Preços menores nos alimentos e nos combustíveis ajudaram a desacelerar a prévia da inflação oficial no País. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) arrefeceu de um aumento de 0,35% em setembro para uma alta de 0,21% em outubro, informou nesta quinta-feira, 26, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado foi considerado benigno por economistas, embora a taxa acumulada em 12 meses tenha subido pelo terceiro mês consecutivo, para 5,05% em outubro.
“Os últimos dados vêm mostrando que a inflação brasileira segue mais controlada”, avaliou, em nota, Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, que prevê mais dois cortes de 0,50 ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, encerrando 2023 no patamar de 11,75% ao ano.
Para Matheus Ferreira, analista da Tendências Consultoria Integrada, o IPCA deve fechar este ano com alta de 4,6%, abaixo do teto de 4,75% da meta de inflação perseguida pelo Banco Central.
“Para outubro (o IPCA fechado do mês), o destaque deve ser a aceleração dos preços de alimentos, em linha com o movimento observado no atacado e com a sazonalidade típica do fim do ano. Os preços de bens industriais também devem acelerar, influenciados pelos níveis mais depreciados do real (ante o dólar) nas últimas semanas”, avaliou Ferreira, que espera ainda uma contribuição baixista da redução anunciada para os preços da gasolina, mas altista dos reajustes no óleo diesel e na energia elétrica residencial em São Paulo, Brasília e Goiânia.
No IPCA-15 de outubro, a alta de 23,75% no preço das passagens aéreas respondeu sozinha por aproximadamente 77% da prévia da inflação oficial. O subitem teve o maior impacto individual no mês, uma contribuição de 0,16 ponto porcentual. Houve aumentos também no transporte por aplicativo (5,64%) e no emplacamento e licença (1,64%). Por outro lado, os preços dos combustíveis recuaram 0,44%. A gasolina teve queda de 0,56%, o etanol caiu 0,27%, e o gás veicular diminuiu 0,27%. O óleo diesel subiu 1,55%.
Dois dos nove grupos de produtos e serviços que integram o IPCA-15 registraram cortes de preços em outubro: alimentação e bebidas (-0,31%) e comunicação (-0,29%).
O custo dos alimentos comprados em supermercados diminuiu 0,52%. As famílias pagaram menos pelo leite longa vida (-6,44%), feijão-carioca (-5,31%), ovo de galinha (-5,04%) e carnes (-0,44%). Na direção oposta, houve aumentos no arroz (3,41%) e nas frutas (0,71%). A alimentação fora do domicílio subiu 0,21% em outubro: o lanche recuou 0,11%, mas a refeição fora de casa teve elevação de 0,22%.
Os preços do grupo alimentação e bebidas já diminuíram 0,54% no acumulado do ano, ajudando a conter a inflação no País no período. O custo da alimentação para consumo no domicílio caiu 2,40% de janeiro a outubro de 2023. Os tubérculos, raízes e legumes ficaram 17,50% mais baratos, e os preços das carnes foram reduzidos em 11,11% neste ano. Aves e ovos acumulam queda de 7,54%, e óleos e gorduras recuaram 16,25%.
A LCA Consultores prevê que o IPCA tenha uma alta de 0,27% no fechamento de outubro, devido a um esgotamento do fenômeno de deflação nos alimentos e de aumentos esperados em produtos dos grupos artigos de residência, vestuário e saúde e cuidados pessoais, que costumam anteceder os descontos promovidos na campanha Black Friday em novembro.
“A divulgação deste IPCA-15 de outubro, avaliamos, reforçou nossa expectativa de um IPCA de +4,7% em 2023″, acrescentou o economista Fábio Romão, da LCA Consultores, em relatório.