‘Governo está inclinado a aceitar contraproposta dos setores’, diz Haddad sobre reoneração da folha


Ministro afirma que pedido das empresas prevê manutenção do benefício neste ano, com início da reoneração em 2025 e conclusão em 2028; cobrança sobre o 13º salário só ocorreria no último ano

Por Bianca Lima, Mariana Carneiro, Fernanda Trisotto e Amanda Pupo
Atualização:
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Entrevista comFernando HaddadMinistro da Fazenda

BRASÍLIA – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast que o governo “está inclinado” a aceitar uma contraproposta para a reoneração gradual da folha de pagamentos das empresas.

“A contraproposta deles foi começar em 2025 a reoneração. Manter 2024 como está e, em quatro anos, reonerar. A partir de 2028, estaria totalmente reonerado”, afirmou Haddad. De acordo com o ministro, haveria uma condição especial para o 13º salário, que só seria reonerado a partir de 2028.

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Segundo Haddad, os termos teriam sido formalmente apresentados pelos 17 setores que hoje contam com o benefício, o qual substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a folha de salários por uma taxação de 1% a 4,5% sobre a receita bruta.

Representantes dos 17 setores ouvidos pelo Estadão, porém, negam que essa tenha sido a proposta entregue à Fazenda. Diante do impasse provocado pela volta iminente da cobrança sobre a folha de salários, as empresas tentavam convencer a equipe de Haddad a manter o benefício por dois anos, até 2025, e não apenas um. Além disso, pediam uma retomada mais gradual da contribuição patronal sobre a folha, que iria até 2029.

Como são intensivos em mão-de-obra, esses segmentos avaliam que o benefício é fundamental para a manutenção dos empregos. Juntos, eles incluem milhares de empresas que empregam 9 milhões de pessoas.

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Ministro da Fazenda, Fernando Haddad Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), recebe Haddad no Senado nesta tarde para tratar do assunto. Pacheco é crítico da judicialização que foi feita pelo governo, que levou o tema ao Supremo Tribunal Federal (STF), mesmo depois de o Congresso ter aprovado a prorrogação do benefício até 2027.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista do ministro sobre esse tema da desoneração:

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Quais são os próximos passos na negociação em relação à reoneração da folha de setores e municípios?

Nós fizemos uma proposta, o setor respondeu com uma contraproposta e nós estamos inclinados a aceitar a contraproposta dos setores.

Que envolve quais termos?

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A contraproposta deles foi começar em 2025 a reoneração, manter 2024 como está e, em quatro anos, reonerar. Ou seja, 2028 é full, está (totalmente) reonerado. Esse quarto ano é full. E sobre o décimo terceiro (salário), a reoneração ficaria para o último ano. Só chegaria em 2028. Essa é a proposta que eles nos fizeram formalmente.

Como compensar a manutenção do benefício em 2024?

Ai nós vamos ter de fazer as contas para ver qual medida tomar.

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E a desoneração para os municípios?

Municípios eu penso que o problema é de outra natureza. Porque há alternativas que me parecem bem melhores do que corroer a base de arrecadação da Previdência. Eu penso que não é uma boa política você comprometer a Previdência. Isso vai acabar ensejando cortes futuros, reformas futuras que, em geral, acabam também recaindo sobre os mais pobres. Na minha opinião, a gente tem que, atendendo à reforma da Previdência, preservar a receita. A não ser que se faça uma reforma da tributação sobre a folha, o que é uma possibilidade, mas geral, como foi feito com (os tributos que incidem sobre o) consumo, não por setor. Faz uma coisa geral, que mantenha a arrecadação de maneira mais racional. Isso me parece muito oportuno, depois da reforma do consumo.

BRASÍLIA – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast que o governo “está inclinado” a aceitar uma contraproposta para a reoneração gradual da folha de pagamentos das empresas.

“A contraproposta deles foi começar em 2025 a reoneração. Manter 2024 como está e, em quatro anos, reonerar. A partir de 2028, estaria totalmente reonerado”, afirmou Haddad. De acordo com o ministro, haveria uma condição especial para o 13º salário, que só seria reonerado a partir de 2028.

Segundo Haddad, os termos teriam sido formalmente apresentados pelos 17 setores que hoje contam com o benefício, o qual substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a folha de salários por uma taxação de 1% a 4,5% sobre a receita bruta.

Representantes dos 17 setores ouvidos pelo Estadão, porém, negam que essa tenha sido a proposta entregue à Fazenda. Diante do impasse provocado pela volta iminente da cobrança sobre a folha de salários, as empresas tentavam convencer a equipe de Haddad a manter o benefício por dois anos, até 2025, e não apenas um. Além disso, pediam uma retomada mais gradual da contribuição patronal sobre a folha, que iria até 2029.

Como são intensivos em mão-de-obra, esses segmentos avaliam que o benefício é fundamental para a manutenção dos empregos. Juntos, eles incluem milhares de empresas que empregam 9 milhões de pessoas.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), recebe Haddad no Senado nesta tarde para tratar do assunto. Pacheco é crítico da judicialização que foi feita pelo governo, que levou o tema ao Supremo Tribunal Federal (STF), mesmo depois de o Congresso ter aprovado a prorrogação do benefício até 2027.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista do ministro sobre esse tema da desoneração:

Quais são os próximos passos na negociação em relação à reoneração da folha de setores e municípios?

Nós fizemos uma proposta, o setor respondeu com uma contraproposta e nós estamos inclinados a aceitar a contraproposta dos setores.

Que envolve quais termos?

A contraproposta deles foi começar em 2025 a reoneração, manter 2024 como está e, em quatro anos, reonerar. Ou seja, 2028 é full, está (totalmente) reonerado. Esse quarto ano é full. E sobre o décimo terceiro (salário), a reoneração ficaria para o último ano. Só chegaria em 2028. Essa é a proposta que eles nos fizeram formalmente.

Como compensar a manutenção do benefício em 2024?

Ai nós vamos ter de fazer as contas para ver qual medida tomar.

E a desoneração para os municípios?

Municípios eu penso que o problema é de outra natureza. Porque há alternativas que me parecem bem melhores do que corroer a base de arrecadação da Previdência. Eu penso que não é uma boa política você comprometer a Previdência. Isso vai acabar ensejando cortes futuros, reformas futuras que, em geral, acabam também recaindo sobre os mais pobres. Na minha opinião, a gente tem que, atendendo à reforma da Previdência, preservar a receita. A não ser que se faça uma reforma da tributação sobre a folha, o que é uma possibilidade, mas geral, como foi feito com (os tributos que incidem sobre o) consumo, não por setor. Faz uma coisa geral, que mantenha a arrecadação de maneira mais racional. Isso me parece muito oportuno, depois da reforma do consumo.

BRASÍLIA – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast que o governo “está inclinado” a aceitar uma contraproposta para a reoneração gradual da folha de pagamentos das empresas.

“A contraproposta deles foi começar em 2025 a reoneração. Manter 2024 como está e, em quatro anos, reonerar. A partir de 2028, estaria totalmente reonerado”, afirmou Haddad. De acordo com o ministro, haveria uma condição especial para o 13º salário, que só seria reonerado a partir de 2028.

Segundo Haddad, os termos teriam sido formalmente apresentados pelos 17 setores que hoje contam com o benefício, o qual substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a folha de salários por uma taxação de 1% a 4,5% sobre a receita bruta.

Representantes dos 17 setores ouvidos pelo Estadão, porém, negam que essa tenha sido a proposta entregue à Fazenda. Diante do impasse provocado pela volta iminente da cobrança sobre a folha de salários, as empresas tentavam convencer a equipe de Haddad a manter o benefício por dois anos, até 2025, e não apenas um. Além disso, pediam uma retomada mais gradual da contribuição patronal sobre a folha, que iria até 2029.

Como são intensivos em mão-de-obra, esses segmentos avaliam que o benefício é fundamental para a manutenção dos empregos. Juntos, eles incluem milhares de empresas que empregam 9 milhões de pessoas.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), recebe Haddad no Senado nesta tarde para tratar do assunto. Pacheco é crítico da judicialização que foi feita pelo governo, que levou o tema ao Supremo Tribunal Federal (STF), mesmo depois de o Congresso ter aprovado a prorrogação do benefício até 2027.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista do ministro sobre esse tema da desoneração:

Quais são os próximos passos na negociação em relação à reoneração da folha de setores e municípios?

Nós fizemos uma proposta, o setor respondeu com uma contraproposta e nós estamos inclinados a aceitar a contraproposta dos setores.

Que envolve quais termos?

A contraproposta deles foi começar em 2025 a reoneração, manter 2024 como está e, em quatro anos, reonerar. Ou seja, 2028 é full, está (totalmente) reonerado. Esse quarto ano é full. E sobre o décimo terceiro (salário), a reoneração ficaria para o último ano. Só chegaria em 2028. Essa é a proposta que eles nos fizeram formalmente.

Como compensar a manutenção do benefício em 2024?

Ai nós vamos ter de fazer as contas para ver qual medida tomar.

E a desoneração para os municípios?

Municípios eu penso que o problema é de outra natureza. Porque há alternativas que me parecem bem melhores do que corroer a base de arrecadação da Previdência. Eu penso que não é uma boa política você comprometer a Previdência. Isso vai acabar ensejando cortes futuros, reformas futuras que, em geral, acabam também recaindo sobre os mais pobres. Na minha opinião, a gente tem que, atendendo à reforma da Previdência, preservar a receita. A não ser que se faça uma reforma da tributação sobre a folha, o que é uma possibilidade, mas geral, como foi feito com (os tributos que incidem sobre o) consumo, não por setor. Faz uma coisa geral, que mantenha a arrecadação de maneira mais racional. Isso me parece muito oportuno, depois da reforma do consumo.

Entrevista por Bianca Lima

Repórter especial do Estadão em Brasília, com experiência em macroeconomia, contas públicas e tributação. Foi repórter da GloboNews e do g1 e bolsista do International Center for Journalists (ICFJ), com sede em Washington. Tem MBA em economia e mercado financeiro pela B3. Vencedora dos prêmios CNH, Abecip, FNP e Estadão.

Mariana Carneiro

Repórter especial de Economia em Brasília. Foi editora da Coluna do Estadão. Graduada em comunicação social pela PUC-Rio, com MBA em mercado financeiro pela B3 e especialização em análise de conjuntura econômica pela UFRJ. Foi correspondente na Argentina (2015) pela Folha de S.Paulo e também trabalhou em O Globo, TV Globo, JB e Jornal do Commercio.

Fernanda Trisotto

Repórter do Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, em Brasília. Jornalista formada pela UFPR, já cobriu cidades e política. Na cobertura de economia, acompanha a condução da política fiscal e também discussão de reformas estruturais, como a trabalhista, da previdência e tributária.

Amanda Pupo

Repórter do Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. Formada pela UFPR, com extensão em economia pela FGV. Em Brasília desde 2017. Já acompanhou o Judiciário e o setor de infraestrutura. Hoje dedicada à cobertura de economia, com foco em política fiscal, industrial, além de operações que envolvem o direito concorrencial.

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