Com os juros acima de 5% há quase um ano nos EUA, títulos do governo (Treasuries, considerados ativos de baixíssimo risco) ganharam holofotes, impactando a precificação de ativos mundialmente. Remuneração alta em ativos de baixo risco leva investidores a diminuir e mitigar riscos. Assim, títulos privados de renda fixa são obrigados a aumentar retornos e as alternativas em renda variável ficam pressionadas.
Dessa forma, a preocupação (e certa ansiedade) para saber quando os juros americanos vão cair (e quanto) é mais do que justificada. No momento, as expectativas sugerem redução dos juros em setembro, sem que os cortes ultrapassem 0,5 ponto porcentual neste ano. Como sabemos, os fatores que orientam a decisão são a taxa de inflação e os indicadores de atividade econômica, em especial de emprego. Com relação à inflação, já houve expressivo progresso, mas a meta de 2% segue distante. Já a atividade mostra sinais de desaceleração, mas o contexto é de bastante aperto no mercado de trabalho. Dessa forma, acreditamos que a renda fixa deve permanecer atraente.
Isso significa abandonar a renda variável? Aqui entra a análise micro. Por exemplo: apesar do solavanco de abril, o ano tem se mostrado positivo para muitas empresas listadas nos EUA, o que pode ser observado no desempenho dos principais índices até agora (Dow: 6,5%, S&P 500: 11,9%, Nasdaq 100: 11,8%).
Interessante notar que, com o final da temporada de resultados do 1º trimestre se aproximando, as empresas do S&P 500 continuam a superar expectativas. Tanto a porcentagem de empresas com surpresas positivas quanto a magnitude dessas surpresas estão acima das médias de 10 anos. Na base anual, o S&P 500 teve a maior taxa de crescimento de lucros desde o 2º trimestre de 2022. Isso indica crescimento dos negócios, positivo para a bolsa.
Em resumo, embora o pano de fundo macro indique juros altos por mais tempo, favorecendo alternativas conservadoras e renda fixa, a análise micro não deve ser deixada de lado quando o objetivo é investir globalmente.