IPCA-15, prévia da inflação, tem deflação de 0,73% em agosto, menor resultado da série histórica


Esta é a primeira vez, desde agosto do ano passado, que o IPCA-15 acumulado de 12 meses fica abaixo de 10%

Por Daniela Amorim
Atualização:

RIO - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), prévia do principal indicador de preços do País, teve deflação de 0,73% em agosto, após uma alta de 0,13% de julho, divulgou nesta quarta-feira, 24, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta é a maior deflação desde que o IPCA-15 começou a ser apurado, em novembro de 1991, embora permaneça concentrada em poucos itens de grande peso no orçamento das famílias, como combustíveis e energia elétrica.

O resultado “exibiu fortemente os impactos das medidas de redução do ICMS, os cortes de preços na gasolina e a deflação de passagens aéreas no mês”, resumiu João Savignon, economista da Kínitro Capital, em nota.

“No entanto, a composição do índice veio pior que o projetado”, opinou Savignon, que espera uma deflação entre 0,30% e 0,40% no IPCA fechado de agosto. “Assim, seguimos atentos ao ritmo da inflação no país após a dissipação desses movimentos recentes, pois mesmo que o pior momento (pico da inflação) tenha ficado para trás, ainda temos um cenário desafiador, especialmente por conta dos serviços pressionados”, ressaltou.

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A proporção de itens investigados com aumentos de preços arrefeceu de 67,85% em julho para 65,12% em agosto, de acordo com cálculos do economista do Banco BV Raphael Rodrigues.

A inflação acumulada em 12 meses desceu a 9,60% em agosto, ainda elevada, porém a mais branda desde agosto do ano passado, depois de passar 11 meses rodando no patamar de dois dígitos. No ano, o IPCA-15 acumula uma alta de 5,02%.

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Após o resultado, o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, reduziu as expectativas para a inflação de 2022, de 7,1% para 6,5%. Para 2023, a projeção de 5,5% foi mantida.

“Mesmo com a pressão de câmbio e alimentação - que deve ser influenciada pela seca e por uma terceira onda do La Niña -, o cenário para inflação é positivo, bem melhor do que o que se imaginava há alguns meses”, avaliou Vale, que prevê preliminarmente uma queda de 0,64% no IPCA fechado de agosto, fazendo a taxa acumulada em 12 meses arrefecer a 8,4% em setembro e 7,7% em outubro, às vésperas das eleições.

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IPCA-15 é considerado prévia do principal indicador de preços do País; na maior deflação já registrada pelo IPCA-15, ele teve deflação de 0,73% em agosto.  Foto: Evelson de Freitas/Estadão

Combustíveis puxam queda

No mês de agosto, três dos nove grupos que integram o IPCA-15 concentraram as quedas de preços. Houve deflação em Habitação (-0,37%), Transportes (-5,24%) e Comunicação (-0,30%).

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Os combustíveis ficaram 15,33% mais baratos, tanto pelo corte de impostos como por reduções de preços anunciadas pela Petrobras nas refinarias. A gasolina caiu 16,80%, maior contribuição negativa para o IPCA-15 do mês, -1,07 ponto porcentual. Houve quedas também no etanol (-10,78%), gás veicular (-5,40%) e óleo diesel (-0,56%). As passagens aéreas recuaram 12,22% em agosto, uma pequena trégua após quatro meses consecutivos de altas.

A conta de luz caiu 3,29%, depois de vários estados reduzirem a alíquota de ICMS cobrada sobre os serviços de energia elétrica. O IBGE também atentou para a aprovação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) de Revisões Tarifárias Extraordinárias de diversas distribuidoras que operam em áreas de abrangência do índice, diminuindo as tarifas a partir de 13 de julho.

“Outro destaque é que começou a aparecer um impacto para baixo em telecomunicações. Algum impacto desse corte do ICMS entrou, ainda que menor do que em gasolina e energia”, atentou Leonardo Costa, economista da ASA Investments.

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Em Comunicação, os planos de telefonia fixa recuaram 2,29% em agosto, enquanto os planos de telefonia móvel caíram 1,04%. Já os aparelhos telefônicos registraram alta de 0,57%.

Por outro lado, as famílias brasileiras ainda gastaram mais em agosto com Alimentação e bebidas (1,12%), Vestuário (0,76%), Educação (0,61%), Artigos de residência (0,08%), Despesas pessoais (0,81%) e Saúde e cuidados pessoais (0,81%).

Alta do leite longa vida

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O grande vilão do mês foi o novo encarecimento do leite longa vida, que subiu 14,21% em agosto, item de maior pressão individual no IPCA-15, 0,14 ponto porcentual. O leite longa vida já acumula uma alta de 79,79% no ano. Os consumidores também pagaram mais este mês pelas frutas (2,99%), queijo (4,18%) e frango em pedaços (3,08%). O custo da alimentação consumida no domicílio, que inclui os itens comprados no supermercado, subiu 1,24% em agosto. A alimentação consumida fora de casa aumentou 0,80%.

Em Saúde e cuidados pessoais, a alta foi puxada pelo encarecimento dos planos de saúde, que subiram 1,22%, de acordo com a fração mensal do reajuste de 15,50% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 26 de maio para os planos novos. Os itens de higiene pessoal encareceram 1,03%.

No grupo Despesas Pessoais, houve pressão dos aumentos de custos com empregado doméstico (0,80%) e cigarro (3,32%). Em Educação, houve alta de preços nos cursos regulares, 0,52%, principalmente por conta dos subitens creche (1,47%), ensino fundamental (0,71%) e ensino superior (0,44%). Os cursos diversos aumentaram 1,18%, pressionados pelos cursos de idiomas (2,15%) e cursos preparatórios (2,04%).

“Olhando para a composição da inflação, ela continua pressionada. A queda dos preços administrados (combustíveis e energia) é pontual e não interfere na dinâmica da inflação à frente. Já os preços de bens industriais, que apresentavam tendência de desaceleração, vieram mais altos que o esperado. Além disso, não há sinais de alívio na inflação de serviços”, resumiu Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em nota.

Segundo Moreno, o resultado do IPCA-15 reforça a projeção do C6 Bank de uma inflação de 6,5% no IPCA de 2022.

“O cenário deve seguir desafiador em 2023, quando enxergamos uma inflação de 5,7%”, escreveu a economista.

(Colaboraram Cícero Cotrim e Isabela Moya)

RIO - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), prévia do principal indicador de preços do País, teve deflação de 0,73% em agosto, após uma alta de 0,13% de julho, divulgou nesta quarta-feira, 24, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta é a maior deflação desde que o IPCA-15 começou a ser apurado, em novembro de 1991, embora permaneça concentrada em poucos itens de grande peso no orçamento das famílias, como combustíveis e energia elétrica.

O resultado “exibiu fortemente os impactos das medidas de redução do ICMS, os cortes de preços na gasolina e a deflação de passagens aéreas no mês”, resumiu João Savignon, economista da Kínitro Capital, em nota.

“No entanto, a composição do índice veio pior que o projetado”, opinou Savignon, que espera uma deflação entre 0,30% e 0,40% no IPCA fechado de agosto. “Assim, seguimos atentos ao ritmo da inflação no país após a dissipação desses movimentos recentes, pois mesmo que o pior momento (pico da inflação) tenha ficado para trás, ainda temos um cenário desafiador, especialmente por conta dos serviços pressionados”, ressaltou.

A proporção de itens investigados com aumentos de preços arrefeceu de 67,85% em julho para 65,12% em agosto, de acordo com cálculos do economista do Banco BV Raphael Rodrigues.

A inflação acumulada em 12 meses desceu a 9,60% em agosto, ainda elevada, porém a mais branda desde agosto do ano passado, depois de passar 11 meses rodando no patamar de dois dígitos. No ano, o IPCA-15 acumula uma alta de 5,02%.

Após o resultado, o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, reduziu as expectativas para a inflação de 2022, de 7,1% para 6,5%. Para 2023, a projeção de 5,5% foi mantida.

“Mesmo com a pressão de câmbio e alimentação - que deve ser influenciada pela seca e por uma terceira onda do La Niña -, o cenário para inflação é positivo, bem melhor do que o que se imaginava há alguns meses”, avaliou Vale, que prevê preliminarmente uma queda de 0,64% no IPCA fechado de agosto, fazendo a taxa acumulada em 12 meses arrefecer a 8,4% em setembro e 7,7% em outubro, às vésperas das eleições.

IPCA-15 é considerado prévia do principal indicador de preços do País; na maior deflação já registrada pelo IPCA-15, ele teve deflação de 0,73% em agosto.  Foto: Evelson de Freitas/Estadão

Combustíveis puxam queda

No mês de agosto, três dos nove grupos que integram o IPCA-15 concentraram as quedas de preços. Houve deflação em Habitação (-0,37%), Transportes (-5,24%) e Comunicação (-0,30%).

Os combustíveis ficaram 15,33% mais baratos, tanto pelo corte de impostos como por reduções de preços anunciadas pela Petrobras nas refinarias. A gasolina caiu 16,80%, maior contribuição negativa para o IPCA-15 do mês, -1,07 ponto porcentual. Houve quedas também no etanol (-10,78%), gás veicular (-5,40%) e óleo diesel (-0,56%). As passagens aéreas recuaram 12,22% em agosto, uma pequena trégua após quatro meses consecutivos de altas.

A conta de luz caiu 3,29%, depois de vários estados reduzirem a alíquota de ICMS cobrada sobre os serviços de energia elétrica. O IBGE também atentou para a aprovação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) de Revisões Tarifárias Extraordinárias de diversas distribuidoras que operam em áreas de abrangência do índice, diminuindo as tarifas a partir de 13 de julho.

“Outro destaque é que começou a aparecer um impacto para baixo em telecomunicações. Algum impacto desse corte do ICMS entrou, ainda que menor do que em gasolina e energia”, atentou Leonardo Costa, economista da ASA Investments.

Em Comunicação, os planos de telefonia fixa recuaram 2,29% em agosto, enquanto os planos de telefonia móvel caíram 1,04%. Já os aparelhos telefônicos registraram alta de 0,57%.

Por outro lado, as famílias brasileiras ainda gastaram mais em agosto com Alimentação e bebidas (1,12%), Vestuário (0,76%), Educação (0,61%), Artigos de residência (0,08%), Despesas pessoais (0,81%) e Saúde e cuidados pessoais (0,81%).

Alta do leite longa vida

O grande vilão do mês foi o novo encarecimento do leite longa vida, que subiu 14,21% em agosto, item de maior pressão individual no IPCA-15, 0,14 ponto porcentual. O leite longa vida já acumula uma alta de 79,79% no ano. Os consumidores também pagaram mais este mês pelas frutas (2,99%), queijo (4,18%) e frango em pedaços (3,08%). O custo da alimentação consumida no domicílio, que inclui os itens comprados no supermercado, subiu 1,24% em agosto. A alimentação consumida fora de casa aumentou 0,80%.

Em Saúde e cuidados pessoais, a alta foi puxada pelo encarecimento dos planos de saúde, que subiram 1,22%, de acordo com a fração mensal do reajuste de 15,50% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 26 de maio para os planos novos. Os itens de higiene pessoal encareceram 1,03%.

No grupo Despesas Pessoais, houve pressão dos aumentos de custos com empregado doméstico (0,80%) e cigarro (3,32%). Em Educação, houve alta de preços nos cursos regulares, 0,52%, principalmente por conta dos subitens creche (1,47%), ensino fundamental (0,71%) e ensino superior (0,44%). Os cursos diversos aumentaram 1,18%, pressionados pelos cursos de idiomas (2,15%) e cursos preparatórios (2,04%).

“Olhando para a composição da inflação, ela continua pressionada. A queda dos preços administrados (combustíveis e energia) é pontual e não interfere na dinâmica da inflação à frente. Já os preços de bens industriais, que apresentavam tendência de desaceleração, vieram mais altos que o esperado. Além disso, não há sinais de alívio na inflação de serviços”, resumiu Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em nota.

Segundo Moreno, o resultado do IPCA-15 reforça a projeção do C6 Bank de uma inflação de 6,5% no IPCA de 2022.

“O cenário deve seguir desafiador em 2023, quando enxergamos uma inflação de 5,7%”, escreveu a economista.

(Colaboraram Cícero Cotrim e Isabela Moya)

RIO - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), prévia do principal indicador de preços do País, teve deflação de 0,73% em agosto, após uma alta de 0,13% de julho, divulgou nesta quarta-feira, 24, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta é a maior deflação desde que o IPCA-15 começou a ser apurado, em novembro de 1991, embora permaneça concentrada em poucos itens de grande peso no orçamento das famílias, como combustíveis e energia elétrica.

O resultado “exibiu fortemente os impactos das medidas de redução do ICMS, os cortes de preços na gasolina e a deflação de passagens aéreas no mês”, resumiu João Savignon, economista da Kínitro Capital, em nota.

“No entanto, a composição do índice veio pior que o projetado”, opinou Savignon, que espera uma deflação entre 0,30% e 0,40% no IPCA fechado de agosto. “Assim, seguimos atentos ao ritmo da inflação no país após a dissipação desses movimentos recentes, pois mesmo que o pior momento (pico da inflação) tenha ficado para trás, ainda temos um cenário desafiador, especialmente por conta dos serviços pressionados”, ressaltou.

A proporção de itens investigados com aumentos de preços arrefeceu de 67,85% em julho para 65,12% em agosto, de acordo com cálculos do economista do Banco BV Raphael Rodrigues.

A inflação acumulada em 12 meses desceu a 9,60% em agosto, ainda elevada, porém a mais branda desde agosto do ano passado, depois de passar 11 meses rodando no patamar de dois dígitos. No ano, o IPCA-15 acumula uma alta de 5,02%.

Após o resultado, o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, reduziu as expectativas para a inflação de 2022, de 7,1% para 6,5%. Para 2023, a projeção de 5,5% foi mantida.

“Mesmo com a pressão de câmbio e alimentação - que deve ser influenciada pela seca e por uma terceira onda do La Niña -, o cenário para inflação é positivo, bem melhor do que o que se imaginava há alguns meses”, avaliou Vale, que prevê preliminarmente uma queda de 0,64% no IPCA fechado de agosto, fazendo a taxa acumulada em 12 meses arrefecer a 8,4% em setembro e 7,7% em outubro, às vésperas das eleições.

IPCA-15 é considerado prévia do principal indicador de preços do País; na maior deflação já registrada pelo IPCA-15, ele teve deflação de 0,73% em agosto.  Foto: Evelson de Freitas/Estadão

Combustíveis puxam queda

No mês de agosto, três dos nove grupos que integram o IPCA-15 concentraram as quedas de preços. Houve deflação em Habitação (-0,37%), Transportes (-5,24%) e Comunicação (-0,30%).

Os combustíveis ficaram 15,33% mais baratos, tanto pelo corte de impostos como por reduções de preços anunciadas pela Petrobras nas refinarias. A gasolina caiu 16,80%, maior contribuição negativa para o IPCA-15 do mês, -1,07 ponto porcentual. Houve quedas também no etanol (-10,78%), gás veicular (-5,40%) e óleo diesel (-0,56%). As passagens aéreas recuaram 12,22% em agosto, uma pequena trégua após quatro meses consecutivos de altas.

A conta de luz caiu 3,29%, depois de vários estados reduzirem a alíquota de ICMS cobrada sobre os serviços de energia elétrica. O IBGE também atentou para a aprovação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) de Revisões Tarifárias Extraordinárias de diversas distribuidoras que operam em áreas de abrangência do índice, diminuindo as tarifas a partir de 13 de julho.

“Outro destaque é que começou a aparecer um impacto para baixo em telecomunicações. Algum impacto desse corte do ICMS entrou, ainda que menor do que em gasolina e energia”, atentou Leonardo Costa, economista da ASA Investments.

Em Comunicação, os planos de telefonia fixa recuaram 2,29% em agosto, enquanto os planos de telefonia móvel caíram 1,04%. Já os aparelhos telefônicos registraram alta de 0,57%.

Por outro lado, as famílias brasileiras ainda gastaram mais em agosto com Alimentação e bebidas (1,12%), Vestuário (0,76%), Educação (0,61%), Artigos de residência (0,08%), Despesas pessoais (0,81%) e Saúde e cuidados pessoais (0,81%).

Alta do leite longa vida

O grande vilão do mês foi o novo encarecimento do leite longa vida, que subiu 14,21% em agosto, item de maior pressão individual no IPCA-15, 0,14 ponto porcentual. O leite longa vida já acumula uma alta de 79,79% no ano. Os consumidores também pagaram mais este mês pelas frutas (2,99%), queijo (4,18%) e frango em pedaços (3,08%). O custo da alimentação consumida no domicílio, que inclui os itens comprados no supermercado, subiu 1,24% em agosto. A alimentação consumida fora de casa aumentou 0,80%.

Em Saúde e cuidados pessoais, a alta foi puxada pelo encarecimento dos planos de saúde, que subiram 1,22%, de acordo com a fração mensal do reajuste de 15,50% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 26 de maio para os planos novos. Os itens de higiene pessoal encareceram 1,03%.

No grupo Despesas Pessoais, houve pressão dos aumentos de custos com empregado doméstico (0,80%) e cigarro (3,32%). Em Educação, houve alta de preços nos cursos regulares, 0,52%, principalmente por conta dos subitens creche (1,47%), ensino fundamental (0,71%) e ensino superior (0,44%). Os cursos diversos aumentaram 1,18%, pressionados pelos cursos de idiomas (2,15%) e cursos preparatórios (2,04%).

“Olhando para a composição da inflação, ela continua pressionada. A queda dos preços administrados (combustíveis e energia) é pontual e não interfere na dinâmica da inflação à frente. Já os preços de bens industriais, que apresentavam tendência de desaceleração, vieram mais altos que o esperado. Além disso, não há sinais de alívio na inflação de serviços”, resumiu Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em nota.

Segundo Moreno, o resultado do IPCA-15 reforça a projeção do C6 Bank de uma inflação de 6,5% no IPCA de 2022.

“O cenário deve seguir desafiador em 2023, quando enxergamos uma inflação de 5,7%”, escreveu a economista.

(Colaboraram Cícero Cotrim e Isabela Moya)

RIO - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), prévia do principal indicador de preços do País, teve deflação de 0,73% em agosto, após uma alta de 0,13% de julho, divulgou nesta quarta-feira, 24, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta é a maior deflação desde que o IPCA-15 começou a ser apurado, em novembro de 1991, embora permaneça concentrada em poucos itens de grande peso no orçamento das famílias, como combustíveis e energia elétrica.

O resultado “exibiu fortemente os impactos das medidas de redução do ICMS, os cortes de preços na gasolina e a deflação de passagens aéreas no mês”, resumiu João Savignon, economista da Kínitro Capital, em nota.

“No entanto, a composição do índice veio pior que o projetado”, opinou Savignon, que espera uma deflação entre 0,30% e 0,40% no IPCA fechado de agosto. “Assim, seguimos atentos ao ritmo da inflação no país após a dissipação desses movimentos recentes, pois mesmo que o pior momento (pico da inflação) tenha ficado para trás, ainda temos um cenário desafiador, especialmente por conta dos serviços pressionados”, ressaltou.

A proporção de itens investigados com aumentos de preços arrefeceu de 67,85% em julho para 65,12% em agosto, de acordo com cálculos do economista do Banco BV Raphael Rodrigues.

A inflação acumulada em 12 meses desceu a 9,60% em agosto, ainda elevada, porém a mais branda desde agosto do ano passado, depois de passar 11 meses rodando no patamar de dois dígitos. No ano, o IPCA-15 acumula uma alta de 5,02%.

Após o resultado, o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, reduziu as expectativas para a inflação de 2022, de 7,1% para 6,5%. Para 2023, a projeção de 5,5% foi mantida.

“Mesmo com a pressão de câmbio e alimentação - que deve ser influenciada pela seca e por uma terceira onda do La Niña -, o cenário para inflação é positivo, bem melhor do que o que se imaginava há alguns meses”, avaliou Vale, que prevê preliminarmente uma queda de 0,64% no IPCA fechado de agosto, fazendo a taxa acumulada em 12 meses arrefecer a 8,4% em setembro e 7,7% em outubro, às vésperas das eleições.

IPCA-15 é considerado prévia do principal indicador de preços do País; na maior deflação já registrada pelo IPCA-15, ele teve deflação de 0,73% em agosto.  Foto: Evelson de Freitas/Estadão

Combustíveis puxam queda

No mês de agosto, três dos nove grupos que integram o IPCA-15 concentraram as quedas de preços. Houve deflação em Habitação (-0,37%), Transportes (-5,24%) e Comunicação (-0,30%).

Os combustíveis ficaram 15,33% mais baratos, tanto pelo corte de impostos como por reduções de preços anunciadas pela Petrobras nas refinarias. A gasolina caiu 16,80%, maior contribuição negativa para o IPCA-15 do mês, -1,07 ponto porcentual. Houve quedas também no etanol (-10,78%), gás veicular (-5,40%) e óleo diesel (-0,56%). As passagens aéreas recuaram 12,22% em agosto, uma pequena trégua após quatro meses consecutivos de altas.

A conta de luz caiu 3,29%, depois de vários estados reduzirem a alíquota de ICMS cobrada sobre os serviços de energia elétrica. O IBGE também atentou para a aprovação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) de Revisões Tarifárias Extraordinárias de diversas distribuidoras que operam em áreas de abrangência do índice, diminuindo as tarifas a partir de 13 de julho.

“Outro destaque é que começou a aparecer um impacto para baixo em telecomunicações. Algum impacto desse corte do ICMS entrou, ainda que menor do que em gasolina e energia”, atentou Leonardo Costa, economista da ASA Investments.

Em Comunicação, os planos de telefonia fixa recuaram 2,29% em agosto, enquanto os planos de telefonia móvel caíram 1,04%. Já os aparelhos telefônicos registraram alta de 0,57%.

Por outro lado, as famílias brasileiras ainda gastaram mais em agosto com Alimentação e bebidas (1,12%), Vestuário (0,76%), Educação (0,61%), Artigos de residência (0,08%), Despesas pessoais (0,81%) e Saúde e cuidados pessoais (0,81%).

Alta do leite longa vida

O grande vilão do mês foi o novo encarecimento do leite longa vida, que subiu 14,21% em agosto, item de maior pressão individual no IPCA-15, 0,14 ponto porcentual. O leite longa vida já acumula uma alta de 79,79% no ano. Os consumidores também pagaram mais este mês pelas frutas (2,99%), queijo (4,18%) e frango em pedaços (3,08%). O custo da alimentação consumida no domicílio, que inclui os itens comprados no supermercado, subiu 1,24% em agosto. A alimentação consumida fora de casa aumentou 0,80%.

Em Saúde e cuidados pessoais, a alta foi puxada pelo encarecimento dos planos de saúde, que subiram 1,22%, de acordo com a fração mensal do reajuste de 15,50% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 26 de maio para os planos novos. Os itens de higiene pessoal encareceram 1,03%.

No grupo Despesas Pessoais, houve pressão dos aumentos de custos com empregado doméstico (0,80%) e cigarro (3,32%). Em Educação, houve alta de preços nos cursos regulares, 0,52%, principalmente por conta dos subitens creche (1,47%), ensino fundamental (0,71%) e ensino superior (0,44%). Os cursos diversos aumentaram 1,18%, pressionados pelos cursos de idiomas (2,15%) e cursos preparatórios (2,04%).

“Olhando para a composição da inflação, ela continua pressionada. A queda dos preços administrados (combustíveis e energia) é pontual e não interfere na dinâmica da inflação à frente. Já os preços de bens industriais, que apresentavam tendência de desaceleração, vieram mais altos que o esperado. Além disso, não há sinais de alívio na inflação de serviços”, resumiu Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em nota.

Segundo Moreno, o resultado do IPCA-15 reforça a projeção do C6 Bank de uma inflação de 6,5% no IPCA de 2022.

“O cenário deve seguir desafiador em 2023, quando enxergamos uma inflação de 5,7%”, escreveu a economista.

(Colaboraram Cícero Cotrim e Isabela Moya)

RIO - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), prévia do principal indicador de preços do País, teve deflação de 0,73% em agosto, após uma alta de 0,13% de julho, divulgou nesta quarta-feira, 24, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta é a maior deflação desde que o IPCA-15 começou a ser apurado, em novembro de 1991, embora permaneça concentrada em poucos itens de grande peso no orçamento das famílias, como combustíveis e energia elétrica.

O resultado “exibiu fortemente os impactos das medidas de redução do ICMS, os cortes de preços na gasolina e a deflação de passagens aéreas no mês”, resumiu João Savignon, economista da Kínitro Capital, em nota.

“No entanto, a composição do índice veio pior que o projetado”, opinou Savignon, que espera uma deflação entre 0,30% e 0,40% no IPCA fechado de agosto. “Assim, seguimos atentos ao ritmo da inflação no país após a dissipação desses movimentos recentes, pois mesmo que o pior momento (pico da inflação) tenha ficado para trás, ainda temos um cenário desafiador, especialmente por conta dos serviços pressionados”, ressaltou.

A proporção de itens investigados com aumentos de preços arrefeceu de 67,85% em julho para 65,12% em agosto, de acordo com cálculos do economista do Banco BV Raphael Rodrigues.

A inflação acumulada em 12 meses desceu a 9,60% em agosto, ainda elevada, porém a mais branda desde agosto do ano passado, depois de passar 11 meses rodando no patamar de dois dígitos. No ano, o IPCA-15 acumula uma alta de 5,02%.

Após o resultado, o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, reduziu as expectativas para a inflação de 2022, de 7,1% para 6,5%. Para 2023, a projeção de 5,5% foi mantida.

“Mesmo com a pressão de câmbio e alimentação - que deve ser influenciada pela seca e por uma terceira onda do La Niña -, o cenário para inflação é positivo, bem melhor do que o que se imaginava há alguns meses”, avaliou Vale, que prevê preliminarmente uma queda de 0,64% no IPCA fechado de agosto, fazendo a taxa acumulada em 12 meses arrefecer a 8,4% em setembro e 7,7% em outubro, às vésperas das eleições.

IPCA-15 é considerado prévia do principal indicador de preços do País; na maior deflação já registrada pelo IPCA-15, ele teve deflação de 0,73% em agosto.  Foto: Evelson de Freitas/Estadão

Combustíveis puxam queda

No mês de agosto, três dos nove grupos que integram o IPCA-15 concentraram as quedas de preços. Houve deflação em Habitação (-0,37%), Transportes (-5,24%) e Comunicação (-0,30%).

Os combustíveis ficaram 15,33% mais baratos, tanto pelo corte de impostos como por reduções de preços anunciadas pela Petrobras nas refinarias. A gasolina caiu 16,80%, maior contribuição negativa para o IPCA-15 do mês, -1,07 ponto porcentual. Houve quedas também no etanol (-10,78%), gás veicular (-5,40%) e óleo diesel (-0,56%). As passagens aéreas recuaram 12,22% em agosto, uma pequena trégua após quatro meses consecutivos de altas.

A conta de luz caiu 3,29%, depois de vários estados reduzirem a alíquota de ICMS cobrada sobre os serviços de energia elétrica. O IBGE também atentou para a aprovação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) de Revisões Tarifárias Extraordinárias de diversas distribuidoras que operam em áreas de abrangência do índice, diminuindo as tarifas a partir de 13 de julho.

“Outro destaque é que começou a aparecer um impacto para baixo em telecomunicações. Algum impacto desse corte do ICMS entrou, ainda que menor do que em gasolina e energia”, atentou Leonardo Costa, economista da ASA Investments.

Em Comunicação, os planos de telefonia fixa recuaram 2,29% em agosto, enquanto os planos de telefonia móvel caíram 1,04%. Já os aparelhos telefônicos registraram alta de 0,57%.

Por outro lado, as famílias brasileiras ainda gastaram mais em agosto com Alimentação e bebidas (1,12%), Vestuário (0,76%), Educação (0,61%), Artigos de residência (0,08%), Despesas pessoais (0,81%) e Saúde e cuidados pessoais (0,81%).

Alta do leite longa vida

O grande vilão do mês foi o novo encarecimento do leite longa vida, que subiu 14,21% em agosto, item de maior pressão individual no IPCA-15, 0,14 ponto porcentual. O leite longa vida já acumula uma alta de 79,79% no ano. Os consumidores também pagaram mais este mês pelas frutas (2,99%), queijo (4,18%) e frango em pedaços (3,08%). O custo da alimentação consumida no domicílio, que inclui os itens comprados no supermercado, subiu 1,24% em agosto. A alimentação consumida fora de casa aumentou 0,80%.

Em Saúde e cuidados pessoais, a alta foi puxada pelo encarecimento dos planos de saúde, que subiram 1,22%, de acordo com a fração mensal do reajuste de 15,50% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 26 de maio para os planos novos. Os itens de higiene pessoal encareceram 1,03%.

No grupo Despesas Pessoais, houve pressão dos aumentos de custos com empregado doméstico (0,80%) e cigarro (3,32%). Em Educação, houve alta de preços nos cursos regulares, 0,52%, principalmente por conta dos subitens creche (1,47%), ensino fundamental (0,71%) e ensino superior (0,44%). Os cursos diversos aumentaram 1,18%, pressionados pelos cursos de idiomas (2,15%) e cursos preparatórios (2,04%).

“Olhando para a composição da inflação, ela continua pressionada. A queda dos preços administrados (combustíveis e energia) é pontual e não interfere na dinâmica da inflação à frente. Já os preços de bens industriais, que apresentavam tendência de desaceleração, vieram mais altos que o esperado. Além disso, não há sinais de alívio na inflação de serviços”, resumiu Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em nota.

Segundo Moreno, o resultado do IPCA-15 reforça a projeção do C6 Bank de uma inflação de 6,5% no IPCA de 2022.

“O cenário deve seguir desafiador em 2023, quando enxergamos uma inflação de 5,7%”, escreveu a economista.

(Colaboraram Cícero Cotrim e Isabela Moya)

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