Ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central

Opinião|Como não baixar os juros


O caminho para reduzir juros não passa por desejos ou pressões, mas por trabalho duro

Por Henrique Meirelles
Atualização:

Vez ou outra, integrantes do governo fazem pressão para que o Banco Central baixe juros. O desejo é natural. Em tese, juros mais baixos fazem bem à popularidade dos governos. Durante minha gestão de oito anos no BC, fazia parte da rotina a pressão para reduzir a taxa Selic. Por conta desta longa experiência, eu digo: não há nada mais ineficiente para reduzir juros do que fazer pressão sobre a autoridade monetária – ainda mais quando ela é autônoma, inclusive com garantia em lei.

O Copom decidiu na semana passada manter a taxa de juros em 13,75% ao ano, por enxergar incertezas no campo fiscal e expectativas de inflação em alta. É uma decisão acertada diante do cenário atual, no qual ainda há dúvidas sobre como será a política fiscal do governo e com as projeções de inflação para 2023 e 2024 se distanciando das metas.

Banco Central está sob pressão Foto: Dida Sampaio/Estadão
continua após a publicidade

Dias antes da reunião, o governo fez pressão sobre o BC. O presidente Lula questionou a eficiência da independência do BC, criticou os juros altos e falou sobre metas de inflação mais altas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também falou indiretamente sobre os juros. É compreensível do ponto de vista político, mas tem efeito contrário, causando aumento das expectativas de inflação e dificultando a queda dos juros. O Banco Central, que já atua com independência desde a minha gestão (2003 a 2011), agora tem autonomia garantida em lei. Caso atendesse a vontades de governantes, o BC deixaria de ser autoridade diante dos agentes e colocaria em risco toda a economia brasileira.

Uma autoridade monetária sem autoridade sobre a política monetária gera danos severos ao país. Um exemplo basta: por anos, o Fed, banco central americano, fez as vontades do presidente Richard Nixon e manteve os juros baixos artificialmente. A inflação americana atingiu patamares inaceitáveis, e foi necessário que outro chairman do Fed, Paul Volker, levasse os juros à casa dos 20% e gerasse uma recessão na década de 1980 para domar a inflação e reequilibrar a economia.

continua após a publicidade

Os juros não são altos por vontade do Banco Central, mas para controlar a inflação. O caminho para a redução dos juros não passa por desejos ou pressões, mas por trabalho duro. É preciso cortar gastos para interromper a desconfiança em relação à capacidade de pagamento do País e parar de alimentar a inflação. O governo precisa apresentar uma nova regra fiscal objetiva e efetiva. Se o trabalho for bem feito, o resultado é garantido. Implantado na minha gestão no Ministério da Fazenda em 2016, o teto de gastos criou condições para a Selic atingir os níveis mais baixos da história.

Vez ou outra, integrantes do governo fazem pressão para que o Banco Central baixe juros. O desejo é natural. Em tese, juros mais baixos fazem bem à popularidade dos governos. Durante minha gestão de oito anos no BC, fazia parte da rotina a pressão para reduzir a taxa Selic. Por conta desta longa experiência, eu digo: não há nada mais ineficiente para reduzir juros do que fazer pressão sobre a autoridade monetária – ainda mais quando ela é autônoma, inclusive com garantia em lei.

O Copom decidiu na semana passada manter a taxa de juros em 13,75% ao ano, por enxergar incertezas no campo fiscal e expectativas de inflação em alta. É uma decisão acertada diante do cenário atual, no qual ainda há dúvidas sobre como será a política fiscal do governo e com as projeções de inflação para 2023 e 2024 se distanciando das metas.

Banco Central está sob pressão Foto: Dida Sampaio/Estadão

Dias antes da reunião, o governo fez pressão sobre o BC. O presidente Lula questionou a eficiência da independência do BC, criticou os juros altos e falou sobre metas de inflação mais altas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também falou indiretamente sobre os juros. É compreensível do ponto de vista político, mas tem efeito contrário, causando aumento das expectativas de inflação e dificultando a queda dos juros. O Banco Central, que já atua com independência desde a minha gestão (2003 a 2011), agora tem autonomia garantida em lei. Caso atendesse a vontades de governantes, o BC deixaria de ser autoridade diante dos agentes e colocaria em risco toda a economia brasileira.

Uma autoridade monetária sem autoridade sobre a política monetária gera danos severos ao país. Um exemplo basta: por anos, o Fed, banco central americano, fez as vontades do presidente Richard Nixon e manteve os juros baixos artificialmente. A inflação americana atingiu patamares inaceitáveis, e foi necessário que outro chairman do Fed, Paul Volker, levasse os juros à casa dos 20% e gerasse uma recessão na década de 1980 para domar a inflação e reequilibrar a economia.

Os juros não são altos por vontade do Banco Central, mas para controlar a inflação. O caminho para a redução dos juros não passa por desejos ou pressões, mas por trabalho duro. É preciso cortar gastos para interromper a desconfiança em relação à capacidade de pagamento do País e parar de alimentar a inflação. O governo precisa apresentar uma nova regra fiscal objetiva e efetiva. Se o trabalho for bem feito, o resultado é garantido. Implantado na minha gestão no Ministério da Fazenda em 2016, o teto de gastos criou condições para a Selic atingir os níveis mais baixos da história.

Vez ou outra, integrantes do governo fazem pressão para que o Banco Central baixe juros. O desejo é natural. Em tese, juros mais baixos fazem bem à popularidade dos governos. Durante minha gestão de oito anos no BC, fazia parte da rotina a pressão para reduzir a taxa Selic. Por conta desta longa experiência, eu digo: não há nada mais ineficiente para reduzir juros do que fazer pressão sobre a autoridade monetária – ainda mais quando ela é autônoma, inclusive com garantia em lei.

O Copom decidiu na semana passada manter a taxa de juros em 13,75% ao ano, por enxergar incertezas no campo fiscal e expectativas de inflação em alta. É uma decisão acertada diante do cenário atual, no qual ainda há dúvidas sobre como será a política fiscal do governo e com as projeções de inflação para 2023 e 2024 se distanciando das metas.

Banco Central está sob pressão Foto: Dida Sampaio/Estadão

Dias antes da reunião, o governo fez pressão sobre o BC. O presidente Lula questionou a eficiência da independência do BC, criticou os juros altos e falou sobre metas de inflação mais altas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também falou indiretamente sobre os juros. É compreensível do ponto de vista político, mas tem efeito contrário, causando aumento das expectativas de inflação e dificultando a queda dos juros. O Banco Central, que já atua com independência desde a minha gestão (2003 a 2011), agora tem autonomia garantida em lei. Caso atendesse a vontades de governantes, o BC deixaria de ser autoridade diante dos agentes e colocaria em risco toda a economia brasileira.

Uma autoridade monetária sem autoridade sobre a política monetária gera danos severos ao país. Um exemplo basta: por anos, o Fed, banco central americano, fez as vontades do presidente Richard Nixon e manteve os juros baixos artificialmente. A inflação americana atingiu patamares inaceitáveis, e foi necessário que outro chairman do Fed, Paul Volker, levasse os juros à casa dos 20% e gerasse uma recessão na década de 1980 para domar a inflação e reequilibrar a economia.

Os juros não são altos por vontade do Banco Central, mas para controlar a inflação. O caminho para a redução dos juros não passa por desejos ou pressões, mas por trabalho duro. É preciso cortar gastos para interromper a desconfiança em relação à capacidade de pagamento do País e parar de alimentar a inflação. O governo precisa apresentar uma nova regra fiscal objetiva e efetiva. Se o trabalho for bem feito, o resultado é garantido. Implantado na minha gestão no Ministério da Fazenda em 2016, o teto de gastos criou condições para a Selic atingir os níveis mais baixos da história.

Opinião por Henrique Meirelles

Ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.