Ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central

Opinião|Sem controlar a inflação, será impossível Argentina voltar a crescer para acumular reservas


Inflação na Argentina atingiu a taxa anual de 254%, a maior em mais de 30 anos

Por Henrique Meirelles

No momento, a inflação na Argentina atingiu a taxa anual de 254%, a maior em mais de 30 anos. Quando o leitor do Estadão estiver lendo este texto, este número será diferente, dado o descontrole que leva ao aumento contínuo dos preços. É um mal que desorganiza toda a economia e desvaloriza o dinheiro nas mãos dos cidadãos, que empobrecem.

O início de governo de Javier Milei é conturbado por medidas para tentar debelar a hiperinflação. É cedo para avaliar. O importante é saber que não existe outra forma de acabar com a inflação que não seja com um ataque direto às suas causas, não aos sintomas. É uma equação difícil de realizar, que exige boa relação com o Congresso para implementar medidas de controle de gastos públicos, uma das fraquezas do país.

Uma mulher recebe um saco de panetone fora de uma cozinha comunitária, no bairro de classe trabalhadora Villa Fiorito, nos arredores de Buenos Aires, Argentina, em 13 de fevereiro de 2024  Foto: Martin Cossarini / REUTERS
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Desde a década de 1980, quando fui presidente do BankBoston no Brasil e passei a lidar com economia argentina, vi quase todos os governos tentarem planos mirabolantes, a maioria deles com congelamento de preços. Todos deram errado. O governo pode tentar acabar com a inflação por decreto, mas ela não obedece.

Na Argentina, parecido com o Brasil das décadas de 1980 e 90, os principais problemas são o gasto público fora de controle e a falta de reservas para pagar compromissos internacionais. O governo de Milei é minoria no Congresso e não conseguiu aprovar toda a chamada “lei ônibus”, com várias medidas econômicas.

O governo ainda não estabeleceu um diálogo franco com o Congresso para unir a todos em torno de um projeto para controlar gastos. Não se faz isso sem um bom plano e sem apoio político. Falo com conhecimento de causa. Como ministro da Fazenda no governo Michel Temer, apresentei ao Congresso a lei do Teto de Gastos. Foi uma negociação dura, que exigiu convencer o Congresso que seria pior manter as coisas como estavam, do que pagar o preço do esforço fiscal.

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Valeu a pena. O teto interrompeu um período de dez anos de crescimento descontrolado do gasto público. Foi a principal forma de sair da crise de 2014-16, quando o PIB caiu 5,2% entre junho de 2015 e maio de 2016, e voltar a crescer.

Há décadas a Argentina tem uma cultura de gastos públicos fora de controle, que leva a déficits resolvidos com emissão de moeda e endividamento. Sem controlar a inflação, será impossível o país voltar a crescer para acumular reservas – essenciais para acabar com outro problema, que é a falta de dólares para pagar compromissos internacionais.

É muito mais difícil de fazer do que congelar preços, mas os resultados são efetivos e duradouros.

No momento, a inflação na Argentina atingiu a taxa anual de 254%, a maior em mais de 30 anos. Quando o leitor do Estadão estiver lendo este texto, este número será diferente, dado o descontrole que leva ao aumento contínuo dos preços. É um mal que desorganiza toda a economia e desvaloriza o dinheiro nas mãos dos cidadãos, que empobrecem.

O início de governo de Javier Milei é conturbado por medidas para tentar debelar a hiperinflação. É cedo para avaliar. O importante é saber que não existe outra forma de acabar com a inflação que não seja com um ataque direto às suas causas, não aos sintomas. É uma equação difícil de realizar, que exige boa relação com o Congresso para implementar medidas de controle de gastos públicos, uma das fraquezas do país.

Uma mulher recebe um saco de panetone fora de uma cozinha comunitária, no bairro de classe trabalhadora Villa Fiorito, nos arredores de Buenos Aires, Argentina, em 13 de fevereiro de 2024  Foto: Martin Cossarini / REUTERS

Desde a década de 1980, quando fui presidente do BankBoston no Brasil e passei a lidar com economia argentina, vi quase todos os governos tentarem planos mirabolantes, a maioria deles com congelamento de preços. Todos deram errado. O governo pode tentar acabar com a inflação por decreto, mas ela não obedece.

Na Argentina, parecido com o Brasil das décadas de 1980 e 90, os principais problemas são o gasto público fora de controle e a falta de reservas para pagar compromissos internacionais. O governo de Milei é minoria no Congresso e não conseguiu aprovar toda a chamada “lei ônibus”, com várias medidas econômicas.

O governo ainda não estabeleceu um diálogo franco com o Congresso para unir a todos em torno de um projeto para controlar gastos. Não se faz isso sem um bom plano e sem apoio político. Falo com conhecimento de causa. Como ministro da Fazenda no governo Michel Temer, apresentei ao Congresso a lei do Teto de Gastos. Foi uma negociação dura, que exigiu convencer o Congresso que seria pior manter as coisas como estavam, do que pagar o preço do esforço fiscal.

Valeu a pena. O teto interrompeu um período de dez anos de crescimento descontrolado do gasto público. Foi a principal forma de sair da crise de 2014-16, quando o PIB caiu 5,2% entre junho de 2015 e maio de 2016, e voltar a crescer.

Há décadas a Argentina tem uma cultura de gastos públicos fora de controle, que leva a déficits resolvidos com emissão de moeda e endividamento. Sem controlar a inflação, será impossível o país voltar a crescer para acumular reservas – essenciais para acabar com outro problema, que é a falta de dólares para pagar compromissos internacionais.

É muito mais difícil de fazer do que congelar preços, mas os resultados são efetivos e duradouros.

No momento, a inflação na Argentina atingiu a taxa anual de 254%, a maior em mais de 30 anos. Quando o leitor do Estadão estiver lendo este texto, este número será diferente, dado o descontrole que leva ao aumento contínuo dos preços. É um mal que desorganiza toda a economia e desvaloriza o dinheiro nas mãos dos cidadãos, que empobrecem.

O início de governo de Javier Milei é conturbado por medidas para tentar debelar a hiperinflação. É cedo para avaliar. O importante é saber que não existe outra forma de acabar com a inflação que não seja com um ataque direto às suas causas, não aos sintomas. É uma equação difícil de realizar, que exige boa relação com o Congresso para implementar medidas de controle de gastos públicos, uma das fraquezas do país.

Uma mulher recebe um saco de panetone fora de uma cozinha comunitária, no bairro de classe trabalhadora Villa Fiorito, nos arredores de Buenos Aires, Argentina, em 13 de fevereiro de 2024  Foto: Martin Cossarini / REUTERS

Desde a década de 1980, quando fui presidente do BankBoston no Brasil e passei a lidar com economia argentina, vi quase todos os governos tentarem planos mirabolantes, a maioria deles com congelamento de preços. Todos deram errado. O governo pode tentar acabar com a inflação por decreto, mas ela não obedece.

Na Argentina, parecido com o Brasil das décadas de 1980 e 90, os principais problemas são o gasto público fora de controle e a falta de reservas para pagar compromissos internacionais. O governo de Milei é minoria no Congresso e não conseguiu aprovar toda a chamada “lei ônibus”, com várias medidas econômicas.

O governo ainda não estabeleceu um diálogo franco com o Congresso para unir a todos em torno de um projeto para controlar gastos. Não se faz isso sem um bom plano e sem apoio político. Falo com conhecimento de causa. Como ministro da Fazenda no governo Michel Temer, apresentei ao Congresso a lei do Teto de Gastos. Foi uma negociação dura, que exigiu convencer o Congresso que seria pior manter as coisas como estavam, do que pagar o preço do esforço fiscal.

Valeu a pena. O teto interrompeu um período de dez anos de crescimento descontrolado do gasto público. Foi a principal forma de sair da crise de 2014-16, quando o PIB caiu 5,2% entre junho de 2015 e maio de 2016, e voltar a crescer.

Há décadas a Argentina tem uma cultura de gastos públicos fora de controle, que leva a déficits resolvidos com emissão de moeda e endividamento. Sem controlar a inflação, será impossível o país voltar a crescer para acumular reservas – essenciais para acabar com outro problema, que é a falta de dólares para pagar compromissos internacionais.

É muito mais difícil de fazer do que congelar preços, mas os resultados são efetivos e duradouros.

No momento, a inflação na Argentina atingiu a taxa anual de 254%, a maior em mais de 30 anos. Quando o leitor do Estadão estiver lendo este texto, este número será diferente, dado o descontrole que leva ao aumento contínuo dos preços. É um mal que desorganiza toda a economia e desvaloriza o dinheiro nas mãos dos cidadãos, que empobrecem.

O início de governo de Javier Milei é conturbado por medidas para tentar debelar a hiperinflação. É cedo para avaliar. O importante é saber que não existe outra forma de acabar com a inflação que não seja com um ataque direto às suas causas, não aos sintomas. É uma equação difícil de realizar, que exige boa relação com o Congresso para implementar medidas de controle de gastos públicos, uma das fraquezas do país.

Uma mulher recebe um saco de panetone fora de uma cozinha comunitária, no bairro de classe trabalhadora Villa Fiorito, nos arredores de Buenos Aires, Argentina, em 13 de fevereiro de 2024  Foto: Martin Cossarini / REUTERS

Desde a década de 1980, quando fui presidente do BankBoston no Brasil e passei a lidar com economia argentina, vi quase todos os governos tentarem planos mirabolantes, a maioria deles com congelamento de preços. Todos deram errado. O governo pode tentar acabar com a inflação por decreto, mas ela não obedece.

Na Argentina, parecido com o Brasil das décadas de 1980 e 90, os principais problemas são o gasto público fora de controle e a falta de reservas para pagar compromissos internacionais. O governo de Milei é minoria no Congresso e não conseguiu aprovar toda a chamada “lei ônibus”, com várias medidas econômicas.

O governo ainda não estabeleceu um diálogo franco com o Congresso para unir a todos em torno de um projeto para controlar gastos. Não se faz isso sem um bom plano e sem apoio político. Falo com conhecimento de causa. Como ministro da Fazenda no governo Michel Temer, apresentei ao Congresso a lei do Teto de Gastos. Foi uma negociação dura, que exigiu convencer o Congresso que seria pior manter as coisas como estavam, do que pagar o preço do esforço fiscal.

Valeu a pena. O teto interrompeu um período de dez anos de crescimento descontrolado do gasto público. Foi a principal forma de sair da crise de 2014-16, quando o PIB caiu 5,2% entre junho de 2015 e maio de 2016, e voltar a crescer.

Há décadas a Argentina tem uma cultura de gastos públicos fora de controle, que leva a déficits resolvidos com emissão de moeda e endividamento. Sem controlar a inflação, será impossível o país voltar a crescer para acumular reservas – essenciais para acabar com outro problema, que é a falta de dólares para pagar compromissos internacionais.

É muito mais difícil de fazer do que congelar preços, mas os resultados são efetivos e duradouros.

No momento, a inflação na Argentina atingiu a taxa anual de 254%, a maior em mais de 30 anos. Quando o leitor do Estadão estiver lendo este texto, este número será diferente, dado o descontrole que leva ao aumento contínuo dos preços. É um mal que desorganiza toda a economia e desvaloriza o dinheiro nas mãos dos cidadãos, que empobrecem.

O início de governo de Javier Milei é conturbado por medidas para tentar debelar a hiperinflação. É cedo para avaliar. O importante é saber que não existe outra forma de acabar com a inflação que não seja com um ataque direto às suas causas, não aos sintomas. É uma equação difícil de realizar, que exige boa relação com o Congresso para implementar medidas de controle de gastos públicos, uma das fraquezas do país.

Uma mulher recebe um saco de panetone fora de uma cozinha comunitária, no bairro de classe trabalhadora Villa Fiorito, nos arredores de Buenos Aires, Argentina, em 13 de fevereiro de 2024  Foto: Martin Cossarini / REUTERS

Desde a década de 1980, quando fui presidente do BankBoston no Brasil e passei a lidar com economia argentina, vi quase todos os governos tentarem planos mirabolantes, a maioria deles com congelamento de preços. Todos deram errado. O governo pode tentar acabar com a inflação por decreto, mas ela não obedece.

Na Argentina, parecido com o Brasil das décadas de 1980 e 90, os principais problemas são o gasto público fora de controle e a falta de reservas para pagar compromissos internacionais. O governo de Milei é minoria no Congresso e não conseguiu aprovar toda a chamada “lei ônibus”, com várias medidas econômicas.

O governo ainda não estabeleceu um diálogo franco com o Congresso para unir a todos em torno de um projeto para controlar gastos. Não se faz isso sem um bom plano e sem apoio político. Falo com conhecimento de causa. Como ministro da Fazenda no governo Michel Temer, apresentei ao Congresso a lei do Teto de Gastos. Foi uma negociação dura, que exigiu convencer o Congresso que seria pior manter as coisas como estavam, do que pagar o preço do esforço fiscal.

Valeu a pena. O teto interrompeu um período de dez anos de crescimento descontrolado do gasto público. Foi a principal forma de sair da crise de 2014-16, quando o PIB caiu 5,2% entre junho de 2015 e maio de 2016, e voltar a crescer.

Há décadas a Argentina tem uma cultura de gastos públicos fora de controle, que leva a déficits resolvidos com emissão de moeda e endividamento. Sem controlar a inflação, será impossível o país voltar a crescer para acumular reservas – essenciais para acabar com outro problema, que é a falta de dólares para pagar compromissos internacionais.

É muito mais difícil de fazer do que congelar preços, mas os resultados são efetivos e duradouros.

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