Transformação digital acelerada durante a pandemia terá mais investimentos, dizem executivos


Levantamento global CEO Outlook 2020, realizado pela KPMG, traz visão de CEOs do País sobre impactos da covid-19 e futuro pós-pandemia

Por Heloísa Scognamiglio
Atualização:

A pandemia de covid-19 acelerou a transformação digital das empresas, segundo os CEOs brasileiros. É o que aponta a pesquisa global CEO Outlook 2020, realizada pela consultoria KPMG: 67% dos executivos ouvidos afirmaram que a digitalização das operações teve avanços que colocaram o negócio meses e até anos à frente do que eles esperavam; para 20%, o processo de digitalização se manteve como antes da pandemia; e, para apenas 13%, o processo foi atrasado ou inviabilizado por causa da crise.

Para a maioria dos CEOs (87%), também houve aceleração na criação de uma nova força de trabalho, já que a pandemia tornou necessária a contratação de mais funcionários para lidar com os sistemas de automação e inteligência artificial; a minoria (13%) manteve a equipe do mesmo tamanho.

Levantamento CEO Outlook 2020, realizado pela KPMG,ouviu executivos de inúmeros países, incluindo o Brasil. Foto: Sam Mircovich/Reuters
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O CEO Outlook é uma pesquisa realizada em nível global pela KPMG. A edição de 2020 ouviu, entre janeiro e fevereiro, 1.300 CEOs de grandes economias mundiais, 270 CEOs da América do Sul e 50 CEOs brasileiros. Entre julho e agosto foram entrevistados mais 315 CEOs globais, 80 sul-americanos e 15 brasileiros para entender como suas visões poderiam ter mudando durante a pandemia.

Segundo Charles Krieck, presidente da KPMG no Brasil e na América do Sul, a preocupação com a transformação digital já existia há muito tempo no meio corporativo, mas seu processo de implantação tinha uma velocidade menor. “A pandemia trouxe a aceleração da transformação digital e talvez a constatação de que o processo que a gente já achava muito rápido, não era rápido o suficiente. Precisa ser mais rápido ainda”, afirma.

A pesquisa mostra que, em relação a investimentos, 53% dos CEOs brasileiros disseram que pretendem aplicar capital na compra de novas tecnologias e digitalização, enquanto 47% darão prioridade ao desenvolvimento das habilidades e capacidades da força de trabalho.

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“A crise afetou a receita das companhias por um período e também sua capacidade de investir. No fim das contas, isso é bom, porque as empresas vão pensar muito mais em fazer isso corretamente”, diz Krieck. “No curto prazo, e isso já está acontecendo, as empresas estão revisando seus modelos de negócios, para investir na tecnologia e na transformação digital correta. No médio e longo prazo, isso vai andar muito mais rápido do que a gente imagina”, acrescenta.

Parte da transformação digital das companhias, o trabalho remoto apareceu na pesquisa como tendência também para o pós-pandemia: 100% dos CEOs brasileiros afirmaram que irão reduzir os espaços dos escritórios porque irão manter parte da equipe em home office e 94% pretendem continuar a desenvolver o uso de colaborações digitais e ferramentas de comunicação para trabalho remoto depois que a pandemia passar.

Como vantagens dessa forma de trabalho, foram citadas a ampliação do pool de talentos em potencial (86%) e a melhoria na comunicação com os funcionários (60%). Outro ponto positivo foi um maior envolvimento das companhias com as comunidades locais onde estão baseadas (80%). “Quando falamos em trabalho remoto, pense no mercado de trabalho. Ele vai mudar de forma radical, aumentando a competição”, diz o presidente da KPMG.

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“Há pessoas que acreditam que a gente não precisa mais de espaço físico. Eu estou no meio. Eu acho que a gente precisa sim de algum lugar para se encontrar, manter a cultura, fazer reuniões, para as pessoas se verem e interagirem, pelo menos em uma fase de adaptação. Porque o digital não é a mesma coisa que o físico”, declara Krieck.

Com uma adaptação ao digital, também é preciso haver investimentos em segurança cibernética. Segundo Krieck, a preocupação com esse tema vai crescer. “Eu prevejo e já estou vendo grandes investimentos sendo feitos para a proteção de dados, para a proteção de dispositivos, proteção de redes, entre outros”, diz.

Entre os CEOs ouvidos, 66% acreditam que uma estratégia cibernética forte é fundamental para gerar confiança nos principais acionistas e 86% afirmaram que suas organizações veem a segurança da informação como uma função estratégica e fonte potencial de vantagem competitiva.

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Práticas ESG

O CEO Outlook 2020 também mostra a preocupação crescente de investidores e clientes para que as empresas adotem boas práticas ESG, sigla em inglês que se refere a aspectos ambientais, sociais e de governança da empresa. Durante a pandemia, com menos locomoção de pessoas nas ruas e o novo modelo de trabalho remoto, níveis de poluição nas cidades diminuíram, impulsionando o debate sobre sustentabilidade.

A pesquisa indica que, entre os CEOs ouvidos, 60% pretendem garantir que os ganhos de sustentabilidade conquistados durante a crise sejam preservados. Para 53% dos executivos entrevistados, é provável ou muito provável que o gerenciamento de riscos relacionados a mudanças climáticas seja um fator-chave para a manutenção de seus cargos nos próximos cinco anos.

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Krieck comenta que ações simples podem ter grande impacto em relação à sustentabilidade, além de diminuir gastos. "Trocar o copo de plástico pelo de papel, usar sua própria caneca ou até diminuir viagens aéreas, que é uma outra tendência. Será que essas viagens não poderiam virar uma videoconferência?", questiona.

"Aprendemos tão bem a lidarmos com a escassez, em economizar, que, no futuro, conseguiremos produzir com menos custo e com menos dano ao meio ambiente. Acho que tem uma lição aqui que, não só nós aqui no Brasil, mas o mundo inteiro aprendeu, que vai ajudar muito nos aspectos de ESG", opina.

No levantamento realizado antes da pandemia, mudanças climáticas já apareciam entre os fatores socioambientais de maior pressão para os CEOs (82%), junto à perda de empregos devido à automação e novas tecnologias (78%), uso de dados pessoais para ganho financeiro (74%), desigualdade de gênero (66%), desigualdade de renda (44%) e assédio sexual e discriminação (42%).

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Para 74% dos entrevistados entre janeiro e fevereiro, já havia uma demanda significativa por mais transparência nos relatórios ESG por parte de stakeholders, órgãos reguladores e clientes, e 80% disseram que o gerenciamento de ESG será fundamental para impulsionar o crescimento de longo prazo. Para companhias que buscam ampla base de investidores, 70% dos CEOs apontava que relatórios ESG robustos não eram mais opcionais.

Diversidade e inclusão também foram abordadas pela pesquisa. Durante a pandemia, 73% dos executivos ouvidos afirmaram que foi necessário colocar mais foco no componente social do programa ESG de suas organizações. O levantamento procurou saber ainda o nível de confiança dos executivos nas medidas antidiscriminação e antirracismo que as organizações vêm adotando: 73% estão confiantes ou muito confiantes. Além disso, 60% dos CEOs planejam anunciar novas medidas contra o racismo.

Já antes da pandemia, a pesquisa apontava que, para 66% dos executivos, a ausência de progresso em diversidade e inclusão poderia minar a confiança do público no CEO. Para o presidente da KPMG, há quatro pilares principais em relação a esse tema: gênero, orientação sexual, raça e pessoa com deficiência.

"Se não houver diversidade e inclusão, por mais ricas que as experiências das pessoas possam ser, você nunca vai ter efetivamente ou nunca vai extrair o máximo daquele time. Isso está cada vez mais claro e está muito relacionado ao reconhecimento de que o importante é o ser humano", diz.

O presidente ainda declara que há programas e ações de inclusão hoje em dia no mercado que são necessárias. “E isso não é uma ação isolada, algo que você faz solo. Isso é algo que você se conecta com a comunidade, que você junta esforços, que você traz a sociedade, traz ecossistemas e aí quando você está junto, o negócio funciona muito bem. Eu sou muito otimista quanto às ações de uma sociedade mais justa. Mas tem que agir. Se não agir, não vai conseguir”, declara. 

A pandemia de covid-19 acelerou a transformação digital das empresas, segundo os CEOs brasileiros. É o que aponta a pesquisa global CEO Outlook 2020, realizada pela consultoria KPMG: 67% dos executivos ouvidos afirmaram que a digitalização das operações teve avanços que colocaram o negócio meses e até anos à frente do que eles esperavam; para 20%, o processo de digitalização se manteve como antes da pandemia; e, para apenas 13%, o processo foi atrasado ou inviabilizado por causa da crise.

Para a maioria dos CEOs (87%), também houve aceleração na criação de uma nova força de trabalho, já que a pandemia tornou necessária a contratação de mais funcionários para lidar com os sistemas de automação e inteligência artificial; a minoria (13%) manteve a equipe do mesmo tamanho.

Levantamento CEO Outlook 2020, realizado pela KPMG,ouviu executivos de inúmeros países, incluindo o Brasil. Foto: Sam Mircovich/Reuters

O CEO Outlook é uma pesquisa realizada em nível global pela KPMG. A edição de 2020 ouviu, entre janeiro e fevereiro, 1.300 CEOs de grandes economias mundiais, 270 CEOs da América do Sul e 50 CEOs brasileiros. Entre julho e agosto foram entrevistados mais 315 CEOs globais, 80 sul-americanos e 15 brasileiros para entender como suas visões poderiam ter mudando durante a pandemia.

Segundo Charles Krieck, presidente da KPMG no Brasil e na América do Sul, a preocupação com a transformação digital já existia há muito tempo no meio corporativo, mas seu processo de implantação tinha uma velocidade menor. “A pandemia trouxe a aceleração da transformação digital e talvez a constatação de que o processo que a gente já achava muito rápido, não era rápido o suficiente. Precisa ser mais rápido ainda”, afirma.

A pesquisa mostra que, em relação a investimentos, 53% dos CEOs brasileiros disseram que pretendem aplicar capital na compra de novas tecnologias e digitalização, enquanto 47% darão prioridade ao desenvolvimento das habilidades e capacidades da força de trabalho.

“A crise afetou a receita das companhias por um período e também sua capacidade de investir. No fim das contas, isso é bom, porque as empresas vão pensar muito mais em fazer isso corretamente”, diz Krieck. “No curto prazo, e isso já está acontecendo, as empresas estão revisando seus modelos de negócios, para investir na tecnologia e na transformação digital correta. No médio e longo prazo, isso vai andar muito mais rápido do que a gente imagina”, acrescenta.

Parte da transformação digital das companhias, o trabalho remoto apareceu na pesquisa como tendência também para o pós-pandemia: 100% dos CEOs brasileiros afirmaram que irão reduzir os espaços dos escritórios porque irão manter parte da equipe em home office e 94% pretendem continuar a desenvolver o uso de colaborações digitais e ferramentas de comunicação para trabalho remoto depois que a pandemia passar.

Como vantagens dessa forma de trabalho, foram citadas a ampliação do pool de talentos em potencial (86%) e a melhoria na comunicação com os funcionários (60%). Outro ponto positivo foi um maior envolvimento das companhias com as comunidades locais onde estão baseadas (80%). “Quando falamos em trabalho remoto, pense no mercado de trabalho. Ele vai mudar de forma radical, aumentando a competição”, diz o presidente da KPMG.

“Há pessoas que acreditam que a gente não precisa mais de espaço físico. Eu estou no meio. Eu acho que a gente precisa sim de algum lugar para se encontrar, manter a cultura, fazer reuniões, para as pessoas se verem e interagirem, pelo menos em uma fase de adaptação. Porque o digital não é a mesma coisa que o físico”, declara Krieck.

Com uma adaptação ao digital, também é preciso haver investimentos em segurança cibernética. Segundo Krieck, a preocupação com esse tema vai crescer. “Eu prevejo e já estou vendo grandes investimentos sendo feitos para a proteção de dados, para a proteção de dispositivos, proteção de redes, entre outros”, diz.

Entre os CEOs ouvidos, 66% acreditam que uma estratégia cibernética forte é fundamental para gerar confiança nos principais acionistas e 86% afirmaram que suas organizações veem a segurança da informação como uma função estratégica e fonte potencial de vantagem competitiva.

Práticas ESG

O CEO Outlook 2020 também mostra a preocupação crescente de investidores e clientes para que as empresas adotem boas práticas ESG, sigla em inglês que se refere a aspectos ambientais, sociais e de governança da empresa. Durante a pandemia, com menos locomoção de pessoas nas ruas e o novo modelo de trabalho remoto, níveis de poluição nas cidades diminuíram, impulsionando o debate sobre sustentabilidade.

A pesquisa indica que, entre os CEOs ouvidos, 60% pretendem garantir que os ganhos de sustentabilidade conquistados durante a crise sejam preservados. Para 53% dos executivos entrevistados, é provável ou muito provável que o gerenciamento de riscos relacionados a mudanças climáticas seja um fator-chave para a manutenção de seus cargos nos próximos cinco anos.

Krieck comenta que ações simples podem ter grande impacto em relação à sustentabilidade, além de diminuir gastos. "Trocar o copo de plástico pelo de papel, usar sua própria caneca ou até diminuir viagens aéreas, que é uma outra tendência. Será que essas viagens não poderiam virar uma videoconferência?", questiona.

"Aprendemos tão bem a lidarmos com a escassez, em economizar, que, no futuro, conseguiremos produzir com menos custo e com menos dano ao meio ambiente. Acho que tem uma lição aqui que, não só nós aqui no Brasil, mas o mundo inteiro aprendeu, que vai ajudar muito nos aspectos de ESG", opina.

No levantamento realizado antes da pandemia, mudanças climáticas já apareciam entre os fatores socioambientais de maior pressão para os CEOs (82%), junto à perda de empregos devido à automação e novas tecnologias (78%), uso de dados pessoais para ganho financeiro (74%), desigualdade de gênero (66%), desigualdade de renda (44%) e assédio sexual e discriminação (42%).

Para 74% dos entrevistados entre janeiro e fevereiro, já havia uma demanda significativa por mais transparência nos relatórios ESG por parte de stakeholders, órgãos reguladores e clientes, e 80% disseram que o gerenciamento de ESG será fundamental para impulsionar o crescimento de longo prazo. Para companhias que buscam ampla base de investidores, 70% dos CEOs apontava que relatórios ESG robustos não eram mais opcionais.

Diversidade e inclusão também foram abordadas pela pesquisa. Durante a pandemia, 73% dos executivos ouvidos afirmaram que foi necessário colocar mais foco no componente social do programa ESG de suas organizações. O levantamento procurou saber ainda o nível de confiança dos executivos nas medidas antidiscriminação e antirracismo que as organizações vêm adotando: 73% estão confiantes ou muito confiantes. Além disso, 60% dos CEOs planejam anunciar novas medidas contra o racismo.

Já antes da pandemia, a pesquisa apontava que, para 66% dos executivos, a ausência de progresso em diversidade e inclusão poderia minar a confiança do público no CEO. Para o presidente da KPMG, há quatro pilares principais em relação a esse tema: gênero, orientação sexual, raça e pessoa com deficiência.

"Se não houver diversidade e inclusão, por mais ricas que as experiências das pessoas possam ser, você nunca vai ter efetivamente ou nunca vai extrair o máximo daquele time. Isso está cada vez mais claro e está muito relacionado ao reconhecimento de que o importante é o ser humano", diz.

O presidente ainda declara que há programas e ações de inclusão hoje em dia no mercado que são necessárias. “E isso não é uma ação isolada, algo que você faz solo. Isso é algo que você se conecta com a comunidade, que você junta esforços, que você traz a sociedade, traz ecossistemas e aí quando você está junto, o negócio funciona muito bem. Eu sou muito otimista quanto às ações de uma sociedade mais justa. Mas tem que agir. Se não agir, não vai conseguir”, declara. 

A pandemia de covid-19 acelerou a transformação digital das empresas, segundo os CEOs brasileiros. É o que aponta a pesquisa global CEO Outlook 2020, realizada pela consultoria KPMG: 67% dos executivos ouvidos afirmaram que a digitalização das operações teve avanços que colocaram o negócio meses e até anos à frente do que eles esperavam; para 20%, o processo de digitalização se manteve como antes da pandemia; e, para apenas 13%, o processo foi atrasado ou inviabilizado por causa da crise.

Para a maioria dos CEOs (87%), também houve aceleração na criação de uma nova força de trabalho, já que a pandemia tornou necessária a contratação de mais funcionários para lidar com os sistemas de automação e inteligência artificial; a minoria (13%) manteve a equipe do mesmo tamanho.

Levantamento CEO Outlook 2020, realizado pela KPMG,ouviu executivos de inúmeros países, incluindo o Brasil. Foto: Sam Mircovich/Reuters

O CEO Outlook é uma pesquisa realizada em nível global pela KPMG. A edição de 2020 ouviu, entre janeiro e fevereiro, 1.300 CEOs de grandes economias mundiais, 270 CEOs da América do Sul e 50 CEOs brasileiros. Entre julho e agosto foram entrevistados mais 315 CEOs globais, 80 sul-americanos e 15 brasileiros para entender como suas visões poderiam ter mudando durante a pandemia.

Segundo Charles Krieck, presidente da KPMG no Brasil e na América do Sul, a preocupação com a transformação digital já existia há muito tempo no meio corporativo, mas seu processo de implantação tinha uma velocidade menor. “A pandemia trouxe a aceleração da transformação digital e talvez a constatação de que o processo que a gente já achava muito rápido, não era rápido o suficiente. Precisa ser mais rápido ainda”, afirma.

A pesquisa mostra que, em relação a investimentos, 53% dos CEOs brasileiros disseram que pretendem aplicar capital na compra de novas tecnologias e digitalização, enquanto 47% darão prioridade ao desenvolvimento das habilidades e capacidades da força de trabalho.

“A crise afetou a receita das companhias por um período e também sua capacidade de investir. No fim das contas, isso é bom, porque as empresas vão pensar muito mais em fazer isso corretamente”, diz Krieck. “No curto prazo, e isso já está acontecendo, as empresas estão revisando seus modelos de negócios, para investir na tecnologia e na transformação digital correta. No médio e longo prazo, isso vai andar muito mais rápido do que a gente imagina”, acrescenta.

Parte da transformação digital das companhias, o trabalho remoto apareceu na pesquisa como tendência também para o pós-pandemia: 100% dos CEOs brasileiros afirmaram que irão reduzir os espaços dos escritórios porque irão manter parte da equipe em home office e 94% pretendem continuar a desenvolver o uso de colaborações digitais e ferramentas de comunicação para trabalho remoto depois que a pandemia passar.

Como vantagens dessa forma de trabalho, foram citadas a ampliação do pool de talentos em potencial (86%) e a melhoria na comunicação com os funcionários (60%). Outro ponto positivo foi um maior envolvimento das companhias com as comunidades locais onde estão baseadas (80%). “Quando falamos em trabalho remoto, pense no mercado de trabalho. Ele vai mudar de forma radical, aumentando a competição”, diz o presidente da KPMG.

“Há pessoas que acreditam que a gente não precisa mais de espaço físico. Eu estou no meio. Eu acho que a gente precisa sim de algum lugar para se encontrar, manter a cultura, fazer reuniões, para as pessoas se verem e interagirem, pelo menos em uma fase de adaptação. Porque o digital não é a mesma coisa que o físico”, declara Krieck.

Com uma adaptação ao digital, também é preciso haver investimentos em segurança cibernética. Segundo Krieck, a preocupação com esse tema vai crescer. “Eu prevejo e já estou vendo grandes investimentos sendo feitos para a proteção de dados, para a proteção de dispositivos, proteção de redes, entre outros”, diz.

Entre os CEOs ouvidos, 66% acreditam que uma estratégia cibernética forte é fundamental para gerar confiança nos principais acionistas e 86% afirmaram que suas organizações veem a segurança da informação como uma função estratégica e fonte potencial de vantagem competitiva.

Práticas ESG

O CEO Outlook 2020 também mostra a preocupação crescente de investidores e clientes para que as empresas adotem boas práticas ESG, sigla em inglês que se refere a aspectos ambientais, sociais e de governança da empresa. Durante a pandemia, com menos locomoção de pessoas nas ruas e o novo modelo de trabalho remoto, níveis de poluição nas cidades diminuíram, impulsionando o debate sobre sustentabilidade.

A pesquisa indica que, entre os CEOs ouvidos, 60% pretendem garantir que os ganhos de sustentabilidade conquistados durante a crise sejam preservados. Para 53% dos executivos entrevistados, é provável ou muito provável que o gerenciamento de riscos relacionados a mudanças climáticas seja um fator-chave para a manutenção de seus cargos nos próximos cinco anos.

Krieck comenta que ações simples podem ter grande impacto em relação à sustentabilidade, além de diminuir gastos. "Trocar o copo de plástico pelo de papel, usar sua própria caneca ou até diminuir viagens aéreas, que é uma outra tendência. Será que essas viagens não poderiam virar uma videoconferência?", questiona.

"Aprendemos tão bem a lidarmos com a escassez, em economizar, que, no futuro, conseguiremos produzir com menos custo e com menos dano ao meio ambiente. Acho que tem uma lição aqui que, não só nós aqui no Brasil, mas o mundo inteiro aprendeu, que vai ajudar muito nos aspectos de ESG", opina.

No levantamento realizado antes da pandemia, mudanças climáticas já apareciam entre os fatores socioambientais de maior pressão para os CEOs (82%), junto à perda de empregos devido à automação e novas tecnologias (78%), uso de dados pessoais para ganho financeiro (74%), desigualdade de gênero (66%), desigualdade de renda (44%) e assédio sexual e discriminação (42%).

Para 74% dos entrevistados entre janeiro e fevereiro, já havia uma demanda significativa por mais transparência nos relatórios ESG por parte de stakeholders, órgãos reguladores e clientes, e 80% disseram que o gerenciamento de ESG será fundamental para impulsionar o crescimento de longo prazo. Para companhias que buscam ampla base de investidores, 70% dos CEOs apontava que relatórios ESG robustos não eram mais opcionais.

Diversidade e inclusão também foram abordadas pela pesquisa. Durante a pandemia, 73% dos executivos ouvidos afirmaram que foi necessário colocar mais foco no componente social do programa ESG de suas organizações. O levantamento procurou saber ainda o nível de confiança dos executivos nas medidas antidiscriminação e antirracismo que as organizações vêm adotando: 73% estão confiantes ou muito confiantes. Além disso, 60% dos CEOs planejam anunciar novas medidas contra o racismo.

Já antes da pandemia, a pesquisa apontava que, para 66% dos executivos, a ausência de progresso em diversidade e inclusão poderia minar a confiança do público no CEO. Para o presidente da KPMG, há quatro pilares principais em relação a esse tema: gênero, orientação sexual, raça e pessoa com deficiência.

"Se não houver diversidade e inclusão, por mais ricas que as experiências das pessoas possam ser, você nunca vai ter efetivamente ou nunca vai extrair o máximo daquele time. Isso está cada vez mais claro e está muito relacionado ao reconhecimento de que o importante é o ser humano", diz.

O presidente ainda declara que há programas e ações de inclusão hoje em dia no mercado que são necessárias. “E isso não é uma ação isolada, algo que você faz solo. Isso é algo que você se conecta com a comunidade, que você junta esforços, que você traz a sociedade, traz ecossistemas e aí quando você está junto, o negócio funciona muito bem. Eu sou muito otimista quanto às ações de uma sociedade mais justa. Mas tem que agir. Se não agir, não vai conseguir”, declara. 

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