A transição energética mundial depende de um investimento de US$ 37 trilhões até 2030 em infraestrutura industrial e fontes de energia renovável, como eólica e solar. Até o momento, iniciativas pública e privada anunciaram o investimento de US$19 trilhões nesta área nos próximos sete anos - apenas metade do necessário para atingir a meta.
Segundo levantamento do Boston Consulting Group (BCG), há uma lacuna de US$ 18 trilhões em investimento necessários para alcançar as metas de descarbonização das empresas, demonstrando a necessidade de um aporte maior do setor privado, governos e investidores.
Embora uma mobilização maior da indústria pública e privada seja necessária, Arthur Ramos, especialista de Clima e Sustentabilidade e de Energia do BCG no Brasil, afirma que a lacuna de investimento está majoritariamente do lado da demanda e é preciso realizar mudanças na parte dos consumidores.
Dos US$ 18 trilhões, US$ 1 trilhão se refere à construção de infraestrutura, US$ 8 trilhões para a geração de energia renovável e transporte dessa energia e US$ 9 trilhões do setor final de consumo, com mudanças de comportamento. “Trocar as fontes de energia, trocar o veículo para modelos mais sustentáveis… Precisamos ganhar eficiência energética e reduzir a necessidade de energia que não é limpa”, disse Ramos nesta terça-feira, 21.
Além de um investimento maior, a participação de fontes de energias renováveis e outras soluções de baixo carbono nas operações das empresas devem aumentar de 12% para o patamar de 50% a 70% até 2050 para limitar o aquecimento global e viabilizar o desenvolvimento dos objetivos sustentáveis.
Segundo a instituição, atualmente já temos a tecnologia para chegar a um sistema de energia net-zero, com o uso de energia solar e a eólica. No entanto, para que a transição energética cresça cada vez mais é preciso expandir tecnologias emergentes, como a adoção de baterias em escala nas redes de distribuição de eletricidade, novos tipos de reatores nucleares, hidrogênio de baixo carbono e captura, utilização e armazenamento de carbono.
Óleo e gás é o setor que mais financia transição energética
O levantamento ainda aponta que atualmente quem mais financia a transição energética no mundo são os governos com um investimento na casa dos US$ 3,6 trilhões, por meio de incentivos fiscais. Outro grande destaque são as companhias de óleo e gás, responsáveis por 41% das emissões globais de gases do efeito estufa (GEE).
O estudo demonstra que as empresas de óleo e gás têm mais capacidade de tornar viável a transição energética do que as empresas de energia propriamente. Enquanto as empresas de óleo e gás privadas e públicas investem, juntas, US$ 6,9 trilhões em transição energética, as elétricas investem, em conjunto com outros setores de utilidades, US$ 6,1 trilhões.
Segundo a consultoria, existem cinco alavancas tecnológicas que podem viabilizar a transição dentro das metas estabelecidas pelas empresas: o aumento a eficiência energética; eletrificação para consumidores finais, como veículos elétricos; descarbonização do fornecimento de energia; uso de combustíveis com baixo teor de carbono, em casos em que a redução de emissões é mais complexa; e captura direta do ar.
Ricardo Pierozzi, especialista com foco em energias de baixo carbono do BCG, afirma que a maioria das ferramentas necessárias já está disponível. É preciso ações práticas e um foco maior nessa pauta dentro das empresas para que ela se desenvolva, de fato, e as metas sejam alcançadas.