BRASÍLIA - O ministro da Fazenda Fernando Haddad prometeu trabalhar com toda ênfase na recuperação das contas públicas, combater a inflação, democratizar o acesso ao crédito e enviar ainda no primeiro semestre a proposta de uma nova regra para substituir o teto de gastos. Haddad, que tomou posse nesta terça-feira, 2, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), disse que um “Estado forte não é um Estado grande ou obeso”.
“Ouso dizer, sem o receio de cometer exageros: Estamos mais próximos da necessidade de reconstruir uma casa do que simplesmente arrumá-la”, afirmou. “Não estamos aqui para aventuras. Estamos aqui para assegurar que o País volte a crescer para suprir as necessidades da população em saúde, educação, no âmbito social e, ao mesmo tempo, para garantir equilíbrio e sustentabilidade fiscal.”
Ele disse que a equipe econômica composta por quatro ministros é uma “rede de postos e não um posto Ipiranga”, em alusão ao ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, que era chamado dessa forma pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. “Não somos dogmáticos, somos pragmáticos. Me sinto confortável em equipe de Alckmin (ministro da Indústria), Tebet (ministra do Planejamento) e Dweck (ministra de Gestão). Se antes havia um posto Ipiranga, agora somos uma rede de postos. Não existe mágica nem malabarismos financeiros, nem bala de prata”, afirmou.
Haddad disse ainda que o fim do orçamento secreto, esquema de compra de apoio político revelado pelo Estadão e declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), é ponto de partida para “recuperar o País”.
Desafios do novo governo
O ministro da Fazenda criticou as medidas econômicas adotados no último ano da gestão Bolsonaro. “Os atos na política econômica do País em 2022 foram dos golpes mais duros que eles desferiram contra o povo, eleitoreiramente. Não apenas contrariam o bom senso; foram deliberadamente irresponsáveis para tentar evitar o inevitável: acabar com esse projeto autoritário”, afirmou.
“Além disso, também distribuíram benesses e desonerações fiscais para empresas, desobedecendo qualquer critério que não fosse ganhar a eleição a todo custo. E o custo é esse: 3% do PIB gastos em aumento irresponsável de dispêndios e em renúncia fiscal”, disse. “Não aceitaremos um resultado primário que não seja melhor do que os absurdos 220 bilhões de déficit previstos no Orçamento para 2023.”
O ministro disse ainda que “não gosta de trabalhar com remendos” e que irá apresentar ainda na primeira semana de governo as medidas econômicas necessárias para retomar a confiança de investidores. “O que nós precisamos é de uma politica ganha-ganha para o povo e para os investidores”, afirmou. “Buscaremos também um sistema tributário mais transparente.”
O ministro agradeceu aos deputados e senadores presentes pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição da Transição. “Ela agradou a alguns e desagradou a outros. Mas, sem ela, o campeonato não seria organizado. Não se trata de Fla Flu. Está consignado na lei o tamanho do problema. Não estamos vamos mentindo pra população que o déficit vai ser de R$ 160 bilhões se ele vai ser de R$ 200 bilhões.”