A XP lançou dois fundos focados em papéis de empresas com compromissos de responsabilidade ambiental, social e de governança (ESG, na sigla em inglês), ambos com aplicação mínima de R$ 500, visando democratizar o tema em um público mais amplo de investidores e seguir a tendência mundial da indústria de fundos com essa temática.
“Existe já uma percepção nos mercados de que o critério de seleção de investimentos ESG ajuda a mitigar o risco do investimento e ter um retorno superior ao dos tradicionais”, afirmou o sócio e diretor de Asset Management Services da XP, Gustavo Pires, ao anunciar os novos fundos.
Ele destacou que o fluxo de investimentos direcionados a ativos com compromissos ESG disparou no mundo no primeiro trimestre deste ano, saindo de cerca de US$ 4 bilhões no início de 2019 para US$ 10 bilhões nos primeiros três meses de 2020. “É uma gota no oceano de US$ 80 trilhões da indústria de fundos, mas é crescente”, acrescentou.
Um dos fundos, o Trend ESG Global FIM, faz parte da família de fundos indexados da XP e vai investir em três fundos de investimento negociados na Bolsa de Valores (ETFs) das principais ações aderentes a essas práticas fora do País.
Com isso, os investidores terão exposição aproximada de 50% no iShares ESG MSCI USA, 40% iShares ESG MSCI EAFE, voltado a mercados desenvolvidos excluindo Estados Unidos e Canadá e 10% no iShares ESG MSCI EM, de emergentes.
No mix dos três ETFs, a representatividade do Brasil é baixa, de 0,44%. Os ativos de tecnologia somam 20% nos três ETFs, seguidos por do setor bancário. O fundo de ETFs permite resgate em cinco dias e taxa de administração de 0,50% ao ano. O setor de tecnologia representa 22,51% de tais fundos, seguido pelo bancário (16%) e saúde (13,43%).
O segundo fundo, que será disponibilizado em julho, faz parte da família Selection e nasce com R$ 100 milhões de aporte da XP, resgate em 60 dias e taxa de administração de 0,75%. “Seremos uma espécie de BNDES de fundos ESG”, disse Pires.
Segundo ele, existem apenas três gestoras com fundos focados em compromissos ESG - Fama, Constellation e JGP - e vários gestores que estudam o tema há anos, mas não conseguem desengavetar projetos.
“Queremos ajudar esses gestores a montar fundos ESG e fomentar o tema junto a um número maior de investidores, dada à capilaridade da XP”, explicou.
De acordo com Pires, a asset da XP já conversa com quatro gestores e o foco são grandes casas que tenham uma exposição em empresas no País com nível diferenciado de práticas ESG. Os R$ 100 milhões serão divididos em “cheques” de R$ 5 milhões a R$ 15 milhões, o que implicaria o fomento de 20 fundos ou, na média, de 10 fundos, disse Pires.
O lançamento dos fundos faz parte da estratégia da XP de se debruçar sobre o tema ESG e ser uma referência em sua disseminação entre o público investidor. “Podemos conseguir democratizar o tema de forma exponencial e gerar impacto gigantesco”, afirmou a sócia e diretora da área ESG, recém-criada, Marta Pinheiro.
Segundo ela, a XP deve gerar conteúdo, capacitar clientes e assessores, além de disponibilizar produtos, com o propósito de liderar esse movimento na comunidade investidora.