Indústria, porto seguro num mundo complexo


Principais economias do mundo apostam no setor para lidar com um cenário de constantes transformações

Por CNI

O mundo entrará em 2023 sob uma nova realidade econômica, causada pela profusão de circunstâncias que resultam em um cenário complexo e multifacetado. Ao mesmo tempo que os efeitos da pandemia de covid-19 continuarão sendo percebidos – até porque algumas transformações decorrentes da crise sanitária são definitivas, como o avanço do home office –, tudo indica que o conflito entre Rússia e Ucrânia não terá um desfecho rápido e causará ainda mais dificuldades ao redor do planeta, já que os dois países são fornecedores importantes de energia e alimentos.

Divulgação Foto: Div

Será preciso, ainda, lidar com fatores como o advento constante de tecnologias disruptivas, os investimentos para o avanço da Quarta Revolução Industrial – também chamada de Indústria 4.0 – e a crescente preocupação com as mudanças climáticas. Pesquisa recente da CNI evidenciou o quanto a sustentabilidade é, cada vez mais, parte da estrutura organizacional da indústria brasileira: 60% das empresas já têm área dedicada especificamente ao tema, grande salto em relação ao ano passado, quando esse número era de apenas 34%.

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Muitos países definiram que a melhor estratégia para enfrentar tantas mudanças profundas ocorrendo simultaneamente é fortalecer a indústria, seja por meio da ampliação da infraestrutura, seja por investimentos em novas tecnologias e fontes de energia. As principais economias do mundo desenvolveram planos estruturantes de apoio e incentivo ao setor industrial. São bilhões e bilhões de dólares destinados a uma nova geração de políticas estabelecidas a partir da convicção de que esses investimentos dão retorno.

A ideia é contemplar não apenas a criação de oferta, mas a captura ativa de mercados, com base na combinação entre alta escala, inovação e desenvolvimento tecnológico. Em meio à conjuntura que evidenciou a fragilidade da cadeia global de suprimentos, uma das metas desses programas é reduzir a dependência de fornecedores externos e acelerar a formação de novas alianças internacionais.

O passo que o Brasil precisa dar

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As medidas isoladas de apoio à indústria que vemos no Brasil não representam uma estratégia comparável às políticas estruturantes vistas em outros países. “O País precisa de uma política industrial sólida, que seja prioridade de Estado, de longo prazo, e aproveite as oportunidades de inserção competitiva e geração de empregos de qualidade”, avalia a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha.

Os recursos públicos direcionados à indústria, responsável por 22,2% do PIB do País, são muito inferiores a essa contribuição. No ano passado, o montante de renúncias tributárias foi de R$ 33,6 bilhões para a indústria e de R$ 51,6 bilhões para a agropecuária, que responde por 8% do PIB. De acordo com a CNI, cada real produzido na indústria gera R$ 2,43 na economia brasileira, enquanto essa mesma relação, na agropecuária, fica em R$ 1,75.

Importante lembrar que o agronegócio, que gera 27,6% do PIB brasileiro, é um conceito que engloba não apenas a produção agrícola, pecuária e florestal, mas toda a cadeia envolvida. A indústria tem participação decisiva para esse resultado, ao fornecer máquinas e equipamentos, fertilizantes e defensivos, alimentos para animais e diversos produtos manufaturados.

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Artigo

Ana Cristina Rodrigues da Costa | Economista, é coordenadora de Estratégia Industrial e Desenvolvimento do BNDES Foto: Divulgação

Por uma política industrial robusta

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A industrialização tardia e dependente foi, certamente, um dos fatores que impediram o Brasil de alcançar um maior desenvolvimento até agora. Para nos adaptarmos a um mundo em constantes transformações geopolíticas, com aumento da rivalidade entre Estados nacionais, reconfiguração das cadeias de valor global e escassez de insumos, entre outros, é crucial a criação de uma política industrial robusta, que fortaleça as cadeias locais de fornecimento com maior agregação de valor e inovação, tornando o País mais resiliente diante de crises de diversas naturezas.

O pressuposto dessa política é a constituição de setores com empresas capazes de assimilar e produzir novas tecnologias. Além de absorvedores, precisamos ser desenvolvedores dessas tecnologias, a despeito das incertezas e das tecnologias inteligentes e conectadas criadas nos países avançados, bem como da necessidade de enfrentar as questões climáticas e ambientais. Ressalte-se que esse mesmo contexto complexo também abre oportunidades para a construção de uma política tecnológica e industrial sustentável própria.

É preciso, ainda, desenvolver tecnologias habilitadoras, que perpassam vários setores e contribuem fortemente para a agenda da descarbonização, aprimorando desde o que desenvolvemos há décadas, como o uso do etanol, até o que buscamos agora no hidrogênio verde. Outra providência essencial é a implementação de uma política macroeconômica convergente com a política industrial, para que o País possa ter a capacidade de equilibrar seu balanço de pagamentos ao longo do tempo. Para isso, é importante um Estado forte, que possa abrir caminhos para montar instituições de fomento, como o BNDES, com capacidade de planejamento e ação.

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Faz-se necessário também o estreitamento das relações das empresas com a academia e a sociedade civil, com vistas à construção de ambientes democráticos que possam desenvolver pactos de curto e longo prazos. Ao investir na indústria, de forma articulada, estaremos construindo os alicerces do País para gerar mais riquezas no futuro.

(*) Este artigo não expressa a posição do BNDES, mas, sim, da autora.

O mundo entrará em 2023 sob uma nova realidade econômica, causada pela profusão de circunstâncias que resultam em um cenário complexo e multifacetado. Ao mesmo tempo que os efeitos da pandemia de covid-19 continuarão sendo percebidos – até porque algumas transformações decorrentes da crise sanitária são definitivas, como o avanço do home office –, tudo indica que o conflito entre Rússia e Ucrânia não terá um desfecho rápido e causará ainda mais dificuldades ao redor do planeta, já que os dois países são fornecedores importantes de energia e alimentos.

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Será preciso, ainda, lidar com fatores como o advento constante de tecnologias disruptivas, os investimentos para o avanço da Quarta Revolução Industrial – também chamada de Indústria 4.0 – e a crescente preocupação com as mudanças climáticas. Pesquisa recente da CNI evidenciou o quanto a sustentabilidade é, cada vez mais, parte da estrutura organizacional da indústria brasileira: 60% das empresas já têm área dedicada especificamente ao tema, grande salto em relação ao ano passado, quando esse número era de apenas 34%.

Muitos países definiram que a melhor estratégia para enfrentar tantas mudanças profundas ocorrendo simultaneamente é fortalecer a indústria, seja por meio da ampliação da infraestrutura, seja por investimentos em novas tecnologias e fontes de energia. As principais economias do mundo desenvolveram planos estruturantes de apoio e incentivo ao setor industrial. São bilhões e bilhões de dólares destinados a uma nova geração de políticas estabelecidas a partir da convicção de que esses investimentos dão retorno.

A ideia é contemplar não apenas a criação de oferta, mas a captura ativa de mercados, com base na combinação entre alta escala, inovação e desenvolvimento tecnológico. Em meio à conjuntura que evidenciou a fragilidade da cadeia global de suprimentos, uma das metas desses programas é reduzir a dependência de fornecedores externos e acelerar a formação de novas alianças internacionais.

O passo que o Brasil precisa dar

As medidas isoladas de apoio à indústria que vemos no Brasil não representam uma estratégia comparável às políticas estruturantes vistas em outros países. “O País precisa de uma política industrial sólida, que seja prioridade de Estado, de longo prazo, e aproveite as oportunidades de inserção competitiva e geração de empregos de qualidade”, avalia a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha.

Os recursos públicos direcionados à indústria, responsável por 22,2% do PIB do País, são muito inferiores a essa contribuição. No ano passado, o montante de renúncias tributárias foi de R$ 33,6 bilhões para a indústria e de R$ 51,6 bilhões para a agropecuária, que responde por 8% do PIB. De acordo com a CNI, cada real produzido na indústria gera R$ 2,43 na economia brasileira, enquanto essa mesma relação, na agropecuária, fica em R$ 1,75.

Importante lembrar que o agronegócio, que gera 27,6% do PIB brasileiro, é um conceito que engloba não apenas a produção agrícola, pecuária e florestal, mas toda a cadeia envolvida. A indústria tem participação decisiva para esse resultado, ao fornecer máquinas e equipamentos, fertilizantes e defensivos, alimentos para animais e diversos produtos manufaturados.

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Ana Cristina Rodrigues da Costa | Economista, é coordenadora de Estratégia Industrial e Desenvolvimento do BNDES Foto: Divulgação

Por uma política industrial robusta

A industrialização tardia e dependente foi, certamente, um dos fatores que impediram o Brasil de alcançar um maior desenvolvimento até agora. Para nos adaptarmos a um mundo em constantes transformações geopolíticas, com aumento da rivalidade entre Estados nacionais, reconfiguração das cadeias de valor global e escassez de insumos, entre outros, é crucial a criação de uma política industrial robusta, que fortaleça as cadeias locais de fornecimento com maior agregação de valor e inovação, tornando o País mais resiliente diante de crises de diversas naturezas.

O pressuposto dessa política é a constituição de setores com empresas capazes de assimilar e produzir novas tecnologias. Além de absorvedores, precisamos ser desenvolvedores dessas tecnologias, a despeito das incertezas e das tecnologias inteligentes e conectadas criadas nos países avançados, bem como da necessidade de enfrentar as questões climáticas e ambientais. Ressalte-se que esse mesmo contexto complexo também abre oportunidades para a construção de uma política tecnológica e industrial sustentável própria.

É preciso, ainda, desenvolver tecnologias habilitadoras, que perpassam vários setores e contribuem fortemente para a agenda da descarbonização, aprimorando desde o que desenvolvemos há décadas, como o uso do etanol, até o que buscamos agora no hidrogênio verde. Outra providência essencial é a implementação de uma política macroeconômica convergente com a política industrial, para que o País possa ter a capacidade de equilibrar seu balanço de pagamentos ao longo do tempo. Para isso, é importante um Estado forte, que possa abrir caminhos para montar instituições de fomento, como o BNDES, com capacidade de planejamento e ação.

Faz-se necessário também o estreitamento das relações das empresas com a academia e a sociedade civil, com vistas à construção de ambientes democráticos que possam desenvolver pactos de curto e longo prazos. Ao investir na indústria, de forma articulada, estaremos construindo os alicerces do País para gerar mais riquezas no futuro.

(*) Este artigo não expressa a posição do BNDES, mas, sim, da autora.

O mundo entrará em 2023 sob uma nova realidade econômica, causada pela profusão de circunstâncias que resultam em um cenário complexo e multifacetado. Ao mesmo tempo que os efeitos da pandemia de covid-19 continuarão sendo percebidos – até porque algumas transformações decorrentes da crise sanitária são definitivas, como o avanço do home office –, tudo indica que o conflito entre Rússia e Ucrânia não terá um desfecho rápido e causará ainda mais dificuldades ao redor do planeta, já que os dois países são fornecedores importantes de energia e alimentos.

Divulgação Foto: Div

Será preciso, ainda, lidar com fatores como o advento constante de tecnologias disruptivas, os investimentos para o avanço da Quarta Revolução Industrial – também chamada de Indústria 4.0 – e a crescente preocupação com as mudanças climáticas. Pesquisa recente da CNI evidenciou o quanto a sustentabilidade é, cada vez mais, parte da estrutura organizacional da indústria brasileira: 60% das empresas já têm área dedicada especificamente ao tema, grande salto em relação ao ano passado, quando esse número era de apenas 34%.

Muitos países definiram que a melhor estratégia para enfrentar tantas mudanças profundas ocorrendo simultaneamente é fortalecer a indústria, seja por meio da ampliação da infraestrutura, seja por investimentos em novas tecnologias e fontes de energia. As principais economias do mundo desenvolveram planos estruturantes de apoio e incentivo ao setor industrial. São bilhões e bilhões de dólares destinados a uma nova geração de políticas estabelecidas a partir da convicção de que esses investimentos dão retorno.

A ideia é contemplar não apenas a criação de oferta, mas a captura ativa de mercados, com base na combinação entre alta escala, inovação e desenvolvimento tecnológico. Em meio à conjuntura que evidenciou a fragilidade da cadeia global de suprimentos, uma das metas desses programas é reduzir a dependência de fornecedores externos e acelerar a formação de novas alianças internacionais.

O passo que o Brasil precisa dar

As medidas isoladas de apoio à indústria que vemos no Brasil não representam uma estratégia comparável às políticas estruturantes vistas em outros países. “O País precisa de uma política industrial sólida, que seja prioridade de Estado, de longo prazo, e aproveite as oportunidades de inserção competitiva e geração de empregos de qualidade”, avalia a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha.

Os recursos públicos direcionados à indústria, responsável por 22,2% do PIB do País, são muito inferiores a essa contribuição. No ano passado, o montante de renúncias tributárias foi de R$ 33,6 bilhões para a indústria e de R$ 51,6 bilhões para a agropecuária, que responde por 8% do PIB. De acordo com a CNI, cada real produzido na indústria gera R$ 2,43 na economia brasileira, enquanto essa mesma relação, na agropecuária, fica em R$ 1,75.

Importante lembrar que o agronegócio, que gera 27,6% do PIB brasileiro, é um conceito que engloba não apenas a produção agrícola, pecuária e florestal, mas toda a cadeia envolvida. A indústria tem participação decisiva para esse resultado, ao fornecer máquinas e equipamentos, fertilizantes e defensivos, alimentos para animais e diversos produtos manufaturados.

Artigo

Ana Cristina Rodrigues da Costa | Economista, é coordenadora de Estratégia Industrial e Desenvolvimento do BNDES Foto: Divulgação

Por uma política industrial robusta

A industrialização tardia e dependente foi, certamente, um dos fatores que impediram o Brasil de alcançar um maior desenvolvimento até agora. Para nos adaptarmos a um mundo em constantes transformações geopolíticas, com aumento da rivalidade entre Estados nacionais, reconfiguração das cadeias de valor global e escassez de insumos, entre outros, é crucial a criação de uma política industrial robusta, que fortaleça as cadeias locais de fornecimento com maior agregação de valor e inovação, tornando o País mais resiliente diante de crises de diversas naturezas.

O pressuposto dessa política é a constituição de setores com empresas capazes de assimilar e produzir novas tecnologias. Além de absorvedores, precisamos ser desenvolvedores dessas tecnologias, a despeito das incertezas e das tecnologias inteligentes e conectadas criadas nos países avançados, bem como da necessidade de enfrentar as questões climáticas e ambientais. Ressalte-se que esse mesmo contexto complexo também abre oportunidades para a construção de uma política tecnológica e industrial sustentável própria.

É preciso, ainda, desenvolver tecnologias habilitadoras, que perpassam vários setores e contribuem fortemente para a agenda da descarbonização, aprimorando desde o que desenvolvemos há décadas, como o uso do etanol, até o que buscamos agora no hidrogênio verde. Outra providência essencial é a implementação de uma política macroeconômica convergente com a política industrial, para que o País possa ter a capacidade de equilibrar seu balanço de pagamentos ao longo do tempo. Para isso, é importante um Estado forte, que possa abrir caminhos para montar instituições de fomento, como o BNDES, com capacidade de planejamento e ação.

Faz-se necessário também o estreitamento das relações das empresas com a academia e a sociedade civil, com vistas à construção de ambientes democráticos que possam desenvolver pactos de curto e longo prazos. Ao investir na indústria, de forma articulada, estaremos construindo os alicerces do País para gerar mais riquezas no futuro.

(*) Este artigo não expressa a posição do BNDES, mas, sim, da autora.

O mundo entrará em 2023 sob uma nova realidade econômica, causada pela profusão de circunstâncias que resultam em um cenário complexo e multifacetado. Ao mesmo tempo que os efeitos da pandemia de covid-19 continuarão sendo percebidos – até porque algumas transformações decorrentes da crise sanitária são definitivas, como o avanço do home office –, tudo indica que o conflito entre Rússia e Ucrânia não terá um desfecho rápido e causará ainda mais dificuldades ao redor do planeta, já que os dois países são fornecedores importantes de energia e alimentos.

Divulgação Foto: Div

Será preciso, ainda, lidar com fatores como o advento constante de tecnologias disruptivas, os investimentos para o avanço da Quarta Revolução Industrial – também chamada de Indústria 4.0 – e a crescente preocupação com as mudanças climáticas. Pesquisa recente da CNI evidenciou o quanto a sustentabilidade é, cada vez mais, parte da estrutura organizacional da indústria brasileira: 60% das empresas já têm área dedicada especificamente ao tema, grande salto em relação ao ano passado, quando esse número era de apenas 34%.

Muitos países definiram que a melhor estratégia para enfrentar tantas mudanças profundas ocorrendo simultaneamente é fortalecer a indústria, seja por meio da ampliação da infraestrutura, seja por investimentos em novas tecnologias e fontes de energia. As principais economias do mundo desenvolveram planos estruturantes de apoio e incentivo ao setor industrial. São bilhões e bilhões de dólares destinados a uma nova geração de políticas estabelecidas a partir da convicção de que esses investimentos dão retorno.

A ideia é contemplar não apenas a criação de oferta, mas a captura ativa de mercados, com base na combinação entre alta escala, inovação e desenvolvimento tecnológico. Em meio à conjuntura que evidenciou a fragilidade da cadeia global de suprimentos, uma das metas desses programas é reduzir a dependência de fornecedores externos e acelerar a formação de novas alianças internacionais.

O passo que o Brasil precisa dar

As medidas isoladas de apoio à indústria que vemos no Brasil não representam uma estratégia comparável às políticas estruturantes vistas em outros países. “O País precisa de uma política industrial sólida, que seja prioridade de Estado, de longo prazo, e aproveite as oportunidades de inserção competitiva e geração de empregos de qualidade”, avalia a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha.

Os recursos públicos direcionados à indústria, responsável por 22,2% do PIB do País, são muito inferiores a essa contribuição. No ano passado, o montante de renúncias tributárias foi de R$ 33,6 bilhões para a indústria e de R$ 51,6 bilhões para a agropecuária, que responde por 8% do PIB. De acordo com a CNI, cada real produzido na indústria gera R$ 2,43 na economia brasileira, enquanto essa mesma relação, na agropecuária, fica em R$ 1,75.

Importante lembrar que o agronegócio, que gera 27,6% do PIB brasileiro, é um conceito que engloba não apenas a produção agrícola, pecuária e florestal, mas toda a cadeia envolvida. A indústria tem participação decisiva para esse resultado, ao fornecer máquinas e equipamentos, fertilizantes e defensivos, alimentos para animais e diversos produtos manufaturados.

Artigo

Ana Cristina Rodrigues da Costa | Economista, é coordenadora de Estratégia Industrial e Desenvolvimento do BNDES Foto: Divulgação

Por uma política industrial robusta

A industrialização tardia e dependente foi, certamente, um dos fatores que impediram o Brasil de alcançar um maior desenvolvimento até agora. Para nos adaptarmos a um mundo em constantes transformações geopolíticas, com aumento da rivalidade entre Estados nacionais, reconfiguração das cadeias de valor global e escassez de insumos, entre outros, é crucial a criação de uma política industrial robusta, que fortaleça as cadeias locais de fornecimento com maior agregação de valor e inovação, tornando o País mais resiliente diante de crises de diversas naturezas.

O pressuposto dessa política é a constituição de setores com empresas capazes de assimilar e produzir novas tecnologias. Além de absorvedores, precisamos ser desenvolvedores dessas tecnologias, a despeito das incertezas e das tecnologias inteligentes e conectadas criadas nos países avançados, bem como da necessidade de enfrentar as questões climáticas e ambientais. Ressalte-se que esse mesmo contexto complexo também abre oportunidades para a construção de uma política tecnológica e industrial sustentável própria.

É preciso, ainda, desenvolver tecnologias habilitadoras, que perpassam vários setores e contribuem fortemente para a agenda da descarbonização, aprimorando desde o que desenvolvemos há décadas, como o uso do etanol, até o que buscamos agora no hidrogênio verde. Outra providência essencial é a implementação de uma política macroeconômica convergente com a política industrial, para que o País possa ter a capacidade de equilibrar seu balanço de pagamentos ao longo do tempo. Para isso, é importante um Estado forte, que possa abrir caminhos para montar instituições de fomento, como o BNDES, com capacidade de planejamento e ação.

Faz-se necessário também o estreitamento das relações das empresas com a academia e a sociedade civil, com vistas à construção de ambientes democráticos que possam desenvolver pactos de curto e longo prazos. Ao investir na indústria, de forma articulada, estaremos construindo os alicerces do País para gerar mais riquezas no futuro.

(*) Este artigo não expressa a posição do BNDES, mas, sim, da autora.

O mundo entrará em 2023 sob uma nova realidade econômica, causada pela profusão de circunstâncias que resultam em um cenário complexo e multifacetado. Ao mesmo tempo que os efeitos da pandemia de covid-19 continuarão sendo percebidos – até porque algumas transformações decorrentes da crise sanitária são definitivas, como o avanço do home office –, tudo indica que o conflito entre Rússia e Ucrânia não terá um desfecho rápido e causará ainda mais dificuldades ao redor do planeta, já que os dois países são fornecedores importantes de energia e alimentos.

Divulgação Foto: Div

Será preciso, ainda, lidar com fatores como o advento constante de tecnologias disruptivas, os investimentos para o avanço da Quarta Revolução Industrial – também chamada de Indústria 4.0 – e a crescente preocupação com as mudanças climáticas. Pesquisa recente da CNI evidenciou o quanto a sustentabilidade é, cada vez mais, parte da estrutura organizacional da indústria brasileira: 60% das empresas já têm área dedicada especificamente ao tema, grande salto em relação ao ano passado, quando esse número era de apenas 34%.

Muitos países definiram que a melhor estratégia para enfrentar tantas mudanças profundas ocorrendo simultaneamente é fortalecer a indústria, seja por meio da ampliação da infraestrutura, seja por investimentos em novas tecnologias e fontes de energia. As principais economias do mundo desenvolveram planos estruturantes de apoio e incentivo ao setor industrial. São bilhões e bilhões de dólares destinados a uma nova geração de políticas estabelecidas a partir da convicção de que esses investimentos dão retorno.

A ideia é contemplar não apenas a criação de oferta, mas a captura ativa de mercados, com base na combinação entre alta escala, inovação e desenvolvimento tecnológico. Em meio à conjuntura que evidenciou a fragilidade da cadeia global de suprimentos, uma das metas desses programas é reduzir a dependência de fornecedores externos e acelerar a formação de novas alianças internacionais.

O passo que o Brasil precisa dar

As medidas isoladas de apoio à indústria que vemos no Brasil não representam uma estratégia comparável às políticas estruturantes vistas em outros países. “O País precisa de uma política industrial sólida, que seja prioridade de Estado, de longo prazo, e aproveite as oportunidades de inserção competitiva e geração de empregos de qualidade”, avalia a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha.

Os recursos públicos direcionados à indústria, responsável por 22,2% do PIB do País, são muito inferiores a essa contribuição. No ano passado, o montante de renúncias tributárias foi de R$ 33,6 bilhões para a indústria e de R$ 51,6 bilhões para a agropecuária, que responde por 8% do PIB. De acordo com a CNI, cada real produzido na indústria gera R$ 2,43 na economia brasileira, enquanto essa mesma relação, na agropecuária, fica em R$ 1,75.

Importante lembrar que o agronegócio, que gera 27,6% do PIB brasileiro, é um conceito que engloba não apenas a produção agrícola, pecuária e florestal, mas toda a cadeia envolvida. A indústria tem participação decisiva para esse resultado, ao fornecer máquinas e equipamentos, fertilizantes e defensivos, alimentos para animais e diversos produtos manufaturados.

Artigo

Ana Cristina Rodrigues da Costa | Economista, é coordenadora de Estratégia Industrial e Desenvolvimento do BNDES Foto: Divulgação

Por uma política industrial robusta

A industrialização tardia e dependente foi, certamente, um dos fatores que impediram o Brasil de alcançar um maior desenvolvimento até agora. Para nos adaptarmos a um mundo em constantes transformações geopolíticas, com aumento da rivalidade entre Estados nacionais, reconfiguração das cadeias de valor global e escassez de insumos, entre outros, é crucial a criação de uma política industrial robusta, que fortaleça as cadeias locais de fornecimento com maior agregação de valor e inovação, tornando o País mais resiliente diante de crises de diversas naturezas.

O pressuposto dessa política é a constituição de setores com empresas capazes de assimilar e produzir novas tecnologias. Além de absorvedores, precisamos ser desenvolvedores dessas tecnologias, a despeito das incertezas e das tecnologias inteligentes e conectadas criadas nos países avançados, bem como da necessidade de enfrentar as questões climáticas e ambientais. Ressalte-se que esse mesmo contexto complexo também abre oportunidades para a construção de uma política tecnológica e industrial sustentável própria.

É preciso, ainda, desenvolver tecnologias habilitadoras, que perpassam vários setores e contribuem fortemente para a agenda da descarbonização, aprimorando desde o que desenvolvemos há décadas, como o uso do etanol, até o que buscamos agora no hidrogênio verde. Outra providência essencial é a implementação de uma política macroeconômica convergente com a política industrial, para que o País possa ter a capacidade de equilibrar seu balanço de pagamentos ao longo do tempo. Para isso, é importante um Estado forte, que possa abrir caminhos para montar instituições de fomento, como o BNDES, com capacidade de planejamento e ação.

Faz-se necessário também o estreitamento das relações das empresas com a academia e a sociedade civil, com vistas à construção de ambientes democráticos que possam desenvolver pactos de curto e longo prazos. Ao investir na indústria, de forma articulada, estaremos construindo os alicerces do País para gerar mais riquezas no futuro.

(*) Este artigo não expressa a posição do BNDES, mas, sim, da autora.

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