SÃO PAULO - O otimismo das famílias com relação à situação econômica do Brasil caiu em maio em comparação com abril. A informação é do Índice de Expectativas das Famílias (IEF), divulgado nesta terça-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Enquanto em abril 68,3% das famílias disseram acreditar que o Brasil passaria por melhores momentos nos próximos 12 meses, essa porcentagem caiu para 66,8% em maio. Com relação ao longo prazo (os próximos cinco anos), o otimismo também caiu: de 63,5% em abril para 62% em maio.
A confiança das famílias na situação econômica do País é um dos critérios usados pelo Ipea para medir o otimismo das famílias. Em maio, o índice geral se manteve estável em relação a abril, quando foi registrado o menor nível do ano, com 67 pontos. O estudo mostrou ainda que a estabilidade é fruto de variações de expectativas entre as regiões do País. A região Centro-Oeste é a mais otimista, com alta de 1,3 ponto no índice em maio, chegando a 79,5. A região Nordeste também teve alta, de 1,5 ponto em maio em relação ao mês anterior, chegando a 65,5. As regiões Sudeste, Sul e Norte tiveram queda nas expectativas, de 0,7, 1,7 e 0,8 ponto, respectivamente. Apesar disso, o Sudeste é o a segunda região mais otimista, com índice de 70,1 em maio.O IEF é feito mensalmente com pesquisa em 3.810 domicílios, distribuídos por mais de 200 municípios em todos os Estados.A percepção das famílias sobre suas situações financeiras com relação ao ano anterior foi positiva. Em maio, 77,8% das famílias disseram estar melhor financeiramente hoje do que há um ano. Em abril, a porcentagem era de 75,8%. De acordo com o Ipea, na divisão por classes, os segmentos mais ricos da população são os mais otimistas com relação à situação financeira.Para o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, André Calixtre, os aumentos reais nos salários podem ser apontados como responsáveis pela estabilidade no otimismo brasileiro e a inflação não teve grande impacto no índice deste mês. "Não é só o emprego, mas o salário do cidadão que está crescendo, na média, acima da inflação. Esses ganhos reais seguram a expectativa da família. Mesmo que você tenha aumento dos preços na magnitude que ele tem sido - que não é uma explosão inflacionária -, como está dentro de uma margem pequena de variação, não contamina (a expectativa)", disse.Dívidas e contas atrasadasA maioria das famílias consultadas na pesquisa (53,5%) afirmou não ter dívidas. O valor representa aumento no endividamento das famílias, já que é menor do que o de abril, quando a porcentagem era de 54,6%, sendo que apenas 8,5% das famílias disseram estar muito endividadas em maio. A variação regional, contudo, é grande. No Centro-Oeste, quase 90% das famílias dizem não ter dívidas. Na sequência, vêm Sudeste (65,4%), Sul (47,7%), Nordeste (36%) e Norte (30,3%).Apesar de alto, o resultado do endividamento no Nordeste é o único que apresentou recuo em relação a abril, quando 29,7% das famílias disseram não ter dívida alguma. Apesar de apresentarem altos índices de endividamento, a minoria das famílias nas regiões Norte (8,7%) e Nordeste (13,2%) disse estar "muito endividado". A maior parte das pessoas, nas duas regiões respondeu que está "mais ou menos" endividados - 41% no Norte e 26,9% no Nordeste. A resposta "pouco endividados" foi dada por 20% das pessoas no Norte e 23,8% no Nordeste.De acordo com o Ipea, o problema do endividamento atinge principalmente as classes mais ricas, sendo que a faixa salarial mais endividada é o das famílias com mais de 10 salários mínimos, estrato social que tem um peso pequeno na sociedade brasileira. Mesmo assim, o número de famílias pertencente a esse grupo que disse estar muito endividado (10%) não é expressivo, segundo o Ipea.Também em maio, a maioria das famílias (69%) não possuía contas atrasadas. Do restante, os que possuem dívidas, 15,74% disseram ter condições plenas de quitá-las no mês; 45,93% dizem que vão conseguir quitar parcialmente suas dívidas e 36,48% afirmam não ter condições de quitar plenamente suas dívidas no mês em questão.O número de famílias que disse que não pretende tomar empréstimos diminuiu em maio com relação às respostas de abril, passando de 92,89% para 91,63%.