Funcionários voltam ao trabalho presencial, mas são demitidos online


Para especialistas, desligamento remoto é desumano e uma falta de respeito com os trabalhadores da empresa

Por Helaine Olen

THE WASHINGTON POST- Quando o CEO do McDonald’s, Chris Kempczinski, exigiu que os funcionários corporativos da cadeia de fast-food voltassem ao escritório três dias por semana em 2021, ele defendeu os benefícios do contato pessoal direto. “No fim das contas, somos um negócio presencial”, disse ele. “Você perde algo da cultura, perde parte da conexão ao ficar tão remoto.”

Mas, aparentemente, isso não se aplica quando o assunto é demitir as pessoas. Recentemente, o McDonald’s pediu que todos os seus funcionários corporativos trabalhassem remotamente, em uma semana específica, para que a empresa pudesse demitir centenas deles – por Zoom, usando outras opções de reunião por computador ou o telefone.

Funcionários do Twitter, de Elon Musk, descobriram que foram demitidos ao não conseguir acessar a rede social Foto: Dado Ruvic/Reuters
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”É quase como dizer, Isso é o que você quer. Você quer mais oportunidades remotas. Bem, também podemos recorrer ao trabalho remoto quando for conveniente para nós”, diz Mark Bolino, professor do Price College of Business da Universidade de Oklahoma. “Há algo nisso que parece um pouco contraditório.”

O trabalho remoto surgiu como um ponto crítico do movimento de empoderamento dos trabalhadores que passamos a chamar de a “Grande Renúncia”. Três anos depois do início da pandemia, a ocupação dos escritórios nos Estados Unidos está em torno de 50% do padrão de antes da covid, segundo a empresa de segurança Kastle Systems.

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Os empregadores, em sua maioria, gostariam de ver um retorno maior dos funcionários, alegando que o trabalho remoto prejudica tudo, desde a espontaneidade dos trabalhadores até a quantidade de tempo que eles trabalham. Mas muitos funcionários discordam. Eles chamam a atenção para as pesquisas mostrando que sem o incômodo do deslocamento, estão dedicando mais tempo ao trabalho.

Entretanto, inúmeros CEOs têm aparecido na mídia para prever que veremos menos trabalho remoto à medida que a taxa de emprego diminui – e eles falam isso num tom que muitas vezes soa punitivo. “Conforme você entra em uma recessão e as pessoas temem não ter um emprego, isso as trará de volta ao escritório”, disse o empresário do setor imobiliário Stephen Ross. “Os funcionários vão reconhecer [...]que têm de fazer o que for preciso para manter o emprego e ganhar a vida.”

Ao mesmo tempo, os empregadores talvez gostem de pensar que estão fazendo o melhor por seus empregados, e a gigante dos hambúrgueres não é uma exceção. “O McDonald’s decidiu fechar nossos escritórios por uma questão de respeito”, disse uma fonte a par das demissões. “Todos nós já passamos por reestruturações, e nosso objetivo aqui era oferecer confidencialidade e respeito aos nossos colegas.”

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Demissão remota deixa o ex-funcionário completamente sozinho

Mas respeito não é o que transparece. As demissões remotas – principalmente por parte das organizações que exaltaram anteriormente as vantagens do trabalho presencial – possibilitam distância física e emocional às empresas, ao mesmo tempo que deixam o agora ex-funcionário completamente sozinho. “É mais uma camada de desumanização”, disse Barbara Larson, professora da D’Amore-McKim School of Business da Universidade Northeastern.

Inúmeras empresas e líderes ficaram conhecidos de forma negativa pela forma como lidaram com as demissões nesta era do trabalho remoto. Houve o caso de Vishal Garg, o CEO da credora de hipotecas Better.com, que fez o anúncio da demissão em massa de 900 funcionários via Zoom, informando-os de que estavam “sem sorte”. O da demissão remota do Google que chegou para uma mulher pouco após ela dar à luz. Depois, também houve o caso do Twitter de Elon Musk, onde alguns funcionários descobriram ter perdido seus empregos quando não conseguiram acessar suas contas na rede social, e outros foram, aparentemente, demitidos por engano.

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Ninguém quer que seu último contato com o empregador seja por Zoom, que do nada fecha. Não existe uma boa forma de despedir alguém, mas, como revelam as demissões remotas, existem aquelas que são piores do que outras.

Helaine Olen é autora de “Pound Foolish: Exposing the Dark Side of the Personal Finance Industry”. Ela faz parte do conselho consultivo da organização sem fins lucrativos Economic Hardship Reporting Project./TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

THE WASHINGTON POST- Quando o CEO do McDonald’s, Chris Kempczinski, exigiu que os funcionários corporativos da cadeia de fast-food voltassem ao escritório três dias por semana em 2021, ele defendeu os benefícios do contato pessoal direto. “No fim das contas, somos um negócio presencial”, disse ele. “Você perde algo da cultura, perde parte da conexão ao ficar tão remoto.”

Mas, aparentemente, isso não se aplica quando o assunto é demitir as pessoas. Recentemente, o McDonald’s pediu que todos os seus funcionários corporativos trabalhassem remotamente, em uma semana específica, para que a empresa pudesse demitir centenas deles – por Zoom, usando outras opções de reunião por computador ou o telefone.

Funcionários do Twitter, de Elon Musk, descobriram que foram demitidos ao não conseguir acessar a rede social Foto: Dado Ruvic/Reuters

”É quase como dizer, Isso é o que você quer. Você quer mais oportunidades remotas. Bem, também podemos recorrer ao trabalho remoto quando for conveniente para nós”, diz Mark Bolino, professor do Price College of Business da Universidade de Oklahoma. “Há algo nisso que parece um pouco contraditório.”

O trabalho remoto surgiu como um ponto crítico do movimento de empoderamento dos trabalhadores que passamos a chamar de a “Grande Renúncia”. Três anos depois do início da pandemia, a ocupação dos escritórios nos Estados Unidos está em torno de 50% do padrão de antes da covid, segundo a empresa de segurança Kastle Systems.

Os empregadores, em sua maioria, gostariam de ver um retorno maior dos funcionários, alegando que o trabalho remoto prejudica tudo, desde a espontaneidade dos trabalhadores até a quantidade de tempo que eles trabalham. Mas muitos funcionários discordam. Eles chamam a atenção para as pesquisas mostrando que sem o incômodo do deslocamento, estão dedicando mais tempo ao trabalho.

Entretanto, inúmeros CEOs têm aparecido na mídia para prever que veremos menos trabalho remoto à medida que a taxa de emprego diminui – e eles falam isso num tom que muitas vezes soa punitivo. “Conforme você entra em uma recessão e as pessoas temem não ter um emprego, isso as trará de volta ao escritório”, disse o empresário do setor imobiliário Stephen Ross. “Os funcionários vão reconhecer [...]que têm de fazer o que for preciso para manter o emprego e ganhar a vida.”

Ao mesmo tempo, os empregadores talvez gostem de pensar que estão fazendo o melhor por seus empregados, e a gigante dos hambúrgueres não é uma exceção. “O McDonald’s decidiu fechar nossos escritórios por uma questão de respeito”, disse uma fonte a par das demissões. “Todos nós já passamos por reestruturações, e nosso objetivo aqui era oferecer confidencialidade e respeito aos nossos colegas.”

Demissão remota deixa o ex-funcionário completamente sozinho

Mas respeito não é o que transparece. As demissões remotas – principalmente por parte das organizações que exaltaram anteriormente as vantagens do trabalho presencial – possibilitam distância física e emocional às empresas, ao mesmo tempo que deixam o agora ex-funcionário completamente sozinho. “É mais uma camada de desumanização”, disse Barbara Larson, professora da D’Amore-McKim School of Business da Universidade Northeastern.

Inúmeras empresas e líderes ficaram conhecidos de forma negativa pela forma como lidaram com as demissões nesta era do trabalho remoto. Houve o caso de Vishal Garg, o CEO da credora de hipotecas Better.com, que fez o anúncio da demissão em massa de 900 funcionários via Zoom, informando-os de que estavam “sem sorte”. O da demissão remota do Google que chegou para uma mulher pouco após ela dar à luz. Depois, também houve o caso do Twitter de Elon Musk, onde alguns funcionários descobriram ter perdido seus empregos quando não conseguiram acessar suas contas na rede social, e outros foram, aparentemente, demitidos por engano.

Ninguém quer que seu último contato com o empregador seja por Zoom, que do nada fecha. Não existe uma boa forma de despedir alguém, mas, como revelam as demissões remotas, existem aquelas que são piores do que outras.

Helaine Olen é autora de “Pound Foolish: Exposing the Dark Side of the Personal Finance Industry”. Ela faz parte do conselho consultivo da organização sem fins lucrativos Economic Hardship Reporting Project./TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

THE WASHINGTON POST- Quando o CEO do McDonald’s, Chris Kempczinski, exigiu que os funcionários corporativos da cadeia de fast-food voltassem ao escritório três dias por semana em 2021, ele defendeu os benefícios do contato pessoal direto. “No fim das contas, somos um negócio presencial”, disse ele. “Você perde algo da cultura, perde parte da conexão ao ficar tão remoto.”

Mas, aparentemente, isso não se aplica quando o assunto é demitir as pessoas. Recentemente, o McDonald’s pediu que todos os seus funcionários corporativos trabalhassem remotamente, em uma semana específica, para que a empresa pudesse demitir centenas deles – por Zoom, usando outras opções de reunião por computador ou o telefone.

Funcionários do Twitter, de Elon Musk, descobriram que foram demitidos ao não conseguir acessar a rede social Foto: Dado Ruvic/Reuters

”É quase como dizer, Isso é o que você quer. Você quer mais oportunidades remotas. Bem, também podemos recorrer ao trabalho remoto quando for conveniente para nós”, diz Mark Bolino, professor do Price College of Business da Universidade de Oklahoma. “Há algo nisso que parece um pouco contraditório.”

O trabalho remoto surgiu como um ponto crítico do movimento de empoderamento dos trabalhadores que passamos a chamar de a “Grande Renúncia”. Três anos depois do início da pandemia, a ocupação dos escritórios nos Estados Unidos está em torno de 50% do padrão de antes da covid, segundo a empresa de segurança Kastle Systems.

Os empregadores, em sua maioria, gostariam de ver um retorno maior dos funcionários, alegando que o trabalho remoto prejudica tudo, desde a espontaneidade dos trabalhadores até a quantidade de tempo que eles trabalham. Mas muitos funcionários discordam. Eles chamam a atenção para as pesquisas mostrando que sem o incômodo do deslocamento, estão dedicando mais tempo ao trabalho.

Entretanto, inúmeros CEOs têm aparecido na mídia para prever que veremos menos trabalho remoto à medida que a taxa de emprego diminui – e eles falam isso num tom que muitas vezes soa punitivo. “Conforme você entra em uma recessão e as pessoas temem não ter um emprego, isso as trará de volta ao escritório”, disse o empresário do setor imobiliário Stephen Ross. “Os funcionários vão reconhecer [...]que têm de fazer o que for preciso para manter o emprego e ganhar a vida.”

Ao mesmo tempo, os empregadores talvez gostem de pensar que estão fazendo o melhor por seus empregados, e a gigante dos hambúrgueres não é uma exceção. “O McDonald’s decidiu fechar nossos escritórios por uma questão de respeito”, disse uma fonte a par das demissões. “Todos nós já passamos por reestruturações, e nosso objetivo aqui era oferecer confidencialidade e respeito aos nossos colegas.”

Demissão remota deixa o ex-funcionário completamente sozinho

Mas respeito não é o que transparece. As demissões remotas – principalmente por parte das organizações que exaltaram anteriormente as vantagens do trabalho presencial – possibilitam distância física e emocional às empresas, ao mesmo tempo que deixam o agora ex-funcionário completamente sozinho. “É mais uma camada de desumanização”, disse Barbara Larson, professora da D’Amore-McKim School of Business da Universidade Northeastern.

Inúmeras empresas e líderes ficaram conhecidos de forma negativa pela forma como lidaram com as demissões nesta era do trabalho remoto. Houve o caso de Vishal Garg, o CEO da credora de hipotecas Better.com, que fez o anúncio da demissão em massa de 900 funcionários via Zoom, informando-os de que estavam “sem sorte”. O da demissão remota do Google que chegou para uma mulher pouco após ela dar à luz. Depois, também houve o caso do Twitter de Elon Musk, onde alguns funcionários descobriram ter perdido seus empregos quando não conseguiram acessar suas contas na rede social, e outros foram, aparentemente, demitidos por engano.

Ninguém quer que seu último contato com o empregador seja por Zoom, que do nada fecha. Não existe uma boa forma de despedir alguém, mas, como revelam as demissões remotas, existem aquelas que são piores do que outras.

Helaine Olen é autora de “Pound Foolish: Exposing the Dark Side of the Personal Finance Industry”. Ela faz parte do conselho consultivo da organização sem fins lucrativos Economic Hardship Reporting Project./TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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