Guerra Israel x Hamas deve trazer efeito negativo à economia global - e brasileira


Preços dos combustíveis no Brasil poderão ser reajustados se o petróleo subir, o que afeta a inflação corrente e as expectativas; busca por segurança pode pressionar dólar para cima e encarecer importações

Por Marcio Rodrigues
Atualização:

Israel e as regiões palestinas (Faixa de Gaza e Cisjordânia) têm um território relativamente pequeno e, juntos, não chegam a 15 milhões de habitantes. Mas a guerra declarada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, após ataque do grupo Hamas a Israel, na Faixa de Gaza, neste sábado, 7, pode ter efeitos importantes sobre a economia global. A grande questão está na localização destes territórios, o Oriente Médio, e nos países que apoiam os dois lados: Estados Unidos, do lado israelense, e Irã, com os palestinos.

Para começar, a região está colada a grandes produtores de petróleo, como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Catar. E isso significa que os investidores devem embutir o risco da guerra nos preços da commodity. “Provavelmente o barril de petróleo irá subir na segunda-feira. O WTI está em queda e atingiu US$ 82,81. Esta guerra era a ‘desculpa’ que precisava para o barril subir. E se isso acontecer, todo o esforço do Fed [o Banco Central americano] e dos EUA para domar a inflação estará sob perigo”, afirma o economista André Perfeito.

Conflito já deixou mais de mil mortos e deve afetar economia global. Foto: Mohammed Saber/EFE
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O fato é que, caso o petróleo realmente suba, os investidores “irão continuar colocando pressão sobre os juros norte-americanos”, diz Perfeito. E a alta dos yields dos Treasuries significa, necessariamente, queda de ativos de risco, como bolsas, e a penalização de ativos emergentes, inclusive os brasileiros.

“Não me parece que o conflito irá se alastrar pela região envolvendo outros países, mas só a possibilidade disso poder acontecer já mostra que a preferência pela liquidez dos agentes deve subir, fazendo com que ativos livres de risco avancem, como é o caso do dólar”, diz Perfeito.

Dito isso, há um segundo fato que pode afetar os juros americanos. Os Estados Unidos prometeram apoio a Israel, que já é a maior potência militar da região, o que pode significar a necessidade de ampliar os gastos militares no momento em que o governo americano luta para convencer o Congresso a elevar, por maior tempo, o teto da dívida, garantindo o pagamento de gastos.

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que conversou com Netanyahu e que reafirmou o compromisso americano com a segurança israelense. “Ofereci nossa ajuda e reiterei o meu inabalável compromisso com a segurança de Israel”, escreveu Biden na conta oficial da presidência dos EUA no X, antigo Twitter.

O problema é que, segundo economistas têm alertado há tempos, a dívida dos EUA está se tornando insustentável, o que acaba pressionando ainda mais o retorno dos Treasuries, visto que o investidor cobra mais prêmios quanto maior é o risco de um ativo.

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E se os EUA estão de um lado, é de se esperar que, além do Irã, a Rússia também estará do outro. Acontece que os russos já estão em uma guerra na Ucrânia, enfrentando dificuldades econômicas e sofrendo sanções que encarecem os preços globais por afetarem as exportações do país a outras nações.

A leitura de analistas, até agora, é de que esse promete ser outro conflito longo - o da Ucrânia já dura mais de um ano e meio -, o que manterá o nível de risco, em maior ou menor grau, em patamares mais elevados.

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E caso tudo isso se confirme, por mais que a distância geográfica do Brasil para Israel e Palestina seja significativa e que a posição política em conflitos não seja grande preocupação, a economia brasileira também deve sentir os efeitos, sinaliza um gestor. Afinal, lembra ele, os preços dos combustíveis no Brasil poderão ser reajustados se o petróleo subir, o que afeta a inflação corrente e as expectativas. Além disso, a busca por segurança pode pressionar o dólar para cima e encarecer as importações.

“Nos últimos dias, a curva de juros já passou a indicar menor espaço para corte de juros, tanto pelo cenário americano quanto pelo risco fiscal brasileiro. Uma deterioração das expectativas de inflação contaminaria ainda mais o quadro para o Banco Central, afetando outras variáveis econômicas no médio prazo”, explica.

Para Perfeito, contudo, olhando para o médio prazo, a situação não é necessariamente ruim para o Brasil. “A depender como o Itamaraty conduza a crise internacional, o Brasil pode se manter como um lugar ‘suficientemente distante’ de todo esse ‘ruído’. Logo, em termos relativos, o País pode se beneficiar.”

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O problema é que o Brasil não deve conseguir guardar muita distância do tema, por estar na presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Tanto que, ao divulgar uma nota condenando a série de bombardeios e ataques terrestres realizados a Israel a partir da Faixa de Gaza, o Ministério das Relações Exteriores informou que o Brasil convocará reunião de emergência do órgão.

”Ao reiterar que não há justificativa para o recurso à violência, sobretudo contra civis, o governo brasileiro exorta todas as partes a exercerem máxima contenção a fim de evitar a escalada da situação”, disse o Ministério.

“O governo brasileiro reitera seu compromisso com a solução de dois Estados, com Palestina e Israel convivendo em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas. Reafirma, ainda, que a mera gestão do conflito não constitui alternativa viável para o encaminhamento da questão israelo-palestina, sendo urgente a retomada das negociações de paz”, finaliza o documento.

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Mas os envolvidos no conflito parecem distantes dessa visão. “O inimigo pagará um preço sem precedentes”, afirmou Netanyahu, prometendo que Israel “devolveria os ataques em uma magnitude que o inimigo não conhece”.

Israel e as regiões palestinas (Faixa de Gaza e Cisjordânia) têm um território relativamente pequeno e, juntos, não chegam a 15 milhões de habitantes. Mas a guerra declarada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, após ataque do grupo Hamas a Israel, na Faixa de Gaza, neste sábado, 7, pode ter efeitos importantes sobre a economia global. A grande questão está na localização destes territórios, o Oriente Médio, e nos países que apoiam os dois lados: Estados Unidos, do lado israelense, e Irã, com os palestinos.

Para começar, a região está colada a grandes produtores de petróleo, como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Catar. E isso significa que os investidores devem embutir o risco da guerra nos preços da commodity. “Provavelmente o barril de petróleo irá subir na segunda-feira. O WTI está em queda e atingiu US$ 82,81. Esta guerra era a ‘desculpa’ que precisava para o barril subir. E se isso acontecer, todo o esforço do Fed [o Banco Central americano] e dos EUA para domar a inflação estará sob perigo”, afirma o economista André Perfeito.

Conflito já deixou mais de mil mortos e deve afetar economia global. Foto: Mohammed Saber/EFE

O fato é que, caso o petróleo realmente suba, os investidores “irão continuar colocando pressão sobre os juros norte-americanos”, diz Perfeito. E a alta dos yields dos Treasuries significa, necessariamente, queda de ativos de risco, como bolsas, e a penalização de ativos emergentes, inclusive os brasileiros.

“Não me parece que o conflito irá se alastrar pela região envolvendo outros países, mas só a possibilidade disso poder acontecer já mostra que a preferência pela liquidez dos agentes deve subir, fazendo com que ativos livres de risco avancem, como é o caso do dólar”, diz Perfeito.

Dito isso, há um segundo fato que pode afetar os juros americanos. Os Estados Unidos prometeram apoio a Israel, que já é a maior potência militar da região, o que pode significar a necessidade de ampliar os gastos militares no momento em que o governo americano luta para convencer o Congresso a elevar, por maior tempo, o teto da dívida, garantindo o pagamento de gastos.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que conversou com Netanyahu e que reafirmou o compromisso americano com a segurança israelense. “Ofereci nossa ajuda e reiterei o meu inabalável compromisso com a segurança de Israel”, escreveu Biden na conta oficial da presidência dos EUA no X, antigo Twitter.

O problema é que, segundo economistas têm alertado há tempos, a dívida dos EUA está se tornando insustentável, o que acaba pressionando ainda mais o retorno dos Treasuries, visto que o investidor cobra mais prêmios quanto maior é o risco de um ativo.

E se os EUA estão de um lado, é de se esperar que, além do Irã, a Rússia também estará do outro. Acontece que os russos já estão em uma guerra na Ucrânia, enfrentando dificuldades econômicas e sofrendo sanções que encarecem os preços globais por afetarem as exportações do país a outras nações.

A leitura de analistas, até agora, é de que esse promete ser outro conflito longo - o da Ucrânia já dura mais de um ano e meio -, o que manterá o nível de risco, em maior ou menor grau, em patamares mais elevados.

E caso tudo isso se confirme, por mais que a distância geográfica do Brasil para Israel e Palestina seja significativa e que a posição política em conflitos não seja grande preocupação, a economia brasileira também deve sentir os efeitos, sinaliza um gestor. Afinal, lembra ele, os preços dos combustíveis no Brasil poderão ser reajustados se o petróleo subir, o que afeta a inflação corrente e as expectativas. Além disso, a busca por segurança pode pressionar o dólar para cima e encarecer as importações.

“Nos últimos dias, a curva de juros já passou a indicar menor espaço para corte de juros, tanto pelo cenário americano quanto pelo risco fiscal brasileiro. Uma deterioração das expectativas de inflação contaminaria ainda mais o quadro para o Banco Central, afetando outras variáveis econômicas no médio prazo”, explica.

Para Perfeito, contudo, olhando para o médio prazo, a situação não é necessariamente ruim para o Brasil. “A depender como o Itamaraty conduza a crise internacional, o Brasil pode se manter como um lugar ‘suficientemente distante’ de todo esse ‘ruído’. Logo, em termos relativos, o País pode se beneficiar.”

O problema é que o Brasil não deve conseguir guardar muita distância do tema, por estar na presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Tanto que, ao divulgar uma nota condenando a série de bombardeios e ataques terrestres realizados a Israel a partir da Faixa de Gaza, o Ministério das Relações Exteriores informou que o Brasil convocará reunião de emergência do órgão.

”Ao reiterar que não há justificativa para o recurso à violência, sobretudo contra civis, o governo brasileiro exorta todas as partes a exercerem máxima contenção a fim de evitar a escalada da situação”, disse o Ministério.

“O governo brasileiro reitera seu compromisso com a solução de dois Estados, com Palestina e Israel convivendo em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas. Reafirma, ainda, que a mera gestão do conflito não constitui alternativa viável para o encaminhamento da questão israelo-palestina, sendo urgente a retomada das negociações de paz”, finaliza o documento.

Mas os envolvidos no conflito parecem distantes dessa visão. “O inimigo pagará um preço sem precedentes”, afirmou Netanyahu, prometendo que Israel “devolveria os ataques em uma magnitude que o inimigo não conhece”.

Israel e as regiões palestinas (Faixa de Gaza e Cisjordânia) têm um território relativamente pequeno e, juntos, não chegam a 15 milhões de habitantes. Mas a guerra declarada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, após ataque do grupo Hamas a Israel, na Faixa de Gaza, neste sábado, 7, pode ter efeitos importantes sobre a economia global. A grande questão está na localização destes territórios, o Oriente Médio, e nos países que apoiam os dois lados: Estados Unidos, do lado israelense, e Irã, com os palestinos.

Para começar, a região está colada a grandes produtores de petróleo, como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Catar. E isso significa que os investidores devem embutir o risco da guerra nos preços da commodity. “Provavelmente o barril de petróleo irá subir na segunda-feira. O WTI está em queda e atingiu US$ 82,81. Esta guerra era a ‘desculpa’ que precisava para o barril subir. E se isso acontecer, todo o esforço do Fed [o Banco Central americano] e dos EUA para domar a inflação estará sob perigo”, afirma o economista André Perfeito.

Conflito já deixou mais de mil mortos e deve afetar economia global. Foto: Mohammed Saber/EFE

O fato é que, caso o petróleo realmente suba, os investidores “irão continuar colocando pressão sobre os juros norte-americanos”, diz Perfeito. E a alta dos yields dos Treasuries significa, necessariamente, queda de ativos de risco, como bolsas, e a penalização de ativos emergentes, inclusive os brasileiros.

“Não me parece que o conflito irá se alastrar pela região envolvendo outros países, mas só a possibilidade disso poder acontecer já mostra que a preferência pela liquidez dos agentes deve subir, fazendo com que ativos livres de risco avancem, como é o caso do dólar”, diz Perfeito.

Dito isso, há um segundo fato que pode afetar os juros americanos. Os Estados Unidos prometeram apoio a Israel, que já é a maior potência militar da região, o que pode significar a necessidade de ampliar os gastos militares no momento em que o governo americano luta para convencer o Congresso a elevar, por maior tempo, o teto da dívida, garantindo o pagamento de gastos.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que conversou com Netanyahu e que reafirmou o compromisso americano com a segurança israelense. “Ofereci nossa ajuda e reiterei o meu inabalável compromisso com a segurança de Israel”, escreveu Biden na conta oficial da presidência dos EUA no X, antigo Twitter.

O problema é que, segundo economistas têm alertado há tempos, a dívida dos EUA está se tornando insustentável, o que acaba pressionando ainda mais o retorno dos Treasuries, visto que o investidor cobra mais prêmios quanto maior é o risco de um ativo.

E se os EUA estão de um lado, é de se esperar que, além do Irã, a Rússia também estará do outro. Acontece que os russos já estão em uma guerra na Ucrânia, enfrentando dificuldades econômicas e sofrendo sanções que encarecem os preços globais por afetarem as exportações do país a outras nações.

A leitura de analistas, até agora, é de que esse promete ser outro conflito longo - o da Ucrânia já dura mais de um ano e meio -, o que manterá o nível de risco, em maior ou menor grau, em patamares mais elevados.

E caso tudo isso se confirme, por mais que a distância geográfica do Brasil para Israel e Palestina seja significativa e que a posição política em conflitos não seja grande preocupação, a economia brasileira também deve sentir os efeitos, sinaliza um gestor. Afinal, lembra ele, os preços dos combustíveis no Brasil poderão ser reajustados se o petróleo subir, o que afeta a inflação corrente e as expectativas. Além disso, a busca por segurança pode pressionar o dólar para cima e encarecer as importações.

“Nos últimos dias, a curva de juros já passou a indicar menor espaço para corte de juros, tanto pelo cenário americano quanto pelo risco fiscal brasileiro. Uma deterioração das expectativas de inflação contaminaria ainda mais o quadro para o Banco Central, afetando outras variáveis econômicas no médio prazo”, explica.

Para Perfeito, contudo, olhando para o médio prazo, a situação não é necessariamente ruim para o Brasil. “A depender como o Itamaraty conduza a crise internacional, o Brasil pode se manter como um lugar ‘suficientemente distante’ de todo esse ‘ruído’. Logo, em termos relativos, o País pode se beneficiar.”

O problema é que o Brasil não deve conseguir guardar muita distância do tema, por estar na presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Tanto que, ao divulgar uma nota condenando a série de bombardeios e ataques terrestres realizados a Israel a partir da Faixa de Gaza, o Ministério das Relações Exteriores informou que o Brasil convocará reunião de emergência do órgão.

”Ao reiterar que não há justificativa para o recurso à violência, sobretudo contra civis, o governo brasileiro exorta todas as partes a exercerem máxima contenção a fim de evitar a escalada da situação”, disse o Ministério.

“O governo brasileiro reitera seu compromisso com a solução de dois Estados, com Palestina e Israel convivendo em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas. Reafirma, ainda, que a mera gestão do conflito não constitui alternativa viável para o encaminhamento da questão israelo-palestina, sendo urgente a retomada das negociações de paz”, finaliza o documento.

Mas os envolvidos no conflito parecem distantes dessa visão. “O inimigo pagará um preço sem precedentes”, afirmou Netanyahu, prometendo que Israel “devolveria os ataques em uma magnitude que o inimigo não conhece”.

Israel e as regiões palestinas (Faixa de Gaza e Cisjordânia) têm um território relativamente pequeno e, juntos, não chegam a 15 milhões de habitantes. Mas a guerra declarada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, após ataque do grupo Hamas a Israel, na Faixa de Gaza, neste sábado, 7, pode ter efeitos importantes sobre a economia global. A grande questão está na localização destes territórios, o Oriente Médio, e nos países que apoiam os dois lados: Estados Unidos, do lado israelense, e Irã, com os palestinos.

Para começar, a região está colada a grandes produtores de petróleo, como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Catar. E isso significa que os investidores devem embutir o risco da guerra nos preços da commodity. “Provavelmente o barril de petróleo irá subir na segunda-feira. O WTI está em queda e atingiu US$ 82,81. Esta guerra era a ‘desculpa’ que precisava para o barril subir. E se isso acontecer, todo o esforço do Fed [o Banco Central americano] e dos EUA para domar a inflação estará sob perigo”, afirma o economista André Perfeito.

Conflito já deixou mais de mil mortos e deve afetar economia global. Foto: Mohammed Saber/EFE

O fato é que, caso o petróleo realmente suba, os investidores “irão continuar colocando pressão sobre os juros norte-americanos”, diz Perfeito. E a alta dos yields dos Treasuries significa, necessariamente, queda de ativos de risco, como bolsas, e a penalização de ativos emergentes, inclusive os brasileiros.

“Não me parece que o conflito irá se alastrar pela região envolvendo outros países, mas só a possibilidade disso poder acontecer já mostra que a preferência pela liquidez dos agentes deve subir, fazendo com que ativos livres de risco avancem, como é o caso do dólar”, diz Perfeito.

Dito isso, há um segundo fato que pode afetar os juros americanos. Os Estados Unidos prometeram apoio a Israel, que já é a maior potência militar da região, o que pode significar a necessidade de ampliar os gastos militares no momento em que o governo americano luta para convencer o Congresso a elevar, por maior tempo, o teto da dívida, garantindo o pagamento de gastos.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que conversou com Netanyahu e que reafirmou o compromisso americano com a segurança israelense. “Ofereci nossa ajuda e reiterei o meu inabalável compromisso com a segurança de Israel”, escreveu Biden na conta oficial da presidência dos EUA no X, antigo Twitter.

O problema é que, segundo economistas têm alertado há tempos, a dívida dos EUA está se tornando insustentável, o que acaba pressionando ainda mais o retorno dos Treasuries, visto que o investidor cobra mais prêmios quanto maior é o risco de um ativo.

E se os EUA estão de um lado, é de se esperar que, além do Irã, a Rússia também estará do outro. Acontece que os russos já estão em uma guerra na Ucrânia, enfrentando dificuldades econômicas e sofrendo sanções que encarecem os preços globais por afetarem as exportações do país a outras nações.

A leitura de analistas, até agora, é de que esse promete ser outro conflito longo - o da Ucrânia já dura mais de um ano e meio -, o que manterá o nível de risco, em maior ou menor grau, em patamares mais elevados.

E caso tudo isso se confirme, por mais que a distância geográfica do Brasil para Israel e Palestina seja significativa e que a posição política em conflitos não seja grande preocupação, a economia brasileira também deve sentir os efeitos, sinaliza um gestor. Afinal, lembra ele, os preços dos combustíveis no Brasil poderão ser reajustados se o petróleo subir, o que afeta a inflação corrente e as expectativas. Além disso, a busca por segurança pode pressionar o dólar para cima e encarecer as importações.

“Nos últimos dias, a curva de juros já passou a indicar menor espaço para corte de juros, tanto pelo cenário americano quanto pelo risco fiscal brasileiro. Uma deterioração das expectativas de inflação contaminaria ainda mais o quadro para o Banco Central, afetando outras variáveis econômicas no médio prazo”, explica.

Para Perfeito, contudo, olhando para o médio prazo, a situação não é necessariamente ruim para o Brasil. “A depender como o Itamaraty conduza a crise internacional, o Brasil pode se manter como um lugar ‘suficientemente distante’ de todo esse ‘ruído’. Logo, em termos relativos, o País pode se beneficiar.”

O problema é que o Brasil não deve conseguir guardar muita distância do tema, por estar na presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Tanto que, ao divulgar uma nota condenando a série de bombardeios e ataques terrestres realizados a Israel a partir da Faixa de Gaza, o Ministério das Relações Exteriores informou que o Brasil convocará reunião de emergência do órgão.

”Ao reiterar que não há justificativa para o recurso à violência, sobretudo contra civis, o governo brasileiro exorta todas as partes a exercerem máxima contenção a fim de evitar a escalada da situação”, disse o Ministério.

“O governo brasileiro reitera seu compromisso com a solução de dois Estados, com Palestina e Israel convivendo em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas. Reafirma, ainda, que a mera gestão do conflito não constitui alternativa viável para o encaminhamento da questão israelo-palestina, sendo urgente a retomada das negociações de paz”, finaliza o documento.

Mas os envolvidos no conflito parecem distantes dessa visão. “O inimigo pagará um preço sem precedentes”, afirmou Netanyahu, prometendo que Israel “devolveria os ataques em uma magnitude que o inimigo não conhece”.

Israel e as regiões palestinas (Faixa de Gaza e Cisjordânia) têm um território relativamente pequeno e, juntos, não chegam a 15 milhões de habitantes. Mas a guerra declarada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, após ataque do grupo Hamas a Israel, na Faixa de Gaza, neste sábado, 7, pode ter efeitos importantes sobre a economia global. A grande questão está na localização destes territórios, o Oriente Médio, e nos países que apoiam os dois lados: Estados Unidos, do lado israelense, e Irã, com os palestinos.

Para começar, a região está colada a grandes produtores de petróleo, como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Catar. E isso significa que os investidores devem embutir o risco da guerra nos preços da commodity. “Provavelmente o barril de petróleo irá subir na segunda-feira. O WTI está em queda e atingiu US$ 82,81. Esta guerra era a ‘desculpa’ que precisava para o barril subir. E se isso acontecer, todo o esforço do Fed [o Banco Central americano] e dos EUA para domar a inflação estará sob perigo”, afirma o economista André Perfeito.

Conflito já deixou mais de mil mortos e deve afetar economia global. Foto: Mohammed Saber/EFE

O fato é que, caso o petróleo realmente suba, os investidores “irão continuar colocando pressão sobre os juros norte-americanos”, diz Perfeito. E a alta dos yields dos Treasuries significa, necessariamente, queda de ativos de risco, como bolsas, e a penalização de ativos emergentes, inclusive os brasileiros.

“Não me parece que o conflito irá se alastrar pela região envolvendo outros países, mas só a possibilidade disso poder acontecer já mostra que a preferência pela liquidez dos agentes deve subir, fazendo com que ativos livres de risco avancem, como é o caso do dólar”, diz Perfeito.

Dito isso, há um segundo fato que pode afetar os juros americanos. Os Estados Unidos prometeram apoio a Israel, que já é a maior potência militar da região, o que pode significar a necessidade de ampliar os gastos militares no momento em que o governo americano luta para convencer o Congresso a elevar, por maior tempo, o teto da dívida, garantindo o pagamento de gastos.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que conversou com Netanyahu e que reafirmou o compromisso americano com a segurança israelense. “Ofereci nossa ajuda e reiterei o meu inabalável compromisso com a segurança de Israel”, escreveu Biden na conta oficial da presidência dos EUA no X, antigo Twitter.

O problema é que, segundo economistas têm alertado há tempos, a dívida dos EUA está se tornando insustentável, o que acaba pressionando ainda mais o retorno dos Treasuries, visto que o investidor cobra mais prêmios quanto maior é o risco de um ativo.

E se os EUA estão de um lado, é de se esperar que, além do Irã, a Rússia também estará do outro. Acontece que os russos já estão em uma guerra na Ucrânia, enfrentando dificuldades econômicas e sofrendo sanções que encarecem os preços globais por afetarem as exportações do país a outras nações.

A leitura de analistas, até agora, é de que esse promete ser outro conflito longo - o da Ucrânia já dura mais de um ano e meio -, o que manterá o nível de risco, em maior ou menor grau, em patamares mais elevados.

E caso tudo isso se confirme, por mais que a distância geográfica do Brasil para Israel e Palestina seja significativa e que a posição política em conflitos não seja grande preocupação, a economia brasileira também deve sentir os efeitos, sinaliza um gestor. Afinal, lembra ele, os preços dos combustíveis no Brasil poderão ser reajustados se o petróleo subir, o que afeta a inflação corrente e as expectativas. Além disso, a busca por segurança pode pressionar o dólar para cima e encarecer as importações.

“Nos últimos dias, a curva de juros já passou a indicar menor espaço para corte de juros, tanto pelo cenário americano quanto pelo risco fiscal brasileiro. Uma deterioração das expectativas de inflação contaminaria ainda mais o quadro para o Banco Central, afetando outras variáveis econômicas no médio prazo”, explica.

Para Perfeito, contudo, olhando para o médio prazo, a situação não é necessariamente ruim para o Brasil. “A depender como o Itamaraty conduza a crise internacional, o Brasil pode se manter como um lugar ‘suficientemente distante’ de todo esse ‘ruído’. Logo, em termos relativos, o País pode se beneficiar.”

O problema é que o Brasil não deve conseguir guardar muita distância do tema, por estar na presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Tanto que, ao divulgar uma nota condenando a série de bombardeios e ataques terrestres realizados a Israel a partir da Faixa de Gaza, o Ministério das Relações Exteriores informou que o Brasil convocará reunião de emergência do órgão.

”Ao reiterar que não há justificativa para o recurso à violência, sobretudo contra civis, o governo brasileiro exorta todas as partes a exercerem máxima contenção a fim de evitar a escalada da situação”, disse o Ministério.

“O governo brasileiro reitera seu compromisso com a solução de dois Estados, com Palestina e Israel convivendo em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas. Reafirma, ainda, que a mera gestão do conflito não constitui alternativa viável para o encaminhamento da questão israelo-palestina, sendo urgente a retomada das negociações de paz”, finaliza o documento.

Mas os envolvidos no conflito parecem distantes dessa visão. “O inimigo pagará um preço sem precedentes”, afirmou Netanyahu, prometendo que Israel “devolveria os ataques em uma magnitude que o inimigo não conhece”.

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