RIO - A queda nos preços dos alimentos comprados em supermercados ajudou a deter a prévia da inflação oficial no País. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) desacelerou de 0,69% em março para 0,57% em abril, informou nesta quarta-feira, 26, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa acumulada em 12 meses desceu de 5,36% em março para 4,16% em abril, o menor patamar desde outubro de 2020.
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Apesar do alívio, a inflação de serviços permanece em patamar elevado, com alta acumulada de 7,6% nos últimos 12 meses, dificultando o início do ciclo de cortes na taxa básica de juros, a Selic, calculou Claudia Moreno, economista do C6 Bank.
“Nossa projeção é que o IPCA termine o ano em 6%. Para 2024, esperamos que a inflação desacelere um pouco, para 5,5%. Incorporamos no cenário uma elevação da meta de inflação e com isso nossa previsão é que a taxa básica de juros comece a cair a partir de setembro, chegando a 12,5% ao final de 2023. Para 2024, a previsão é que a Selic recue para 11%”, apontou Moreno, em comentário.
A economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, não descarta que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reconheça na reunião de maio que o processo de desinflação está acontecendo, embora só espere um corte na taxa Selic em agosto.
“Vimos um repique de inflação desde outubro do ano passado e o Copom ressaltou em suas últimas atas que a inflação corrente está elevada e acima da meta. Agora pode haver um reconhecimento no comunicado de que a política monetária tem surtido efeito e pode haver uma mudança de tom, com a retirada da expectativa de juros altos por período prolongado”, avalia Vitória, que espera o começo de ciclo de cortes em agosto, com a Selic fechando o ano em 12,0%.
Em abril, todos os nove grupos de produtos e serviços que integram o IPCA-15 registraram altas de preços. Houve recuo no custo da alimentação consumida em casa, mas pesaram no orçamento das famílias os aumentos na gasolina e nas passagens aéreas, além dos reajustes autorizados para medicamentos e plano de saúde.
Os combustíveis ficaram 2,84% mais caros em abril. A gasolina subiu 3,47%, item de maior impacto individual no IPCA-15 de abril, 0,17 ponto porcentual. Os preços do etanol aumentaram 1,10%. Já o óleo diesel recuou 2,73%, enquanto o gás veicular diminuiu 2,17%.
A alta de 11,96% nos preços das passagens aéreas também ajudou a manter elevados os aumentos de custos das famílias com transportes em abril.
Em Saúde, a maior pressão partiu do aumento de 1,86% nos produtos farmacêuticos, após a autorização do reajuste de até 5,60% no preço dos medicamentos, a partir de 31 de março. O plano de saúde aumentou 1,20% em abril, ainda incorporando as frações mensais dos reajustes dos planos novos e antigos para o ciclo de 2022 a 2023.
Em Habitação, o destaque foi a energia elétrica residencial, com alta de 0,84%. O aluguel residencial subiu 0,53% em abril.
Na direção oposta, a queda nos preços das carnes voltou a ajudar a desacelerar o ritmo de aumento dos gastos das famílias brasileiras com alimentação. Os preços das carnes já acumulam uma queda de 3,08% de janeiro a abril deste ano.
O grupo alimentação e bebidas passou de uma alta de 0,20% em março para uma elevação de apenas 0,04% em abril.
A alimentação no domicílio ficou 0,15% mais barata em abril. As carnes recuaram 1,34%, mas também houve quedas importantes na batata-inglesa (-7,31%), cebola (-5,64%) e óleo de soja (-4,75%). O frango inteiro caiu 1,37%, e o frango em pedaços ficou 0,69% mais barato. Por outro lado, o ovo de galinha ficou 4,36% mais caro em abril, acumulando um aumento de 13,01% no ano.
Já a alimentação fora do domicílio subiu 0,55% em abril. O lanche aumentou 0,82%, e a refeição fora de casa teve elevação de 0,52%.