BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou nesta sexta-feira, 19, que a equipe econômica vai insistir na reoneração gradual da folha de pagamentos, embora o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tenha dito nesta manhã que a medida provisória (MP) que retoma impostos sobre salários será revogada.
Questionado por jornalistas, Haddad não quis responder diretamente se a iniciativa citada por Pacheco já havia sido acertada com o governo, e afirmou que ainda não conseguiu falar com o presidente do Senado após a declaração dada mais cedo, na Suíça. “Eu tentei falar com Pacheco depois da fala e não consegui”, disse.
Segundo Haddad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda quer conversar com o senador sobre o tema. Na visão do chefe da equipe econômica, o entendimento de Pacheco é de que os quatro temas tratados na MP editada no final do ano - reoneração da folha, benefício previdenciário a prefeituras, limitação ao uso de créditos tributários obtidos na Justiça e extinção gradual do Perse (programa emergencial para o setor de eventos) - deveriam ser endereçados separadamente ao Congresso.
“O que estou dizendo, o que o presidente Pacheco falou, e levei a Lula, é que, dos quatro temas, dois ainda não foram tratados pelo congresso (créditos e Perse), e dois poderiam ser tratados de outra forma. Falei isso a Lula, e Lula disse ‘quero me sentar para discutir isso’, e isso sobre a forma, não o mérito”, afirmou Haddad.
Segundo o ministro, a negociação sobre o conteúdo da medida provisória que prevê a reoneração gradual da folha de pagamentos “ainda não começou”, mesmo após a declaração do presidente do Senado.
Perguntado também sobre a reunião que teve com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na noite de ontem, o chefe da equipe econômica afirmou que o encontro tratou de “princípios”.
Segundo o ministro, Lira indicou que, na semana antes do início dos trabalhos legislativos, chamará os líderes da Casa para uma reunião com a Fazenda sobre o assunto. “Agora temos reuniões com líderes das duas Casas. Lira se comprometeu a chamar, agora, na semana anterior ao início dos trabalhos no Congresso. Ele deve chamar líderes e vamos apresentar esse princípio (de diluição de benefícios ao longo do tempo) como regra geral, e vamos fazer como sempre. Tudo sempre foi negociado, de forma transparente, às vezes as pessoas falam ‘Ministério da Fazenda conseguiu aprovar tudo o que queria’, mas conseguiu tudo depois de negociação, não saiu conforme chegou no Congresso”, afirmou Haddad.