíticos tão grandes nos últimos 30 anos.

Um dos efeitos pode ser o da redução em investimentos voltados ao ESG (questões ambientais, sociais e de governança, na sigla em inglês). Apesar da sustentabilidade ser vista como fundamental para a resiliência, a diminuição de recursos impacta na capacidade de apoiar projetos. “Todo mundo vai se voltar para o core business e tem um risco grande do investimento em sustentabilidade perder ainda mais o fôlego com as crises”, acredita Carlo.

Ações

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Entre os stakeholders (partes interessadas) citadas como causadores de impacto no planejamento, os mais mencionados na pesquisa foram os governos (55%), o que pode levar a alguns problemas. “O primeiro é o excesso de ‘curto prazismo’, uma visão para o agora que dificulta para as empresas se planejarem para saberem o que priorizar. O outro é a variedade de regras, já que as leis dependem dos países. Isso se resolve se os governos chegarem a metas que sejam válidas para todos”, relata Matthew Govier, diretor de Serviços de Sustentabilidade da Accenture na América Latina.

A boa notícia, por outro lado, é que muitas indústrias estão investindo para realizar uma transição para a economia de baixo carbono, como em energias renováveis. Também há uma pressão maior para cuidar do lado social do ESG, com posicionamentos em temas relevantes e cuidados no desenvolvimento das comunidades.

Entre as ações citadas pelos executivos para os temas ambientais, 63% disse levar a sustentabilidade para seus negócios por meio de novos produtos e serviços sustentáveis (63%), melhorar os dados de sustentabilidade em toda sua cadeia de valor (55%) e investir em energias renováveis (49%). Quase metade (49%) está mudando para um modelo de negócios circular e 40% relatou aumentar os investimentos em inovação sustentável.

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A inovação e a tecnologia são vistas como fundamentais para atingir os ODSs, principalmente os relacionados à mudança climática. “Como chegar na descarbonização, em uma economia sem carbono, ninguém sabe, setor nenhum sabe. O que tem que ter é um compromisso claro e firme de que será feito e tomar as atitudes possíveis no momento”, comenta Carlo. Nesse tema, os governos têm papel importante também como viabilizador de novas tecnologias, além de regulador.

Contudo, o tempo para atingir as metas é curto. Como resultado da ‘policrise’ dos últimos anos, os indicadores para ODS como a erradicação da pobreza e da diferença entre os gêneros desabaram, com conquistas revertidas. As ações das empresas estão indo de acordo com o que se espera delas, mas é preciso mais. “Estamos no sentido correto, sempre vamos achar ajustes de rota, mas estamos na certa. Agora, precisamos acelerar mais”, conclui Govier.

A sustentabilidade é um fator fundamental para os executivos dos principais negócios, segundo a 12ª edição da pesquisa com os CEOs realizada pelo Pacto Global da ONU e a consultoria Accenture. Porém, o atual cenário de crises sociais, econômicas e ambientais faz com que surjam desafios para fazê-la avançar nas organizações. De acordo com os dados do levantamento, 98% dos entrevistados acreditam que a sustentabilidade é uma das obrigações do cargo em que ocupam, 15% a mais do que há dez anos.

A sustentabilidade passou a ser vista como um tema de governança que afeta os negócios de forma geral, ao lidar principalmente com a competitividade no longo prazo. Se antes era um ponto de atenção principalmente pela percepção dos consumidores e outros públicos, agora é também vista como fundamental para a resiliência e tornar as empresas mais preparadas para os próximos anos. Dois terços dos executivos (66%) apontam que suas empresas estão engajadas em parcerias estratégicas de longo prazo e em construir essa resiliência.

“Hoje, os líderes estão vendo que não dá mais para tratar da economia em detrimento de direitos sociais e do meio ambiente”, relata Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil - a organização tenta levar para as empresas a pauta dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pelo ex-secretário geral da entidade, Kofi Annan, em 2000, como metas para 2030.

Como exemplo, Pereira citou a dependência europeia do gás natural russo para aquecimento. Com a invasão russa da Ucrânia, a situação se complicou, mas demonstrou que as fontes renováveis podem ser uma fonte de força, por não dependerem de origens em outros países. “Os investimentos na energia renovável sempre dependeram do humor do mercado. Agora, são fundamentais”, diz Carlo.

Policrise

No entanto, se reconhecem a importância, os CEOs também têm que lidar com múltiplos problemas - como os efeitos da guerra na Ucrânia, a subida da inflação e das taxas de juros, a pandemia e a desorganização das cadeias produtivas causada por ela.

Guerra na Ucrânia ajudou a causar "policrise", com efeitos na economia que podem atrasar e impedir que os ODS sejam atingidos até 2030 Foto: SERGEY SHESTAK/EFE/EPA

93% dos ouvidos afirmam que têm que lidar com dez ou mais desafios simultâneos e 87% deles acreditam que o atual nível de mudanças está tão alto que impactará na entrega dos ODSs. “O Fórum Econômico Mundial chama de policrise, parece que soltaram todos os cavaleiros do apocalipse ao mesmo tempo, e com vários efeitos”, resume Pereira.

“O sonho de um CEO é lidar com coisas com as quais ele está habituado, e o que vem acontecendo é exatamente o contrário: está todo mundo perdido, tendo que lidar com coisas fora do controle, como essas grandes tensões sociais e políticas, a guerra e outras coisas”, avalia o diretor CEO do Pacto Global. A situação seria ainda mais difícil por boa parte dos executivos atuais não estar acostumado a problemas geopolíticos tão grandes nos últimos 30 anos.

Um dos efeitos pode ser o da redução em investimentos voltados ao ESG (questões ambientais, sociais e de governança, na sigla em inglês). Apesar da sustentabilidade ser vista como fundamental para a resiliência, a diminuição de recursos impacta na capacidade de apoiar projetos. “Todo mundo vai se voltar para o core business e tem um risco grande do investimento em sustentabilidade perder ainda mais o fôlego com as crises”, acredita Carlo.

Ações

Entre os stakeholders (partes interessadas) citadas como causadores de impacto no planejamento, os mais mencionados na pesquisa foram os governos (55%), o que pode levar a alguns problemas. “O primeiro é o excesso de ‘curto prazismo’, uma visão para o agora que dificulta para as empresas se planejarem para saberem o que priorizar. O outro é a variedade de regras, já que as leis dependem dos países. Isso se resolve se os governos chegarem a metas que sejam válidas para todos”, relata Matthew Govier, diretor de Serviços de Sustentabilidade da Accenture na América Latina.

A boa notícia, por outro lado, é que muitas indústrias estão investindo para realizar uma transição para a economia de baixo carbono, como em energias renováveis. Também há uma pressão maior para cuidar do lado social do ESG, com posicionamentos em temas relevantes e cuidados no desenvolvimento das comunidades.

Entre as ações citadas pelos executivos para os temas ambientais, 63% disse levar a sustentabilidade para seus negócios por meio de novos produtos e serviços sustentáveis (63%), melhorar os dados de sustentabilidade em toda sua cadeia de valor (55%) e investir em energias renováveis (49%). Quase metade (49%) está mudando para um modelo de negócios circular e 40% relatou aumentar os investimentos em inovação sustentável.

A inovação e a tecnologia são vistas como fundamentais para atingir os ODSs, principalmente os relacionados à mudança climática. “Como chegar na descarbonização, em uma economia sem carbono, ninguém sabe, setor nenhum sabe. O que tem que ter é um compromisso claro e firme de que será feito e tomar as atitudes possíveis no momento”, comenta Carlo. Nesse tema, os governos têm papel importante também como viabilizador de novas tecnologias, além de regulador.

Contudo, o tempo para atingir as metas é curto. Como resultado da ‘policrise’ dos últimos anos, os indicadores para ODS como a erradicação da pobreza e da diferença entre os gêneros desabaram, com conquistas revertidas. As ações das empresas estão indo de acordo com o que se espera delas, mas é preciso mais. “Estamos no sentido correto, sempre vamos achar ajustes de rota, mas estamos na certa. Agora, precisamos acelerar mais”, conclui Govier.

A sustentabilidade é um fator fundamental para os executivos dos principais negócios, segundo a 12ª edição da pesquisa com os CEOs realizada pelo Pacto Global da ONU e a consultoria Accenture. Porém, o atual cenário de crises sociais, econômicas e ambientais faz com que surjam desafios para fazê-la avançar nas organizações. De acordo com os dados do levantamento, 98% dos entrevistados acreditam que a sustentabilidade é uma das obrigações do cargo em que ocupam, 15% a mais do que há dez anos.

A sustentabilidade passou a ser vista como um tema de governança que afeta os negócios de forma geral, ao lidar principalmente com a competitividade no longo prazo. Se antes era um ponto de atenção principalmente pela percepção dos consumidores e outros públicos, agora é também vista como fundamental para a resiliência e tornar as empresas mais preparadas para os próximos anos. Dois terços dos executivos (66%) apontam que suas empresas estão engajadas em parcerias estratégicas de longo prazo e em construir essa resiliência.

“Hoje, os líderes estão vendo que não dá mais para tratar da economia em detrimento de direitos sociais e do meio ambiente”, relata Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil - a organização tenta levar para as empresas a pauta dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pelo ex-secretário geral da entidade, Kofi Annan, em 2000, como metas para 2030.

Como exemplo, Pereira citou a dependência europeia do gás natural russo para aquecimento. Com a invasão russa da Ucrânia, a situação se complicou, mas demonstrou que as fontes renováveis podem ser uma fonte de força, por não dependerem de origens em outros países. “Os investimentos na energia renovável sempre dependeram do humor do mercado. Agora, são fundamentais”, diz Carlo.

Policrise

No entanto, se reconhecem a importância, os CEOs também têm que lidar com múltiplos problemas - como os efeitos da guerra na Ucrânia, a subida da inflação e das taxas de juros, a pandemia e a desorganização das cadeias produtivas causada por ela.

Guerra na Ucrânia ajudou a causar "policrise", com efeitos na economia que podem atrasar e impedir que os ODS sejam atingidos até 2030 Foto: SERGEY SHESTAK/EFE/EPA

93% dos ouvidos afirmam que têm que lidar com dez ou mais desafios simultâneos e 87% deles acreditam que o atual nível de mudanças está tão alto que impactará na entrega dos ODSs. “O Fórum Econômico Mundial chama de policrise, parece que soltaram todos os cavaleiros do apocalipse ao mesmo tempo, e com vários efeitos”, resume Pereira.

“O sonho de um CEO é lidar com coisas com as quais ele está habituado, e o que vem acontecendo é exatamente o contrário: está todo mundo perdido, tendo que lidar com coisas fora do controle, como essas grandes tensões sociais e políticas, a guerra e outras coisas”, avalia o diretor CEO do Pacto Global. A situação seria ainda mais difícil por boa parte dos executivos atuais não estar acostumado a problemas geopolíticos tão grandes nos últimos 30 anos.

Um dos efeitos pode ser o da redução em investimentos voltados ao ESG (questões ambientais, sociais e de governança, na sigla em inglês). Apesar da sustentabilidade ser vista como fundamental para a resiliência, a diminuição de recursos impacta na capacidade de apoiar projetos. “Todo mundo vai se voltar para o core business e tem um risco grande do investimento em sustentabilidade perder ainda mais o fôlego com as crises”, acredita Carlo.

Ações

Entre os stakeholders (partes interessadas) citadas como causadores de impacto no planejamento, os mais mencionados na pesquisa foram os governos (55%), o que pode levar a alguns problemas. “O primeiro é o excesso de ‘curto prazismo’, uma visão para o agora que dificulta para as empresas se planejarem para saberem o que priorizar. O outro é a variedade de regras, já que as leis dependem dos países. Isso se resolve se os governos chegarem a metas que sejam válidas para todos”, relata Matthew Govier, diretor de Serviços de Sustentabilidade da Accenture na América Latina.

A boa notícia, por outro lado, é que muitas indústrias estão investindo para realizar uma transição para a economia de baixo carbono, como em energias renováveis. Também há uma pressão maior para cuidar do lado social do ESG, com posicionamentos em temas relevantes e cuidados no desenvolvimento das comunidades.

Entre as ações citadas pelos executivos para os temas ambientais, 63% disse levar a sustentabilidade para seus negócios por meio de novos produtos e serviços sustentáveis (63%), melhorar os dados de sustentabilidade em toda sua cadeia de valor (55%) e investir em energias renováveis (49%). Quase metade (49%) está mudando para um modelo de negócios circular e 40% relatou aumentar os investimentos em inovação sustentável.

A inovação e a tecnologia são vistas como fundamentais para atingir os ODSs, principalmente os relacionados à mudança climática. “Como chegar na descarbonização, em uma economia sem carbono, ninguém sabe, setor nenhum sabe. O que tem que ter é um compromisso claro e firme de que será feito e tomar as atitudes possíveis no momento”, comenta Carlo. Nesse tema, os governos têm papel importante também como viabilizador de novas tecnologias, além de regulador.

Contudo, o tempo para atingir as metas é curto. Como resultado da ‘policrise’ dos últimos anos, os indicadores para ODS como a erradicação da pobreza e da diferença entre os gêneros desabaram, com conquistas revertidas. As ações das empresas estão indo de acordo com o que se espera delas, mas é preciso mais. “Estamos no sentido correto, sempre vamos achar ajustes de rota, mas estamos na certa. Agora, precisamos acelerar mais”, conclui Govier.

A sustentabilidade é um fator fundamental para os executivos dos principais negócios, segundo a 12ª edição da pesquisa com os CEOs realizada pelo Pacto Global da ONU e a consultoria Accenture. Porém, o atual cenário de crises sociais, econômicas e ambientais faz com que surjam desafios para fazê-la avançar nas organizações. De acordo com os dados do levantamento, 98% dos entrevistados acreditam que a sustentabilidade é uma das obrigações do cargo em que ocupam, 15% a mais do que há dez anos.

A sustentabilidade passou a ser vista como um tema de governança que afeta os negócios de forma geral, ao lidar principalmente com a competitividade no longo prazo. Se antes era um ponto de atenção principalmente pela percepção dos consumidores e outros públicos, agora é também vista como fundamental para a resiliência e tornar as empresas mais preparadas para os próximos anos. Dois terços dos executivos (66%) apontam que suas empresas estão engajadas em parcerias estratégicas de longo prazo e em construir essa resiliência.

“Hoje, os líderes estão vendo que não dá mais para tratar da economia em detrimento de direitos sociais e do meio ambiente”, relata Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil - a organização tenta levar para as empresas a pauta dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pelo ex-secretário geral da entidade, Kofi Annan, em 2000, como metas para 2030.

Como exemplo, Pereira citou a dependência europeia do gás natural russo para aquecimento. Com a invasão russa da Ucrânia, a situação se complicou, mas demonstrou que as fontes renováveis podem ser uma fonte de força, por não dependerem de origens em outros países. “Os investimentos na energia renovável sempre dependeram do humor do mercado. Agora, são fundamentais”, diz Carlo.

Policrise

No entanto, se reconhecem a importância, os CEOs também têm que lidar com múltiplos problemas - como os efeitos da guerra na Ucrânia, a subida da inflação e das taxas de juros, a pandemia e a desorganização das cadeias produtivas causada por ela.

Guerra na Ucrânia ajudou a causar "policrise", com efeitos na economia que podem atrasar e impedir que os ODS sejam atingidos até 2030 Foto: SERGEY SHESTAK/EFE/EPA

93% dos ouvidos afirmam que têm que lidar com dez ou mais desafios simultâneos e 87% deles acreditam que o atual nível de mudanças está tão alto que impactará na entrega dos ODSs. “O Fórum Econômico Mundial chama de policrise, parece que soltaram todos os cavaleiros do apocalipse ao mesmo tempo, e com vários efeitos”, resume Pereira.

“O sonho de um CEO é lidar com coisas com as quais ele está habituado, e o que vem acontecendo é exatamente o contrário: está todo mundo perdido, tendo que lidar com coisas fora do controle, como essas grandes tensões sociais e políticas, a guerra e outras coisas”, avalia o diretor CEO do Pacto Global. A situação seria ainda mais difícil por boa parte dos executivos atuais não estar acostumado a problemas geopolíticos tão grandes nos últimos 30 anos.

Um dos efeitos pode ser o da redução em investimentos voltados ao ESG (questões ambientais, sociais e de governança, na sigla em inglês). Apesar da sustentabilidade ser vista como fundamental para a resiliência, a diminuição de recursos impacta na capacidade de apoiar projetos. “Todo mundo vai se voltar para o core business e tem um risco grande do investimento em sustentabilidade perder ainda mais o fôlego com as crises”, acredita Carlo.

Ações

Entre os stakeholders (partes interessadas) citadas como causadores de impacto no planejamento, os mais mencionados na pesquisa foram os governos (55%), o que pode levar a alguns problemas. “O primeiro é o excesso de ‘curto prazismo’, uma visão para o agora que dificulta para as empresas se planejarem para saberem o que priorizar. O outro é a variedade de regras, já que as leis dependem dos países. Isso se resolve se os governos chegarem a metas que sejam válidas para todos”, relata Matthew Govier, diretor de Serviços de Sustentabilidade da Accenture na América Latina.

A boa notícia, por outro lado, é que muitas indústrias estão investindo para realizar uma transição para a economia de baixo carbono, como em energias renováveis. Também há uma pressão maior para cuidar do lado social do ESG, com posicionamentos em temas relevantes e cuidados no desenvolvimento das comunidades.

Entre as ações citadas pelos executivos para os temas ambientais, 63% disse levar a sustentabilidade para seus negócios por meio de novos produtos e serviços sustentáveis (63%), melhorar os dados de sustentabilidade em toda sua cadeia de valor (55%) e investir em energias renováveis (49%). Quase metade (49%) está mudando para um modelo de negócios circular e 40% relatou aumentar os investimentos em inovação sustentável.

A inovação e a tecnologia são vistas como fundamentais para atingir os ODSs, principalmente os relacionados à mudança climática. “Como chegar na descarbonização, em uma economia sem carbono, ninguém sabe, setor nenhum sabe. O que tem que ter é um compromisso claro e firme de que será feito e tomar as atitudes possíveis no momento”, comenta Carlo. Nesse tema, os governos têm papel importante também como viabilizador de novas tecnologias, além de regulador.

Contudo, o tempo para atingir as metas é curto. Como resultado da ‘policrise’ dos últimos anos, os indicadores para ODS como a erradicação da pobreza e da diferença entre os gêneros desabaram, com conquistas revertidas. As ações das empresas estão indo de acordo com o que se espera delas, mas é preciso mais. “Estamos no sentido correto, sempre vamos achar ajustes de rota, mas estamos na certa. Agora, precisamos acelerar mais”, conclui Govier.

A sustentabilidade é um fator fundamental para os executivos dos principais negócios, segundo a 12ª edição da pesquisa com os CEOs realizada pelo Pacto Global da ONU e a consultoria Accenture. Porém, o atual cenário de crises sociais, econômicas e ambientais faz com que surjam desafios para fazê-la avançar nas organizações. De acordo com os dados do levantamento, 98% dos entrevistados acreditam que a sustentabilidade é uma das obrigações do cargo em que ocupam, 15% a mais do que há dez anos.

A sustentabilidade passou a ser vista como um tema de governança que afeta os negócios de forma geral, ao lidar principalmente com a competitividade no longo prazo. Se antes era um ponto de atenção principalmente pela percepção dos consumidores e outros públicos, agora é também vista como fundamental para a resiliência e tornar as empresas mais preparadas para os próximos anos. Dois terços dos executivos (66%) apontam que suas empresas estão engajadas em parcerias estratégicas de longo prazo e em construir essa resiliência.

“Hoje, os líderes estão vendo que não dá mais para tratar da economia em detrimento de direitos sociais e do meio ambiente”, relata Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil - a organização tenta levar para as empresas a pauta dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pelo ex-secretário geral da entidade, Kofi Annan, em 2000, como metas para 2030.

Como exemplo, Pereira citou a dependência europeia do gás natural russo para aquecimento. Com a invasão russa da Ucrânia, a situação se complicou, mas demonstrou que as fontes renováveis podem ser uma fonte de força, por não dependerem de origens em outros países. “Os investimentos na energia renovável sempre dependeram do humor do mercado. Agora, são fundamentais”, diz Carlo.

Policrise

No entanto, se reconhecem a importância, os CEOs também têm que lidar com múltiplos problemas - como os efeitos da guerra na Ucrânia, a subida da inflação e das taxas de juros, a pandemia e a desorganização das cadeias produtivas causada por ela.

Guerra na Ucrânia ajudou a causar "policrise", com efeitos na economia que podem atrasar e impedir que os ODS sejam atingidos até 2030 Foto: SERGEY SHESTAK/EFE/EPA

93% dos ouvidos afirmam que têm que lidar com dez ou mais desafios simultâneos e 87% deles acreditam que o atual nível de mudanças está tão alto que impactará na entrega dos ODSs. “O Fórum Econômico Mundial chama de policrise, parece que soltaram todos os cavaleiros do apocalipse ao mesmo tempo, e com vários efeitos”, resume Pereira.

“O sonho de um CEO é lidar com coisas com as quais ele está habituado, e o que vem acontecendo é exatamente o contrário: está todo mundo perdido, tendo que lidar com coisas fora do controle, como essas grandes tensões sociais e políticas, a guerra e outras coisas”, avalia o diretor CEO do Pacto Global. A situação seria ainda mais difícil por boa parte dos executivos atuais não estar acostumado a problemas geopolíticos tão grandes nos últimos 30 anos.

Um dos efeitos pode ser o da redução em investimentos voltados ao ESG (questões ambientais, sociais e de governança, na sigla em inglês). Apesar da sustentabilidade ser vista como fundamental para a resiliência, a diminuição de recursos impacta na capacidade de apoiar projetos. “Todo mundo vai se voltar para o core business e tem um risco grande do investimento em sustentabilidade perder ainda mais o fôlego com as crises”, acredita Carlo.

Ações

Entre os stakeholders (partes interessadas) citadas como causadores de impacto no planejamento, os mais mencionados na pesquisa foram os governos (55%), o que pode levar a alguns problemas. “O primeiro é o excesso de ‘curto prazismo’, uma visão para o agora que dificulta para as empresas se planejarem para saberem o que priorizar. O outro é a variedade de regras, já que as leis dependem dos países. Isso se resolve se os governos chegarem a metas que sejam válidas para todos”, relata Matthew Govier, diretor de Serviços de Sustentabilidade da Accenture na América Latina.

A boa notícia, por outro lado, é que muitas indústrias estão investindo para realizar uma transição para a economia de baixo carbono, como em energias renováveis. Também há uma pressão maior para cuidar do lado social do ESG, com posicionamentos em temas relevantes e cuidados no desenvolvimento das comunidades.

Entre as ações citadas pelos executivos para os temas ambientais, 63% disse levar a sustentabilidade para seus negócios por meio de novos produtos e serviços sustentáveis (63%), melhorar os dados de sustentabilidade em toda sua cadeia de valor (55%) e investir em energias renováveis (49%). Quase metade (49%) está mudando para um modelo de negócios circular e 40% relatou aumentar os investimentos em inovação sustentável.

A inovação e a tecnologia são vistas como fundamentais para atingir os ODSs, principalmente os relacionados à mudança climática. “Como chegar na descarbonização, em uma economia sem carbono, ninguém sabe, setor nenhum sabe. O que tem que ter é um compromisso claro e firme de que será feito e tomar as atitudes possíveis no momento”, comenta Carlo. Nesse tema, os governos têm papel importante também como viabilizador de novas tecnologias, além de regulador.

Contudo, o tempo para atingir as metas é curto. Como resultado da ‘policrise’ dos últimos anos, os indicadores para ODS como a erradicação da pobreza e da diferença entre os gêneros desabaram, com conquistas revertidas. As ações das empresas estão indo de acordo com o que se espera delas, mas é preciso mais. “Estamos no sentido correto, sempre vamos achar ajustes de rota, mas estamos na certa. Agora, precisamos acelerar mais”, conclui Govier.

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