BRASÍLIA – O governo identificou um desvio de R$ 3,5 milhões em recursos do Ministério da Gestão e da Inovação em Recursos Públicos, dos quais R$ 2 milhões foram recuperados, com a invasão ao sistema oficial de pagamentos da União.
A informação foi publicada pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmada pelo Estadão nesta terça-feira, 23. A tentativa de desvios ocorreu no dia 5 de abril. Mais tarde, houve uma nova tentativa de movimentação, que somou R$ 9 milhões, do mesmo ministério. Desta vez, o ataque foi frustrado.
Ainda não há confirmação se houve participação de servidores públicos ou de outras pessoas no crime. Outros valores podem ter sido desviados de outros ministérios. De acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional, a segurança do sistema está preservada.
Conforme o Estadão apurou, o governo identificou que a fraude ocorreu com a alteração dos dados bancários do fornecedor que deveria receber o dinheiro do governo. Ao identificar a movimentação, o ministério conseguiu recuperar R$ 2 milhões porque o dinheiro ainda não havia saído da conta bancária do destinatário. O restante acabou sendo sacado ou transferido.
A Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) investigam a invasão ao Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi). O Siafi é usado pelo governo para pagar credores, enviar transferências a Estados e municípios e repassar o salário dos servidores públicos.
Conforme o Estadão revelou, funcionários do governo receberam uma mensagem suspeita em seus celulares com tentativa de roubo de dados do Siaf no dia 8 de abril. O texto trazia o nome, o CPF da pessoa e um link para atualização de dados, que era fraudulento: “SIAFI: (nome do usuário) Informamos que a partir de 08/04, o uso do certificado digital será obrigatório”, dizia a mensagem, seguida de um link e do CPF do funcionário.
Todo o dinheiro da União precisa ser registrado na plataforma. Somente pessoas autorizadas em cada órgão têm autorização para acessar o sistema. Um número ainda mais restrito pode efetuar ordens de pagamento, transferindo recursos do Tesouro para as contas bancárias de quem vai receber.
A suspeita é que tenha sido utilizado um formato específico de ordem de pagamento para efetuar os desvios. Essa modalidade envolve a transferência via Pix, em que o dinheiro sai da conta da União e vai para o beneficiário de forma instantânea. Outras modalidades demoram um ou dois dias para cair na conta do destinatário.