Em uma extensa reportagem publicada neste sábado, 22, o jornal Wall Street Journal mostra mais detalhes de um dos objetos mais cobiçados do mercado de luxo: a bolsa Birkin, da Hermès. Segundo o texto, a peça tem custo estimado de US$ 1 mil, e é vendida a US$ 11,4 mil na loja.
Porém, minutos após ser adquirida, ela pode ser revendida por até US$ 32 mil. Isso ocorre, segundo o jornal, pelo impacto que o produto provocou na relação de poder entre comprador e vendedor, alterando esse equilíbrio.
A bolsa surgiu em 1984 após Jane Birkin e Jean-Louis Dumas, da Hermès, esboçarem o design juntos. Inicialmente, as Birkins não vendiam acima do preço de loja, mas a crise financeira entre 2008 e 2009 mudou isso, transformando a Birkin em um ativo alternativo valioso, segundo o Wall Street Journal.
A peça se tornou símbolo de status, sendo usada por personalidades como as Kardashians e Christine Lagarde são vistas com essas bolsas. A demanda sustentou a fortuna da família Hermès e criou um mercado de revenda lucrativo, diz o texto.
Compra difícil
Adquirir uma Birkin na loja Hermès exige mais do que dinheiro, diz o jornal, já que é preciso estabelecer um bom relacionamento com vendedores e gastar consideravelmente em outros produtos da marca.
Oficialmente a Hermès nega a necessidade de compras adicionais, mas colecionadores afirmam que isso é uma prática comum. A empresa, inclusive, já foi processada após denúncias de que ela só vendia a bolsa para quem gastasse mais.
O maior problema é que, mesmo gastando muito na loja, os compradores podem não conseguir a bolsa desejada, e isso cria uma oportunidade para revendedores, diz a reportagem.
Leia Também:
A Hermès controla rigorosamente a distribuição de Birkins, e a demanda por essas bolsas impulsiona as vendas de produtos Hermès que os clientes talvez não queiram. Celebridades ajudam a manter a popularidade da Birkin sem custos altos de marketing para a marca. No entanto, problemas surgem, como funcionários vendendo mais bolsas do que o permitido e compradores tentando subornar vendedores. A Hermès não quer eliminar os revendedores, pois isso prejudicaria a mística da bolsa, diz o jornal.
A Birkin é vista como um investimento, mas não necessariamente lucrativo. O custo de qualificação e a margem de lucro dos revendedores reduzem o retorno financeiro. Comparada a outros ativos, como arte e ações da própria Hermès, a Birkin não se destaca tanto em valorização. Ainda assim, a exclusividade e o simbolismo de status fazem da Birkin um objeto de desejo, com compradores aceitando longas esperas para obtê-la.
O uso da Birkin também simboliza status. Alguns a tratam com extremo cuidado, enquanto outros, como a supermodelo Irina Shayk, mostram casualidade com suas bolsas valiosas. Jane Birkin personalizava suas bolsas de forma única, aumentando seu valor em leilões. Rivais como Louis Vuitton e Chanel tentam competir, mas a Birkin permanece um ícone seguro no mundo das bolsas de luxo, diz o The Wall Street Journal.