Corte na produção de petróleo pode dificultar controle da inflação, dizem analistas


Aumento repentino de 6% nos preços deve se acomodar com o tempo, segundo economistas; no Brasil, valor dos combustíveis vai depender da definição da política de preços da Petrobras

Por Jessica Brasil Skroch, Gabriel Vasconcelos , Sergio Caldas, Gabriel Bueno da Costa e Luciana Xavier
Atualização:

O mercado respondeu rapidamente nesta segunda-feira, 3, ao comunicado de países da Opep+ de que serão cortados voluntariamente 1,66 milhão de barris por dia até o fim do ano. O grupo reúne a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados. Como resultado, o petróleo aumentou mais de 6%. A Opep diz que a decisão é uma medida preventiva com o “objetivo de sustentar a estabilidade do mercado de petróleo”.

Especialistas afirmam que os preços da commodity não devem cair no curto prazo, mas que ainda é muito cedo para falar em outras tendências, visto a volatilidade do momento.

Ainda é cedo para dizer que a alta dos preços do petróleo no mercado internacional vai impactar diretamente o Brasil, apontam analistas Foto: Marcos de Paula/Agência Estado
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O anúncio do corte na produção impactou os mercados globais diante da possibilidade de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) tenha que subir mais os juros para combater a inflação. No Brasil, as apostas de corte da Selic começam a migrar de junho para agosto.

O Citi considera que o “surpreendente corte preventivo” deve levar a um movimento para cima no preço da commodity no curto prazo, mas o banco também avalia haver ainda “ventos contrários adiante”. O banco afirma que o novo anúncio “gera dúvidas sobre a capacidade deles de manter a produção constante”.

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Mauro Rochlin, professor de MBAs da FGV, afirma que o aumento expressivo nos preços é uma resposta do “calor dos acontecimentos”, e que, pouco tempo depois, já era possível ver uma volatilidade. “Para falarmos em tendências desse anúncio, é preciso primeiro esperar passar essa volatilidade. É recomendado esperar uma semana, dez dias, para podermos observar se teremos um novo patamar com estabilidade”, disse.

O professor afirma que ainda é cedo para falar em impacto nos preços brasileiros. “Há duas semanas, o Brent estava em cerca de US$ 84, e houve uma queda para cerca de US$ 79. Com o anúncio, voltamos ao patamar de duas semanas atrás. Sem estabilidade, não podemos dizer ainda que teremos altas expressivas no Brasil.”

O corte antecipa o movimento de alta do preço internacional da commodity, mas não muda a projeção de preço médio anual entre US$ 80 e US$ 90 para o barril tipo Brent, a principal referência do mercado, analisa Marcelo de Assis, analista de óleo e gás da Wood Mackenzie.

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Há uma tendência de alta para os próximos meses, mas o nível não deve chegar ao da pandemia, quando o barril do petróleo superou os US$ 110 num momento em que o mundo todo crescia, afirma Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

“Não podemos cravar que o preço vai subir devidamente porque estamos num momento de alta de juros, desacelerando a atividade nos EUA e Europa, isso reduz bem a demanda nos próximos meses”, analisa Gala. Ele destaca também que as reservas de petróleo americanas caíram praticamente pela metade.

“Nossas previsões apontavam para o barril a um valor médio entre US$ 80 e US$ 90 este ano e permanecem assim”, diz Assis. Para ele, o corte efetivo na oferta de petróleo vem para acompanhar a queda na demanda e preservar o preço. “Isso interrompe a trajetória descendente (de preços) do momento”, diz.

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Para o analista, os preços não devem se descolar da casa dos US$ 85 no curto prazo, e o aumento no segundo semestre vai depender da atividade econômica no mundo - hoje deprimida pelas altas taxas de juros - e principalmente pelo avanço da economia chinesa, que deve se concentrar no fim do ano.

Em relação ao aperto monetário mundial, Gala coloca que era mais fácil controlar a inflação com o petróleo próximo a US$ 70 do que com acima de US$ 80. A situação dificulta a vida do Fed e do BC europeu, mas não muda completamente o quadro, afirma Gala. “Talvez suba um pouco a mais a taxa. A Opep tem influência no preço, mas o nível de atividade global é mais importante, se as economias estão contraindo ou expandindo é o que no final do dia vai definir o preço do petróleo”, explica.

“A gente está vendo um aumento das taxas de juros justamente por conta da alta do petróleo, por causa do corte da Opep. Ou seja, o cenário de inflação pode ser mais desafiador do que inicialmente previsto”, diz o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno.

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Petrobras

Para Assis, o corte da Opep e a apreciação do barril não devem ter efeitos imediatos sobre os preços de derivados praticados pela Petrobras, mas “diminui bastante” o espaço para quedas de preços em refinarias, sobretudo no caso da gasolina.

Ele lembra que, de um lado, a companhia ganha em receita, por ser produtora e exportadora de petróleo, mas sofre aumento de pressão política e inflacionária relacionada a combustível, dilema que, diz, não será só do Brasil, mas de todo o mundo, o que inclui Europa e Estados Unidos.

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Para Gala, o preço brasileiro só terá um aumento expressivo se o barril ultrapassar os US$ 90. Se esse for o caso, há uma melhora do lado fiscal, já que governo arrecada mais, porém piora a trajetória de inflação no País, o que pode atrasar o corte dos juros.

Além disso, os preços dos combustíveis no País também dependem da definição da política de preços da Petrobras, o que ainda não está claro, explica Rochlin. Há incertezas se os preços continuarão atrelados aos preços do mercado internacional. Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, afirmou no começo de março que não haverá intervenção do governo nos preços, mas que a política de paridade de importação (PPI) pode mudar.

“A Petrobras vai praticar preços competitivos para o mercado dela, conforme achar que tem de ser para garantir sua fatia de mercado, onde estiver presente. Se for o PPI, que seja, mas em alguns casos talvez não seja. O PPI só garante ao concorrente uma posição mais confortável. A minha função é ser competitivo”, disse Prates.

Ministério da Fazenda

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou como exagerada a reação de preços no mercado internacional ao anúncio de redução da oferta de petróleo pela Opep+.

“Teve um overshooting. Um milhão de barris não é para dar 8,0% de aumento do preço do barril”, disse em entrevista à GloboNews. “A Opep sinalizou que pode cortar mais, que vai administrar o preço, e pode ser que ela queira manter o petróleo em um patamar mínimo, para não deixar ocorrer o que aconteceu em outros tempos, quando caiu a US$ 60, US$ 50, US$ 40.”

O mercado respondeu rapidamente nesta segunda-feira, 3, ao comunicado de países da Opep+ de que serão cortados voluntariamente 1,66 milhão de barris por dia até o fim do ano. O grupo reúne a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados. Como resultado, o petróleo aumentou mais de 6%. A Opep diz que a decisão é uma medida preventiva com o “objetivo de sustentar a estabilidade do mercado de petróleo”.

Especialistas afirmam que os preços da commodity não devem cair no curto prazo, mas que ainda é muito cedo para falar em outras tendências, visto a volatilidade do momento.

Ainda é cedo para dizer que a alta dos preços do petróleo no mercado internacional vai impactar diretamente o Brasil, apontam analistas Foto: Marcos de Paula/Agência Estado

O anúncio do corte na produção impactou os mercados globais diante da possibilidade de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) tenha que subir mais os juros para combater a inflação. No Brasil, as apostas de corte da Selic começam a migrar de junho para agosto.

O Citi considera que o “surpreendente corte preventivo” deve levar a um movimento para cima no preço da commodity no curto prazo, mas o banco também avalia haver ainda “ventos contrários adiante”. O banco afirma que o novo anúncio “gera dúvidas sobre a capacidade deles de manter a produção constante”.

Mauro Rochlin, professor de MBAs da FGV, afirma que o aumento expressivo nos preços é uma resposta do “calor dos acontecimentos”, e que, pouco tempo depois, já era possível ver uma volatilidade. “Para falarmos em tendências desse anúncio, é preciso primeiro esperar passar essa volatilidade. É recomendado esperar uma semana, dez dias, para podermos observar se teremos um novo patamar com estabilidade”, disse.

O professor afirma que ainda é cedo para falar em impacto nos preços brasileiros. “Há duas semanas, o Brent estava em cerca de US$ 84, e houve uma queda para cerca de US$ 79. Com o anúncio, voltamos ao patamar de duas semanas atrás. Sem estabilidade, não podemos dizer ainda que teremos altas expressivas no Brasil.”

O corte antecipa o movimento de alta do preço internacional da commodity, mas não muda a projeção de preço médio anual entre US$ 80 e US$ 90 para o barril tipo Brent, a principal referência do mercado, analisa Marcelo de Assis, analista de óleo e gás da Wood Mackenzie.

Há uma tendência de alta para os próximos meses, mas o nível não deve chegar ao da pandemia, quando o barril do petróleo superou os US$ 110 num momento em que o mundo todo crescia, afirma Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

“Não podemos cravar que o preço vai subir devidamente porque estamos num momento de alta de juros, desacelerando a atividade nos EUA e Europa, isso reduz bem a demanda nos próximos meses”, analisa Gala. Ele destaca também que as reservas de petróleo americanas caíram praticamente pela metade.

“Nossas previsões apontavam para o barril a um valor médio entre US$ 80 e US$ 90 este ano e permanecem assim”, diz Assis. Para ele, o corte efetivo na oferta de petróleo vem para acompanhar a queda na demanda e preservar o preço. “Isso interrompe a trajetória descendente (de preços) do momento”, diz.

Para o analista, os preços não devem se descolar da casa dos US$ 85 no curto prazo, e o aumento no segundo semestre vai depender da atividade econômica no mundo - hoje deprimida pelas altas taxas de juros - e principalmente pelo avanço da economia chinesa, que deve se concentrar no fim do ano.

Em relação ao aperto monetário mundial, Gala coloca que era mais fácil controlar a inflação com o petróleo próximo a US$ 70 do que com acima de US$ 80. A situação dificulta a vida do Fed e do BC europeu, mas não muda completamente o quadro, afirma Gala. “Talvez suba um pouco a mais a taxa. A Opep tem influência no preço, mas o nível de atividade global é mais importante, se as economias estão contraindo ou expandindo é o que no final do dia vai definir o preço do petróleo”, explica.

“A gente está vendo um aumento das taxas de juros justamente por conta da alta do petróleo, por causa do corte da Opep. Ou seja, o cenário de inflação pode ser mais desafiador do que inicialmente previsto”, diz o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno.

Petrobras

Para Assis, o corte da Opep e a apreciação do barril não devem ter efeitos imediatos sobre os preços de derivados praticados pela Petrobras, mas “diminui bastante” o espaço para quedas de preços em refinarias, sobretudo no caso da gasolina.

Ele lembra que, de um lado, a companhia ganha em receita, por ser produtora e exportadora de petróleo, mas sofre aumento de pressão política e inflacionária relacionada a combustível, dilema que, diz, não será só do Brasil, mas de todo o mundo, o que inclui Europa e Estados Unidos.

Para Gala, o preço brasileiro só terá um aumento expressivo se o barril ultrapassar os US$ 90. Se esse for o caso, há uma melhora do lado fiscal, já que governo arrecada mais, porém piora a trajetória de inflação no País, o que pode atrasar o corte dos juros.

Além disso, os preços dos combustíveis no País também dependem da definição da política de preços da Petrobras, o que ainda não está claro, explica Rochlin. Há incertezas se os preços continuarão atrelados aos preços do mercado internacional. Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, afirmou no começo de março que não haverá intervenção do governo nos preços, mas que a política de paridade de importação (PPI) pode mudar.

“A Petrobras vai praticar preços competitivos para o mercado dela, conforme achar que tem de ser para garantir sua fatia de mercado, onde estiver presente. Se for o PPI, que seja, mas em alguns casos talvez não seja. O PPI só garante ao concorrente uma posição mais confortável. A minha função é ser competitivo”, disse Prates.

Ministério da Fazenda

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou como exagerada a reação de preços no mercado internacional ao anúncio de redução da oferta de petróleo pela Opep+.

“Teve um overshooting. Um milhão de barris não é para dar 8,0% de aumento do preço do barril”, disse em entrevista à GloboNews. “A Opep sinalizou que pode cortar mais, que vai administrar o preço, e pode ser que ela queira manter o petróleo em um patamar mínimo, para não deixar ocorrer o que aconteceu em outros tempos, quando caiu a US$ 60, US$ 50, US$ 40.”

O mercado respondeu rapidamente nesta segunda-feira, 3, ao comunicado de países da Opep+ de que serão cortados voluntariamente 1,66 milhão de barris por dia até o fim do ano. O grupo reúne a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados. Como resultado, o petróleo aumentou mais de 6%. A Opep diz que a decisão é uma medida preventiva com o “objetivo de sustentar a estabilidade do mercado de petróleo”.

Especialistas afirmam que os preços da commodity não devem cair no curto prazo, mas que ainda é muito cedo para falar em outras tendências, visto a volatilidade do momento.

Ainda é cedo para dizer que a alta dos preços do petróleo no mercado internacional vai impactar diretamente o Brasil, apontam analistas Foto: Marcos de Paula/Agência Estado

O anúncio do corte na produção impactou os mercados globais diante da possibilidade de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) tenha que subir mais os juros para combater a inflação. No Brasil, as apostas de corte da Selic começam a migrar de junho para agosto.

O Citi considera que o “surpreendente corte preventivo” deve levar a um movimento para cima no preço da commodity no curto prazo, mas o banco também avalia haver ainda “ventos contrários adiante”. O banco afirma que o novo anúncio “gera dúvidas sobre a capacidade deles de manter a produção constante”.

Mauro Rochlin, professor de MBAs da FGV, afirma que o aumento expressivo nos preços é uma resposta do “calor dos acontecimentos”, e que, pouco tempo depois, já era possível ver uma volatilidade. “Para falarmos em tendências desse anúncio, é preciso primeiro esperar passar essa volatilidade. É recomendado esperar uma semana, dez dias, para podermos observar se teremos um novo patamar com estabilidade”, disse.

O professor afirma que ainda é cedo para falar em impacto nos preços brasileiros. “Há duas semanas, o Brent estava em cerca de US$ 84, e houve uma queda para cerca de US$ 79. Com o anúncio, voltamos ao patamar de duas semanas atrás. Sem estabilidade, não podemos dizer ainda que teremos altas expressivas no Brasil.”

O corte antecipa o movimento de alta do preço internacional da commodity, mas não muda a projeção de preço médio anual entre US$ 80 e US$ 90 para o barril tipo Brent, a principal referência do mercado, analisa Marcelo de Assis, analista de óleo e gás da Wood Mackenzie.

Há uma tendência de alta para os próximos meses, mas o nível não deve chegar ao da pandemia, quando o barril do petróleo superou os US$ 110 num momento em que o mundo todo crescia, afirma Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

“Não podemos cravar que o preço vai subir devidamente porque estamos num momento de alta de juros, desacelerando a atividade nos EUA e Europa, isso reduz bem a demanda nos próximos meses”, analisa Gala. Ele destaca também que as reservas de petróleo americanas caíram praticamente pela metade.

“Nossas previsões apontavam para o barril a um valor médio entre US$ 80 e US$ 90 este ano e permanecem assim”, diz Assis. Para ele, o corte efetivo na oferta de petróleo vem para acompanhar a queda na demanda e preservar o preço. “Isso interrompe a trajetória descendente (de preços) do momento”, diz.

Para o analista, os preços não devem se descolar da casa dos US$ 85 no curto prazo, e o aumento no segundo semestre vai depender da atividade econômica no mundo - hoje deprimida pelas altas taxas de juros - e principalmente pelo avanço da economia chinesa, que deve se concentrar no fim do ano.

Em relação ao aperto monetário mundial, Gala coloca que era mais fácil controlar a inflação com o petróleo próximo a US$ 70 do que com acima de US$ 80. A situação dificulta a vida do Fed e do BC europeu, mas não muda completamente o quadro, afirma Gala. “Talvez suba um pouco a mais a taxa. A Opep tem influência no preço, mas o nível de atividade global é mais importante, se as economias estão contraindo ou expandindo é o que no final do dia vai definir o preço do petróleo”, explica.

“A gente está vendo um aumento das taxas de juros justamente por conta da alta do petróleo, por causa do corte da Opep. Ou seja, o cenário de inflação pode ser mais desafiador do que inicialmente previsto”, diz o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno.

Petrobras

Para Assis, o corte da Opep e a apreciação do barril não devem ter efeitos imediatos sobre os preços de derivados praticados pela Petrobras, mas “diminui bastante” o espaço para quedas de preços em refinarias, sobretudo no caso da gasolina.

Ele lembra que, de um lado, a companhia ganha em receita, por ser produtora e exportadora de petróleo, mas sofre aumento de pressão política e inflacionária relacionada a combustível, dilema que, diz, não será só do Brasil, mas de todo o mundo, o que inclui Europa e Estados Unidos.

Para Gala, o preço brasileiro só terá um aumento expressivo se o barril ultrapassar os US$ 90. Se esse for o caso, há uma melhora do lado fiscal, já que governo arrecada mais, porém piora a trajetória de inflação no País, o que pode atrasar o corte dos juros.

Além disso, os preços dos combustíveis no País também dependem da definição da política de preços da Petrobras, o que ainda não está claro, explica Rochlin. Há incertezas se os preços continuarão atrelados aos preços do mercado internacional. Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, afirmou no começo de março que não haverá intervenção do governo nos preços, mas que a política de paridade de importação (PPI) pode mudar.

“A Petrobras vai praticar preços competitivos para o mercado dela, conforme achar que tem de ser para garantir sua fatia de mercado, onde estiver presente. Se for o PPI, que seja, mas em alguns casos talvez não seja. O PPI só garante ao concorrente uma posição mais confortável. A minha função é ser competitivo”, disse Prates.

Ministério da Fazenda

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou como exagerada a reação de preços no mercado internacional ao anúncio de redução da oferta de petróleo pela Opep+.

“Teve um overshooting. Um milhão de barris não é para dar 8,0% de aumento do preço do barril”, disse em entrevista à GloboNews. “A Opep sinalizou que pode cortar mais, que vai administrar o preço, e pode ser que ela queira manter o petróleo em um patamar mínimo, para não deixar ocorrer o que aconteceu em outros tempos, quando caiu a US$ 60, US$ 50, US$ 40.”

O mercado respondeu rapidamente nesta segunda-feira, 3, ao comunicado de países da Opep+ de que serão cortados voluntariamente 1,66 milhão de barris por dia até o fim do ano. O grupo reúne a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados. Como resultado, o petróleo aumentou mais de 6%. A Opep diz que a decisão é uma medida preventiva com o “objetivo de sustentar a estabilidade do mercado de petróleo”.

Especialistas afirmam que os preços da commodity não devem cair no curto prazo, mas que ainda é muito cedo para falar em outras tendências, visto a volatilidade do momento.

Ainda é cedo para dizer que a alta dos preços do petróleo no mercado internacional vai impactar diretamente o Brasil, apontam analistas Foto: Marcos de Paula/Agência Estado

O anúncio do corte na produção impactou os mercados globais diante da possibilidade de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) tenha que subir mais os juros para combater a inflação. No Brasil, as apostas de corte da Selic começam a migrar de junho para agosto.

O Citi considera que o “surpreendente corte preventivo” deve levar a um movimento para cima no preço da commodity no curto prazo, mas o banco também avalia haver ainda “ventos contrários adiante”. O banco afirma que o novo anúncio “gera dúvidas sobre a capacidade deles de manter a produção constante”.

Mauro Rochlin, professor de MBAs da FGV, afirma que o aumento expressivo nos preços é uma resposta do “calor dos acontecimentos”, e que, pouco tempo depois, já era possível ver uma volatilidade. “Para falarmos em tendências desse anúncio, é preciso primeiro esperar passar essa volatilidade. É recomendado esperar uma semana, dez dias, para podermos observar se teremos um novo patamar com estabilidade”, disse.

O professor afirma que ainda é cedo para falar em impacto nos preços brasileiros. “Há duas semanas, o Brent estava em cerca de US$ 84, e houve uma queda para cerca de US$ 79. Com o anúncio, voltamos ao patamar de duas semanas atrás. Sem estabilidade, não podemos dizer ainda que teremos altas expressivas no Brasil.”

O corte antecipa o movimento de alta do preço internacional da commodity, mas não muda a projeção de preço médio anual entre US$ 80 e US$ 90 para o barril tipo Brent, a principal referência do mercado, analisa Marcelo de Assis, analista de óleo e gás da Wood Mackenzie.

Há uma tendência de alta para os próximos meses, mas o nível não deve chegar ao da pandemia, quando o barril do petróleo superou os US$ 110 num momento em que o mundo todo crescia, afirma Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

“Não podemos cravar que o preço vai subir devidamente porque estamos num momento de alta de juros, desacelerando a atividade nos EUA e Europa, isso reduz bem a demanda nos próximos meses”, analisa Gala. Ele destaca também que as reservas de petróleo americanas caíram praticamente pela metade.

“Nossas previsões apontavam para o barril a um valor médio entre US$ 80 e US$ 90 este ano e permanecem assim”, diz Assis. Para ele, o corte efetivo na oferta de petróleo vem para acompanhar a queda na demanda e preservar o preço. “Isso interrompe a trajetória descendente (de preços) do momento”, diz.

Para o analista, os preços não devem se descolar da casa dos US$ 85 no curto prazo, e o aumento no segundo semestre vai depender da atividade econômica no mundo - hoje deprimida pelas altas taxas de juros - e principalmente pelo avanço da economia chinesa, que deve se concentrar no fim do ano.

Em relação ao aperto monetário mundial, Gala coloca que era mais fácil controlar a inflação com o petróleo próximo a US$ 70 do que com acima de US$ 80. A situação dificulta a vida do Fed e do BC europeu, mas não muda completamente o quadro, afirma Gala. “Talvez suba um pouco a mais a taxa. A Opep tem influência no preço, mas o nível de atividade global é mais importante, se as economias estão contraindo ou expandindo é o que no final do dia vai definir o preço do petróleo”, explica.

“A gente está vendo um aumento das taxas de juros justamente por conta da alta do petróleo, por causa do corte da Opep. Ou seja, o cenário de inflação pode ser mais desafiador do que inicialmente previsto”, diz o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno.

Petrobras

Para Assis, o corte da Opep e a apreciação do barril não devem ter efeitos imediatos sobre os preços de derivados praticados pela Petrobras, mas “diminui bastante” o espaço para quedas de preços em refinarias, sobretudo no caso da gasolina.

Ele lembra que, de um lado, a companhia ganha em receita, por ser produtora e exportadora de petróleo, mas sofre aumento de pressão política e inflacionária relacionada a combustível, dilema que, diz, não será só do Brasil, mas de todo o mundo, o que inclui Europa e Estados Unidos.

Para Gala, o preço brasileiro só terá um aumento expressivo se o barril ultrapassar os US$ 90. Se esse for o caso, há uma melhora do lado fiscal, já que governo arrecada mais, porém piora a trajetória de inflação no País, o que pode atrasar o corte dos juros.

Além disso, os preços dos combustíveis no País também dependem da definição da política de preços da Petrobras, o que ainda não está claro, explica Rochlin. Há incertezas se os preços continuarão atrelados aos preços do mercado internacional. Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, afirmou no começo de março que não haverá intervenção do governo nos preços, mas que a política de paridade de importação (PPI) pode mudar.

“A Petrobras vai praticar preços competitivos para o mercado dela, conforme achar que tem de ser para garantir sua fatia de mercado, onde estiver presente. Se for o PPI, que seja, mas em alguns casos talvez não seja. O PPI só garante ao concorrente uma posição mais confortável. A minha função é ser competitivo”, disse Prates.

Ministério da Fazenda

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou como exagerada a reação de preços no mercado internacional ao anúncio de redução da oferta de petróleo pela Opep+.

“Teve um overshooting. Um milhão de barris não é para dar 8,0% de aumento do preço do barril”, disse em entrevista à GloboNews. “A Opep sinalizou que pode cortar mais, que vai administrar o preço, e pode ser que ela queira manter o petróleo em um patamar mínimo, para não deixar ocorrer o que aconteceu em outros tempos, quando caiu a US$ 60, US$ 50, US$ 40.”

O mercado respondeu rapidamente nesta segunda-feira, 3, ao comunicado de países da Opep+ de que serão cortados voluntariamente 1,66 milhão de barris por dia até o fim do ano. O grupo reúne a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados. Como resultado, o petróleo aumentou mais de 6%. A Opep diz que a decisão é uma medida preventiva com o “objetivo de sustentar a estabilidade do mercado de petróleo”.

Especialistas afirmam que os preços da commodity não devem cair no curto prazo, mas que ainda é muito cedo para falar em outras tendências, visto a volatilidade do momento.

Ainda é cedo para dizer que a alta dos preços do petróleo no mercado internacional vai impactar diretamente o Brasil, apontam analistas Foto: Marcos de Paula/Agência Estado

O anúncio do corte na produção impactou os mercados globais diante da possibilidade de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) tenha que subir mais os juros para combater a inflação. No Brasil, as apostas de corte da Selic começam a migrar de junho para agosto.

O Citi considera que o “surpreendente corte preventivo” deve levar a um movimento para cima no preço da commodity no curto prazo, mas o banco também avalia haver ainda “ventos contrários adiante”. O banco afirma que o novo anúncio “gera dúvidas sobre a capacidade deles de manter a produção constante”.

Mauro Rochlin, professor de MBAs da FGV, afirma que o aumento expressivo nos preços é uma resposta do “calor dos acontecimentos”, e que, pouco tempo depois, já era possível ver uma volatilidade. “Para falarmos em tendências desse anúncio, é preciso primeiro esperar passar essa volatilidade. É recomendado esperar uma semana, dez dias, para podermos observar se teremos um novo patamar com estabilidade”, disse.

O professor afirma que ainda é cedo para falar em impacto nos preços brasileiros. “Há duas semanas, o Brent estava em cerca de US$ 84, e houve uma queda para cerca de US$ 79. Com o anúncio, voltamos ao patamar de duas semanas atrás. Sem estabilidade, não podemos dizer ainda que teremos altas expressivas no Brasil.”

O corte antecipa o movimento de alta do preço internacional da commodity, mas não muda a projeção de preço médio anual entre US$ 80 e US$ 90 para o barril tipo Brent, a principal referência do mercado, analisa Marcelo de Assis, analista de óleo e gás da Wood Mackenzie.

Há uma tendência de alta para os próximos meses, mas o nível não deve chegar ao da pandemia, quando o barril do petróleo superou os US$ 110 num momento em que o mundo todo crescia, afirma Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

“Não podemos cravar que o preço vai subir devidamente porque estamos num momento de alta de juros, desacelerando a atividade nos EUA e Europa, isso reduz bem a demanda nos próximos meses”, analisa Gala. Ele destaca também que as reservas de petróleo americanas caíram praticamente pela metade.

“Nossas previsões apontavam para o barril a um valor médio entre US$ 80 e US$ 90 este ano e permanecem assim”, diz Assis. Para ele, o corte efetivo na oferta de petróleo vem para acompanhar a queda na demanda e preservar o preço. “Isso interrompe a trajetória descendente (de preços) do momento”, diz.

Para o analista, os preços não devem se descolar da casa dos US$ 85 no curto prazo, e o aumento no segundo semestre vai depender da atividade econômica no mundo - hoje deprimida pelas altas taxas de juros - e principalmente pelo avanço da economia chinesa, que deve se concentrar no fim do ano.

Em relação ao aperto monetário mundial, Gala coloca que era mais fácil controlar a inflação com o petróleo próximo a US$ 70 do que com acima de US$ 80. A situação dificulta a vida do Fed e do BC europeu, mas não muda completamente o quadro, afirma Gala. “Talvez suba um pouco a mais a taxa. A Opep tem influência no preço, mas o nível de atividade global é mais importante, se as economias estão contraindo ou expandindo é o que no final do dia vai definir o preço do petróleo”, explica.

“A gente está vendo um aumento das taxas de juros justamente por conta da alta do petróleo, por causa do corte da Opep. Ou seja, o cenário de inflação pode ser mais desafiador do que inicialmente previsto”, diz o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno.

Petrobras

Para Assis, o corte da Opep e a apreciação do barril não devem ter efeitos imediatos sobre os preços de derivados praticados pela Petrobras, mas “diminui bastante” o espaço para quedas de preços em refinarias, sobretudo no caso da gasolina.

Ele lembra que, de um lado, a companhia ganha em receita, por ser produtora e exportadora de petróleo, mas sofre aumento de pressão política e inflacionária relacionada a combustível, dilema que, diz, não será só do Brasil, mas de todo o mundo, o que inclui Europa e Estados Unidos.

Para Gala, o preço brasileiro só terá um aumento expressivo se o barril ultrapassar os US$ 90. Se esse for o caso, há uma melhora do lado fiscal, já que governo arrecada mais, porém piora a trajetória de inflação no País, o que pode atrasar o corte dos juros.

Além disso, os preços dos combustíveis no País também dependem da definição da política de preços da Petrobras, o que ainda não está claro, explica Rochlin. Há incertezas se os preços continuarão atrelados aos preços do mercado internacional. Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, afirmou no começo de março que não haverá intervenção do governo nos preços, mas que a política de paridade de importação (PPI) pode mudar.

“A Petrobras vai praticar preços competitivos para o mercado dela, conforme achar que tem de ser para garantir sua fatia de mercado, onde estiver presente. Se for o PPI, que seja, mas em alguns casos talvez não seja. O PPI só garante ao concorrente uma posição mais confortável. A minha função é ser competitivo”, disse Prates.

Ministério da Fazenda

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou como exagerada a reação de preços no mercado internacional ao anúncio de redução da oferta de petróleo pela Opep+.

“Teve um overshooting. Um milhão de barris não é para dar 8,0% de aumento do preço do barril”, disse em entrevista à GloboNews. “A Opep sinalizou que pode cortar mais, que vai administrar o preço, e pode ser que ela queira manter o petróleo em um patamar mínimo, para não deixar ocorrer o que aconteceu em outros tempos, quando caiu a US$ 60, US$ 50, US$ 40.”

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