A queda nos preços dos combustíveis desacelerou a prévia da inflação oficial do País em junho. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) saiu de uma elevação de 0,51% em maio para um aumento de 0,04% este mês, taxa mais branda desde setembro de 2022, segundo os dados divulgados nesta terça-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Considerando apenas meses de junho, o resultado mensal foi o mais baixo desde 2020.
Como consequência, a taxa acumulada em 12 meses desacelerou de 4,07% em maio para 3,40% em junho, completando assim 13 meses seguidos de redução e alcançando o menor patamar desde setembro de 2020.
“O resultado de junho reflete dois fatos pontuais. O primeiro, e mais facilmente medido, é a redução nos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha anunciada pela Petrobras no mês passado. O segundo é o programa de carro popular, cuja medida provisória foi publicada no dia 6 de junho”, justificou Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, em comentário.
“Na nossa visão, a inflação acumulada em 12 meses atingirá seu patamar mínimo em junho e voltará a subir a partir de julho.”
O índice de difusão, que mostra a proporção de itens investigados com aumentos de preços, recuou de 64% em maio para 51% em junho, “mostrando um movimento mais disseminado de arrefecimento dos preços”, calculou João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da gestora de recursos Kínitro Capital.
A Tendências Consultoria Integrada, que espera uma queda nos preços da economia no IPCA fechado de junho, deve revisar para baixo sua projeção de alta de 5,6% na inflação ao fim de 2023, “diante do cenário mais positivo para alimentos e para a gasolina”.
“Apesar de sinais benignos na margem, o patamar ainda elevado da inflação de serviços representa um risco significativo para a desaceleração inflacionária no contexto de incentivos à demanda, por meio de mercado de trabalho mais resiliente que o esperado”, ponderaram Luíza Benamor e João Leme, analistas da Tendências.
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Em junho, três dos nove grupos de produtos e serviços que integram o IPCA-15 registraram quedas de preços: transportes (-0,55%), alimentação e bebidas (-0,51%) e artigos de residência (-0,01%).
O custo da alimentação no domicílio recuou 0,81% em junho. As famílias pagaram menos pelo óleo de soja (-8,95%), frutas (-4,39%), leite longa vida (-1,44%) e carnes (-1,13%). Após nova queda, as carnes já acumulam uma redução de preços de 4,56% no ano.
Por outro lado, houve altas em junho no ovo de galinha (2,04%) e no pão francês (0,72%). A alimentação fora do domicílio também subiu: 0,29%.
Em transportes, os preços dos combustíveis caíram 3,75%. A gasolina recuou 3,40%, subitem de maior alívio no IPCA-15, -0,17 ponto porcentual. Houve cortes também no óleo diesel (-8,29%), etanol (-4,89%) e gás veicular (-2,16%).
Alvo de um programa de incentivo do governo a montadoras, o preço do automóvel novo caiu 0,84% em junho, contribuindo com -0,03 ponto porcentual no mês.
Já a alta de 10,70% nos preços das passagens aéreas impediu uma redução mais acentuada nos gastos das famílias com transportes. As tarifas aéreas foram o item de maior pressão no IPCA-15, 0,06 ponto porcentual de contribuição para a inflação de junho, ao lado da taxa de água e esgoto (alta de 3,64% e impacto também de 0,06 p.p.) e da energia elétrica residencial (aumento de 1,45% e contribuição de 0,06 p.p.).
Os ônibus urbanos também ficaram mais caros em junho, alta de 0,99%, devido ao reajuste de 33,33% em Belo Horizonte a partir de 23 de abril.
Os seis dos nove grupos de despesas com aumentos de preços no IPCA-15 de junho foram vestuário (0,79%), habitação (0,96%), educação (0,04%), despesas pessoais (0,52%), saúde e cuidados pessoais (0,19%) e comunicação (0,11%).
O resultado geral do IPCA-15 em junho foi decorrente de altas de preços em apenas quatro das 11 regiões pesquisadas. A taxa mais baixa ocorreu em Goiânia (-0,66%), enquanto a mais acentuada foi registrada no Recife (0,45%).
Além do Recife, as demais três regiões com aumentos foram São Paulo (0,23%), Belo Horizonte (0,10%) e Curitiba (0,07%).