Ex-presidente do BC e sócio da Rio Bravo Investimentos

Opinião|Nosso futuro continua promissor, e os adversários são os mesmos


Coisas incríveis podem acontecer no espaço de uma geração, sobretudo em um país tão ansioso; vale refletir, por exemplo, sobre o que se passou na telefonia

Por Gustavo H.B. Franco

Há duas novidades sobre o nosso futuro sobre as quais é preciso refletir, começando pela observação de que não são propriamente notícias novas.

A primeira é que o crescimento do PIB é uma PPP, ou seja, um produto de ações públicas e privadas em harmonia. O primeiro dos “P”s é para “parceria”, como poderia ser um “C” de colaboração ou de cooperação. O público não vai muito longe sem o privado, e vice-versa, mas é sempre difícil estabelecer a dosagem.

A segunda é que o papel do privado cresceu muito ao longo das últimas décadas, especialmente depois das reformas trazidas pelo Plano Real.

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Em 2023, uma pesquisa mostrou que há 480 milhões de dispositivos digitais de telefonia móvel em ação, 2,2 para cada brasileiro Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A capacidade de investimento do setor público, nos três níveis e suas estatais, tinha se esgotado nos anos 1990, e só fez piorar. Estava exaurido o modelo de crescimento baseado no investimento público financiado por inflação.

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Na ausência de receitas decorrentes de fabricação de papel pintado, de mágicas parafiscais, de pedaladas salvadoras, era simplesmente impossível pretender que o setor público pudesse adicionar uns R$ 300 bilhões a cada ano, de Capex (gastos de capital), para fazer o Brasil se aproximar das taxas de investimento observadas na Ásia.

Essas eram as conversas de 30 atrás, que quase sempre chegavam nas privatizações e nas transformações de longo prazo que iriam promover.

Pois já dá para refletir sobre o acontecido, não?

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Coisas incríveis podem acontecer no espaço de uma geração, sobretudo em um país tão ansioso. Vale refletir, por exemplo, sobre o que se passou na telefonia. Especialmente aqueles que respiraram o gás lacrimogêneo, e o spray de pimenta, distribuído em torno da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, na Praça XV, no centro do Rio de Janeiro, no dia 29 de julho de 1998, quando houve o leilão de privatização da Telebras.

Dez anos depois talvez já houvesse mais dispositivos de telefonia móvel do que gente no Brasil. Outros dez anos adiante são dezenas de milhões de brasileiros clientes de “bancos digitais”, pagando e sendo pagos via Pix.

Quem poderia imaginar?

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Em 2023 uma pesquisa mostrou que há 480 milhões de dispositivos digitais em ação, 2,2 para cada brasileiro.

Dá para imaginar o que isso representou em matéria de inclusão, a principal bandeira dos adversários dessa iniciativa?

Claro que dá para perguntar a mesma coisa aos adversários da estabilização, mas deixa para lá.

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Nosso futuro continua promissor, mas não custa abreviar a sua chegada. Talvez a privatização do saneamento seja transformadora como a da telefonia, mas com efeitos nas finanças municipais, na saúde pública e no meio ambiente. Talvez. Os adversários são os mesmos.

Há duas novidades sobre o nosso futuro sobre as quais é preciso refletir, começando pela observação de que não são propriamente notícias novas.

A primeira é que o crescimento do PIB é uma PPP, ou seja, um produto de ações públicas e privadas em harmonia. O primeiro dos “P”s é para “parceria”, como poderia ser um “C” de colaboração ou de cooperação. O público não vai muito longe sem o privado, e vice-versa, mas é sempre difícil estabelecer a dosagem.

A segunda é que o papel do privado cresceu muito ao longo das últimas décadas, especialmente depois das reformas trazidas pelo Plano Real.

Em 2023, uma pesquisa mostrou que há 480 milhões de dispositivos digitais de telefonia móvel em ação, 2,2 para cada brasileiro Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A capacidade de investimento do setor público, nos três níveis e suas estatais, tinha se esgotado nos anos 1990, e só fez piorar. Estava exaurido o modelo de crescimento baseado no investimento público financiado por inflação.

Na ausência de receitas decorrentes de fabricação de papel pintado, de mágicas parafiscais, de pedaladas salvadoras, era simplesmente impossível pretender que o setor público pudesse adicionar uns R$ 300 bilhões a cada ano, de Capex (gastos de capital), para fazer o Brasil se aproximar das taxas de investimento observadas na Ásia.

Essas eram as conversas de 30 atrás, que quase sempre chegavam nas privatizações e nas transformações de longo prazo que iriam promover.

Pois já dá para refletir sobre o acontecido, não?

Coisas incríveis podem acontecer no espaço de uma geração, sobretudo em um país tão ansioso. Vale refletir, por exemplo, sobre o que se passou na telefonia. Especialmente aqueles que respiraram o gás lacrimogêneo, e o spray de pimenta, distribuído em torno da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, na Praça XV, no centro do Rio de Janeiro, no dia 29 de julho de 1998, quando houve o leilão de privatização da Telebras.

Dez anos depois talvez já houvesse mais dispositivos de telefonia móvel do que gente no Brasil. Outros dez anos adiante são dezenas de milhões de brasileiros clientes de “bancos digitais”, pagando e sendo pagos via Pix.

Quem poderia imaginar?

Em 2023 uma pesquisa mostrou que há 480 milhões de dispositivos digitais em ação, 2,2 para cada brasileiro.

Dá para imaginar o que isso representou em matéria de inclusão, a principal bandeira dos adversários dessa iniciativa?

Claro que dá para perguntar a mesma coisa aos adversários da estabilização, mas deixa para lá.

Nosso futuro continua promissor, mas não custa abreviar a sua chegada. Talvez a privatização do saneamento seja transformadora como a da telefonia, mas com efeitos nas finanças municipais, na saúde pública e no meio ambiente. Talvez. Os adversários são os mesmos.

Há duas novidades sobre o nosso futuro sobre as quais é preciso refletir, começando pela observação de que não são propriamente notícias novas.

A primeira é que o crescimento do PIB é uma PPP, ou seja, um produto de ações públicas e privadas em harmonia. O primeiro dos “P”s é para “parceria”, como poderia ser um “C” de colaboração ou de cooperação. O público não vai muito longe sem o privado, e vice-versa, mas é sempre difícil estabelecer a dosagem.

A segunda é que o papel do privado cresceu muito ao longo das últimas décadas, especialmente depois das reformas trazidas pelo Plano Real.

Em 2023, uma pesquisa mostrou que há 480 milhões de dispositivos digitais de telefonia móvel em ação, 2,2 para cada brasileiro Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A capacidade de investimento do setor público, nos três níveis e suas estatais, tinha se esgotado nos anos 1990, e só fez piorar. Estava exaurido o modelo de crescimento baseado no investimento público financiado por inflação.

Na ausência de receitas decorrentes de fabricação de papel pintado, de mágicas parafiscais, de pedaladas salvadoras, era simplesmente impossível pretender que o setor público pudesse adicionar uns R$ 300 bilhões a cada ano, de Capex (gastos de capital), para fazer o Brasil se aproximar das taxas de investimento observadas na Ásia.

Essas eram as conversas de 30 atrás, que quase sempre chegavam nas privatizações e nas transformações de longo prazo que iriam promover.

Pois já dá para refletir sobre o acontecido, não?

Coisas incríveis podem acontecer no espaço de uma geração, sobretudo em um país tão ansioso. Vale refletir, por exemplo, sobre o que se passou na telefonia. Especialmente aqueles que respiraram o gás lacrimogêneo, e o spray de pimenta, distribuído em torno da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, na Praça XV, no centro do Rio de Janeiro, no dia 29 de julho de 1998, quando houve o leilão de privatização da Telebras.

Dez anos depois talvez já houvesse mais dispositivos de telefonia móvel do que gente no Brasil. Outros dez anos adiante são dezenas de milhões de brasileiros clientes de “bancos digitais”, pagando e sendo pagos via Pix.

Quem poderia imaginar?

Em 2023 uma pesquisa mostrou que há 480 milhões de dispositivos digitais em ação, 2,2 para cada brasileiro.

Dá para imaginar o que isso representou em matéria de inclusão, a principal bandeira dos adversários dessa iniciativa?

Claro que dá para perguntar a mesma coisa aos adversários da estabilização, mas deixa para lá.

Nosso futuro continua promissor, mas não custa abreviar a sua chegada. Talvez a privatização do saneamento seja transformadora como a da telefonia, mas com efeitos nas finanças municipais, na saúde pública e no meio ambiente. Talvez. Os adversários são os mesmos.

Opinião por Gustavo H.B. Franco

Ex-presidente do Banco Central e sócio da Rio Bravo Investimentos

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