BRASÍLIA - O governo aprovou nesta quarta-feira, 25, as diretrizes técnicas e econômicas para retomada da importação de energia elétrica da Venezuela para abastecer Roraima, único Estado brasileiro que não está conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN). O tema foi discutido em reunião extraordinária do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) nesta tarde.
O encontro foi convocado após viagem do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ao país vizinho com intuito de acelerar as negociações. O Estado foi abastecido por energia gerada na Venezuela até 2019. Hoje, o fornecimento em Roraima é feito por meio de usinas termelétricas a óleo diesel, que custam mais caro e são mais poluentes.
“O CMSE deliberou a respeito de diretrizes técnicas e econômicas para realização do intercâmbio, de modo a garantir redução de dispêndio pago pelos consumidores de energia elétrica por meio da Conta de Consumo de Combustíveis, bem como assegurar o atendimento eletroenergético do Estado”, informou o Ministério de Minas e Energia (MME) em nota.
A expectativa do governo é a de que em novembro sejam iniciados os testes de carga e transmissão de energia para o Brasil. A previsão é que a retomada da importação gere uma economia de R$ 10 milhões por mês para o consumidor brasileiro devido à redução do uso de combustível fóssil.
A discussão do tema pelo colegiado, presidido por Silveira, está prevista em decreto de julho de 2010, que trata sobre o serviço de energia elétrica dos sistemas isolados e sobre as instalações de transmissão de interligações internacionais no SIN. O texto prevê deliberação pelo CMSE, quanto a preço, volume e eventuais diretrizes adicionais relacionadas à importação de energia elétrica.
Apagão em agosto
Também foi analisada a versão final do relatório de análise de perturbação (RAP) sobre a falta de energia que atingiu 25 Estados e o Distrito Federal em 15 de agosto, que já havia sido apresentada ao mercado na última semana. De acordo com a pasta, o ONS concluiu que a ocorrência gerou descobertas que serão importantes no aprimoramento do planejamento, da operação, da regulamentação e da integração de novos projetos.
Em nota, o MME afirmou ainda que o Operador apresentou as causas da queda de energia, que se deu “por conta da baixa performance dos equipamentos de controle de tensão”.
“Os sistemas que controlam a tensão dos parques eólicos e fotovoltaicos, no perímetro da Linha de Transmissão Quixadá-Fortaleza II, no Ceará deveriam compensar automaticamente a queda de tensão decorrente da abertura da linha de transmissão. Porém, o desempenho no momento da ocorrência ficou aquém do previsto nos modelos matemáticos fornecidos pelos agentes e testados em simulações pelo ONS.”
Após a ocorrência, foram implementados novos limites de intercâmbios e medidas operativas na região Nordeste. “Até que a performance em campo dos parques aerogeradores e fotovoltaicos esteja corretamente caracterizada nos modelos matemáticos, o ONS adaptou a base de dados para representar a performance dos referidos parques tal como observada em campo durante a perturbação, de modo a utilizá-la nos estudos de caráter operativo.”