O Futuro dos Negócios

Opinião|A nova rota da seda


Os impactos do novo mapa geopolítico do mundo, com os Estados Unidos de um lado e a China do outro

Por Guy Perelmuter

Durante praticamente toda segunda metade do século XX, dois blocos geopolíticos disputaram a hegemonia global: de um lado, a extinta União Soviética, e do outro os Estados Unidos. Os conflitos não foram apenas militares (como as guerras da Coréia, Vietnã e Afeganistão, por exemplo) – envolveram também espionagem, boicotes (como nas Olimpíadas de Moscou em 1980 e de Los Angeles em 1984), aspectos culturais e a corrida espacial, da qual já falamos aqui.

Em dezembro de 1991 a União Soviética foi oficialmente dissolvida, mas bastaram alguns anos para que o tabuleiro das relações internacionais fosse reorganizado e apresentasse os contornos de uma nova disputa entre superpotências. Se atualmente países como Irã, Rússia e Coréia de Norte frequentemente se colocam como opositores ao Ocidente, existe uma outra rivalidade em andamento que provavelmente irá definir a divisão de poderio militar e econômico do planeta: de um lado os Estados Unidos, e do outro a China.

Nenhum relato a respeito da economia global no século XXI estaria completo sem um olhar atento à evolução dos números produzidos pela China — muito embora diversos analistas sejam cautelosos com as informações geradas por um governo que não privilegia a transparência das informações como forma usual de conduta. No ano 2000, o Produto Interno Bruto chinês era de cerca de US$ 1,2 trilhão. Apenas cinco anos depois, o valor já tinha praticamente dobrado para US$ 2,3 trilhões. Em 2010, superou US$ 6 trilhões e em 2019 o PIB chinês — o segundo maior do mundo — foi de mais de US$ 14 trilhões. O maior PIB do planeta, o norte-americano, ficou em aproximadamente US$ 21,4 trilhões enquanto o PIB brasileiro, de US$ 1,8 trilhão, ocupava a nona posição.

continua após a publicidade

Muito antes do Ocidente, a China desenvolveu tecnologias como a fabricação de papel, impressão, o uso da pólvora e a invenção da bússola. A Rota da Seda, considerada hoje Patrimônio da Humanidade pela UNESCO (Organização Educacional, Científica e Cultural da ONU), funcionou durante bem mais de mil anos (de 114 A.C. até a metade do século XV) conectando Oriente e Ocidente. A cultura milenar dos chineses, com vocação para projetos grandiosos e de longa duração, estabeleceu em 2013 um plano com previsão de término em 2049 – não por acaso, ano do centenário da República Popular da China. Trata-se do Cinturão Econômico da Rota da Seda (ou Belt and Road Initiative - BRI).

Essa iniciativa abrange investimentos em infraestrutura para criação de rotas terrestres e marítimas, tendo como o objetivo “construir um grande mercado unificado e fazer pleno uso dos mercados internacional e doméstico, por meio de intercâmbio e integração cultural, para melhorar a compreensão e a confiança mútua entre as nações participantes, criando um padrão inovador com fluxo de capital, talentos e tecnologia”. De acordo com a consultoria global McKinsey, 65% da população mundial e um terço do PIB global serão afetados pelo ambicioso projeto, cujas cifras atingem os trilhões de dólares. Embora o projeto se concentre na Ásia, Oriente Médio e África, países como Panamá e Bolívia já se tornaram membros da iniciativa.

Alguns observadores indicam que o projeto irá expandir de forma significativa a zona de influência cultural e econômica da China que, ao invés de oferecer “segurança” aos seus aliados (através do poderio militar), oferece “conectividade” (através de estradas, ferrovias e portos). Esse objetivo é contestado por Pequim, mas de acordo com Charles Parton, ex-diplomata da União Europeia na China, trata-se de uma "política doméstica com consequências geoestratégicas, e não de uma política externa". Em uma clara alusão à política externa norte-americana recente, a China declarou que “está construindo pontes, e não muralhas”.

continua após a publicidade

Mas quando se trata do acesso à informação, da Internet e da privacidade, o cenário é bem diferente – tão diferente que pode resultar em uma divisão definitiva da rede global de dados. Esse será o tema da nossa próxima coluna. Até lá.

* Guy Perelmuter é fundador da GRIDS Capital e autor do livro Futuro Presente - o mundo movido à tecnologia, é Engenheiro de Computação e Mestre em Inteligência Artificial

Durante praticamente toda segunda metade do século XX, dois blocos geopolíticos disputaram a hegemonia global: de um lado, a extinta União Soviética, e do outro os Estados Unidos. Os conflitos não foram apenas militares (como as guerras da Coréia, Vietnã e Afeganistão, por exemplo) – envolveram também espionagem, boicotes (como nas Olimpíadas de Moscou em 1980 e de Los Angeles em 1984), aspectos culturais e a corrida espacial, da qual já falamos aqui.

Em dezembro de 1991 a União Soviética foi oficialmente dissolvida, mas bastaram alguns anos para que o tabuleiro das relações internacionais fosse reorganizado e apresentasse os contornos de uma nova disputa entre superpotências. Se atualmente países como Irã, Rússia e Coréia de Norte frequentemente se colocam como opositores ao Ocidente, existe uma outra rivalidade em andamento que provavelmente irá definir a divisão de poderio militar e econômico do planeta: de um lado os Estados Unidos, e do outro a China.

Nenhum relato a respeito da economia global no século XXI estaria completo sem um olhar atento à evolução dos números produzidos pela China — muito embora diversos analistas sejam cautelosos com as informações geradas por um governo que não privilegia a transparência das informações como forma usual de conduta. No ano 2000, o Produto Interno Bruto chinês era de cerca de US$ 1,2 trilhão. Apenas cinco anos depois, o valor já tinha praticamente dobrado para US$ 2,3 trilhões. Em 2010, superou US$ 6 trilhões e em 2019 o PIB chinês — o segundo maior do mundo — foi de mais de US$ 14 trilhões. O maior PIB do planeta, o norte-americano, ficou em aproximadamente US$ 21,4 trilhões enquanto o PIB brasileiro, de US$ 1,8 trilhão, ocupava a nona posição.

Muito antes do Ocidente, a China desenvolveu tecnologias como a fabricação de papel, impressão, o uso da pólvora e a invenção da bússola. A Rota da Seda, considerada hoje Patrimônio da Humanidade pela UNESCO (Organização Educacional, Científica e Cultural da ONU), funcionou durante bem mais de mil anos (de 114 A.C. até a metade do século XV) conectando Oriente e Ocidente. A cultura milenar dos chineses, com vocação para projetos grandiosos e de longa duração, estabeleceu em 2013 um plano com previsão de término em 2049 – não por acaso, ano do centenário da República Popular da China. Trata-se do Cinturão Econômico da Rota da Seda (ou Belt and Road Initiative - BRI).

Essa iniciativa abrange investimentos em infraestrutura para criação de rotas terrestres e marítimas, tendo como o objetivo “construir um grande mercado unificado e fazer pleno uso dos mercados internacional e doméstico, por meio de intercâmbio e integração cultural, para melhorar a compreensão e a confiança mútua entre as nações participantes, criando um padrão inovador com fluxo de capital, talentos e tecnologia”. De acordo com a consultoria global McKinsey, 65% da população mundial e um terço do PIB global serão afetados pelo ambicioso projeto, cujas cifras atingem os trilhões de dólares. Embora o projeto se concentre na Ásia, Oriente Médio e África, países como Panamá e Bolívia já se tornaram membros da iniciativa.

Alguns observadores indicam que o projeto irá expandir de forma significativa a zona de influência cultural e econômica da China que, ao invés de oferecer “segurança” aos seus aliados (através do poderio militar), oferece “conectividade” (através de estradas, ferrovias e portos). Esse objetivo é contestado por Pequim, mas de acordo com Charles Parton, ex-diplomata da União Europeia na China, trata-se de uma "política doméstica com consequências geoestratégicas, e não de uma política externa". Em uma clara alusão à política externa norte-americana recente, a China declarou que “está construindo pontes, e não muralhas”.

Mas quando se trata do acesso à informação, da Internet e da privacidade, o cenário é bem diferente – tão diferente que pode resultar em uma divisão definitiva da rede global de dados. Esse será o tema da nossa próxima coluna. Até lá.

* Guy Perelmuter é fundador da GRIDS Capital e autor do livro Futuro Presente - o mundo movido à tecnologia, é Engenheiro de Computação e Mestre em Inteligência Artificial

Durante praticamente toda segunda metade do século XX, dois blocos geopolíticos disputaram a hegemonia global: de um lado, a extinta União Soviética, e do outro os Estados Unidos. Os conflitos não foram apenas militares (como as guerras da Coréia, Vietnã e Afeganistão, por exemplo) – envolveram também espionagem, boicotes (como nas Olimpíadas de Moscou em 1980 e de Los Angeles em 1984), aspectos culturais e a corrida espacial, da qual já falamos aqui.

Em dezembro de 1991 a União Soviética foi oficialmente dissolvida, mas bastaram alguns anos para que o tabuleiro das relações internacionais fosse reorganizado e apresentasse os contornos de uma nova disputa entre superpotências. Se atualmente países como Irã, Rússia e Coréia de Norte frequentemente se colocam como opositores ao Ocidente, existe uma outra rivalidade em andamento que provavelmente irá definir a divisão de poderio militar e econômico do planeta: de um lado os Estados Unidos, e do outro a China.

Nenhum relato a respeito da economia global no século XXI estaria completo sem um olhar atento à evolução dos números produzidos pela China — muito embora diversos analistas sejam cautelosos com as informações geradas por um governo que não privilegia a transparência das informações como forma usual de conduta. No ano 2000, o Produto Interno Bruto chinês era de cerca de US$ 1,2 trilhão. Apenas cinco anos depois, o valor já tinha praticamente dobrado para US$ 2,3 trilhões. Em 2010, superou US$ 6 trilhões e em 2019 o PIB chinês — o segundo maior do mundo — foi de mais de US$ 14 trilhões. O maior PIB do planeta, o norte-americano, ficou em aproximadamente US$ 21,4 trilhões enquanto o PIB brasileiro, de US$ 1,8 trilhão, ocupava a nona posição.

Muito antes do Ocidente, a China desenvolveu tecnologias como a fabricação de papel, impressão, o uso da pólvora e a invenção da bússola. A Rota da Seda, considerada hoje Patrimônio da Humanidade pela UNESCO (Organização Educacional, Científica e Cultural da ONU), funcionou durante bem mais de mil anos (de 114 A.C. até a metade do século XV) conectando Oriente e Ocidente. A cultura milenar dos chineses, com vocação para projetos grandiosos e de longa duração, estabeleceu em 2013 um plano com previsão de término em 2049 – não por acaso, ano do centenário da República Popular da China. Trata-se do Cinturão Econômico da Rota da Seda (ou Belt and Road Initiative - BRI).

Essa iniciativa abrange investimentos em infraestrutura para criação de rotas terrestres e marítimas, tendo como o objetivo “construir um grande mercado unificado e fazer pleno uso dos mercados internacional e doméstico, por meio de intercâmbio e integração cultural, para melhorar a compreensão e a confiança mútua entre as nações participantes, criando um padrão inovador com fluxo de capital, talentos e tecnologia”. De acordo com a consultoria global McKinsey, 65% da população mundial e um terço do PIB global serão afetados pelo ambicioso projeto, cujas cifras atingem os trilhões de dólares. Embora o projeto se concentre na Ásia, Oriente Médio e África, países como Panamá e Bolívia já se tornaram membros da iniciativa.

Alguns observadores indicam que o projeto irá expandir de forma significativa a zona de influência cultural e econômica da China que, ao invés de oferecer “segurança” aos seus aliados (através do poderio militar), oferece “conectividade” (através de estradas, ferrovias e portos). Esse objetivo é contestado por Pequim, mas de acordo com Charles Parton, ex-diplomata da União Europeia na China, trata-se de uma "política doméstica com consequências geoestratégicas, e não de uma política externa". Em uma clara alusão à política externa norte-americana recente, a China declarou que “está construindo pontes, e não muralhas”.

Mas quando se trata do acesso à informação, da Internet e da privacidade, o cenário é bem diferente – tão diferente que pode resultar em uma divisão definitiva da rede global de dados. Esse será o tema da nossa próxima coluna. Até lá.

* Guy Perelmuter é fundador da GRIDS Capital e autor do livro Futuro Presente - o mundo movido à tecnologia, é Engenheiro de Computação e Mestre em Inteligência Artificial

Durante praticamente toda segunda metade do século XX, dois blocos geopolíticos disputaram a hegemonia global: de um lado, a extinta União Soviética, e do outro os Estados Unidos. Os conflitos não foram apenas militares (como as guerras da Coréia, Vietnã e Afeganistão, por exemplo) – envolveram também espionagem, boicotes (como nas Olimpíadas de Moscou em 1980 e de Los Angeles em 1984), aspectos culturais e a corrida espacial, da qual já falamos aqui.

Em dezembro de 1991 a União Soviética foi oficialmente dissolvida, mas bastaram alguns anos para que o tabuleiro das relações internacionais fosse reorganizado e apresentasse os contornos de uma nova disputa entre superpotências. Se atualmente países como Irã, Rússia e Coréia de Norte frequentemente se colocam como opositores ao Ocidente, existe uma outra rivalidade em andamento que provavelmente irá definir a divisão de poderio militar e econômico do planeta: de um lado os Estados Unidos, e do outro a China.

Nenhum relato a respeito da economia global no século XXI estaria completo sem um olhar atento à evolução dos números produzidos pela China — muito embora diversos analistas sejam cautelosos com as informações geradas por um governo que não privilegia a transparência das informações como forma usual de conduta. No ano 2000, o Produto Interno Bruto chinês era de cerca de US$ 1,2 trilhão. Apenas cinco anos depois, o valor já tinha praticamente dobrado para US$ 2,3 trilhões. Em 2010, superou US$ 6 trilhões e em 2019 o PIB chinês — o segundo maior do mundo — foi de mais de US$ 14 trilhões. O maior PIB do planeta, o norte-americano, ficou em aproximadamente US$ 21,4 trilhões enquanto o PIB brasileiro, de US$ 1,8 trilhão, ocupava a nona posição.

Muito antes do Ocidente, a China desenvolveu tecnologias como a fabricação de papel, impressão, o uso da pólvora e a invenção da bússola. A Rota da Seda, considerada hoje Patrimônio da Humanidade pela UNESCO (Organização Educacional, Científica e Cultural da ONU), funcionou durante bem mais de mil anos (de 114 A.C. até a metade do século XV) conectando Oriente e Ocidente. A cultura milenar dos chineses, com vocação para projetos grandiosos e de longa duração, estabeleceu em 2013 um plano com previsão de término em 2049 – não por acaso, ano do centenário da República Popular da China. Trata-se do Cinturão Econômico da Rota da Seda (ou Belt and Road Initiative - BRI).

Essa iniciativa abrange investimentos em infraestrutura para criação de rotas terrestres e marítimas, tendo como o objetivo “construir um grande mercado unificado e fazer pleno uso dos mercados internacional e doméstico, por meio de intercâmbio e integração cultural, para melhorar a compreensão e a confiança mútua entre as nações participantes, criando um padrão inovador com fluxo de capital, talentos e tecnologia”. De acordo com a consultoria global McKinsey, 65% da população mundial e um terço do PIB global serão afetados pelo ambicioso projeto, cujas cifras atingem os trilhões de dólares. Embora o projeto se concentre na Ásia, Oriente Médio e África, países como Panamá e Bolívia já se tornaram membros da iniciativa.

Alguns observadores indicam que o projeto irá expandir de forma significativa a zona de influência cultural e econômica da China que, ao invés de oferecer “segurança” aos seus aliados (através do poderio militar), oferece “conectividade” (através de estradas, ferrovias e portos). Esse objetivo é contestado por Pequim, mas de acordo com Charles Parton, ex-diplomata da União Europeia na China, trata-se de uma "política doméstica com consequências geoestratégicas, e não de uma política externa". Em uma clara alusão à política externa norte-americana recente, a China declarou que “está construindo pontes, e não muralhas”.

Mas quando se trata do acesso à informação, da Internet e da privacidade, o cenário é bem diferente – tão diferente que pode resultar em uma divisão definitiva da rede global de dados. Esse será o tema da nossa próxima coluna. Até lá.

* Guy Perelmuter é fundador da GRIDS Capital e autor do livro Futuro Presente - o mundo movido à tecnologia, é Engenheiro de Computação e Mestre em Inteligência Artificial

Durante praticamente toda segunda metade do século XX, dois blocos geopolíticos disputaram a hegemonia global: de um lado, a extinta União Soviética, e do outro os Estados Unidos. Os conflitos não foram apenas militares (como as guerras da Coréia, Vietnã e Afeganistão, por exemplo) – envolveram também espionagem, boicotes (como nas Olimpíadas de Moscou em 1980 e de Los Angeles em 1984), aspectos culturais e a corrida espacial, da qual já falamos aqui.

Em dezembro de 1991 a União Soviética foi oficialmente dissolvida, mas bastaram alguns anos para que o tabuleiro das relações internacionais fosse reorganizado e apresentasse os contornos de uma nova disputa entre superpotências. Se atualmente países como Irã, Rússia e Coréia de Norte frequentemente se colocam como opositores ao Ocidente, existe uma outra rivalidade em andamento que provavelmente irá definir a divisão de poderio militar e econômico do planeta: de um lado os Estados Unidos, e do outro a China.

Nenhum relato a respeito da economia global no século XXI estaria completo sem um olhar atento à evolução dos números produzidos pela China — muito embora diversos analistas sejam cautelosos com as informações geradas por um governo que não privilegia a transparência das informações como forma usual de conduta. No ano 2000, o Produto Interno Bruto chinês era de cerca de US$ 1,2 trilhão. Apenas cinco anos depois, o valor já tinha praticamente dobrado para US$ 2,3 trilhões. Em 2010, superou US$ 6 trilhões e em 2019 o PIB chinês — o segundo maior do mundo — foi de mais de US$ 14 trilhões. O maior PIB do planeta, o norte-americano, ficou em aproximadamente US$ 21,4 trilhões enquanto o PIB brasileiro, de US$ 1,8 trilhão, ocupava a nona posição.

Muito antes do Ocidente, a China desenvolveu tecnologias como a fabricação de papel, impressão, o uso da pólvora e a invenção da bússola. A Rota da Seda, considerada hoje Patrimônio da Humanidade pela UNESCO (Organização Educacional, Científica e Cultural da ONU), funcionou durante bem mais de mil anos (de 114 A.C. até a metade do século XV) conectando Oriente e Ocidente. A cultura milenar dos chineses, com vocação para projetos grandiosos e de longa duração, estabeleceu em 2013 um plano com previsão de término em 2049 – não por acaso, ano do centenário da República Popular da China. Trata-se do Cinturão Econômico da Rota da Seda (ou Belt and Road Initiative - BRI).

Essa iniciativa abrange investimentos em infraestrutura para criação de rotas terrestres e marítimas, tendo como o objetivo “construir um grande mercado unificado e fazer pleno uso dos mercados internacional e doméstico, por meio de intercâmbio e integração cultural, para melhorar a compreensão e a confiança mútua entre as nações participantes, criando um padrão inovador com fluxo de capital, talentos e tecnologia”. De acordo com a consultoria global McKinsey, 65% da população mundial e um terço do PIB global serão afetados pelo ambicioso projeto, cujas cifras atingem os trilhões de dólares. Embora o projeto se concentre na Ásia, Oriente Médio e África, países como Panamá e Bolívia já se tornaram membros da iniciativa.

Alguns observadores indicam que o projeto irá expandir de forma significativa a zona de influência cultural e econômica da China que, ao invés de oferecer “segurança” aos seus aliados (através do poderio militar), oferece “conectividade” (através de estradas, ferrovias e portos). Esse objetivo é contestado por Pequim, mas de acordo com Charles Parton, ex-diplomata da União Europeia na China, trata-se de uma "política doméstica com consequências geoestratégicas, e não de uma política externa". Em uma clara alusão à política externa norte-americana recente, a China declarou que “está construindo pontes, e não muralhas”.

Mas quando se trata do acesso à informação, da Internet e da privacidade, o cenário é bem diferente – tão diferente que pode resultar em uma divisão definitiva da rede global de dados. Esse será o tema da nossa próxima coluna. Até lá.

* Guy Perelmuter é fundador da GRIDS Capital e autor do livro Futuro Presente - o mundo movido à tecnologia, é Engenheiro de Computação e Mestre em Inteligência Artificial

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.