BRASÍLIA - A equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia dividir o atual Ministério da Infraestrutura em duas Pastas. O Estadão apurou que a ideia foi debatida pelo grupo técnico que analisou a área. Um ministério ficaria responsável pela gestão de rodovias e ferrovias, enquanto outro assumiria a gestão de portos, aeroportos e hidrovias.
O plano de criar um “superministério”, como passou a ser chamado o atual Ministério da Infraestrutura, foi encampado pelo governo Jair Bolsonaro (PL), que aglutinou, dentro do que era o antigo Ministério dos Transportes, outras áreas que tinham gestões distintas, com a Secretaria de Portos e a Secretaria de Aviação Civil.
A avaliação do governo eleito é de que essa estrutura, na realidade, tratou apenas de centralizar temas complexos dentro de um único ministério, sem efeitos práticos para reduzir custos da máquina pública.
A cúpula do governo Lula ainda discute a estrutura final da área e não há nomes definidos para os dois novos ministérios que seriam criados a partir do Ministério da Infraestrutura. A tendência mais forte, porém, é de que essa divisão, de fato, se consolide, segundo uma fonte da alta cúpula do governo.
Alguns nomes despontam como favoritos para assumirem as novas pastas e secretarias. O senador Alexandre Silveira (PSD-MG) está entre os mais cotados, além da ex-ministra Miriam Belchior.
O Ministério da Infraestrutura está no centro das disputas políticas do governo, principalmente por concentrar grande parte das obras públicas, concessões à iniciativa privada e um dos maiores orçamentos da União. É no MInfra que são negociados, por exemplo, os recursos para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), para cuidar das rodovias do País.
A força política do ministério se confirmou neste ano, com a eleição do então ministro Tarcísio de Freitas para o governo de São Paulo. Durante as eleições, Tarcísio explorou a imagem de “executor de obras” de Bolsonaro e de pessoa de perfil técnico e menos político. Na prática, porém, é grande a pressão de todas as legendas para controlar a área de infraestrutura, um setor que já foi tido como um “feudo” do antigo PR, hoje PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, controlado por Valdemar Costa Neto.