RIO – O Brasil manteve a trajetória rumo à universalização do acesso à internet no ano passado. Houve avanços na cobertura de rede no campo e também entre idosos. Em 2023, 92,5% dos lares brasileiros já estavam conectados à internet, mas 5,9 milhões de famílias estavam à margem da rede, o equivalente a 22,4 milhões de excluídos digitais no País.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Tecnologia da Informação e Comunicação 2023, a Pnad TIC, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O número de lares com uso de internet subiu de 68,9 milhões em 2022 (91,5% do total de domicílios permanentes existentes) para 72,5 milhões em 2023 (92,5% dos domicílios).
“Apesar do aumento consistente desde o início da série histórica (2016), essa taxa de crescimento tem sido cada vez menor, o que conversa com a aproximação desse número à universalização da internet nos domicílios brasileiros”, apontou o IBGE.
Nas áreas urbanas, a proporção de famílias com acesso à internet cresceu de 93,5% em 2022 para 94,1% em 2023, e nas áreas rurais, de 78,1% para 81%. A expansão da conectividade no campo tem diminuído a diferença em relação à cobertura em zonas urbanas: em 2016, apenas 35% dos lares rurais tinham acesso à internet, contra uma fatia de 76,6% em áreas urbanas, uma diferença superior a 40 pontos porcentuais, que foi reduzida a 13,1 pontos porcentuais em 2023.
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Entre as 5,9 milhões de famílias que permaneciam sem conexão à rede em casa, os motivos mais mencionados foram: nenhum morador sabia usar a internet (33,2%), serviço de acesso à internet era caro (30,0%) e falta de necessidade em acessar a internet (23,4%). Apenas 4,7% dos lares desconectados apontaram que o serviço de acesso à internet não estava disponível na área do domicílio. Outros 3,7% relataram que o equipamento eletrônico necessário para a conexão era caro.
Quanto à forma de conexão, a proporção de domicílios com internet via banda larga móvel subiu de 81,2% em 2022 para 83,3% em 2023, permanecendo inferior ao alcance da banda larga fixa, que aumentou de 86,4% para 86,9% no período.
País ganhou 48,3 milhões de pessoas conectadas em 8 anos
Em oito anos, 48,316 milhões de brasileiros passaram a usar a internet no País. O Brasil alcançou a marca de 164,5 milhões de habitantes conectados em 2023, o equivalente a 88,0% da população de 10 anos ou mais de idade, estimada em 186,9 milhões de pessoas. Entre os internautas, 94,3% declararam que usavam a internet todos os dias.
Na passagem de 2022 para 2023, diminuiu a proporção de crianças de 10 a 13 anos usuárias de internet, de 84,9% para 84,2%. Por outro lado, aumentou a inclusão digital de idosos: a proporção de internautas na faixa de 60 anos ou mais avançou de uma fatia de 62,1% para 66,0%.
“O porcentual de idosos (60 anos ou mais) que utilizam a internet subiu de 24,7% em 2016 para 66% em 2023. Entre 2019 e 2023, o grupo teve expansão de 21,2 pontos porcentuais e ante 2022, o aumento foi de 3,9 pontos porcentuais”, ressaltou o IBGE.
Quanto à escolaridade, entre as pessoas sem instrução, apenas 44,4% acessaram a internet, ao passo que esse porcentual subia a 97,6% no grupo com ensino superior completo. Em 2023, 97,6% dos estudantes da rede privada e 89,1% dos alunos da rede pública utilizaram internet.
Considerando todos os internautas, 10,2% acessaram a internet por conexão gratuita pública em escolas, universidades ou bibliotecas públicas. Entre os estudantes da rede pública usuários da internet, 30,5% utilizaram essa forma de acesso, fatia maior que a observada em 2022, de 26,7%.
Número de domicílios conectados ficou 24,7 milhões maior
Desde 2016, quando começou a série histórica da pesquisa do IBGE, o contingente de excluídos digitais foi reduzido em 62,5%: havia 59,7 milhões de brasileiros sem acesso à internet naquele ano, 37,3 milhões a menos que os atuais 22,4 milhões de desconectados registrados atualmente.
O número de domicílios conectados à internet ficou 24,7 milhões maior em oito anos: em 2016, havia 47,8 milhões de lares com utilização da internet, subindo a 72,5 milhões em 2023.
Na população que usava a internet, o meio de acesso mais adotado foi o telefone móvel celular, mencionado por 98,8% dos conectados, seguido pela televisão, citada por 49,8%. A conexão via televisão vem aumentando continuamente desde 2016, quando apenas 11,3% dos internautas acessavam a rede por esse aparelho. Já o acesso à internet via microcomputador recuou de 63,2% em 2016 para 34,2% em 2023, e via tablet, de 16,4% para 7,6% no período.
Em 2023, a maioria dos usuários usou a internet para conversar por chamadas de voz ou vídeo (94,6%). A segunda finalidade mais relatada de uso foi enviar ou receber mensagens de texto, voz ou imagens por aplicativos diferentes de e-mail (91,1%), seguida por assistir a vídeos, inclusive programas, séries e filmes (87,6%) e usar redes sociais (83,5%).
Cerca de 22,4 milhões de brasileiros de 10 anos ou mais de idade não usavam a internet. Três em cada quatro excluídos digitais não tinham completado o ensino fundamental (75,5% dos brasileiros que não acessavam internet). Mais da metade (51,6%) da população desconectada da rede era idosa. O motivo mais apontado foi não saber usar a internet, mencionado por 46,3% dos excluídos digitais.
Brasil tem 163,8 milhões de pessoas com aparelho de telefone celular
Em 2023, 163,8 milhões de pessoas tinham aparelho de telefone celular para uso pessoal no País, o equivalente a 87,6% da população com 10 anos ou mais.
A pesquisa mostrou expansão contínua da posse de telefone celular desde o início da série histórica, em 2016, quando 77,4% da população de 10 anos ou mais de idade possuíam o aparelho. Essa fatia subiu a 81,4% em 2019, passando a 84,4% em 2021, 86,5% em 2022, alcançando os atuais 87,6% em 2023.
No ano passado, a proporção de usuários de telefone móvel celular foi de 89,6% entre os habitantes de áreas urbanas e de 73,7% entre os moradores da área rural.
Dos 23,2 milhões de brasileiros sem telefone móvel celular para uso pessoal em 2023, o equivalente a 12,4% da população de 10 anos ou mais de idade, 53,7% eram homens e 46,3%, mulheres. Quanto à faixa etária, 35,2% tinham 60 anos ou mais de idade, e outros 22,6% tinham de 10 a 13 anos. Por nível de escolaridade, 78,9% não tinham completado o ensino fundamental.
Os motivos mais citados para a ausência de telefone celular foi não saber usar o aparelho (mencionado por 27,8%), o aparelho telefônico era caro (23,4%) e falta de necessidade (21,2%).
TV em baixa: número de lares sem o aparelho cresce em ritmo mais acelerado
Em 2023, havia televisão em 94,3% dos 78,3 milhões de domicílios particulares permanentes do País: essa proporção foi de 95,1% na área urbana e de 88,5% na rural.
“O quantitativo de domicílios com televisão continua aumentando. Mas, relativamente, a gente pode falar que tem menos domicílios com televisão”, explicou Leonardo Quesada, técnico da pesquisa do IBGE. “As pessoas estão usando outras telas, como celular”, argumentou.
Embora venha aumentando quantitativamente a posse de televisão, o número de lares sem o aparelho cresce em ritmo mais acelerado. Em 2016, quando começa a série histórica da pesquisa, 2,8% dos domicílios não tinham televisão, fatia que subiu a 5,7% das famílias em 2023.
“Tem aumentado o porcentual de domicílios que não têm TV. É uma tendência que a gente vem observando desde 2016. Isso pode ser mudança de hábitos na sociedade. É uma mudança lenta. Vem caindo de forma muito gradual (a proporção de domicílios com TV), muito lenta de ano a ano, mas acontece de forma consistente desde 2016, desde o início da série”, disse Gustavo Fontes, técnico da pesquisa do IBGE.
A proporção de domicílios com recepção de sinal analógico ou digital de televisão aberta por meio de antena convencional caiu de 91,6% em 2022 para 88,0% em 2023, meio milhão de lares a menos.
Houve recuo ainda na fatia de famílias com serviço de televisão por assinatura, de 27,7% em 2022 para 25,2% em 2023. O mesmo movimento foi percebido nos serviços pagos de streaming de vídeo: a fatia de domicílios assinantes encolheu de 43,4% em 2022 para 42,1% em 2023.