Ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central

Opinião|Diálogo com agências de classificação de risco é positivo, mas números do Brasil não são bons


É difícil que as agências avaliem melhor um país emergente com dívida pública de 78% do PIB e perspectiva de alta devido a despesas em expansão

Por Henrique Meirelles

Lancei na semana passada meu livro de memórias, Calma sob Pressão (Editora Planeta), no qual conto o que aprendi comandando um banco internacional, o Banco Central e o Ministério da Fazenda. Ao rever minha carreira, fico feliz em notar que algumas das iniciativas que tomei estão implementadas ou fazem parte do debate nacional.

Tive o prazer de receber na livraria Travessa o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o futuro, Gabriel Galípolo. Campos Neto é o primeiro presidente de um BC autônomo e, ao lado de Galípolo, vive a primeira transição neste modelo, aprovado em 2021. Foi um caminho longo. Em 2002, quando aceitei o convite do então presidente eleito Lula para ser presidente do Banco Central, coloquei como importante a ideia do BC independente.

”Mas... independência?”, me disse Lula. Expliquei que os principais bancos centrais do mundo eram independentes, o que assegura maior estabilidade à economia. Na ocasião, o governo mandou um projeto de autonomia do BC ao Congresso, mas não havia condições de aprovação. Num acordo com Lula, agi com independência por oito anos e o Brasil cresceu em média 4% ao ano com a inflação sob controle.

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Lula e Haddad encontraram-se em Nova York com representantes das três maiores agências de classificação de risco Foto: Wilton Junior/Estadão

Outra questão que sempre defendi, a responsabilidade fiscal, está mais do que atual. Na semana passada, o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, encontraram-se em Nova York com representantes das três maiores agências de classificação de risco. É muito positivo o diálogo. Mas as agências analisam números — e os números do Brasil não são bons.

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O Brasil conquistou em 2008 o investment grade, quando eu estava no BC e Lula no seu segundo mandato. Perdeu em 2015, devido ao descontrole dos gastos, que levou à pior crise que o País já viveu. A partir de 2016, com o teto de gastos que implantamos, o País saiu da crise. O Brasil está hoje dois degraus abaixo do investment grade. Voltar a ele vai exigir ações que ainda não estão no horizonte.

É difícil que as agências avaliem melhor um país emergente com dívida pública de 78% do PIB e perspectiva de alta devido a despesas em expansão. O governo deu um passo importante ao implantar o arcabouço fiscal. Mas, nos últimos dias, aumentaram as críticas à execução fiscal. Com exceção de um pente-fino em programas sociais e dois bloqueios e contingenciamentos, o governo não tem um programa para reduzir gastos e mudar a trajetória da dívida pública. É importante para o País que este programa seja desenvolvido e implementado.

*

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Agradeço aos que estiveram na livraria Travessa na noite de lançamento do livro. Foi um prazer receber a todos.

Lancei na semana passada meu livro de memórias, Calma sob Pressão (Editora Planeta), no qual conto o que aprendi comandando um banco internacional, o Banco Central e o Ministério da Fazenda. Ao rever minha carreira, fico feliz em notar que algumas das iniciativas que tomei estão implementadas ou fazem parte do debate nacional.

Tive o prazer de receber na livraria Travessa o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o futuro, Gabriel Galípolo. Campos Neto é o primeiro presidente de um BC autônomo e, ao lado de Galípolo, vive a primeira transição neste modelo, aprovado em 2021. Foi um caminho longo. Em 2002, quando aceitei o convite do então presidente eleito Lula para ser presidente do Banco Central, coloquei como importante a ideia do BC independente.

”Mas... independência?”, me disse Lula. Expliquei que os principais bancos centrais do mundo eram independentes, o que assegura maior estabilidade à economia. Na ocasião, o governo mandou um projeto de autonomia do BC ao Congresso, mas não havia condições de aprovação. Num acordo com Lula, agi com independência por oito anos e o Brasil cresceu em média 4% ao ano com a inflação sob controle.

Lula e Haddad encontraram-se em Nova York com representantes das três maiores agências de classificação de risco Foto: Wilton Junior/Estadão

Outra questão que sempre defendi, a responsabilidade fiscal, está mais do que atual. Na semana passada, o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, encontraram-se em Nova York com representantes das três maiores agências de classificação de risco. É muito positivo o diálogo. Mas as agências analisam números — e os números do Brasil não são bons.

O Brasil conquistou em 2008 o investment grade, quando eu estava no BC e Lula no seu segundo mandato. Perdeu em 2015, devido ao descontrole dos gastos, que levou à pior crise que o País já viveu. A partir de 2016, com o teto de gastos que implantamos, o País saiu da crise. O Brasil está hoje dois degraus abaixo do investment grade. Voltar a ele vai exigir ações que ainda não estão no horizonte.

É difícil que as agências avaliem melhor um país emergente com dívida pública de 78% do PIB e perspectiva de alta devido a despesas em expansão. O governo deu um passo importante ao implantar o arcabouço fiscal. Mas, nos últimos dias, aumentaram as críticas à execução fiscal. Com exceção de um pente-fino em programas sociais e dois bloqueios e contingenciamentos, o governo não tem um programa para reduzir gastos e mudar a trajetória da dívida pública. É importante para o País que este programa seja desenvolvido e implementado.

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Agradeço aos que estiveram na livraria Travessa na noite de lançamento do livro. Foi um prazer receber a todos.

Lancei na semana passada meu livro de memórias, Calma sob Pressão (Editora Planeta), no qual conto o que aprendi comandando um banco internacional, o Banco Central e o Ministério da Fazenda. Ao rever minha carreira, fico feliz em notar que algumas das iniciativas que tomei estão implementadas ou fazem parte do debate nacional.

Tive o prazer de receber na livraria Travessa o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o futuro, Gabriel Galípolo. Campos Neto é o primeiro presidente de um BC autônomo e, ao lado de Galípolo, vive a primeira transição neste modelo, aprovado em 2021. Foi um caminho longo. Em 2002, quando aceitei o convite do então presidente eleito Lula para ser presidente do Banco Central, coloquei como importante a ideia do BC independente.

”Mas... independência?”, me disse Lula. Expliquei que os principais bancos centrais do mundo eram independentes, o que assegura maior estabilidade à economia. Na ocasião, o governo mandou um projeto de autonomia do BC ao Congresso, mas não havia condições de aprovação. Num acordo com Lula, agi com independência por oito anos e o Brasil cresceu em média 4% ao ano com a inflação sob controle.

Lula e Haddad encontraram-se em Nova York com representantes das três maiores agências de classificação de risco Foto: Wilton Junior/Estadão

Outra questão que sempre defendi, a responsabilidade fiscal, está mais do que atual. Na semana passada, o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, encontraram-se em Nova York com representantes das três maiores agências de classificação de risco. É muito positivo o diálogo. Mas as agências analisam números — e os números do Brasil não são bons.

O Brasil conquistou em 2008 o investment grade, quando eu estava no BC e Lula no seu segundo mandato. Perdeu em 2015, devido ao descontrole dos gastos, que levou à pior crise que o País já viveu. A partir de 2016, com o teto de gastos que implantamos, o País saiu da crise. O Brasil está hoje dois degraus abaixo do investment grade. Voltar a ele vai exigir ações que ainda não estão no horizonte.

É difícil que as agências avaliem melhor um país emergente com dívida pública de 78% do PIB e perspectiva de alta devido a despesas em expansão. O governo deu um passo importante ao implantar o arcabouço fiscal. Mas, nos últimos dias, aumentaram as críticas à execução fiscal. Com exceção de um pente-fino em programas sociais e dois bloqueios e contingenciamentos, o governo não tem um programa para reduzir gastos e mudar a trajetória da dívida pública. É importante para o País que este programa seja desenvolvido e implementado.

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Agradeço aos que estiveram na livraria Travessa na noite de lançamento do livro. Foi um prazer receber a todos.

Lancei na semana passada meu livro de memórias, Calma sob Pressão (Editora Planeta), no qual conto o que aprendi comandando um banco internacional, o Banco Central e o Ministério da Fazenda. Ao rever minha carreira, fico feliz em notar que algumas das iniciativas que tomei estão implementadas ou fazem parte do debate nacional.

Tive o prazer de receber na livraria Travessa o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o futuro, Gabriel Galípolo. Campos Neto é o primeiro presidente de um BC autônomo e, ao lado de Galípolo, vive a primeira transição neste modelo, aprovado em 2021. Foi um caminho longo. Em 2002, quando aceitei o convite do então presidente eleito Lula para ser presidente do Banco Central, coloquei como importante a ideia do BC independente.

”Mas... independência?”, me disse Lula. Expliquei que os principais bancos centrais do mundo eram independentes, o que assegura maior estabilidade à economia. Na ocasião, o governo mandou um projeto de autonomia do BC ao Congresso, mas não havia condições de aprovação. Num acordo com Lula, agi com independência por oito anos e o Brasil cresceu em média 4% ao ano com a inflação sob controle.

Lula e Haddad encontraram-se em Nova York com representantes das três maiores agências de classificação de risco Foto: Wilton Junior/Estadão

Outra questão que sempre defendi, a responsabilidade fiscal, está mais do que atual. Na semana passada, o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, encontraram-se em Nova York com representantes das três maiores agências de classificação de risco. É muito positivo o diálogo. Mas as agências analisam números — e os números do Brasil não são bons.

O Brasil conquistou em 2008 o investment grade, quando eu estava no BC e Lula no seu segundo mandato. Perdeu em 2015, devido ao descontrole dos gastos, que levou à pior crise que o País já viveu. A partir de 2016, com o teto de gastos que implantamos, o País saiu da crise. O Brasil está hoje dois degraus abaixo do investment grade. Voltar a ele vai exigir ações que ainda não estão no horizonte.

É difícil que as agências avaliem melhor um país emergente com dívida pública de 78% do PIB e perspectiva de alta devido a despesas em expansão. O governo deu um passo importante ao implantar o arcabouço fiscal. Mas, nos últimos dias, aumentaram as críticas à execução fiscal. Com exceção de um pente-fino em programas sociais e dois bloqueios e contingenciamentos, o governo não tem um programa para reduzir gastos e mudar a trajetória da dívida pública. É importante para o País que este programa seja desenvolvido e implementado.

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Agradeço aos que estiveram na livraria Travessa na noite de lançamento do livro. Foi um prazer receber a todos.

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