Argentina: inflação chega a 102,5% em 12 meses e atinge a maior marca desde 1991


Alta dos preços ao consumidor atingiu 13,1% apenas nos dois primeiros meses do ano; alimentos e bebidas não alcoólicas foram os itens com maior incidência geral

Por Redação
Atualização:

A inflação na Argentina avançou 6,6% em fevereiro em relação ao mês anterior, informou nesta terça-feira, 14, o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). O resultado representa uma aceleração: em janeiro, o avanço mensal foi de 6%. Na comparação anual, a inflação ao consumidor no país saltou 102,5% nos 12 meses até fevereiro, também acima do aumento de 98,8% de janeiro. O índice anual superou os três dígitos pela primeira vez desde outubro de 1991.

Nos dois primeiros meses de 2023, a alta dos preços ao consumidor atingiu 13,1%. O nível geral de preços no varejo deverá ter um aumento de 100% este ano, segundo a última pesquisa de expectativas divulgada pelo Banco Central argentino, com base em relatórios dos maiores bancos e consultorias econômicas privadas do país.

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O governo do presidente Alberto Fernández havia estimado no orçamento nacional para 2023 uma taxa anual bem menor, de 60%. “Os itens com maior incidência geral foram alimentos e bebidas não alcoólicas (+9,8%), principalmente devido à incidência que representa em carnes e laticínios”, segundo o relatório do Indec.

“A meta de inflação do governo em torno de 60% na comparação anual para dezembro parece cada vez mais inatingível”, afirmou a consultoria Ecolatina em relatório. Segundo o documento, a inércia inflacionária parece “difícil de desarmar no curto prazo”.

Governo de Alberto Fernández definiu meta de inflação para 2023 de 60% ao ano Foto: Raúl Martínez/Efe
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E isso se deve a uma série de fatores, entre os quais o impacto da forte seca sofrida pela Argentina sobre o preço de alguns alimentos, os aumentos pendentes nas tarifas do serviço público e a dinâmica de recomposições salariais em um ano das eleições presidenciais, em que a economia terá um peso fundamental na decisão dos eleitores.

As pressões inflacionárias também são alimentadas pelas restrições às importações, o aumento dos preços das diferentes taxas de câmbio que coexistem na Argentina e os desequilíbrios que arrastam as contas públicas e o Banco Central para financiar o Tesouro.

Inflação reprimida

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Segundo Eugenio Marí, economista-chefe da fundação Libertad y Progreso, os preços ao consumidor na Argentina deverão crescer 110% neste ano, com “um componente muito importante de inflação reprimida”. “Nos últimos três anos, acumularam-se atrasos nas tarifas de luz, gás e água, nos transportes, saúde e outros itens com preços administrados”, explicou Marí à agência Efe.

Soma-se a isso o desequilíbrio cambial e monetário que, segundo o especialista, “torna imprescindível que, caso a inflação comece a cair, se avance pelo menos para o equilíbrio fiscal consolidado e se dê real independência ao Banco Central”. / BROADCAST COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A inflação na Argentina avançou 6,6% em fevereiro em relação ao mês anterior, informou nesta terça-feira, 14, o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). O resultado representa uma aceleração: em janeiro, o avanço mensal foi de 6%. Na comparação anual, a inflação ao consumidor no país saltou 102,5% nos 12 meses até fevereiro, também acima do aumento de 98,8% de janeiro. O índice anual superou os três dígitos pela primeira vez desde outubro de 1991.

Nos dois primeiros meses de 2023, a alta dos preços ao consumidor atingiu 13,1%. O nível geral de preços no varejo deverá ter um aumento de 100% este ano, segundo a última pesquisa de expectativas divulgada pelo Banco Central argentino, com base em relatórios dos maiores bancos e consultorias econômicas privadas do país.

O governo do presidente Alberto Fernández havia estimado no orçamento nacional para 2023 uma taxa anual bem menor, de 60%. “Os itens com maior incidência geral foram alimentos e bebidas não alcoólicas (+9,8%), principalmente devido à incidência que representa em carnes e laticínios”, segundo o relatório do Indec.

“A meta de inflação do governo em torno de 60% na comparação anual para dezembro parece cada vez mais inatingível”, afirmou a consultoria Ecolatina em relatório. Segundo o documento, a inércia inflacionária parece “difícil de desarmar no curto prazo”.

Governo de Alberto Fernández definiu meta de inflação para 2023 de 60% ao ano Foto: Raúl Martínez/Efe

E isso se deve a uma série de fatores, entre os quais o impacto da forte seca sofrida pela Argentina sobre o preço de alguns alimentos, os aumentos pendentes nas tarifas do serviço público e a dinâmica de recomposições salariais em um ano das eleições presidenciais, em que a economia terá um peso fundamental na decisão dos eleitores.

As pressões inflacionárias também são alimentadas pelas restrições às importações, o aumento dos preços das diferentes taxas de câmbio que coexistem na Argentina e os desequilíbrios que arrastam as contas públicas e o Banco Central para financiar o Tesouro.

Inflação reprimida

Segundo Eugenio Marí, economista-chefe da fundação Libertad y Progreso, os preços ao consumidor na Argentina deverão crescer 110% neste ano, com “um componente muito importante de inflação reprimida”. “Nos últimos três anos, acumularam-se atrasos nas tarifas de luz, gás e água, nos transportes, saúde e outros itens com preços administrados”, explicou Marí à agência Efe.

Soma-se a isso o desequilíbrio cambial e monetário que, segundo o especialista, “torna imprescindível que, caso a inflação comece a cair, se avance pelo menos para o equilíbrio fiscal consolidado e se dê real independência ao Banco Central”. / BROADCAST COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A inflação na Argentina avançou 6,6% em fevereiro em relação ao mês anterior, informou nesta terça-feira, 14, o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). O resultado representa uma aceleração: em janeiro, o avanço mensal foi de 6%. Na comparação anual, a inflação ao consumidor no país saltou 102,5% nos 12 meses até fevereiro, também acima do aumento de 98,8% de janeiro. O índice anual superou os três dígitos pela primeira vez desde outubro de 1991.

Nos dois primeiros meses de 2023, a alta dos preços ao consumidor atingiu 13,1%. O nível geral de preços no varejo deverá ter um aumento de 100% este ano, segundo a última pesquisa de expectativas divulgada pelo Banco Central argentino, com base em relatórios dos maiores bancos e consultorias econômicas privadas do país.

O governo do presidente Alberto Fernández havia estimado no orçamento nacional para 2023 uma taxa anual bem menor, de 60%. “Os itens com maior incidência geral foram alimentos e bebidas não alcoólicas (+9,8%), principalmente devido à incidência que representa em carnes e laticínios”, segundo o relatório do Indec.

“A meta de inflação do governo em torno de 60% na comparação anual para dezembro parece cada vez mais inatingível”, afirmou a consultoria Ecolatina em relatório. Segundo o documento, a inércia inflacionária parece “difícil de desarmar no curto prazo”.

Governo de Alberto Fernández definiu meta de inflação para 2023 de 60% ao ano Foto: Raúl Martínez/Efe

E isso se deve a uma série de fatores, entre os quais o impacto da forte seca sofrida pela Argentina sobre o preço de alguns alimentos, os aumentos pendentes nas tarifas do serviço público e a dinâmica de recomposições salariais em um ano das eleições presidenciais, em que a economia terá um peso fundamental na decisão dos eleitores.

As pressões inflacionárias também são alimentadas pelas restrições às importações, o aumento dos preços das diferentes taxas de câmbio que coexistem na Argentina e os desequilíbrios que arrastam as contas públicas e o Banco Central para financiar o Tesouro.

Inflação reprimida

Segundo Eugenio Marí, economista-chefe da fundação Libertad y Progreso, os preços ao consumidor na Argentina deverão crescer 110% neste ano, com “um componente muito importante de inflação reprimida”. “Nos últimos três anos, acumularam-se atrasos nas tarifas de luz, gás e água, nos transportes, saúde e outros itens com preços administrados”, explicou Marí à agência Efe.

Soma-se a isso o desequilíbrio cambial e monetário que, segundo o especialista, “torna imprescindível que, caso a inflação comece a cair, se avance pelo menos para o equilíbrio fiscal consolidado e se dê real independência ao Banco Central”. / BROADCAST COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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