Impressão é que situação do mercado de crédito não está chegando ao BC, diz Haddad


Segundo ministro, se novo arcabouço fiscal for aprovado com a credibilidade, Banco Central terá de ‘reagir à nova regra em algum momento’

Por Marianna Gualter e Giordanna Neves
Atualização:

SÃO PAULO E BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 3, ter a impressão de que o que está acontecendo no mercado de crédito brasileiro, sobretudo no mercado de capitais, não está chegando com inteireza ao Banco Central (BC). No final de março, o Copom ignorou as pressões e críticas do governo e manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano.

“Não faço parte do BC, mas é um tema recorrente em nossas conversas: ‘será que vocês estão considerando o que parece estar acontecendo no mercado de capitais?’”, disse, em entrevista à GloboNews.

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“Houve uma retração bem mais forte do que se supunha até o episódio das Americanas. Não vou dizer que o mercado externo afetou muito, mas afetou de alguma maneira – os spreads subiram, as emissões caíram e teve gente que não conseguiu se financiar no mercado de capitais e está recorrendo ao sistema bancário”, emendou.

O ministro afirmou haver sinais que precisam ser observados e que o BC não pode deixar de considerar medidas macroprudenciais. “Não no que diz respeito ao sistema bancário, mas o que vai acontecer com a economia real se (a situação) estiver um tom acima do que parece.”

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, que têm mantido as taxas de juros em 13,5% ao ano Foto: JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL
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Na entrevista, Haddad argumentou que a combinação entre política monetária e prudencial em outros bancos centrais do mundo é maior do que no Brasil, ao falar sobre o “sinal amarelo” aceso com os eventos do Silicon Valley Bank e do Credit Suisse.

Reação ao arcabouço fiscal

Segundo o ministro, se o novo arcabouço fiscal for aprovado com a credibilidade necessária, o BC terá de reagir à nova regra em algum momento.

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“A tese da harmonização do fiscal com o monetário tem que acontecer em algum momento do dia. Não é possível manter a taxa de juro indefinidamente com as projeções de inflação que hoje estão no mercado”, disse. “Não faz sentido manter a taxa de juros perto de 14,0%.”

Haddad afirmou que o espaço fiscal existente atualmente no País para garantir crescimento econômico deve vir do Banco Central. Ele citou dado do Datafolha, segundo o qual 80% dos brasileiros avaliam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva age bem ao pressionar a autoridade monetária a reduzir a taxa de juros.

“Não podemos aumentar a carga tributária em cima de quem paga, temos que aumentar em cima de quem não paga para equilibrar contas, permitir redução da taxa de juros e aí a economia brasileira vai crescer”, disse, durante a entrevista.

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Haddad afirmou que os investimentos privados, em um nível mais alto do que o ano passado, serão o caminho para a economia voltar a crescer. Em caso de queda dos investimentos, especialmente diante do patamar dos juros, os recursos públicos não vão compensar a perda, segundo ele.

O ministro voltou a dizer que existe espaço “bastante razoável”, à luz da experiência internacional, para reduzir os juros e negou estar fazendo pressão sobre o BC. “Espaço existe e é real”, enfatizou, ao dizer que existem milhares de empresários querendo investir no Brasil.

Nível ideal de juros

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Haddad evitou comentar sobre o patamar ideal de juros e disse que é preciso estar pilotando o Banco Central para fazer palpites. Ele ponderou, no entanto, que economistas renomados avaliam que, com quase 8% de juro real ou 6,5%, a depender da contagem, há espaço para corte de juros suficiente para a economia voltar a crescer.

“Com quase 8% de juro real ou 6,5% depende da contagem, se tem espaço para economia crescer, está aí, desde que Brasil se arrume um pouco, que é algo que estamos procurando fazer com despatrimonialização do orçamento público, que é reivindicada pelos liberais”, disse.

Ele evitou também estimar em qual período deve haver corte de juros.

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Encontro entre Campos Neto e Lula

Questionado sobre um eventual encontro entre Lula e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, Haddad disse não saber se isso vai acontecer. Ele afirmou que, como ministro da Fazenda, precisa se reunir com a autoridade monetária e buscar sensibilizá-la com argumentos sobre qual deveria ser o caminho da economia brasileira.

Instigado sobre comparações da relação entre o ex-ministro Antônio Palocci à frente da pasta econômica e o Banco Central, presidido na época por Henrique Meirelles, Haddad disse estar em uma conjuntura diferente, com situação institucional distinta.

“É uma situação institucional diferente. Primeiro, é um governo pós-Bolsonaro, o que já diz muito sobre a situação que estamos enfrentando. E segundo, não é uma pessoa (Roberto Campos Neto) que foi escolhida pelo presidente Lula para presidir o Banco Central. Eu tenho que levar isso em consideração. É uma realidade nova”, afirmou.

Ele relembrou que, no primeiro governo Lula, Palocci fazia reuniões conjuntas com Meirelles, Lula e Guido Mantega, então ministro do Planejamento.

SÃO PAULO E BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 3, ter a impressão de que o que está acontecendo no mercado de crédito brasileiro, sobretudo no mercado de capitais, não está chegando com inteireza ao Banco Central (BC). No final de março, o Copom ignorou as pressões e críticas do governo e manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano.

“Não faço parte do BC, mas é um tema recorrente em nossas conversas: ‘será que vocês estão considerando o que parece estar acontecendo no mercado de capitais?’”, disse, em entrevista à GloboNews.

“Houve uma retração bem mais forte do que se supunha até o episódio das Americanas. Não vou dizer que o mercado externo afetou muito, mas afetou de alguma maneira – os spreads subiram, as emissões caíram e teve gente que não conseguiu se financiar no mercado de capitais e está recorrendo ao sistema bancário”, emendou.

O ministro afirmou haver sinais que precisam ser observados e que o BC não pode deixar de considerar medidas macroprudenciais. “Não no que diz respeito ao sistema bancário, mas o que vai acontecer com a economia real se (a situação) estiver um tom acima do que parece.”

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, que têm mantido as taxas de juros em 13,5% ao ano Foto: JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL

Na entrevista, Haddad argumentou que a combinação entre política monetária e prudencial em outros bancos centrais do mundo é maior do que no Brasil, ao falar sobre o “sinal amarelo” aceso com os eventos do Silicon Valley Bank e do Credit Suisse.

Reação ao arcabouço fiscal

Segundo o ministro, se o novo arcabouço fiscal for aprovado com a credibilidade necessária, o BC terá de reagir à nova regra em algum momento.

“A tese da harmonização do fiscal com o monetário tem que acontecer em algum momento do dia. Não é possível manter a taxa de juro indefinidamente com as projeções de inflação que hoje estão no mercado”, disse. “Não faz sentido manter a taxa de juros perto de 14,0%.”

Haddad afirmou que o espaço fiscal existente atualmente no País para garantir crescimento econômico deve vir do Banco Central. Ele citou dado do Datafolha, segundo o qual 80% dos brasileiros avaliam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva age bem ao pressionar a autoridade monetária a reduzir a taxa de juros.

“Não podemos aumentar a carga tributária em cima de quem paga, temos que aumentar em cima de quem não paga para equilibrar contas, permitir redução da taxa de juros e aí a economia brasileira vai crescer”, disse, durante a entrevista.

Haddad afirmou que os investimentos privados, em um nível mais alto do que o ano passado, serão o caminho para a economia voltar a crescer. Em caso de queda dos investimentos, especialmente diante do patamar dos juros, os recursos públicos não vão compensar a perda, segundo ele.

O ministro voltou a dizer que existe espaço “bastante razoável”, à luz da experiência internacional, para reduzir os juros e negou estar fazendo pressão sobre o BC. “Espaço existe e é real”, enfatizou, ao dizer que existem milhares de empresários querendo investir no Brasil.

Nível ideal de juros

Haddad evitou comentar sobre o patamar ideal de juros e disse que é preciso estar pilotando o Banco Central para fazer palpites. Ele ponderou, no entanto, que economistas renomados avaliam que, com quase 8% de juro real ou 6,5%, a depender da contagem, há espaço para corte de juros suficiente para a economia voltar a crescer.

“Com quase 8% de juro real ou 6,5% depende da contagem, se tem espaço para economia crescer, está aí, desde que Brasil se arrume um pouco, que é algo que estamos procurando fazer com despatrimonialização do orçamento público, que é reivindicada pelos liberais”, disse.

Ele evitou também estimar em qual período deve haver corte de juros.

Encontro entre Campos Neto e Lula

Questionado sobre um eventual encontro entre Lula e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, Haddad disse não saber se isso vai acontecer. Ele afirmou que, como ministro da Fazenda, precisa se reunir com a autoridade monetária e buscar sensibilizá-la com argumentos sobre qual deveria ser o caminho da economia brasileira.

Instigado sobre comparações da relação entre o ex-ministro Antônio Palocci à frente da pasta econômica e o Banco Central, presidido na época por Henrique Meirelles, Haddad disse estar em uma conjuntura diferente, com situação institucional distinta.

“É uma situação institucional diferente. Primeiro, é um governo pós-Bolsonaro, o que já diz muito sobre a situação que estamos enfrentando. E segundo, não é uma pessoa (Roberto Campos Neto) que foi escolhida pelo presidente Lula para presidir o Banco Central. Eu tenho que levar isso em consideração. É uma realidade nova”, afirmou.

Ele relembrou que, no primeiro governo Lula, Palocci fazia reuniões conjuntas com Meirelles, Lula e Guido Mantega, então ministro do Planejamento.

SÃO PAULO E BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 3, ter a impressão de que o que está acontecendo no mercado de crédito brasileiro, sobretudo no mercado de capitais, não está chegando com inteireza ao Banco Central (BC). No final de março, o Copom ignorou as pressões e críticas do governo e manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano.

“Não faço parte do BC, mas é um tema recorrente em nossas conversas: ‘será que vocês estão considerando o que parece estar acontecendo no mercado de capitais?’”, disse, em entrevista à GloboNews.

“Houve uma retração bem mais forte do que se supunha até o episódio das Americanas. Não vou dizer que o mercado externo afetou muito, mas afetou de alguma maneira – os spreads subiram, as emissões caíram e teve gente que não conseguiu se financiar no mercado de capitais e está recorrendo ao sistema bancário”, emendou.

O ministro afirmou haver sinais que precisam ser observados e que o BC não pode deixar de considerar medidas macroprudenciais. “Não no que diz respeito ao sistema bancário, mas o que vai acontecer com a economia real se (a situação) estiver um tom acima do que parece.”

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, que têm mantido as taxas de juros em 13,5% ao ano Foto: JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL

Na entrevista, Haddad argumentou que a combinação entre política monetária e prudencial em outros bancos centrais do mundo é maior do que no Brasil, ao falar sobre o “sinal amarelo” aceso com os eventos do Silicon Valley Bank e do Credit Suisse.

Reação ao arcabouço fiscal

Segundo o ministro, se o novo arcabouço fiscal for aprovado com a credibilidade necessária, o BC terá de reagir à nova regra em algum momento.

“A tese da harmonização do fiscal com o monetário tem que acontecer em algum momento do dia. Não é possível manter a taxa de juro indefinidamente com as projeções de inflação que hoje estão no mercado”, disse. “Não faz sentido manter a taxa de juros perto de 14,0%.”

Haddad afirmou que o espaço fiscal existente atualmente no País para garantir crescimento econômico deve vir do Banco Central. Ele citou dado do Datafolha, segundo o qual 80% dos brasileiros avaliam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva age bem ao pressionar a autoridade monetária a reduzir a taxa de juros.

“Não podemos aumentar a carga tributária em cima de quem paga, temos que aumentar em cima de quem não paga para equilibrar contas, permitir redução da taxa de juros e aí a economia brasileira vai crescer”, disse, durante a entrevista.

Haddad afirmou que os investimentos privados, em um nível mais alto do que o ano passado, serão o caminho para a economia voltar a crescer. Em caso de queda dos investimentos, especialmente diante do patamar dos juros, os recursos públicos não vão compensar a perda, segundo ele.

O ministro voltou a dizer que existe espaço “bastante razoável”, à luz da experiência internacional, para reduzir os juros e negou estar fazendo pressão sobre o BC. “Espaço existe e é real”, enfatizou, ao dizer que existem milhares de empresários querendo investir no Brasil.

Nível ideal de juros

Haddad evitou comentar sobre o patamar ideal de juros e disse que é preciso estar pilotando o Banco Central para fazer palpites. Ele ponderou, no entanto, que economistas renomados avaliam que, com quase 8% de juro real ou 6,5%, a depender da contagem, há espaço para corte de juros suficiente para a economia voltar a crescer.

“Com quase 8% de juro real ou 6,5% depende da contagem, se tem espaço para economia crescer, está aí, desde que Brasil se arrume um pouco, que é algo que estamos procurando fazer com despatrimonialização do orçamento público, que é reivindicada pelos liberais”, disse.

Ele evitou também estimar em qual período deve haver corte de juros.

Encontro entre Campos Neto e Lula

Questionado sobre um eventual encontro entre Lula e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, Haddad disse não saber se isso vai acontecer. Ele afirmou que, como ministro da Fazenda, precisa se reunir com a autoridade monetária e buscar sensibilizá-la com argumentos sobre qual deveria ser o caminho da economia brasileira.

Instigado sobre comparações da relação entre o ex-ministro Antônio Palocci à frente da pasta econômica e o Banco Central, presidido na época por Henrique Meirelles, Haddad disse estar em uma conjuntura diferente, com situação institucional distinta.

“É uma situação institucional diferente. Primeiro, é um governo pós-Bolsonaro, o que já diz muito sobre a situação que estamos enfrentando. E segundo, não é uma pessoa (Roberto Campos Neto) que foi escolhida pelo presidente Lula para presidir o Banco Central. Eu tenho que levar isso em consideração. É uma realidade nova”, afirmou.

Ele relembrou que, no primeiro governo Lula, Palocci fazia reuniões conjuntas com Meirelles, Lula e Guido Mantega, então ministro do Planejamento.

SÃO PAULO E BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 3, ter a impressão de que o que está acontecendo no mercado de crédito brasileiro, sobretudo no mercado de capitais, não está chegando com inteireza ao Banco Central (BC). No final de março, o Copom ignorou as pressões e críticas do governo e manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano.

“Não faço parte do BC, mas é um tema recorrente em nossas conversas: ‘será que vocês estão considerando o que parece estar acontecendo no mercado de capitais?’”, disse, em entrevista à GloboNews.

“Houve uma retração bem mais forte do que se supunha até o episódio das Americanas. Não vou dizer que o mercado externo afetou muito, mas afetou de alguma maneira – os spreads subiram, as emissões caíram e teve gente que não conseguiu se financiar no mercado de capitais e está recorrendo ao sistema bancário”, emendou.

O ministro afirmou haver sinais que precisam ser observados e que o BC não pode deixar de considerar medidas macroprudenciais. “Não no que diz respeito ao sistema bancário, mas o que vai acontecer com a economia real se (a situação) estiver um tom acima do que parece.”

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, que têm mantido as taxas de juros em 13,5% ao ano Foto: JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL

Na entrevista, Haddad argumentou que a combinação entre política monetária e prudencial em outros bancos centrais do mundo é maior do que no Brasil, ao falar sobre o “sinal amarelo” aceso com os eventos do Silicon Valley Bank e do Credit Suisse.

Reação ao arcabouço fiscal

Segundo o ministro, se o novo arcabouço fiscal for aprovado com a credibilidade necessária, o BC terá de reagir à nova regra em algum momento.

“A tese da harmonização do fiscal com o monetário tem que acontecer em algum momento do dia. Não é possível manter a taxa de juro indefinidamente com as projeções de inflação que hoje estão no mercado”, disse. “Não faz sentido manter a taxa de juros perto de 14,0%.”

Haddad afirmou que o espaço fiscal existente atualmente no País para garantir crescimento econômico deve vir do Banco Central. Ele citou dado do Datafolha, segundo o qual 80% dos brasileiros avaliam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva age bem ao pressionar a autoridade monetária a reduzir a taxa de juros.

“Não podemos aumentar a carga tributária em cima de quem paga, temos que aumentar em cima de quem não paga para equilibrar contas, permitir redução da taxa de juros e aí a economia brasileira vai crescer”, disse, durante a entrevista.

Haddad afirmou que os investimentos privados, em um nível mais alto do que o ano passado, serão o caminho para a economia voltar a crescer. Em caso de queda dos investimentos, especialmente diante do patamar dos juros, os recursos públicos não vão compensar a perda, segundo ele.

O ministro voltou a dizer que existe espaço “bastante razoável”, à luz da experiência internacional, para reduzir os juros e negou estar fazendo pressão sobre o BC. “Espaço existe e é real”, enfatizou, ao dizer que existem milhares de empresários querendo investir no Brasil.

Nível ideal de juros

Haddad evitou comentar sobre o patamar ideal de juros e disse que é preciso estar pilotando o Banco Central para fazer palpites. Ele ponderou, no entanto, que economistas renomados avaliam que, com quase 8% de juro real ou 6,5%, a depender da contagem, há espaço para corte de juros suficiente para a economia voltar a crescer.

“Com quase 8% de juro real ou 6,5% depende da contagem, se tem espaço para economia crescer, está aí, desde que Brasil se arrume um pouco, que é algo que estamos procurando fazer com despatrimonialização do orçamento público, que é reivindicada pelos liberais”, disse.

Ele evitou também estimar em qual período deve haver corte de juros.

Encontro entre Campos Neto e Lula

Questionado sobre um eventual encontro entre Lula e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, Haddad disse não saber se isso vai acontecer. Ele afirmou que, como ministro da Fazenda, precisa se reunir com a autoridade monetária e buscar sensibilizá-la com argumentos sobre qual deveria ser o caminho da economia brasileira.

Instigado sobre comparações da relação entre o ex-ministro Antônio Palocci à frente da pasta econômica e o Banco Central, presidido na época por Henrique Meirelles, Haddad disse estar em uma conjuntura diferente, com situação institucional distinta.

“É uma situação institucional diferente. Primeiro, é um governo pós-Bolsonaro, o que já diz muito sobre a situação que estamos enfrentando. E segundo, não é uma pessoa (Roberto Campos Neto) que foi escolhida pelo presidente Lula para presidir o Banco Central. Eu tenho que levar isso em consideração. É uma realidade nova”, afirmou.

Ele relembrou que, no primeiro governo Lula, Palocci fazia reuniões conjuntas com Meirelles, Lula e Guido Mantega, então ministro do Planejamento.

SÃO PAULO E BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 3, ter a impressão de que o que está acontecendo no mercado de crédito brasileiro, sobretudo no mercado de capitais, não está chegando com inteireza ao Banco Central (BC). No final de março, o Copom ignorou as pressões e críticas do governo e manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano.

“Não faço parte do BC, mas é um tema recorrente em nossas conversas: ‘será que vocês estão considerando o que parece estar acontecendo no mercado de capitais?’”, disse, em entrevista à GloboNews.

“Houve uma retração bem mais forte do que se supunha até o episódio das Americanas. Não vou dizer que o mercado externo afetou muito, mas afetou de alguma maneira – os spreads subiram, as emissões caíram e teve gente que não conseguiu se financiar no mercado de capitais e está recorrendo ao sistema bancário”, emendou.

O ministro afirmou haver sinais que precisam ser observados e que o BC não pode deixar de considerar medidas macroprudenciais. “Não no que diz respeito ao sistema bancário, mas o que vai acontecer com a economia real se (a situação) estiver um tom acima do que parece.”

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, que têm mantido as taxas de juros em 13,5% ao ano Foto: JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL

Na entrevista, Haddad argumentou que a combinação entre política monetária e prudencial em outros bancos centrais do mundo é maior do que no Brasil, ao falar sobre o “sinal amarelo” aceso com os eventos do Silicon Valley Bank e do Credit Suisse.

Reação ao arcabouço fiscal

Segundo o ministro, se o novo arcabouço fiscal for aprovado com a credibilidade necessária, o BC terá de reagir à nova regra em algum momento.

“A tese da harmonização do fiscal com o monetário tem que acontecer em algum momento do dia. Não é possível manter a taxa de juro indefinidamente com as projeções de inflação que hoje estão no mercado”, disse. “Não faz sentido manter a taxa de juros perto de 14,0%.”

Haddad afirmou que o espaço fiscal existente atualmente no País para garantir crescimento econômico deve vir do Banco Central. Ele citou dado do Datafolha, segundo o qual 80% dos brasileiros avaliam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva age bem ao pressionar a autoridade monetária a reduzir a taxa de juros.

“Não podemos aumentar a carga tributária em cima de quem paga, temos que aumentar em cima de quem não paga para equilibrar contas, permitir redução da taxa de juros e aí a economia brasileira vai crescer”, disse, durante a entrevista.

Haddad afirmou que os investimentos privados, em um nível mais alto do que o ano passado, serão o caminho para a economia voltar a crescer. Em caso de queda dos investimentos, especialmente diante do patamar dos juros, os recursos públicos não vão compensar a perda, segundo ele.

O ministro voltou a dizer que existe espaço “bastante razoável”, à luz da experiência internacional, para reduzir os juros e negou estar fazendo pressão sobre o BC. “Espaço existe e é real”, enfatizou, ao dizer que existem milhares de empresários querendo investir no Brasil.

Nível ideal de juros

Haddad evitou comentar sobre o patamar ideal de juros e disse que é preciso estar pilotando o Banco Central para fazer palpites. Ele ponderou, no entanto, que economistas renomados avaliam que, com quase 8% de juro real ou 6,5%, a depender da contagem, há espaço para corte de juros suficiente para a economia voltar a crescer.

“Com quase 8% de juro real ou 6,5% depende da contagem, se tem espaço para economia crescer, está aí, desde que Brasil se arrume um pouco, que é algo que estamos procurando fazer com despatrimonialização do orçamento público, que é reivindicada pelos liberais”, disse.

Ele evitou também estimar em qual período deve haver corte de juros.

Encontro entre Campos Neto e Lula

Questionado sobre um eventual encontro entre Lula e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, Haddad disse não saber se isso vai acontecer. Ele afirmou que, como ministro da Fazenda, precisa se reunir com a autoridade monetária e buscar sensibilizá-la com argumentos sobre qual deveria ser o caminho da economia brasileira.

Instigado sobre comparações da relação entre o ex-ministro Antônio Palocci à frente da pasta econômica e o Banco Central, presidido na época por Henrique Meirelles, Haddad disse estar em uma conjuntura diferente, com situação institucional distinta.

“É uma situação institucional diferente. Primeiro, é um governo pós-Bolsonaro, o que já diz muito sobre a situação que estamos enfrentando. E segundo, não é uma pessoa (Roberto Campos Neto) que foi escolhida pelo presidente Lula para presidir o Banco Central. Eu tenho que levar isso em consideração. É uma realidade nova”, afirmou.

Ele relembrou que, no primeiro governo Lula, Palocci fazia reuniões conjuntas com Meirelles, Lula e Guido Mantega, então ministro do Planejamento.

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