BRASÍLIA - O governo federal discute pagar subsídios salariais por tempo determinado para empresas ligadas ao setor de tecnologia contratarem jovens que não trabalham nem estudam, grupo que ficou conhecido como “nem-nem”. Há iniciativa semelhante no Executivo atualmente, mas voltado para estudantes universitários.
O Estadão/Broadcast apurou que a ideia inicial é que haja 10 mil vagas, ao custo de R$ 150 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDC). Se der certo, poderá ser feita uma expansão para chegar a 100 mil vagas até o fim do governo.
O projeto está sendo gestado no Ministério da Ciência e Tecnologia, comandado por Luciana Santos. A discussão já teria chegado ao Palácio do Planalto. A medida seria um braço do programa Conecta e Capacita, anunciado no ano passado com foco em conectividade para educação e pesquisa. O provável nome desse ramo seria “Residência Científica”.
Os participantes seriam jovens que terminaram o ensino médio, mas não entraram em universidades. Os selecionados estudariam, por exemplo, programação. Depois, trabalhariam por seis meses em empresas do ramo credenciadas com o governo federal bancando parte do salário. Ao fim do período, o subsídio acaba e o empregador decide se o jovem continua no trabalhou ou não.
O ministério também avalia, sob o mesmo guarda-chuva, um teste em escala nacional de medidas para promover o ensino científico no contraturno das escolas. Nesse caso, podem ser destinados R$ 100 milhões do FNDCT para a ação. São planejados projetos pilotos em 5 escolas em cada uma das regiões do Brasil.
A reportagem questionou sobre datas para o lançamento da nova medida, mas o ministério disse que ainda não conseguia dar essa resposta.
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No Brasil, um em cada cinco brasileiros (19,8%) entre 15 e 29 anos não estudava nem trabalhava em 2023, conforme dados divulgados nesta sexta-feira, 22, na Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio Contínua (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No total, esse grupo reúne 9,6 milhões de jovens. A proporção é a menor desde 2019, quando a taxa foi de 22,4%. /ROBERTA JANSEN
Segundo o IBGE, o problema é pior entre as meninas. Na faixa etária dos 15 aos 29 anos, uma em cada quatro delas não estuda nem trabalha, o que representa 25,6%. Isso acontece porque no caso das jovens, muitas deixam de estudar para se ocupar do trabalho doméstico não remunerado, como tomar conta dos irmãos mais novos, por exemplo, ou ainda por conta de gravidez precoce. O trabalho aparece em 25% das respostas sobre os motivos de deixar de estudar, seguido da gravidez (23%).