IPCA acelera e fica em 0,23% em agosto, puxado pela alta da energia elétrica


No acumulado em 12 meses, inflação no País sobe para 4,61%; no mesmo período encerrado em julho, estava em 3,99%

Por Daniela Amorim
Atualização:

RIO - O encarecimento da conta de energia elétrica acelerou a inflação oficial no País em agosto. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,23%, ante uma elevação de 0,12% em julho, informou nesta terça-feira, 12, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado, porém, ficou no piso das previsões de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam um avanço mediano de 0,28%. A taxa acumulada em 12 meses subiu pelo segundo mês consecutivo, passando de 3,99% em julho para 4,61% em agosto de 2023, mas ainda no intervalo da meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central, que tem teto de tolerância de 4,75%.

“A inflação em 12 meses sobe com a substituição de deflações de julho e agosto de 2022″, frisou André Almeida, analista do Sistema de Índices de Preços do IBGE. Entre julho e setembro de 2022, o IPCA registrou deflação puxada pelo corte de tributos sobre gasolina, energia elétrica e telecomunicações.

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Fim impacto da incorporação dos bônus da energia de Itaipu provocou aumento nas contas de luz Foto: Alan Santos/PR

O desempenho do IPCA de agosto deste ano se mostrou qualitativamente benigno, o que corroboraria uma possível aceleração no ritmo de corte na taxa básica de juros, a Selic, na reunião de dezembro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, disse Andrea Damico, economista-chefe da gestora de fundos Armor Capital, em comentário.

“Não agora, mas na reunião de dezembro, na última reunião do ano. Nas próximas ainda a gente vislumbra os 50 pontos-base (0,50 ponto porcentual de corte na taxa básica de juros)”, explicou Damico.

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Após a divulgação de agosto, a corretora Guide Investimentos diminuiu sua projeção para o IPCA de 2023, de 5,1% para 5,0%. A LCA Consultores também rebaixou sua previsão de 5,1% para 5,0%. Apesar dos sinais favoráveis, a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, pondera que há preocupações crescentes com a parte fiscal do Brasil, que limitam pensar em uma alteração nas projeções para os juros na reunião do Copom deste mês.

“A arrecadação não deve avançar. O fiscal segue preocupante. Então, não muda o plano de voo do Banco Central, mas tira do radar a possibilidade de uma queda menor do juro em setembro”, disse Veronese, que prevê um corte de 0,50 ponto porcentual da Selic, hoje em 13,25% ao ano, terminando 2023 em 11,75% ao ano.

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Em agosto, a energia elétrica teve uma alta de 4,59%, sendo responsável por aproximadamente 80% da inflação registrada no mês. O movimento foi influenciado pelo fim da incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas do mês anterior, além de reajustes em quatro áreas pesquisadas: Vitória, Belém, São Luís e São Paulo.

Houve pressão também dos aumentos na gasolina (1,24%), automóvel novo (1,71%), emplacamento e licença (1,62%) e plano de saúde (0,78%). A gasolina, assim como o diesel, subiu na esteira dos reajustes da Petrobras nas refinarias, em 16 de agosto.

“No IPCA a gente coleta os preços nos postos dos combustíveis, direto na bomba, mas os reajustes nas refinarias podem acabar influenciando no preço ao consumidor final”, lembrou André Almeida, do IBGE.

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Na direção oposta, houve alívio das passagens aéreas (-11,69%), etanol (-4,26%), batata-inglesa (-12,92%), leite (-3,35%) e tomate (-7,91%).

As quedas nos preços dos alimentos já contribuem há três meses consecutivos para conter a inflação no País. O grupo Alimentação e bebidas recuou 0,85% em agosto, acumulando uma queda de -1,96% nos últimos três meses. A alimentação para consumo no domicílio no mesmo período ficou 3,02% mais barata.

“De maneira geral, a gente pode dizer que essa queda nos preços alimentícios tem sido influenciada por uma maior oferta desses produtos no mercado”, justificou André Almeida. “Fatores climáticos acabam contribuindo também para uma questão de aumentar a produção, aumentar a quantidade disponível no mercado.”

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As carnes ficaram 1,90% mais baratas em agosto. No ano, os preços já caíram 9,65%.

“As carnes estão com disponibilidade interna mais alta, então o aumento na quantidade de carne produzida no Brasil é um dos fatores que tem contribuído para essa queda nos últimos meses. Essa deflação das carnes tem sido influenciada por uma maior disponibilidade no mercado interno”, explicou Almeida.

Serviços x itens monitorados

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A inflação de serviços — usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços — passou de um aumento de 0,25% em julho para uma alta de 0,08% em agosto. Já os preços de itens monitorados pelo governo saíram de uma elevação de 0,46% em julho para aumento de 1,26% em agosto.

No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 5,63% em julho para 5,43% em agosto, a menor desde janeiro de 2022. Já a inflação de monitorados em 12 meses saiu de 3,64% em julho para 7,69% em agosto.

Segundo Almeida, com a redução da taxa de desemprego e a expansão no número de pessoas trabalhando, a inflação de serviços acumulada em 12 meses permanece acima do IPCA geral. No entanto, as pressões inflacionárias têm sido exercidas por itens monitorados pelo governo.

“O maior impacto no IPCA tem sido dos monitorados nos últimos meses: energia elétrica, gasolina. Isso tem a ver mais com uma inflação de monitorados do que uma inflação de demanda propriamente, de serviços”, afirmou o analista do IBGE. /Colaborou Maria Regina Silva

RIO - O encarecimento da conta de energia elétrica acelerou a inflação oficial no País em agosto. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,23%, ante uma elevação de 0,12% em julho, informou nesta terça-feira, 12, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado, porém, ficou no piso das previsões de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam um avanço mediano de 0,28%. A taxa acumulada em 12 meses subiu pelo segundo mês consecutivo, passando de 3,99% em julho para 4,61% em agosto de 2023, mas ainda no intervalo da meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central, que tem teto de tolerância de 4,75%.

“A inflação em 12 meses sobe com a substituição de deflações de julho e agosto de 2022″, frisou André Almeida, analista do Sistema de Índices de Preços do IBGE. Entre julho e setembro de 2022, o IPCA registrou deflação puxada pelo corte de tributos sobre gasolina, energia elétrica e telecomunicações.

Fim impacto da incorporação dos bônus da energia de Itaipu provocou aumento nas contas de luz Foto: Alan Santos/PR

O desempenho do IPCA de agosto deste ano se mostrou qualitativamente benigno, o que corroboraria uma possível aceleração no ritmo de corte na taxa básica de juros, a Selic, na reunião de dezembro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, disse Andrea Damico, economista-chefe da gestora de fundos Armor Capital, em comentário.

“Não agora, mas na reunião de dezembro, na última reunião do ano. Nas próximas ainda a gente vislumbra os 50 pontos-base (0,50 ponto porcentual de corte na taxa básica de juros)”, explicou Damico.

Após a divulgação de agosto, a corretora Guide Investimentos diminuiu sua projeção para o IPCA de 2023, de 5,1% para 5,0%. A LCA Consultores também rebaixou sua previsão de 5,1% para 5,0%. Apesar dos sinais favoráveis, a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, pondera que há preocupações crescentes com a parte fiscal do Brasil, que limitam pensar em uma alteração nas projeções para os juros na reunião do Copom deste mês.

“A arrecadação não deve avançar. O fiscal segue preocupante. Então, não muda o plano de voo do Banco Central, mas tira do radar a possibilidade de uma queda menor do juro em setembro”, disse Veronese, que prevê um corte de 0,50 ponto porcentual da Selic, hoje em 13,25% ao ano, terminando 2023 em 11,75% ao ano.

Em agosto, a energia elétrica teve uma alta de 4,59%, sendo responsável por aproximadamente 80% da inflação registrada no mês. O movimento foi influenciado pelo fim da incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas do mês anterior, além de reajustes em quatro áreas pesquisadas: Vitória, Belém, São Luís e São Paulo.

Houve pressão também dos aumentos na gasolina (1,24%), automóvel novo (1,71%), emplacamento e licença (1,62%) e plano de saúde (0,78%). A gasolina, assim como o diesel, subiu na esteira dos reajustes da Petrobras nas refinarias, em 16 de agosto.

“No IPCA a gente coleta os preços nos postos dos combustíveis, direto na bomba, mas os reajustes nas refinarias podem acabar influenciando no preço ao consumidor final”, lembrou André Almeida, do IBGE.

Na direção oposta, houve alívio das passagens aéreas (-11,69%), etanol (-4,26%), batata-inglesa (-12,92%), leite (-3,35%) e tomate (-7,91%).

As quedas nos preços dos alimentos já contribuem há três meses consecutivos para conter a inflação no País. O grupo Alimentação e bebidas recuou 0,85% em agosto, acumulando uma queda de -1,96% nos últimos três meses. A alimentação para consumo no domicílio no mesmo período ficou 3,02% mais barata.

“De maneira geral, a gente pode dizer que essa queda nos preços alimentícios tem sido influenciada por uma maior oferta desses produtos no mercado”, justificou André Almeida. “Fatores climáticos acabam contribuindo também para uma questão de aumentar a produção, aumentar a quantidade disponível no mercado.”

As carnes ficaram 1,90% mais baratas em agosto. No ano, os preços já caíram 9,65%.

“As carnes estão com disponibilidade interna mais alta, então o aumento na quantidade de carne produzida no Brasil é um dos fatores que tem contribuído para essa queda nos últimos meses. Essa deflação das carnes tem sido influenciada por uma maior disponibilidade no mercado interno”, explicou Almeida.

Serviços x itens monitorados

A inflação de serviços — usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços — passou de um aumento de 0,25% em julho para uma alta de 0,08% em agosto. Já os preços de itens monitorados pelo governo saíram de uma elevação de 0,46% em julho para aumento de 1,26% em agosto.

No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 5,63% em julho para 5,43% em agosto, a menor desde janeiro de 2022. Já a inflação de monitorados em 12 meses saiu de 3,64% em julho para 7,69% em agosto.

Segundo Almeida, com a redução da taxa de desemprego e a expansão no número de pessoas trabalhando, a inflação de serviços acumulada em 12 meses permanece acima do IPCA geral. No entanto, as pressões inflacionárias têm sido exercidas por itens monitorados pelo governo.

“O maior impacto no IPCA tem sido dos monitorados nos últimos meses: energia elétrica, gasolina. Isso tem a ver mais com uma inflação de monitorados do que uma inflação de demanda propriamente, de serviços”, afirmou o analista do IBGE. /Colaborou Maria Regina Silva

RIO - O encarecimento da conta de energia elétrica acelerou a inflação oficial no País em agosto. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,23%, ante uma elevação de 0,12% em julho, informou nesta terça-feira, 12, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado, porém, ficou no piso das previsões de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam um avanço mediano de 0,28%. A taxa acumulada em 12 meses subiu pelo segundo mês consecutivo, passando de 3,99% em julho para 4,61% em agosto de 2023, mas ainda no intervalo da meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central, que tem teto de tolerância de 4,75%.

“A inflação em 12 meses sobe com a substituição de deflações de julho e agosto de 2022″, frisou André Almeida, analista do Sistema de Índices de Preços do IBGE. Entre julho e setembro de 2022, o IPCA registrou deflação puxada pelo corte de tributos sobre gasolina, energia elétrica e telecomunicações.

Fim impacto da incorporação dos bônus da energia de Itaipu provocou aumento nas contas de luz Foto: Alan Santos/PR

O desempenho do IPCA de agosto deste ano se mostrou qualitativamente benigno, o que corroboraria uma possível aceleração no ritmo de corte na taxa básica de juros, a Selic, na reunião de dezembro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, disse Andrea Damico, economista-chefe da gestora de fundos Armor Capital, em comentário.

“Não agora, mas na reunião de dezembro, na última reunião do ano. Nas próximas ainda a gente vislumbra os 50 pontos-base (0,50 ponto porcentual de corte na taxa básica de juros)”, explicou Damico.

Após a divulgação de agosto, a corretora Guide Investimentos diminuiu sua projeção para o IPCA de 2023, de 5,1% para 5,0%. A LCA Consultores também rebaixou sua previsão de 5,1% para 5,0%. Apesar dos sinais favoráveis, a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, pondera que há preocupações crescentes com a parte fiscal do Brasil, que limitam pensar em uma alteração nas projeções para os juros na reunião do Copom deste mês.

“A arrecadação não deve avançar. O fiscal segue preocupante. Então, não muda o plano de voo do Banco Central, mas tira do radar a possibilidade de uma queda menor do juro em setembro”, disse Veronese, que prevê um corte de 0,50 ponto porcentual da Selic, hoje em 13,25% ao ano, terminando 2023 em 11,75% ao ano.

Em agosto, a energia elétrica teve uma alta de 4,59%, sendo responsável por aproximadamente 80% da inflação registrada no mês. O movimento foi influenciado pelo fim da incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas do mês anterior, além de reajustes em quatro áreas pesquisadas: Vitória, Belém, São Luís e São Paulo.

Houve pressão também dos aumentos na gasolina (1,24%), automóvel novo (1,71%), emplacamento e licença (1,62%) e plano de saúde (0,78%). A gasolina, assim como o diesel, subiu na esteira dos reajustes da Petrobras nas refinarias, em 16 de agosto.

“No IPCA a gente coleta os preços nos postos dos combustíveis, direto na bomba, mas os reajustes nas refinarias podem acabar influenciando no preço ao consumidor final”, lembrou André Almeida, do IBGE.

Na direção oposta, houve alívio das passagens aéreas (-11,69%), etanol (-4,26%), batata-inglesa (-12,92%), leite (-3,35%) e tomate (-7,91%).

As quedas nos preços dos alimentos já contribuem há três meses consecutivos para conter a inflação no País. O grupo Alimentação e bebidas recuou 0,85% em agosto, acumulando uma queda de -1,96% nos últimos três meses. A alimentação para consumo no domicílio no mesmo período ficou 3,02% mais barata.

“De maneira geral, a gente pode dizer que essa queda nos preços alimentícios tem sido influenciada por uma maior oferta desses produtos no mercado”, justificou André Almeida. “Fatores climáticos acabam contribuindo também para uma questão de aumentar a produção, aumentar a quantidade disponível no mercado.”

As carnes ficaram 1,90% mais baratas em agosto. No ano, os preços já caíram 9,65%.

“As carnes estão com disponibilidade interna mais alta, então o aumento na quantidade de carne produzida no Brasil é um dos fatores que tem contribuído para essa queda nos últimos meses. Essa deflação das carnes tem sido influenciada por uma maior disponibilidade no mercado interno”, explicou Almeida.

Serviços x itens monitorados

A inflação de serviços — usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços — passou de um aumento de 0,25% em julho para uma alta de 0,08% em agosto. Já os preços de itens monitorados pelo governo saíram de uma elevação de 0,46% em julho para aumento de 1,26% em agosto.

No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 5,63% em julho para 5,43% em agosto, a menor desde janeiro de 2022. Já a inflação de monitorados em 12 meses saiu de 3,64% em julho para 7,69% em agosto.

Segundo Almeida, com a redução da taxa de desemprego e a expansão no número de pessoas trabalhando, a inflação de serviços acumulada em 12 meses permanece acima do IPCA geral. No entanto, as pressões inflacionárias têm sido exercidas por itens monitorados pelo governo.

“O maior impacto no IPCA tem sido dos monitorados nos últimos meses: energia elétrica, gasolina. Isso tem a ver mais com uma inflação de monitorados do que uma inflação de demanda propriamente, de serviços”, afirmou o analista do IBGE. /Colaborou Maria Regina Silva

RIO - O encarecimento da conta de energia elétrica acelerou a inflação oficial no País em agosto. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,23%, ante uma elevação de 0,12% em julho, informou nesta terça-feira, 12, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado, porém, ficou no piso das previsões de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam um avanço mediano de 0,28%. A taxa acumulada em 12 meses subiu pelo segundo mês consecutivo, passando de 3,99% em julho para 4,61% em agosto de 2023, mas ainda no intervalo da meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central, que tem teto de tolerância de 4,75%.

“A inflação em 12 meses sobe com a substituição de deflações de julho e agosto de 2022″, frisou André Almeida, analista do Sistema de Índices de Preços do IBGE. Entre julho e setembro de 2022, o IPCA registrou deflação puxada pelo corte de tributos sobre gasolina, energia elétrica e telecomunicações.

Fim impacto da incorporação dos bônus da energia de Itaipu provocou aumento nas contas de luz Foto: Alan Santos/PR

O desempenho do IPCA de agosto deste ano se mostrou qualitativamente benigno, o que corroboraria uma possível aceleração no ritmo de corte na taxa básica de juros, a Selic, na reunião de dezembro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, disse Andrea Damico, economista-chefe da gestora de fundos Armor Capital, em comentário.

“Não agora, mas na reunião de dezembro, na última reunião do ano. Nas próximas ainda a gente vislumbra os 50 pontos-base (0,50 ponto porcentual de corte na taxa básica de juros)”, explicou Damico.

Após a divulgação de agosto, a corretora Guide Investimentos diminuiu sua projeção para o IPCA de 2023, de 5,1% para 5,0%. A LCA Consultores também rebaixou sua previsão de 5,1% para 5,0%. Apesar dos sinais favoráveis, a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, pondera que há preocupações crescentes com a parte fiscal do Brasil, que limitam pensar em uma alteração nas projeções para os juros na reunião do Copom deste mês.

“A arrecadação não deve avançar. O fiscal segue preocupante. Então, não muda o plano de voo do Banco Central, mas tira do radar a possibilidade de uma queda menor do juro em setembro”, disse Veronese, que prevê um corte de 0,50 ponto porcentual da Selic, hoje em 13,25% ao ano, terminando 2023 em 11,75% ao ano.

Em agosto, a energia elétrica teve uma alta de 4,59%, sendo responsável por aproximadamente 80% da inflação registrada no mês. O movimento foi influenciado pelo fim da incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas do mês anterior, além de reajustes em quatro áreas pesquisadas: Vitória, Belém, São Luís e São Paulo.

Houve pressão também dos aumentos na gasolina (1,24%), automóvel novo (1,71%), emplacamento e licença (1,62%) e plano de saúde (0,78%). A gasolina, assim como o diesel, subiu na esteira dos reajustes da Petrobras nas refinarias, em 16 de agosto.

“No IPCA a gente coleta os preços nos postos dos combustíveis, direto na bomba, mas os reajustes nas refinarias podem acabar influenciando no preço ao consumidor final”, lembrou André Almeida, do IBGE.

Na direção oposta, houve alívio das passagens aéreas (-11,69%), etanol (-4,26%), batata-inglesa (-12,92%), leite (-3,35%) e tomate (-7,91%).

As quedas nos preços dos alimentos já contribuem há três meses consecutivos para conter a inflação no País. O grupo Alimentação e bebidas recuou 0,85% em agosto, acumulando uma queda de -1,96% nos últimos três meses. A alimentação para consumo no domicílio no mesmo período ficou 3,02% mais barata.

“De maneira geral, a gente pode dizer que essa queda nos preços alimentícios tem sido influenciada por uma maior oferta desses produtos no mercado”, justificou André Almeida. “Fatores climáticos acabam contribuindo também para uma questão de aumentar a produção, aumentar a quantidade disponível no mercado.”

As carnes ficaram 1,90% mais baratas em agosto. No ano, os preços já caíram 9,65%.

“As carnes estão com disponibilidade interna mais alta, então o aumento na quantidade de carne produzida no Brasil é um dos fatores que tem contribuído para essa queda nos últimos meses. Essa deflação das carnes tem sido influenciada por uma maior disponibilidade no mercado interno”, explicou Almeida.

Serviços x itens monitorados

A inflação de serviços — usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços — passou de um aumento de 0,25% em julho para uma alta de 0,08% em agosto. Já os preços de itens monitorados pelo governo saíram de uma elevação de 0,46% em julho para aumento de 1,26% em agosto.

No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 5,63% em julho para 5,43% em agosto, a menor desde janeiro de 2022. Já a inflação de monitorados em 12 meses saiu de 3,64% em julho para 7,69% em agosto.

Segundo Almeida, com a redução da taxa de desemprego e a expansão no número de pessoas trabalhando, a inflação de serviços acumulada em 12 meses permanece acima do IPCA geral. No entanto, as pressões inflacionárias têm sido exercidas por itens monitorados pelo governo.

“O maior impacto no IPCA tem sido dos monitorados nos últimos meses: energia elétrica, gasolina. Isso tem a ver mais com uma inflação de monitorados do que uma inflação de demanda propriamente, de serviços”, afirmou o analista do IBGE. /Colaborou Maria Regina Silva

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