IPCA desacelera em março e fica em 0,71%; taxa acumulada em 12 meses cai para 4,65%


Número do mês passado ficou abaixo do esperado pelo mercado, que previa 0,77%; inflação havia ficado em 0,84% em fevereiro

Por Daniela Amorim e Italo Bertão Filho
Atualização:

Em meio à recomposição de tributos e reajustes, a gasolina e a energia elétrica pesaram mais no bolso do consumidor em março, mas os preços na economia subiram menos do que no mês anterior. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou de 0,84% em fevereiro para 0,71% em março, informou nesta terça-feira, 11, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado veio praticamente no piso das estimativas dos analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que previam um avanço desde 0,69% a 0,85%, com mediana de 0,77%.

A taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses arrefeceu 5,60% em fevereiro para 4,65% em março, resultado mais baixo desde janeiro de 2021. A meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central (BC) é de 3,25%, que tem teto de tolerância de 4,75%.

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“Essa mensagem que o IPCA trouxe para a inflação é importante e acho que é isso que dá o caráter positivo para essa divulgação, com qualitativo muito bom”, avaliou o economista Luca Mercadante, da gestora de recursos Rio Bravo Investimentos.

Embora veja uma dinâmica de preços mais favorável, Mercadante pondera que o resultado não é suficiente para alterar o curso da política monetária adotada pelo Banco Central (BC), que mantém desde agosto de 2022 a taxa básica de juros, a Selic, nos atuais 13,75% ao ano.

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“O ponto para o BC é que o processo precisa ser consistente e claro, de que a inflação está desacelerando. É esperado que a inflação suba a partir do segundo semestre com a perda dos efeitos de desoneração do ano passado. É muito por isso que o BC ainda não saiu dessa zona de perigo”, afirmou Mercadante.

O IPCA acumulado em 12 meses não ficava dentro da banda de tolerância da meta de inflação havia meses, lembrou André Almeida, analista do IPCA no IBGE. O ano de 2020 foi o último em que a inflação anual fechou dentro da margem de tolerância perseguida pelo Banco Central: o teto era de 5,5%, e a inflação fechou 2020 em 4,52%.

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“O que a gente percebeu na passagem de fevereiro para março foi uma desaceleração e menor disseminação de alta de preços no IPCA”, afirmou Almeida.

Para a XP Investimentos, o resultado trouxe uma mensagem positiva, ainda que não tenha alterado o cenário da corretora de que o BC comece o ciclo de cortes na Selic apenas no terceiro trimestre de 2023. Já a agência de classificação de risco Austin Rating espera que a autoridade monetária reduza a Selic a partir de junho, com a taxa de juros fechando este ano em 11,75%.

Após a divulgação do IPCA, a Austin Rating diminuiu sua projeção para a inflação de 2023, de 6,08% para 5,80%, e a de 2024, de 4,08% para 3,91%.

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“Em boa parte, a revisão (de 2023) recai sobre a forte queda dos preços dos alimentos no atacado, já observada nas primeiras parciais de abril”, afirmou o economista-chefe da Austin, Alex Agostini.

Os vilões em março

Em março, os alimentos comprados em supermercados ficaram mais baratos, assim como alguns eletrodomésticos, TVs e computadores. Por outro lado, o encarecimento da gasolina e da energia elétrica foi responsável por dois terços da inflação oficial no País em março.

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A gasolina subiu 8,33%, impacto de 0,39 ponto porcentual sobre o IPCA do mês passado. A energia elétrica subiu 2,23%, contribuição de 0,09 ponto porcentual. Sem esses dois aumentos, o IPCA de março teria sido de 0,25%, calculou Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.

Também pressionaram a inflação oficial de março os gastos maiores com plano de saúde e com emplacamento e licenciamento de veículo, sob influência da alta do IPVA de 2023.

“De fato, o que puxou a inflação de março foi gasolina e energia elétrica”, afirmou André Almeida, também do IBGE. “A inflação de março foi mais influenciada por preços administrados do que inflação de serviços.”

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A inflação de serviços – usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços – passou de uma elevação de 1,41% em fevereiro para 0,25% em março. Já os preços de itens monitorados pelo governo saíram de uma elevação de 0,85% em fevereiro para 2,33% em março.

Segundo André Almeida, a desaceleração no ritmo de alta dos preços dos serviços de fevereiro para março é sazonal. Enquanto os reajustes em educação pressionam tradicionalmente a inflação de serviços em fevereiro, a estabilidade desses itens no mês seguinte alivia o resultado em março, afirmou.

“Mas há desaceleração em outros itens de serviços, aluguel residencial, manicure, serviços de cabeleireiro e barbeiro. São outros serviços que têm peso menor (no IPCA), mas também têm desaceleração”, acrescentou Almeida.

O pesquisador do IBGE afirma não ser possível “observar categoricamente” uma pressão de demanda na inflação de março, sendo necessário monitorar os próximos resultados.

“O que a gente tem observado na economia como um todo são sinais mistos”, lembrou Almeida. “Há movimento de recuperação do mercado de trabalho em geral. Por outro lado, os serviços e as vendas do varejo tiveram resultado menor no final de 2022.”

Alimentos mais baratos

Os itens que mais ajudaram a frear a inflação em março foram passagem aérea, batata-inglesa, maçã e banana-prata. O grupo Alimentação e bebidas saiu de um aumento de 0,16% em fevereiro para uma elevação de 0,05% em março. O freio foi influenciado pela queda de 0,14% no custo da alimentação consumida no domicílio. Houve reduções relevantes na batata-inglesa (-12,80%), óleo de soja (-4,01%), cebola (-7,23%), tomate (-4,02%) e carnes (-1,06%).

Os preços das carnes já tinham recuado 1,22% em fevereiro, acumulando uma redução de 2,72% este ano. Houve tanto aumento da oferta, decorrente da suspensão temporária de exportações do produto do Brasil para a China, por conta de registro de um caso de mal da vaca louca em um bovino no Pará, quanto diminuição da demanda, provocada pela sazonalidade da quaresma, quando há menor procura por carne bovina, justificou André Almeida.

“De maneira geral, principalmente tubérculos, legumes e frutas têm maior oferta sim. Agora, na carne, tem questão de oferta e tem questão de menor demanda nesse período de quaresma pela carne vermelha”, afirmou Almeida.

Por outro lado, houve aumentos em março na cenoura (28,58%) e no ovo de galinha (7,64%).

“Nessa época, existe um aumento sazonal de demanda, por conta da quaresma, por ovos e pescados”, acrescentou Almeida.

A alimentação fora do domicílio subiu 0,60% em março, depois da alta de 0,50% em fevereiro. O lanche aumentou 1,09% em março, e a refeição fora de casa ficou 0,41% mais cara.

Em meio à recomposição de tributos e reajustes, a gasolina e a energia elétrica pesaram mais no bolso do consumidor em março, mas os preços na economia subiram menos do que no mês anterior. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou de 0,84% em fevereiro para 0,71% em março, informou nesta terça-feira, 11, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado veio praticamente no piso das estimativas dos analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que previam um avanço desde 0,69% a 0,85%, com mediana de 0,77%.

A taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses arrefeceu 5,60% em fevereiro para 4,65% em março, resultado mais baixo desde janeiro de 2021. A meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central (BC) é de 3,25%, que tem teto de tolerância de 4,75%.

“Essa mensagem que o IPCA trouxe para a inflação é importante e acho que é isso que dá o caráter positivo para essa divulgação, com qualitativo muito bom”, avaliou o economista Luca Mercadante, da gestora de recursos Rio Bravo Investimentos.

Embora veja uma dinâmica de preços mais favorável, Mercadante pondera que o resultado não é suficiente para alterar o curso da política monetária adotada pelo Banco Central (BC), que mantém desde agosto de 2022 a taxa básica de juros, a Selic, nos atuais 13,75% ao ano.

“O ponto para o BC é que o processo precisa ser consistente e claro, de que a inflação está desacelerando. É esperado que a inflação suba a partir do segundo semestre com a perda dos efeitos de desoneração do ano passado. É muito por isso que o BC ainda não saiu dessa zona de perigo”, afirmou Mercadante.

O IPCA acumulado em 12 meses não ficava dentro da banda de tolerância da meta de inflação havia meses, lembrou André Almeida, analista do IPCA no IBGE. O ano de 2020 foi o último em que a inflação anual fechou dentro da margem de tolerância perseguida pelo Banco Central: o teto era de 5,5%, e a inflação fechou 2020 em 4,52%.

“O que a gente percebeu na passagem de fevereiro para março foi uma desaceleração e menor disseminação de alta de preços no IPCA”, afirmou Almeida.

Para a XP Investimentos, o resultado trouxe uma mensagem positiva, ainda que não tenha alterado o cenário da corretora de que o BC comece o ciclo de cortes na Selic apenas no terceiro trimestre de 2023. Já a agência de classificação de risco Austin Rating espera que a autoridade monetária reduza a Selic a partir de junho, com a taxa de juros fechando este ano em 11,75%.

Após a divulgação do IPCA, a Austin Rating diminuiu sua projeção para a inflação de 2023, de 6,08% para 5,80%, e a de 2024, de 4,08% para 3,91%.

“Em boa parte, a revisão (de 2023) recai sobre a forte queda dos preços dos alimentos no atacado, já observada nas primeiras parciais de abril”, afirmou o economista-chefe da Austin, Alex Agostini.

Os vilões em março

Em março, os alimentos comprados em supermercados ficaram mais baratos, assim como alguns eletrodomésticos, TVs e computadores. Por outro lado, o encarecimento da gasolina e da energia elétrica foi responsável por dois terços da inflação oficial no País em março.

A gasolina subiu 8,33%, impacto de 0,39 ponto porcentual sobre o IPCA do mês passado. A energia elétrica subiu 2,23%, contribuição de 0,09 ponto porcentual. Sem esses dois aumentos, o IPCA de março teria sido de 0,25%, calculou Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.

Também pressionaram a inflação oficial de março os gastos maiores com plano de saúde e com emplacamento e licenciamento de veículo, sob influência da alta do IPVA de 2023.

“De fato, o que puxou a inflação de março foi gasolina e energia elétrica”, afirmou André Almeida, também do IBGE. “A inflação de março foi mais influenciada por preços administrados do que inflação de serviços.”

A inflação de serviços – usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços – passou de uma elevação de 1,41% em fevereiro para 0,25% em março. Já os preços de itens monitorados pelo governo saíram de uma elevação de 0,85% em fevereiro para 2,33% em março.

Segundo André Almeida, a desaceleração no ritmo de alta dos preços dos serviços de fevereiro para março é sazonal. Enquanto os reajustes em educação pressionam tradicionalmente a inflação de serviços em fevereiro, a estabilidade desses itens no mês seguinte alivia o resultado em março, afirmou.

“Mas há desaceleração em outros itens de serviços, aluguel residencial, manicure, serviços de cabeleireiro e barbeiro. São outros serviços que têm peso menor (no IPCA), mas também têm desaceleração”, acrescentou Almeida.

O pesquisador do IBGE afirma não ser possível “observar categoricamente” uma pressão de demanda na inflação de março, sendo necessário monitorar os próximos resultados.

“O que a gente tem observado na economia como um todo são sinais mistos”, lembrou Almeida. “Há movimento de recuperação do mercado de trabalho em geral. Por outro lado, os serviços e as vendas do varejo tiveram resultado menor no final de 2022.”

Alimentos mais baratos

Os itens que mais ajudaram a frear a inflação em março foram passagem aérea, batata-inglesa, maçã e banana-prata. O grupo Alimentação e bebidas saiu de um aumento de 0,16% em fevereiro para uma elevação de 0,05% em março. O freio foi influenciado pela queda de 0,14% no custo da alimentação consumida no domicílio. Houve reduções relevantes na batata-inglesa (-12,80%), óleo de soja (-4,01%), cebola (-7,23%), tomate (-4,02%) e carnes (-1,06%).

Os preços das carnes já tinham recuado 1,22% em fevereiro, acumulando uma redução de 2,72% este ano. Houve tanto aumento da oferta, decorrente da suspensão temporária de exportações do produto do Brasil para a China, por conta de registro de um caso de mal da vaca louca em um bovino no Pará, quanto diminuição da demanda, provocada pela sazonalidade da quaresma, quando há menor procura por carne bovina, justificou André Almeida.

“De maneira geral, principalmente tubérculos, legumes e frutas têm maior oferta sim. Agora, na carne, tem questão de oferta e tem questão de menor demanda nesse período de quaresma pela carne vermelha”, afirmou Almeida.

Por outro lado, houve aumentos em março na cenoura (28,58%) e no ovo de galinha (7,64%).

“Nessa época, existe um aumento sazonal de demanda, por conta da quaresma, por ovos e pescados”, acrescentou Almeida.

A alimentação fora do domicílio subiu 0,60% em março, depois da alta de 0,50% em fevereiro. O lanche aumentou 1,09% em março, e a refeição fora de casa ficou 0,41% mais cara.

Em meio à recomposição de tributos e reajustes, a gasolina e a energia elétrica pesaram mais no bolso do consumidor em março, mas os preços na economia subiram menos do que no mês anterior. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou de 0,84% em fevereiro para 0,71% em março, informou nesta terça-feira, 11, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado veio praticamente no piso das estimativas dos analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que previam um avanço desde 0,69% a 0,85%, com mediana de 0,77%.

A taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses arrefeceu 5,60% em fevereiro para 4,65% em março, resultado mais baixo desde janeiro de 2021. A meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central (BC) é de 3,25%, que tem teto de tolerância de 4,75%.

“Essa mensagem que o IPCA trouxe para a inflação é importante e acho que é isso que dá o caráter positivo para essa divulgação, com qualitativo muito bom”, avaliou o economista Luca Mercadante, da gestora de recursos Rio Bravo Investimentos.

Embora veja uma dinâmica de preços mais favorável, Mercadante pondera que o resultado não é suficiente para alterar o curso da política monetária adotada pelo Banco Central (BC), que mantém desde agosto de 2022 a taxa básica de juros, a Selic, nos atuais 13,75% ao ano.

“O ponto para o BC é que o processo precisa ser consistente e claro, de que a inflação está desacelerando. É esperado que a inflação suba a partir do segundo semestre com a perda dos efeitos de desoneração do ano passado. É muito por isso que o BC ainda não saiu dessa zona de perigo”, afirmou Mercadante.

O IPCA acumulado em 12 meses não ficava dentro da banda de tolerância da meta de inflação havia meses, lembrou André Almeida, analista do IPCA no IBGE. O ano de 2020 foi o último em que a inflação anual fechou dentro da margem de tolerância perseguida pelo Banco Central: o teto era de 5,5%, e a inflação fechou 2020 em 4,52%.

“O que a gente percebeu na passagem de fevereiro para março foi uma desaceleração e menor disseminação de alta de preços no IPCA”, afirmou Almeida.

Para a XP Investimentos, o resultado trouxe uma mensagem positiva, ainda que não tenha alterado o cenário da corretora de que o BC comece o ciclo de cortes na Selic apenas no terceiro trimestre de 2023. Já a agência de classificação de risco Austin Rating espera que a autoridade monetária reduza a Selic a partir de junho, com a taxa de juros fechando este ano em 11,75%.

Após a divulgação do IPCA, a Austin Rating diminuiu sua projeção para a inflação de 2023, de 6,08% para 5,80%, e a de 2024, de 4,08% para 3,91%.

“Em boa parte, a revisão (de 2023) recai sobre a forte queda dos preços dos alimentos no atacado, já observada nas primeiras parciais de abril”, afirmou o economista-chefe da Austin, Alex Agostini.

Os vilões em março

Em março, os alimentos comprados em supermercados ficaram mais baratos, assim como alguns eletrodomésticos, TVs e computadores. Por outro lado, o encarecimento da gasolina e da energia elétrica foi responsável por dois terços da inflação oficial no País em março.

A gasolina subiu 8,33%, impacto de 0,39 ponto porcentual sobre o IPCA do mês passado. A energia elétrica subiu 2,23%, contribuição de 0,09 ponto porcentual. Sem esses dois aumentos, o IPCA de março teria sido de 0,25%, calculou Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.

Também pressionaram a inflação oficial de março os gastos maiores com plano de saúde e com emplacamento e licenciamento de veículo, sob influência da alta do IPVA de 2023.

“De fato, o que puxou a inflação de março foi gasolina e energia elétrica”, afirmou André Almeida, também do IBGE. “A inflação de março foi mais influenciada por preços administrados do que inflação de serviços.”

A inflação de serviços – usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços – passou de uma elevação de 1,41% em fevereiro para 0,25% em março. Já os preços de itens monitorados pelo governo saíram de uma elevação de 0,85% em fevereiro para 2,33% em março.

Segundo André Almeida, a desaceleração no ritmo de alta dos preços dos serviços de fevereiro para março é sazonal. Enquanto os reajustes em educação pressionam tradicionalmente a inflação de serviços em fevereiro, a estabilidade desses itens no mês seguinte alivia o resultado em março, afirmou.

“Mas há desaceleração em outros itens de serviços, aluguel residencial, manicure, serviços de cabeleireiro e barbeiro. São outros serviços que têm peso menor (no IPCA), mas também têm desaceleração”, acrescentou Almeida.

O pesquisador do IBGE afirma não ser possível “observar categoricamente” uma pressão de demanda na inflação de março, sendo necessário monitorar os próximos resultados.

“O que a gente tem observado na economia como um todo são sinais mistos”, lembrou Almeida. “Há movimento de recuperação do mercado de trabalho em geral. Por outro lado, os serviços e as vendas do varejo tiveram resultado menor no final de 2022.”

Alimentos mais baratos

Os itens que mais ajudaram a frear a inflação em março foram passagem aérea, batata-inglesa, maçã e banana-prata. O grupo Alimentação e bebidas saiu de um aumento de 0,16% em fevereiro para uma elevação de 0,05% em março. O freio foi influenciado pela queda de 0,14% no custo da alimentação consumida no domicílio. Houve reduções relevantes na batata-inglesa (-12,80%), óleo de soja (-4,01%), cebola (-7,23%), tomate (-4,02%) e carnes (-1,06%).

Os preços das carnes já tinham recuado 1,22% em fevereiro, acumulando uma redução de 2,72% este ano. Houve tanto aumento da oferta, decorrente da suspensão temporária de exportações do produto do Brasil para a China, por conta de registro de um caso de mal da vaca louca em um bovino no Pará, quanto diminuição da demanda, provocada pela sazonalidade da quaresma, quando há menor procura por carne bovina, justificou André Almeida.

“De maneira geral, principalmente tubérculos, legumes e frutas têm maior oferta sim. Agora, na carne, tem questão de oferta e tem questão de menor demanda nesse período de quaresma pela carne vermelha”, afirmou Almeida.

Por outro lado, houve aumentos em março na cenoura (28,58%) e no ovo de galinha (7,64%).

“Nessa época, existe um aumento sazonal de demanda, por conta da quaresma, por ovos e pescados”, acrescentou Almeida.

A alimentação fora do domicílio subiu 0,60% em março, depois da alta de 0,50% em fevereiro. O lanche aumentou 1,09% em março, e a refeição fora de casa ficou 0,41% mais cara.

Em meio à recomposição de tributos e reajustes, a gasolina e a energia elétrica pesaram mais no bolso do consumidor em março, mas os preços na economia subiram menos do que no mês anterior. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou de 0,84% em fevereiro para 0,71% em março, informou nesta terça-feira, 11, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado veio praticamente no piso das estimativas dos analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que previam um avanço desde 0,69% a 0,85%, com mediana de 0,77%.

A taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses arrefeceu 5,60% em fevereiro para 4,65% em março, resultado mais baixo desde janeiro de 2021. A meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central (BC) é de 3,25%, que tem teto de tolerância de 4,75%.

“Essa mensagem que o IPCA trouxe para a inflação é importante e acho que é isso que dá o caráter positivo para essa divulgação, com qualitativo muito bom”, avaliou o economista Luca Mercadante, da gestora de recursos Rio Bravo Investimentos.

Embora veja uma dinâmica de preços mais favorável, Mercadante pondera que o resultado não é suficiente para alterar o curso da política monetária adotada pelo Banco Central (BC), que mantém desde agosto de 2022 a taxa básica de juros, a Selic, nos atuais 13,75% ao ano.

“O ponto para o BC é que o processo precisa ser consistente e claro, de que a inflação está desacelerando. É esperado que a inflação suba a partir do segundo semestre com a perda dos efeitos de desoneração do ano passado. É muito por isso que o BC ainda não saiu dessa zona de perigo”, afirmou Mercadante.

O IPCA acumulado em 12 meses não ficava dentro da banda de tolerância da meta de inflação havia meses, lembrou André Almeida, analista do IPCA no IBGE. O ano de 2020 foi o último em que a inflação anual fechou dentro da margem de tolerância perseguida pelo Banco Central: o teto era de 5,5%, e a inflação fechou 2020 em 4,52%.

“O que a gente percebeu na passagem de fevereiro para março foi uma desaceleração e menor disseminação de alta de preços no IPCA”, afirmou Almeida.

Para a XP Investimentos, o resultado trouxe uma mensagem positiva, ainda que não tenha alterado o cenário da corretora de que o BC comece o ciclo de cortes na Selic apenas no terceiro trimestre de 2023. Já a agência de classificação de risco Austin Rating espera que a autoridade monetária reduza a Selic a partir de junho, com a taxa de juros fechando este ano em 11,75%.

Após a divulgação do IPCA, a Austin Rating diminuiu sua projeção para a inflação de 2023, de 6,08% para 5,80%, e a de 2024, de 4,08% para 3,91%.

“Em boa parte, a revisão (de 2023) recai sobre a forte queda dos preços dos alimentos no atacado, já observada nas primeiras parciais de abril”, afirmou o economista-chefe da Austin, Alex Agostini.

Os vilões em março

Em março, os alimentos comprados em supermercados ficaram mais baratos, assim como alguns eletrodomésticos, TVs e computadores. Por outro lado, o encarecimento da gasolina e da energia elétrica foi responsável por dois terços da inflação oficial no País em março.

A gasolina subiu 8,33%, impacto de 0,39 ponto porcentual sobre o IPCA do mês passado. A energia elétrica subiu 2,23%, contribuição de 0,09 ponto porcentual. Sem esses dois aumentos, o IPCA de março teria sido de 0,25%, calculou Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.

Também pressionaram a inflação oficial de março os gastos maiores com plano de saúde e com emplacamento e licenciamento de veículo, sob influência da alta do IPVA de 2023.

“De fato, o que puxou a inflação de março foi gasolina e energia elétrica”, afirmou André Almeida, também do IBGE. “A inflação de março foi mais influenciada por preços administrados do que inflação de serviços.”

A inflação de serviços – usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços – passou de uma elevação de 1,41% em fevereiro para 0,25% em março. Já os preços de itens monitorados pelo governo saíram de uma elevação de 0,85% em fevereiro para 2,33% em março.

Segundo André Almeida, a desaceleração no ritmo de alta dos preços dos serviços de fevereiro para março é sazonal. Enquanto os reajustes em educação pressionam tradicionalmente a inflação de serviços em fevereiro, a estabilidade desses itens no mês seguinte alivia o resultado em março, afirmou.

“Mas há desaceleração em outros itens de serviços, aluguel residencial, manicure, serviços de cabeleireiro e barbeiro. São outros serviços que têm peso menor (no IPCA), mas também têm desaceleração”, acrescentou Almeida.

O pesquisador do IBGE afirma não ser possível “observar categoricamente” uma pressão de demanda na inflação de março, sendo necessário monitorar os próximos resultados.

“O que a gente tem observado na economia como um todo são sinais mistos”, lembrou Almeida. “Há movimento de recuperação do mercado de trabalho em geral. Por outro lado, os serviços e as vendas do varejo tiveram resultado menor no final de 2022.”

Alimentos mais baratos

Os itens que mais ajudaram a frear a inflação em março foram passagem aérea, batata-inglesa, maçã e banana-prata. O grupo Alimentação e bebidas saiu de um aumento de 0,16% em fevereiro para uma elevação de 0,05% em março. O freio foi influenciado pela queda de 0,14% no custo da alimentação consumida no domicílio. Houve reduções relevantes na batata-inglesa (-12,80%), óleo de soja (-4,01%), cebola (-7,23%), tomate (-4,02%) e carnes (-1,06%).

Os preços das carnes já tinham recuado 1,22% em fevereiro, acumulando uma redução de 2,72% este ano. Houve tanto aumento da oferta, decorrente da suspensão temporária de exportações do produto do Brasil para a China, por conta de registro de um caso de mal da vaca louca em um bovino no Pará, quanto diminuição da demanda, provocada pela sazonalidade da quaresma, quando há menor procura por carne bovina, justificou André Almeida.

“De maneira geral, principalmente tubérculos, legumes e frutas têm maior oferta sim. Agora, na carne, tem questão de oferta e tem questão de menor demanda nesse período de quaresma pela carne vermelha”, afirmou Almeida.

Por outro lado, houve aumentos em março na cenoura (28,58%) e no ovo de galinha (7,64%).

“Nessa época, existe um aumento sazonal de demanda, por conta da quaresma, por ovos e pescados”, acrescentou Almeida.

A alimentação fora do domicílio subiu 0,60% em março, depois da alta de 0,50% em fevereiro. O lanche aumentou 1,09% em março, e a refeição fora de casa ficou 0,41% mais cara.

Em meio à recomposição de tributos e reajustes, a gasolina e a energia elétrica pesaram mais no bolso do consumidor em março, mas os preços na economia subiram menos do que no mês anterior. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou de 0,84% em fevereiro para 0,71% em março, informou nesta terça-feira, 11, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado veio praticamente no piso das estimativas dos analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que previam um avanço desde 0,69% a 0,85%, com mediana de 0,77%.

A taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses arrefeceu 5,60% em fevereiro para 4,65% em março, resultado mais baixo desde janeiro de 2021. A meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central (BC) é de 3,25%, que tem teto de tolerância de 4,75%.

“Essa mensagem que o IPCA trouxe para a inflação é importante e acho que é isso que dá o caráter positivo para essa divulgação, com qualitativo muito bom”, avaliou o economista Luca Mercadante, da gestora de recursos Rio Bravo Investimentos.

Embora veja uma dinâmica de preços mais favorável, Mercadante pondera que o resultado não é suficiente para alterar o curso da política monetária adotada pelo Banco Central (BC), que mantém desde agosto de 2022 a taxa básica de juros, a Selic, nos atuais 13,75% ao ano.

“O ponto para o BC é que o processo precisa ser consistente e claro, de que a inflação está desacelerando. É esperado que a inflação suba a partir do segundo semestre com a perda dos efeitos de desoneração do ano passado. É muito por isso que o BC ainda não saiu dessa zona de perigo”, afirmou Mercadante.

O IPCA acumulado em 12 meses não ficava dentro da banda de tolerância da meta de inflação havia meses, lembrou André Almeida, analista do IPCA no IBGE. O ano de 2020 foi o último em que a inflação anual fechou dentro da margem de tolerância perseguida pelo Banco Central: o teto era de 5,5%, e a inflação fechou 2020 em 4,52%.

“O que a gente percebeu na passagem de fevereiro para março foi uma desaceleração e menor disseminação de alta de preços no IPCA”, afirmou Almeida.

Para a XP Investimentos, o resultado trouxe uma mensagem positiva, ainda que não tenha alterado o cenário da corretora de que o BC comece o ciclo de cortes na Selic apenas no terceiro trimestre de 2023. Já a agência de classificação de risco Austin Rating espera que a autoridade monetária reduza a Selic a partir de junho, com a taxa de juros fechando este ano em 11,75%.

Após a divulgação do IPCA, a Austin Rating diminuiu sua projeção para a inflação de 2023, de 6,08% para 5,80%, e a de 2024, de 4,08% para 3,91%.

“Em boa parte, a revisão (de 2023) recai sobre a forte queda dos preços dos alimentos no atacado, já observada nas primeiras parciais de abril”, afirmou o economista-chefe da Austin, Alex Agostini.

Os vilões em março

Em março, os alimentos comprados em supermercados ficaram mais baratos, assim como alguns eletrodomésticos, TVs e computadores. Por outro lado, o encarecimento da gasolina e da energia elétrica foi responsável por dois terços da inflação oficial no País em março.

A gasolina subiu 8,33%, impacto de 0,39 ponto porcentual sobre o IPCA do mês passado. A energia elétrica subiu 2,23%, contribuição de 0,09 ponto porcentual. Sem esses dois aumentos, o IPCA de março teria sido de 0,25%, calculou Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.

Também pressionaram a inflação oficial de março os gastos maiores com plano de saúde e com emplacamento e licenciamento de veículo, sob influência da alta do IPVA de 2023.

“De fato, o que puxou a inflação de março foi gasolina e energia elétrica”, afirmou André Almeida, também do IBGE. “A inflação de março foi mais influenciada por preços administrados do que inflação de serviços.”

A inflação de serviços – usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços – passou de uma elevação de 1,41% em fevereiro para 0,25% em março. Já os preços de itens monitorados pelo governo saíram de uma elevação de 0,85% em fevereiro para 2,33% em março.

Segundo André Almeida, a desaceleração no ritmo de alta dos preços dos serviços de fevereiro para março é sazonal. Enquanto os reajustes em educação pressionam tradicionalmente a inflação de serviços em fevereiro, a estabilidade desses itens no mês seguinte alivia o resultado em março, afirmou.

“Mas há desaceleração em outros itens de serviços, aluguel residencial, manicure, serviços de cabeleireiro e barbeiro. São outros serviços que têm peso menor (no IPCA), mas também têm desaceleração”, acrescentou Almeida.

O pesquisador do IBGE afirma não ser possível “observar categoricamente” uma pressão de demanda na inflação de março, sendo necessário monitorar os próximos resultados.

“O que a gente tem observado na economia como um todo são sinais mistos”, lembrou Almeida. “Há movimento de recuperação do mercado de trabalho em geral. Por outro lado, os serviços e as vendas do varejo tiveram resultado menor no final de 2022.”

Alimentos mais baratos

Os itens que mais ajudaram a frear a inflação em março foram passagem aérea, batata-inglesa, maçã e banana-prata. O grupo Alimentação e bebidas saiu de um aumento de 0,16% em fevereiro para uma elevação de 0,05% em março. O freio foi influenciado pela queda de 0,14% no custo da alimentação consumida no domicílio. Houve reduções relevantes na batata-inglesa (-12,80%), óleo de soja (-4,01%), cebola (-7,23%), tomate (-4,02%) e carnes (-1,06%).

Os preços das carnes já tinham recuado 1,22% em fevereiro, acumulando uma redução de 2,72% este ano. Houve tanto aumento da oferta, decorrente da suspensão temporária de exportações do produto do Brasil para a China, por conta de registro de um caso de mal da vaca louca em um bovino no Pará, quanto diminuição da demanda, provocada pela sazonalidade da quaresma, quando há menor procura por carne bovina, justificou André Almeida.

“De maneira geral, principalmente tubérculos, legumes e frutas têm maior oferta sim. Agora, na carne, tem questão de oferta e tem questão de menor demanda nesse período de quaresma pela carne vermelha”, afirmou Almeida.

Por outro lado, houve aumentos em março na cenoura (28,58%) e no ovo de galinha (7,64%).

“Nessa época, existe um aumento sazonal de demanda, por conta da quaresma, por ovos e pescados”, acrescentou Almeida.

A alimentação fora do domicílio subiu 0,60% em março, depois da alta de 0,50% em fevereiro. O lanche aumentou 1,09% em março, e a refeição fora de casa ficou 0,41% mais cara.

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