Especialistas defendem maior integração entre ciência e indústria para fortalecer inovação na saúde


Oportunidades de parceria e potencial da biodiversidade do País para o setor farmacêutico foram discutidas em evento no Rio de Janeiro

Por Leandro Becker
Atualização:

ESPECIAL PARA O ‘ESTADÃO’ - O desafio para desenvolver produtos e soluções na área da saúde depende cada vez mais da aproximação entre a indústria e as áreas científicas e de pesquisa. O assunto foi debatido nesta quinta-feira, 15, no Rio de Janeiro, durante debate CNN Talks sobre a nova política industrial e o papel da inovação para a transformação, que teve apoio de apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

No painel com o tema fortalecimento do ecossistema de inovação na saúde, o especialista em pesquisa da Fiocruz, Thiago Moreno, disse que há muitas oportunidades para aproximar a indústria e setores de pesquisa para colaborações que resultem em melhores diagnósticos e tratamentos de saúde da população. “A otimização desse ecossistema com recursos e política direcionada pode ajudar a gente a alavancar esses processos e ter, de fato, inovação farmacêutica e biotecnológica no Brasil”, disse.

Ele elencou exemplos recentes da aproximação entre as áreas, como no reposicionamento de remédios já existentes para tratar hepatite diante da constatação de que poderiam ser eficientes para combater o zika vírus. “Isso nos aproximou da indústria e de parceiros. Na pandemia, também começamos a tentar verticalizar o desenvolvimento de antivirais no Brasil, de alto custo no SUS (Sistema Único de Saúde)”, observou.

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Evento discute o fortalecimento do ecossistema de inovação na Saúde Foto: Pedro Kirilos

Moreno ainda destacou a importância do investimento em monitoramento genômico. “No caso do vírus da gripe, por exemplo, tomamos vacina todo ano e, eventualmente, as cepas precisam ser editadas. Esse monitoramento dessas cepas é feito por análises genômicas. Logo, catalogar a diversidade genética viral é uma forma de inovar e isso pode caracterizar melhor os produtos que serão desenvolvidos”, exemplificou.

Denizar Vianna, professor na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), também enfatizou o potencial e a importância do trabalho cooperativo entre áreas científicas e industrial no atendimento à saúde da população e citou como exemplo a agilidade na produção da vacina contra a Covid-19. Também disse que o Brasil evoluiu muito seu parque tecnológico farmacêutico, deixando de ser “copiador” para atuar como “desenvolvedor”.

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Já o diretor de Planejamento e Relações Institucionais da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Igor Nazareth, pontuou o esforço para fortalecer essa integração. Ele detalhou que hoje a Embrapii dispõe de uma rede de 93 instituições de tecnologia e inovação para apoiar o desenvolvimento de novos produtos e soluções. Dessas, 46 atuam em projetos ligados à saúde. “É um modelo simples, com interação entre academia e pessoal qualificado para atender a demanda da indústria”, afirmou.

Questionado sobre o peso da inteligência artificial (IA) nesse contexto, Nazareth disse que hoje há 56 projetos em andamento relacionados à tecnologia aplicada à saúde. “Um deles foca na tentativa de diminuir o tempo e custo para o aprendizado de máquina, pois é algo que exige milhões de dados, além de uma capacidade de processamento gigantesca. O nosso foco é otimizar e garantir um nível de assertividade necessário para a indústria, principalmente na área da saúde”, comentou.

Sociobioeconomia no radar da indústria

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O painel também tratou de oportunidades sustentáveis para a indústria da saúde. Um dos cases apresentados foi da Brazbio, que tem como foco projetos de impacto socioambiental para a oferta de ingredientes naturais. A diretora-geral de parcerias da empresa, Priscylla Moro, destacou que a sociobioeconomia é um caminho para o Brasil deixar de ser um mero exportador de commodities e agregar valor ao que produz por meio da sua biodiversidade.

Painel "O fortalecimento do ecossistema de inovação na Saúde" teve participação de Priscylla Moro, diretora-geral da empresa Brazbio  Foto: Pedro Kirilos

“Hoje o Brasil importa produtos manufaturados de alto valor agregado para consumo final. Por que não produzir aqui? O país detém uma biodiversidade riquíssima e podemos nos posicionar como líderes da indústria verde no contexto global. Temos muitos ativos com potencial de serem escalonados, como açaí, castanha, cacau, cumaru e jaborandi”, disse.

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Ela contou que o jaborandi, com o qual a Brazbio tem atuado, tem grande potencial. Da folha da planta, é possível produzir a pilocarpina, um insumo para a indústria farmacêutica. “Temos hoje um programa de valorização do jaborandi que articula com as comunidades e visa atingir a qualidade que a indústria exige. Para isso, fizemos trabalhos de campo, capacitações e outras ações. Essa atuação é importante porque traz valor à comunidade local, além de assegurar qualidade em um componente que a indústria precisa”, ressaltou.

Priscylla salientou que iniciativas como essa são exemplos de como o Brasil tem condições, tecnologia e recursos para se posicionar como inovador em sociobioeconomia no cenário internacional. “Esse trabalho com as comunidades pode gerar ativos riquíssimos que agregam valor à nossa indústria e abrem oportunidades de negócio”, concluiu.

ESPECIAL PARA O ‘ESTADÃO’ - O desafio para desenvolver produtos e soluções na área da saúde depende cada vez mais da aproximação entre a indústria e as áreas científicas e de pesquisa. O assunto foi debatido nesta quinta-feira, 15, no Rio de Janeiro, durante debate CNN Talks sobre a nova política industrial e o papel da inovação para a transformação, que teve apoio de apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

No painel com o tema fortalecimento do ecossistema de inovação na saúde, o especialista em pesquisa da Fiocruz, Thiago Moreno, disse que há muitas oportunidades para aproximar a indústria e setores de pesquisa para colaborações que resultem em melhores diagnósticos e tratamentos de saúde da população. “A otimização desse ecossistema com recursos e política direcionada pode ajudar a gente a alavancar esses processos e ter, de fato, inovação farmacêutica e biotecnológica no Brasil”, disse.

Ele elencou exemplos recentes da aproximação entre as áreas, como no reposicionamento de remédios já existentes para tratar hepatite diante da constatação de que poderiam ser eficientes para combater o zika vírus. “Isso nos aproximou da indústria e de parceiros. Na pandemia, também começamos a tentar verticalizar o desenvolvimento de antivirais no Brasil, de alto custo no SUS (Sistema Único de Saúde)”, observou.

Evento discute o fortalecimento do ecossistema de inovação na Saúde Foto: Pedro Kirilos

Moreno ainda destacou a importância do investimento em monitoramento genômico. “No caso do vírus da gripe, por exemplo, tomamos vacina todo ano e, eventualmente, as cepas precisam ser editadas. Esse monitoramento dessas cepas é feito por análises genômicas. Logo, catalogar a diversidade genética viral é uma forma de inovar e isso pode caracterizar melhor os produtos que serão desenvolvidos”, exemplificou.

Denizar Vianna, professor na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), também enfatizou o potencial e a importância do trabalho cooperativo entre áreas científicas e industrial no atendimento à saúde da população e citou como exemplo a agilidade na produção da vacina contra a Covid-19. Também disse que o Brasil evoluiu muito seu parque tecnológico farmacêutico, deixando de ser “copiador” para atuar como “desenvolvedor”.

Já o diretor de Planejamento e Relações Institucionais da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Igor Nazareth, pontuou o esforço para fortalecer essa integração. Ele detalhou que hoje a Embrapii dispõe de uma rede de 93 instituições de tecnologia e inovação para apoiar o desenvolvimento de novos produtos e soluções. Dessas, 46 atuam em projetos ligados à saúde. “É um modelo simples, com interação entre academia e pessoal qualificado para atender a demanda da indústria”, afirmou.

Questionado sobre o peso da inteligência artificial (IA) nesse contexto, Nazareth disse que hoje há 56 projetos em andamento relacionados à tecnologia aplicada à saúde. “Um deles foca na tentativa de diminuir o tempo e custo para o aprendizado de máquina, pois é algo que exige milhões de dados, além de uma capacidade de processamento gigantesca. O nosso foco é otimizar e garantir um nível de assertividade necessário para a indústria, principalmente na área da saúde”, comentou.

Sociobioeconomia no radar da indústria

O painel também tratou de oportunidades sustentáveis para a indústria da saúde. Um dos cases apresentados foi da Brazbio, que tem como foco projetos de impacto socioambiental para a oferta de ingredientes naturais. A diretora-geral de parcerias da empresa, Priscylla Moro, destacou que a sociobioeconomia é um caminho para o Brasil deixar de ser um mero exportador de commodities e agregar valor ao que produz por meio da sua biodiversidade.

Painel "O fortalecimento do ecossistema de inovação na Saúde" teve participação de Priscylla Moro, diretora-geral da empresa Brazbio  Foto: Pedro Kirilos

“Hoje o Brasil importa produtos manufaturados de alto valor agregado para consumo final. Por que não produzir aqui? O país detém uma biodiversidade riquíssima e podemos nos posicionar como líderes da indústria verde no contexto global. Temos muitos ativos com potencial de serem escalonados, como açaí, castanha, cacau, cumaru e jaborandi”, disse.

Ela contou que o jaborandi, com o qual a Brazbio tem atuado, tem grande potencial. Da folha da planta, é possível produzir a pilocarpina, um insumo para a indústria farmacêutica. “Temos hoje um programa de valorização do jaborandi que articula com as comunidades e visa atingir a qualidade que a indústria exige. Para isso, fizemos trabalhos de campo, capacitações e outras ações. Essa atuação é importante porque traz valor à comunidade local, além de assegurar qualidade em um componente que a indústria precisa”, ressaltou.

Priscylla salientou que iniciativas como essa são exemplos de como o Brasil tem condições, tecnologia e recursos para se posicionar como inovador em sociobioeconomia no cenário internacional. “Esse trabalho com as comunidades pode gerar ativos riquíssimos que agregam valor à nossa indústria e abrem oportunidades de negócio”, concluiu.

ESPECIAL PARA O ‘ESTADÃO’ - O desafio para desenvolver produtos e soluções na área da saúde depende cada vez mais da aproximação entre a indústria e as áreas científicas e de pesquisa. O assunto foi debatido nesta quinta-feira, 15, no Rio de Janeiro, durante debate CNN Talks sobre a nova política industrial e o papel da inovação para a transformação, que teve apoio de apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

No painel com o tema fortalecimento do ecossistema de inovação na saúde, o especialista em pesquisa da Fiocruz, Thiago Moreno, disse que há muitas oportunidades para aproximar a indústria e setores de pesquisa para colaborações que resultem em melhores diagnósticos e tratamentos de saúde da população. “A otimização desse ecossistema com recursos e política direcionada pode ajudar a gente a alavancar esses processos e ter, de fato, inovação farmacêutica e biotecnológica no Brasil”, disse.

Ele elencou exemplos recentes da aproximação entre as áreas, como no reposicionamento de remédios já existentes para tratar hepatite diante da constatação de que poderiam ser eficientes para combater o zika vírus. “Isso nos aproximou da indústria e de parceiros. Na pandemia, também começamos a tentar verticalizar o desenvolvimento de antivirais no Brasil, de alto custo no SUS (Sistema Único de Saúde)”, observou.

Evento discute o fortalecimento do ecossistema de inovação na Saúde Foto: Pedro Kirilos

Moreno ainda destacou a importância do investimento em monitoramento genômico. “No caso do vírus da gripe, por exemplo, tomamos vacina todo ano e, eventualmente, as cepas precisam ser editadas. Esse monitoramento dessas cepas é feito por análises genômicas. Logo, catalogar a diversidade genética viral é uma forma de inovar e isso pode caracterizar melhor os produtos que serão desenvolvidos”, exemplificou.

Denizar Vianna, professor na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), também enfatizou o potencial e a importância do trabalho cooperativo entre áreas científicas e industrial no atendimento à saúde da população e citou como exemplo a agilidade na produção da vacina contra a Covid-19. Também disse que o Brasil evoluiu muito seu parque tecnológico farmacêutico, deixando de ser “copiador” para atuar como “desenvolvedor”.

Já o diretor de Planejamento e Relações Institucionais da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Igor Nazareth, pontuou o esforço para fortalecer essa integração. Ele detalhou que hoje a Embrapii dispõe de uma rede de 93 instituições de tecnologia e inovação para apoiar o desenvolvimento de novos produtos e soluções. Dessas, 46 atuam em projetos ligados à saúde. “É um modelo simples, com interação entre academia e pessoal qualificado para atender a demanda da indústria”, afirmou.

Questionado sobre o peso da inteligência artificial (IA) nesse contexto, Nazareth disse que hoje há 56 projetos em andamento relacionados à tecnologia aplicada à saúde. “Um deles foca na tentativa de diminuir o tempo e custo para o aprendizado de máquina, pois é algo que exige milhões de dados, além de uma capacidade de processamento gigantesca. O nosso foco é otimizar e garantir um nível de assertividade necessário para a indústria, principalmente na área da saúde”, comentou.

Sociobioeconomia no radar da indústria

O painel também tratou de oportunidades sustentáveis para a indústria da saúde. Um dos cases apresentados foi da Brazbio, que tem como foco projetos de impacto socioambiental para a oferta de ingredientes naturais. A diretora-geral de parcerias da empresa, Priscylla Moro, destacou que a sociobioeconomia é um caminho para o Brasil deixar de ser um mero exportador de commodities e agregar valor ao que produz por meio da sua biodiversidade.

Painel "O fortalecimento do ecossistema de inovação na Saúde" teve participação de Priscylla Moro, diretora-geral da empresa Brazbio  Foto: Pedro Kirilos

“Hoje o Brasil importa produtos manufaturados de alto valor agregado para consumo final. Por que não produzir aqui? O país detém uma biodiversidade riquíssima e podemos nos posicionar como líderes da indústria verde no contexto global. Temos muitos ativos com potencial de serem escalonados, como açaí, castanha, cacau, cumaru e jaborandi”, disse.

Ela contou que o jaborandi, com o qual a Brazbio tem atuado, tem grande potencial. Da folha da planta, é possível produzir a pilocarpina, um insumo para a indústria farmacêutica. “Temos hoje um programa de valorização do jaborandi que articula com as comunidades e visa atingir a qualidade que a indústria exige. Para isso, fizemos trabalhos de campo, capacitações e outras ações. Essa atuação é importante porque traz valor à comunidade local, além de assegurar qualidade em um componente que a indústria precisa”, ressaltou.

Priscylla salientou que iniciativas como essa são exemplos de como o Brasil tem condições, tecnologia e recursos para se posicionar como inovador em sociobioeconomia no cenário internacional. “Esse trabalho com as comunidades pode gerar ativos riquíssimos que agregam valor à nossa indústria e abrem oportunidades de negócio”, concluiu.

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