Por que a inflação global tende a se manter alta e quais os efeitos disso para a economia mundial


Um novo arranjo global de produção no pós-pandemia e a mudança das fontes de energia fósseis para renováveis intensificam as pressões inflacionárias

Por Redação

JACKSON HOLE - Barreiras comerciais aumentando. Populações envelhecendo. Uma ampla transição dos combustíveis fósseis, que lançam dióxido de carbono na atmosfera, para as energias renováveis.

O predomínio de tais tendências pelo mundo pode intensificar as pressões inflacionárias globais nos próximos anos e tornar mais difícil para os bancos centrais atingirem suas metas de inflação.

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Essa preocupação foi um tema presente em vários discursos de destaque e nos estudos econômicos apresentados na conferência anual de banqueiros centrais do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) em Jackson Hole, Wyoming.

Há décadas, a economia global vem caminhando em direção a uma maior integração, com as mercadorias circulando mais livremente entre os Estados Unidos e seus parceiros comerciais. A produção com salários mais baixos no exterior permitiu aos americanos usufruir de produtos baratos e manteve a inflação baixa, embora às custas de muitos empregos na indústria dos EUA.

No entanto, desde a pandemia, essa tendência tem dado sinais de reversão. As empresas multinacionais têm distanciado suas cadeias de suprimentos da China. Em vez disso, elas estão tentando produzir mais produtos — principalmente semicondutores, cruciais para a produção de automóveis e eletrônicos — nos EUA, com os subsídios enormes de incentivo do governo Biden.

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Ao mesmo tempo, os investimentos em grande escala em energias renováveis poderiam se revelar prejudiciais, pelo menos temporariamente, aumentando os empréstimos do governo e a demanda por matérias-primas, elevando desse modo a inflação. Grande parte da população mundial está envelhecendo e a probabilidade dos idosos continuarem a trabalhar é menor. Essas tendências podem funcionar como choques de oferta, semelhantes à escassez de mercadorias e mão de obra que acelerou a inflação durante a recuperação da recessão causada pela pandemia.

Inflação alta levou a uma série de greves e protestos no Reino Unido Foto: Justin Tallis / AFP

“O novo contexto prepara o terreno para choques nos preços relativamente maiores do que vimos antes da pandemia”, disse Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, em um discurso na sexta-feira. “Se enfrentarmos tanto necessidades maiores de investimento como maiores limitações de oferta, é provável que vejamos pressões mais fortes sobre os preços em mercados como o de commodities — sobretudo para os metais e minerais cruciais para as tecnologias verdes.”

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Isso complicaria o trabalho do BCE, do Fed e de outros bancos centrais, cujas atribuições são para manter os aumentos dos preços sob controle. Quase todos os bancos centrais continuam lutando para conter a inflação elevada que aumentou desde o início de 2021 e diminuiu apenas parcialmente.

“Estamos vivendo neste mundo no qual podemos esperar ter mais e talvez maiores choques de oferta”, disse Pierre-Olivier Gourinchas, economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, em entrevista. “Tudo isso tende a dificultar a produção das coisas e torná-las mais caras. E essa é sem dúvidas a configuração que os bancos centrais mais detestam.”

As mudanças nos padrões do comércio global ganharam mais atenção durante as discussões de sábado na conferência de Jackson Hole. Um artigo apresentado por Laura Alfaro, economista da Harvard Business School, descobriu que, após décadas de crescimento, a fatia da China nas importações dos EUA caiu 5% entre 2017 e 2022. A pesquisa dela atribuiu a queda às tarifas impostas por Washington e às iniciativas de grandes empresas americanas para encontrar outras fontes de mercadorias e peças depois que as paralisações causadas pela pandemia na China interromperam a produção delas.

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Essas importações vieram em grande parte de outros países como Vietnã, México e Taiwan, que têm relações melhores com Washington do que com Pequim — uma tendência conhecida como “friendshoring”.

Apesar de todas as mudanças, as importações dos EUA atingiram uma máxima histórica em 2022, sugerindo que o comércio como um todo permaneceu alto.

A China enfrenta o problema oposto, a deflação, e tem crescido pouco Foto: Qilai Shen/The New York Times
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“Ainda não estamos nos desglobalizando”, disse Laura. “Estamos vendo uma ‘Grande Redistribuição’ iminente” conforme os padrões comerciais mudam.

Ela observou que também há sinais tímidos de “reshoring” — o retorno de algumas produções para os EUA. Laura disse que o país está importando mais peças e bens inacabados do que antes da pandemia, prova de que a montagem final está ocorrendo mais nos EUA. E a queda de empregos nas fábricas americanas, segundo ela, parece ter chegado ao fundo do poço.

Contudo, Laura advertiu que essas mudanças também trazem desvantagens: nos últimos cinco anos, o custo das mercadorias do Vietnã subiu cerca de 10% e do México cerca de 3%, aumentando as pressões inflacionárias.

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Além disso, disse ela, a China aumentou seu investimento em fábricas no Vietnã e no México. Por outro lado, outros países que enviam mercadorias para os EUA também importam peças da China. Esses desdobramentos sugerem que Washington não reduziu necessariamente seus laços econômicos com Pequim.

Ao mesmo tempo, algumas tendências globais podem ir na direção contrária e atenuar a inflação nos próximos anos. Um desses fatores está enfraquecendo o crescimento na China, a segunda maior economia do mundo, ficando atrás apenas dos EUA. Com sua economia em dificuldades, a China comprará menos petróleo, minerais e outras commodities, uma tendência que deve puxar para baixo os custos globais dessas mercadorias.

Kazuo Ueda, governador do Banco do Japão, disse durante uma discussão no sábado que, embora o crescimento hesitante da China seja “decepcionante”, ele se origina principalmente do aumento da inadimplência em seu setor imobiliário grande demais e não das mudanças nos padrões comerciais.

Ueda também criticou o aumento do uso de subsídios para apoiar a produção doméstica, como os EUA fizeram nos últimos dois anos.

“O uso generalizado da política industrial em todo o mundo poderia apenas levar a fábricas ineficientes”, disse Ueda, porque elas não estariam necessariamente localizadas nos locais com melhor custo-benefício.

E Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, defendeu a globalização e também denunciou o aumento dos subsídios e das barreiras comerciais. O comércio global muitas vezes freia a inflação e tem ajudado a reduzir significativamente a pobreza, disse ela.

“O comércio previsível é uma fonte de pressão desinflacionária, de redução da volatilidade do mercado e de aumento da atividade econômica. (...) A fragmentação econômica seria dolorosa.”/AP (Tradução de Romina Cácia)

JACKSON HOLE - Barreiras comerciais aumentando. Populações envelhecendo. Uma ampla transição dos combustíveis fósseis, que lançam dióxido de carbono na atmosfera, para as energias renováveis.

O predomínio de tais tendências pelo mundo pode intensificar as pressões inflacionárias globais nos próximos anos e tornar mais difícil para os bancos centrais atingirem suas metas de inflação.

Essa preocupação foi um tema presente em vários discursos de destaque e nos estudos econômicos apresentados na conferência anual de banqueiros centrais do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) em Jackson Hole, Wyoming.

Há décadas, a economia global vem caminhando em direção a uma maior integração, com as mercadorias circulando mais livremente entre os Estados Unidos e seus parceiros comerciais. A produção com salários mais baixos no exterior permitiu aos americanos usufruir de produtos baratos e manteve a inflação baixa, embora às custas de muitos empregos na indústria dos EUA.

No entanto, desde a pandemia, essa tendência tem dado sinais de reversão. As empresas multinacionais têm distanciado suas cadeias de suprimentos da China. Em vez disso, elas estão tentando produzir mais produtos — principalmente semicondutores, cruciais para a produção de automóveis e eletrônicos — nos EUA, com os subsídios enormes de incentivo do governo Biden.

Ao mesmo tempo, os investimentos em grande escala em energias renováveis poderiam se revelar prejudiciais, pelo menos temporariamente, aumentando os empréstimos do governo e a demanda por matérias-primas, elevando desse modo a inflação. Grande parte da população mundial está envelhecendo e a probabilidade dos idosos continuarem a trabalhar é menor. Essas tendências podem funcionar como choques de oferta, semelhantes à escassez de mercadorias e mão de obra que acelerou a inflação durante a recuperação da recessão causada pela pandemia.

Inflação alta levou a uma série de greves e protestos no Reino Unido Foto: Justin Tallis / AFP

“O novo contexto prepara o terreno para choques nos preços relativamente maiores do que vimos antes da pandemia”, disse Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, em um discurso na sexta-feira. “Se enfrentarmos tanto necessidades maiores de investimento como maiores limitações de oferta, é provável que vejamos pressões mais fortes sobre os preços em mercados como o de commodities — sobretudo para os metais e minerais cruciais para as tecnologias verdes.”

Isso complicaria o trabalho do BCE, do Fed e de outros bancos centrais, cujas atribuições são para manter os aumentos dos preços sob controle. Quase todos os bancos centrais continuam lutando para conter a inflação elevada que aumentou desde o início de 2021 e diminuiu apenas parcialmente.

“Estamos vivendo neste mundo no qual podemos esperar ter mais e talvez maiores choques de oferta”, disse Pierre-Olivier Gourinchas, economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, em entrevista. “Tudo isso tende a dificultar a produção das coisas e torná-las mais caras. E essa é sem dúvidas a configuração que os bancos centrais mais detestam.”

As mudanças nos padrões do comércio global ganharam mais atenção durante as discussões de sábado na conferência de Jackson Hole. Um artigo apresentado por Laura Alfaro, economista da Harvard Business School, descobriu que, após décadas de crescimento, a fatia da China nas importações dos EUA caiu 5% entre 2017 e 2022. A pesquisa dela atribuiu a queda às tarifas impostas por Washington e às iniciativas de grandes empresas americanas para encontrar outras fontes de mercadorias e peças depois que as paralisações causadas pela pandemia na China interromperam a produção delas.

Essas importações vieram em grande parte de outros países como Vietnã, México e Taiwan, que têm relações melhores com Washington do que com Pequim — uma tendência conhecida como “friendshoring”.

Apesar de todas as mudanças, as importações dos EUA atingiram uma máxima histórica em 2022, sugerindo que o comércio como um todo permaneceu alto.

A China enfrenta o problema oposto, a deflação, e tem crescido pouco Foto: Qilai Shen/The New York Times

“Ainda não estamos nos desglobalizando”, disse Laura. “Estamos vendo uma ‘Grande Redistribuição’ iminente” conforme os padrões comerciais mudam.

Ela observou que também há sinais tímidos de “reshoring” — o retorno de algumas produções para os EUA. Laura disse que o país está importando mais peças e bens inacabados do que antes da pandemia, prova de que a montagem final está ocorrendo mais nos EUA. E a queda de empregos nas fábricas americanas, segundo ela, parece ter chegado ao fundo do poço.

Contudo, Laura advertiu que essas mudanças também trazem desvantagens: nos últimos cinco anos, o custo das mercadorias do Vietnã subiu cerca de 10% e do México cerca de 3%, aumentando as pressões inflacionárias.

Além disso, disse ela, a China aumentou seu investimento em fábricas no Vietnã e no México. Por outro lado, outros países que enviam mercadorias para os EUA também importam peças da China. Esses desdobramentos sugerem que Washington não reduziu necessariamente seus laços econômicos com Pequim.

Ao mesmo tempo, algumas tendências globais podem ir na direção contrária e atenuar a inflação nos próximos anos. Um desses fatores está enfraquecendo o crescimento na China, a segunda maior economia do mundo, ficando atrás apenas dos EUA. Com sua economia em dificuldades, a China comprará menos petróleo, minerais e outras commodities, uma tendência que deve puxar para baixo os custos globais dessas mercadorias.

Kazuo Ueda, governador do Banco do Japão, disse durante uma discussão no sábado que, embora o crescimento hesitante da China seja “decepcionante”, ele se origina principalmente do aumento da inadimplência em seu setor imobiliário grande demais e não das mudanças nos padrões comerciais.

Ueda também criticou o aumento do uso de subsídios para apoiar a produção doméstica, como os EUA fizeram nos últimos dois anos.

“O uso generalizado da política industrial em todo o mundo poderia apenas levar a fábricas ineficientes”, disse Ueda, porque elas não estariam necessariamente localizadas nos locais com melhor custo-benefício.

E Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, defendeu a globalização e também denunciou o aumento dos subsídios e das barreiras comerciais. O comércio global muitas vezes freia a inflação e tem ajudado a reduzir significativamente a pobreza, disse ela.

“O comércio previsível é uma fonte de pressão desinflacionária, de redução da volatilidade do mercado e de aumento da atividade econômica. (...) A fragmentação econômica seria dolorosa.”/AP (Tradução de Romina Cácia)

JACKSON HOLE - Barreiras comerciais aumentando. Populações envelhecendo. Uma ampla transição dos combustíveis fósseis, que lançam dióxido de carbono na atmosfera, para as energias renováveis.

O predomínio de tais tendências pelo mundo pode intensificar as pressões inflacionárias globais nos próximos anos e tornar mais difícil para os bancos centrais atingirem suas metas de inflação.

Essa preocupação foi um tema presente em vários discursos de destaque e nos estudos econômicos apresentados na conferência anual de banqueiros centrais do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) em Jackson Hole, Wyoming.

Há décadas, a economia global vem caminhando em direção a uma maior integração, com as mercadorias circulando mais livremente entre os Estados Unidos e seus parceiros comerciais. A produção com salários mais baixos no exterior permitiu aos americanos usufruir de produtos baratos e manteve a inflação baixa, embora às custas de muitos empregos na indústria dos EUA.

No entanto, desde a pandemia, essa tendência tem dado sinais de reversão. As empresas multinacionais têm distanciado suas cadeias de suprimentos da China. Em vez disso, elas estão tentando produzir mais produtos — principalmente semicondutores, cruciais para a produção de automóveis e eletrônicos — nos EUA, com os subsídios enormes de incentivo do governo Biden.

Ao mesmo tempo, os investimentos em grande escala em energias renováveis poderiam se revelar prejudiciais, pelo menos temporariamente, aumentando os empréstimos do governo e a demanda por matérias-primas, elevando desse modo a inflação. Grande parte da população mundial está envelhecendo e a probabilidade dos idosos continuarem a trabalhar é menor. Essas tendências podem funcionar como choques de oferta, semelhantes à escassez de mercadorias e mão de obra que acelerou a inflação durante a recuperação da recessão causada pela pandemia.

Inflação alta levou a uma série de greves e protestos no Reino Unido Foto: Justin Tallis / AFP

“O novo contexto prepara o terreno para choques nos preços relativamente maiores do que vimos antes da pandemia”, disse Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, em um discurso na sexta-feira. “Se enfrentarmos tanto necessidades maiores de investimento como maiores limitações de oferta, é provável que vejamos pressões mais fortes sobre os preços em mercados como o de commodities — sobretudo para os metais e minerais cruciais para as tecnologias verdes.”

Isso complicaria o trabalho do BCE, do Fed e de outros bancos centrais, cujas atribuições são para manter os aumentos dos preços sob controle. Quase todos os bancos centrais continuam lutando para conter a inflação elevada que aumentou desde o início de 2021 e diminuiu apenas parcialmente.

“Estamos vivendo neste mundo no qual podemos esperar ter mais e talvez maiores choques de oferta”, disse Pierre-Olivier Gourinchas, economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, em entrevista. “Tudo isso tende a dificultar a produção das coisas e torná-las mais caras. E essa é sem dúvidas a configuração que os bancos centrais mais detestam.”

As mudanças nos padrões do comércio global ganharam mais atenção durante as discussões de sábado na conferência de Jackson Hole. Um artigo apresentado por Laura Alfaro, economista da Harvard Business School, descobriu que, após décadas de crescimento, a fatia da China nas importações dos EUA caiu 5% entre 2017 e 2022. A pesquisa dela atribuiu a queda às tarifas impostas por Washington e às iniciativas de grandes empresas americanas para encontrar outras fontes de mercadorias e peças depois que as paralisações causadas pela pandemia na China interromperam a produção delas.

Essas importações vieram em grande parte de outros países como Vietnã, México e Taiwan, que têm relações melhores com Washington do que com Pequim — uma tendência conhecida como “friendshoring”.

Apesar de todas as mudanças, as importações dos EUA atingiram uma máxima histórica em 2022, sugerindo que o comércio como um todo permaneceu alto.

A China enfrenta o problema oposto, a deflação, e tem crescido pouco Foto: Qilai Shen/The New York Times

“Ainda não estamos nos desglobalizando”, disse Laura. “Estamos vendo uma ‘Grande Redistribuição’ iminente” conforme os padrões comerciais mudam.

Ela observou que também há sinais tímidos de “reshoring” — o retorno de algumas produções para os EUA. Laura disse que o país está importando mais peças e bens inacabados do que antes da pandemia, prova de que a montagem final está ocorrendo mais nos EUA. E a queda de empregos nas fábricas americanas, segundo ela, parece ter chegado ao fundo do poço.

Contudo, Laura advertiu que essas mudanças também trazem desvantagens: nos últimos cinco anos, o custo das mercadorias do Vietnã subiu cerca de 10% e do México cerca de 3%, aumentando as pressões inflacionárias.

Além disso, disse ela, a China aumentou seu investimento em fábricas no Vietnã e no México. Por outro lado, outros países que enviam mercadorias para os EUA também importam peças da China. Esses desdobramentos sugerem que Washington não reduziu necessariamente seus laços econômicos com Pequim.

Ao mesmo tempo, algumas tendências globais podem ir na direção contrária e atenuar a inflação nos próximos anos. Um desses fatores está enfraquecendo o crescimento na China, a segunda maior economia do mundo, ficando atrás apenas dos EUA. Com sua economia em dificuldades, a China comprará menos petróleo, minerais e outras commodities, uma tendência que deve puxar para baixo os custos globais dessas mercadorias.

Kazuo Ueda, governador do Banco do Japão, disse durante uma discussão no sábado que, embora o crescimento hesitante da China seja “decepcionante”, ele se origina principalmente do aumento da inadimplência em seu setor imobiliário grande demais e não das mudanças nos padrões comerciais.

Ueda também criticou o aumento do uso de subsídios para apoiar a produção doméstica, como os EUA fizeram nos últimos dois anos.

“O uso generalizado da política industrial em todo o mundo poderia apenas levar a fábricas ineficientes”, disse Ueda, porque elas não estariam necessariamente localizadas nos locais com melhor custo-benefício.

E Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, defendeu a globalização e também denunciou o aumento dos subsídios e das barreiras comerciais. O comércio global muitas vezes freia a inflação e tem ajudado a reduzir significativamente a pobreza, disse ela.

“O comércio previsível é uma fonte de pressão desinflacionária, de redução da volatilidade do mercado e de aumento da atividade econômica. (...) A fragmentação econômica seria dolorosa.”/AP (Tradução de Romina Cácia)

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