Haddad explica moeda comum em estudo com Argentina: ‘Não é moeda única de Guedes’


Ministro da Fazenda diz que proposta se limita a transações financeiras e comerciais; ministro da Economia argentino diz que a adoção da moeda comum não significa abrir mão da moeda de cada país

Por Eduardo Gayer e Giordanna Neves
Atualização:

BUENOS AIRES E SÃO PAULO – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou a empresários em Buenos Aires nesta segunda-feira, 23, que não há qualquer projeto de adotar uma moeda única entre Brasil e Argentina, como chegou a circular nas redes sociais. Trata-se, segundo o ministro, de estudar uma moeda comum entre os dois países para transações financeiras e comerciais, com o objetivo de reduzir a dependência do dólar.

“Recebemos dos nossos presidentes uma incumbência de não adotar uma ideia que era do governo anterior, que não foi levada a cabo, da moeda única. O meu antecessor, Paulo Guedes, defendia muito uma moeda única entre Brasil e Argentina. Não é disso que estamos falando. Isso gerou uma enorme confusão, inclusive na imprensa brasileira e internacional”, esclareceu o ministro.

“Não se trata da ideia do ministro Paulo Guedes de uma moeda única; se trata de avançarmos nos instrumentos previstos e que não funcionaram a contento, nem pagamento em moeda local e nem os CCRs (Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos) dão hoje uma garantia de que podemos avançar no comércio da maneira como pretendem os presidentes”, acrescentou.

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Ministro da Economia argentino, Sergio Massa, e ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participaram de entrevista coletiva na Casa Rosada nesta segunda, 23 Foto: Agustin Marcarian/Reuters

Ao lado do ministro de Haddad, o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, reiterou que a adoção de uma moeda comum com o Brasil não eliminará a moeda de cada país – já que não seria utilizada como uma moeda única, como ocorre, por exemplo, com o euro, na Zona do Euro. “Não significa resignar a moeda de cada um dos países, mas encontrar um instrumento denominador comum potencial, refletindo a potência do PIB da região”, declarou.

“A decisão dos dois governos e dos dois ministérios é começar a trabalhar, dar um primeiro passo no longo trajeto que precisamos percorrer com o objetivo de uma moeda comum dos dois países e com convite para outros países da região”, disse.

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De acordo com Massa, a moeda comum seria um instrumento para aprofundar o sistema de comércio entre os dois países e o Mercosul. “[O objetivo proposto é] Não ficar atrelado aos choques externos que possam apresentar o dólar, o euro, em função dos problemas econômicos dos outros países ou das outras regiões ou situação de guerra que vivemos ao longo dos últimos 12 meses”, declarou o ministro da Economia argentino.

Crédito para importadores

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Haddad reforçou que o acordo para o Brasil oferecer uma linha de crédito para importadores argentinos comprarem produtos brasileiros, como antecipou o Estadão. De acordo com o ministro, o governo vai usar um fundo garantidor para alongar os prazos de financiamento de exportações do Brasil à Argentina.

“Ponto de partida é desafiador que queremos estabelecer uma linha de crédito para a Argentina, mas precisamos estabelecer uma espécie de fundo garantidor que nos permita alongar os prazos de financiamento das nossas exportações. Isso está na ordem do dia e essa encomenda já foi feita”, esclareceu.

Haddad afirmou que o Banco do Brasil não vai tomar qualquer risco nas operações de crédito. “O Banco do Brasil não vai tomar risco nenhum nessa operação de crédito de importação. Vamos ter um fundo garantidor, que é um fundo soberano, que vai garantir as cartas de crédito emitidos pelo o BB para os exportadores”, disse Haddad. “Nem o banco argentino que tiver financiando o importador e nem o BB que estiver garantindo o exportador estão envolvidos no risco. Por isso estamos negociando um sistema de garantias da Argentina com o Brasil. O BB não está envolvido em risco, a carta de crédito será paga”, afirmou.

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Segundo o ministro, uma equipe do Ministério da Fazenda está encarregada de estruturar o projeto e dar garantia aos exportadores e, em particular, ao BB. “[Que] dê garantia que no topo das relações comerciais estarão dois Países, Brasil e Argentina, garantindo seus créditos recíprocos com base em algum ativo real e conversível. Esse é o desafio que está colocado para nós”, enfatizou.

Fernando Haddad, Lula e Alberto Fernandez em evento na Casa Rosada. Fonte: Agustin Marcarian/Reuters 

O ministro evitou, no entanto, estabelecer valores disponíveis ao financiamento. “Se nós encontrarmos a solução dessa equação, nós não temos nenhuma dificuldade em chegar a patamares de financiamento que permitam a Argentina estabelecer, respeitar seus compromissos firmados e conseguir endereçar os seus problemas de curto prazo”, disse.

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“Para nós falar em 5 bilhões, em 10 bilhões num contexto em que o pano de fundo seja sólido e nós estejamos tratando de uma questão que não vai causar nas nossas comunidades nenhum estresse, do ponto de vista de perspectivas e expectativas econômicas, o Brasil estará extremamente disposto a perseguir esses objetivos”, acrescentou.

Ao longo da exposição a empresários, Haddad disse ainda que o Brasil está em situação privilegiada para atrair investimentos produtivos, com condições únicas e dentro de uma via sustentável. “Não há a menor necessidade de derrubar uma única árvore”, afirmou.

Haddad ressaltou que a recolocação do debate sobre integração regional é uma obrigação histórica e deveria, do seu ponto de vista, ser “um pouco mais radical”. “O Mercosul foi uma grande iniciativa, mas chegou o momento da gente ser mais ambicioso nas nossas pretensões regionais”, defendeu.

BUENOS AIRES E SÃO PAULO – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou a empresários em Buenos Aires nesta segunda-feira, 23, que não há qualquer projeto de adotar uma moeda única entre Brasil e Argentina, como chegou a circular nas redes sociais. Trata-se, segundo o ministro, de estudar uma moeda comum entre os dois países para transações financeiras e comerciais, com o objetivo de reduzir a dependência do dólar.

“Recebemos dos nossos presidentes uma incumbência de não adotar uma ideia que era do governo anterior, que não foi levada a cabo, da moeda única. O meu antecessor, Paulo Guedes, defendia muito uma moeda única entre Brasil e Argentina. Não é disso que estamos falando. Isso gerou uma enorme confusão, inclusive na imprensa brasileira e internacional”, esclareceu o ministro.

“Não se trata da ideia do ministro Paulo Guedes de uma moeda única; se trata de avançarmos nos instrumentos previstos e que não funcionaram a contento, nem pagamento em moeda local e nem os CCRs (Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos) dão hoje uma garantia de que podemos avançar no comércio da maneira como pretendem os presidentes”, acrescentou.

Ministro da Economia argentino, Sergio Massa, e ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participaram de entrevista coletiva na Casa Rosada nesta segunda, 23 Foto: Agustin Marcarian/Reuters

Ao lado do ministro de Haddad, o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, reiterou que a adoção de uma moeda comum com o Brasil não eliminará a moeda de cada país – já que não seria utilizada como uma moeda única, como ocorre, por exemplo, com o euro, na Zona do Euro. “Não significa resignar a moeda de cada um dos países, mas encontrar um instrumento denominador comum potencial, refletindo a potência do PIB da região”, declarou.

“A decisão dos dois governos e dos dois ministérios é começar a trabalhar, dar um primeiro passo no longo trajeto que precisamos percorrer com o objetivo de uma moeda comum dos dois países e com convite para outros países da região”, disse.

De acordo com Massa, a moeda comum seria um instrumento para aprofundar o sistema de comércio entre os dois países e o Mercosul. “[O objetivo proposto é] Não ficar atrelado aos choques externos que possam apresentar o dólar, o euro, em função dos problemas econômicos dos outros países ou das outras regiões ou situação de guerra que vivemos ao longo dos últimos 12 meses”, declarou o ministro da Economia argentino.

Crédito para importadores

Haddad reforçou que o acordo para o Brasil oferecer uma linha de crédito para importadores argentinos comprarem produtos brasileiros, como antecipou o Estadão. De acordo com o ministro, o governo vai usar um fundo garantidor para alongar os prazos de financiamento de exportações do Brasil à Argentina.

“Ponto de partida é desafiador que queremos estabelecer uma linha de crédito para a Argentina, mas precisamos estabelecer uma espécie de fundo garantidor que nos permita alongar os prazos de financiamento das nossas exportações. Isso está na ordem do dia e essa encomenda já foi feita”, esclareceu.

Haddad afirmou que o Banco do Brasil não vai tomar qualquer risco nas operações de crédito. “O Banco do Brasil não vai tomar risco nenhum nessa operação de crédito de importação. Vamos ter um fundo garantidor, que é um fundo soberano, que vai garantir as cartas de crédito emitidos pelo o BB para os exportadores”, disse Haddad. “Nem o banco argentino que tiver financiando o importador e nem o BB que estiver garantindo o exportador estão envolvidos no risco. Por isso estamos negociando um sistema de garantias da Argentina com o Brasil. O BB não está envolvido em risco, a carta de crédito será paga”, afirmou.

Segundo o ministro, uma equipe do Ministério da Fazenda está encarregada de estruturar o projeto e dar garantia aos exportadores e, em particular, ao BB. “[Que] dê garantia que no topo das relações comerciais estarão dois Países, Brasil e Argentina, garantindo seus créditos recíprocos com base em algum ativo real e conversível. Esse é o desafio que está colocado para nós”, enfatizou.

Fernando Haddad, Lula e Alberto Fernandez em evento na Casa Rosada. Fonte: Agustin Marcarian/Reuters 

O ministro evitou, no entanto, estabelecer valores disponíveis ao financiamento. “Se nós encontrarmos a solução dessa equação, nós não temos nenhuma dificuldade em chegar a patamares de financiamento que permitam a Argentina estabelecer, respeitar seus compromissos firmados e conseguir endereçar os seus problemas de curto prazo”, disse.

“Para nós falar em 5 bilhões, em 10 bilhões num contexto em que o pano de fundo seja sólido e nós estejamos tratando de uma questão que não vai causar nas nossas comunidades nenhum estresse, do ponto de vista de perspectivas e expectativas econômicas, o Brasil estará extremamente disposto a perseguir esses objetivos”, acrescentou.

Ao longo da exposição a empresários, Haddad disse ainda que o Brasil está em situação privilegiada para atrair investimentos produtivos, com condições únicas e dentro de uma via sustentável. “Não há a menor necessidade de derrubar uma única árvore”, afirmou.

Haddad ressaltou que a recolocação do debate sobre integração regional é uma obrigação histórica e deveria, do seu ponto de vista, ser “um pouco mais radical”. “O Mercosul foi uma grande iniciativa, mas chegou o momento da gente ser mais ambicioso nas nossas pretensões regionais”, defendeu.

BUENOS AIRES E SÃO PAULO – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou a empresários em Buenos Aires nesta segunda-feira, 23, que não há qualquer projeto de adotar uma moeda única entre Brasil e Argentina, como chegou a circular nas redes sociais. Trata-se, segundo o ministro, de estudar uma moeda comum entre os dois países para transações financeiras e comerciais, com o objetivo de reduzir a dependência do dólar.

“Recebemos dos nossos presidentes uma incumbência de não adotar uma ideia que era do governo anterior, que não foi levada a cabo, da moeda única. O meu antecessor, Paulo Guedes, defendia muito uma moeda única entre Brasil e Argentina. Não é disso que estamos falando. Isso gerou uma enorme confusão, inclusive na imprensa brasileira e internacional”, esclareceu o ministro.

“Não se trata da ideia do ministro Paulo Guedes de uma moeda única; se trata de avançarmos nos instrumentos previstos e que não funcionaram a contento, nem pagamento em moeda local e nem os CCRs (Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos) dão hoje uma garantia de que podemos avançar no comércio da maneira como pretendem os presidentes”, acrescentou.

Ministro da Economia argentino, Sergio Massa, e ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participaram de entrevista coletiva na Casa Rosada nesta segunda, 23 Foto: Agustin Marcarian/Reuters

Ao lado do ministro de Haddad, o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, reiterou que a adoção de uma moeda comum com o Brasil não eliminará a moeda de cada país – já que não seria utilizada como uma moeda única, como ocorre, por exemplo, com o euro, na Zona do Euro. “Não significa resignar a moeda de cada um dos países, mas encontrar um instrumento denominador comum potencial, refletindo a potência do PIB da região”, declarou.

“A decisão dos dois governos e dos dois ministérios é começar a trabalhar, dar um primeiro passo no longo trajeto que precisamos percorrer com o objetivo de uma moeda comum dos dois países e com convite para outros países da região”, disse.

De acordo com Massa, a moeda comum seria um instrumento para aprofundar o sistema de comércio entre os dois países e o Mercosul. “[O objetivo proposto é] Não ficar atrelado aos choques externos que possam apresentar o dólar, o euro, em função dos problemas econômicos dos outros países ou das outras regiões ou situação de guerra que vivemos ao longo dos últimos 12 meses”, declarou o ministro da Economia argentino.

Crédito para importadores

Haddad reforçou que o acordo para o Brasil oferecer uma linha de crédito para importadores argentinos comprarem produtos brasileiros, como antecipou o Estadão. De acordo com o ministro, o governo vai usar um fundo garantidor para alongar os prazos de financiamento de exportações do Brasil à Argentina.

“Ponto de partida é desafiador que queremos estabelecer uma linha de crédito para a Argentina, mas precisamos estabelecer uma espécie de fundo garantidor que nos permita alongar os prazos de financiamento das nossas exportações. Isso está na ordem do dia e essa encomenda já foi feita”, esclareceu.

Haddad afirmou que o Banco do Brasil não vai tomar qualquer risco nas operações de crédito. “O Banco do Brasil não vai tomar risco nenhum nessa operação de crédito de importação. Vamos ter um fundo garantidor, que é um fundo soberano, que vai garantir as cartas de crédito emitidos pelo o BB para os exportadores”, disse Haddad. “Nem o banco argentino que tiver financiando o importador e nem o BB que estiver garantindo o exportador estão envolvidos no risco. Por isso estamos negociando um sistema de garantias da Argentina com o Brasil. O BB não está envolvido em risco, a carta de crédito será paga”, afirmou.

Segundo o ministro, uma equipe do Ministério da Fazenda está encarregada de estruturar o projeto e dar garantia aos exportadores e, em particular, ao BB. “[Que] dê garantia que no topo das relações comerciais estarão dois Países, Brasil e Argentina, garantindo seus créditos recíprocos com base em algum ativo real e conversível. Esse é o desafio que está colocado para nós”, enfatizou.

Fernando Haddad, Lula e Alberto Fernandez em evento na Casa Rosada. Fonte: Agustin Marcarian/Reuters 

O ministro evitou, no entanto, estabelecer valores disponíveis ao financiamento. “Se nós encontrarmos a solução dessa equação, nós não temos nenhuma dificuldade em chegar a patamares de financiamento que permitam a Argentina estabelecer, respeitar seus compromissos firmados e conseguir endereçar os seus problemas de curto prazo”, disse.

“Para nós falar em 5 bilhões, em 10 bilhões num contexto em que o pano de fundo seja sólido e nós estejamos tratando de uma questão que não vai causar nas nossas comunidades nenhum estresse, do ponto de vista de perspectivas e expectativas econômicas, o Brasil estará extremamente disposto a perseguir esses objetivos”, acrescentou.

Ao longo da exposição a empresários, Haddad disse ainda que o Brasil está em situação privilegiada para atrair investimentos produtivos, com condições únicas e dentro de uma via sustentável. “Não há a menor necessidade de derrubar uma única árvore”, afirmou.

Haddad ressaltou que a recolocação do debate sobre integração regional é uma obrigação histórica e deveria, do seu ponto de vista, ser “um pouco mais radical”. “O Mercosul foi uma grande iniciativa, mas chegou o momento da gente ser mais ambicioso nas nossas pretensões regionais”, defendeu.

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