Investidores de Americanas compraram fake news como os das empresas de Eike compraram expectativas


Guerra Credores x 3G promete envolver mais atores, como as gestoras de investimentos expostas; e os minoritários? Estes, provavelmente, se lascaram; leia analise de Irany Tereza

Por Irany Tereza

BTG Pactual, Bradesco, Itaú, Banco Votorantim, Goldman Sachs (do Brasil e Internacional), BofA Merrill Lynch, JP Morgan. É uma lista de peso a dos bancos que entraram com recursos judiciais contra a Americanas tentando recuperar créditos e/ou bloquear recursos. Isso até ontem, conforme apurou a Coluna.

O caso, forte candidato a entrar em outra lista, a dos maiores escândalos empresariais da história nacional, está apenas no começo. Na quinta, foi deferido o pedido de recuperação judicial, que suspende todas as ações e execuções contra a Americanas.

Credores das Americanas estão nervosos após a divulgação do rombo bilionário da varejista Foto: Taba Benedicto/Estadão
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Mas a guerra Credores X 3G (do trio de “acionistas de referência” da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Teles) promete envolver mais atores, como as gestoras de investimentos expostas à rede varejista. Debenturistas também tentarão reaver, ao menos parcialmente, seu capital.

E os minoritários que, de fato, fazem jus ao termo? Estes, provavelmente, se lascaram. E assim o mercado brasileiro de renda variável vai afastando investidores que embarcaram na ideia de fazer o pé de meia ajudando a custear operacionalmente empresas do setor produtivo. Além de inúmeros investidores que sequer conheciam a própria exposição, como participantes de fundos de investimentos que envolvem uma seleção específica de ações.

Todo mundo conhece os riscos do mercado de ações. Mas, no caso Americanas, até quem está acostumado com os caminhos e atalhos dos balanços financeiros ficou surpreso com as “inconsistências”, como foi batizada a maquiagem contábil que a empresa adotou por anos a fio.

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“Recebi com surpresa o Fato Relevante das Lojas Americanas”, relatou num post em rede social Luciano Siani que deixou este mês o cargo de diretor executivo de Finanças da Vale. Na postagem, ele conta que por pouco não ingressou na empresa em 2011, quando Murilo Ferreira assumiu a presidência da Vale. Conta que estava na fase final de conversas com Beto Sicupira para assumir a B2W. “Felizmente me acertei com Murilo na Vale”, celebra.

Siani é cuidadoso o suficiente para comentar que “uma suposta fraude ou omissão não combinam com as Lojas Americanas e tampouco com a PWC”, mas lembra as operações para reduzir a conta de empréstimos e financiamentos nada teriam de errado se aumentassem, em valor equivalente, a conta de fornecedores. “E, sendo o capital de giro tão importante no varejo, deveria haver escrutínio permanente dos órgãos de governança”, diz.

Auditadas “sem ressalvas” pela PwC, as demonstrações financeiras da Americanas passaram ainda pelo crivo de três conselheiros fiscais, além do Conselho de Administração. Ex-auditores da PwC participam da gestão da Ambev, outra grande empresa controlada pelo trio Lemann-Sicupira-Teles. Dos seis integrantes do Conselho Fiscal da gigante de bebidas, três são ex-sócios da PricewaterhouseCoopers, dois como membros efetivos e um como suplente.

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Não dá para saber ainda até que ponto o caso Americanas irá contaminar as demais empresas da 3G. Mas o mercado está inquieto e já podem ser observados alguns movimentos em outras áreas, além do setor varejista. “Tem de haver uma revisão mais apurada do balanço de todas as empresas, inclusive Ambev”, diz Paulo Petroni, diretor geral da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja.

Ele chama de “gigante anabolizado” a Ambev, entre outras coisas por, segundo afirma, não reconhecer de forma correta no balanço alguns subsídios operacionais para reduzir obrigações tributárias. “Não é correto afirmar que o mesmo erro cometido em uma empresa seja repetido em outra do mesmo controlador. Dá até para desconfiar do estilo de gestão, mas não se pode afirmar”, diz Petroni.

Gestores, auditores, acionistas, conselheiros. Um número grande de responsáveis pela criação e pelo referendo de um mecanismo que mascarou resultados da Americanas de forma escandalosa devem ser julgados e punidos de forma mais célere do que a própria tentativa de recuperar o grupo empresarial. Mal comparando, os investidores que perderam dinheiro com as promessas não cumpridas de Eike Batista e suas empresas X, compraram expectativas não confirmadas. Os de Americanas compraram fake news.

BTG Pactual, Bradesco, Itaú, Banco Votorantim, Goldman Sachs (do Brasil e Internacional), BofA Merrill Lynch, JP Morgan. É uma lista de peso a dos bancos que entraram com recursos judiciais contra a Americanas tentando recuperar créditos e/ou bloquear recursos. Isso até ontem, conforme apurou a Coluna.

O caso, forte candidato a entrar em outra lista, a dos maiores escândalos empresariais da história nacional, está apenas no começo. Na quinta, foi deferido o pedido de recuperação judicial, que suspende todas as ações e execuções contra a Americanas.

Credores das Americanas estão nervosos após a divulgação do rombo bilionário da varejista Foto: Taba Benedicto/Estadão

Mas a guerra Credores X 3G (do trio de “acionistas de referência” da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Teles) promete envolver mais atores, como as gestoras de investimentos expostas à rede varejista. Debenturistas também tentarão reaver, ao menos parcialmente, seu capital.

E os minoritários que, de fato, fazem jus ao termo? Estes, provavelmente, se lascaram. E assim o mercado brasileiro de renda variável vai afastando investidores que embarcaram na ideia de fazer o pé de meia ajudando a custear operacionalmente empresas do setor produtivo. Além de inúmeros investidores que sequer conheciam a própria exposição, como participantes de fundos de investimentos que envolvem uma seleção específica de ações.

Todo mundo conhece os riscos do mercado de ações. Mas, no caso Americanas, até quem está acostumado com os caminhos e atalhos dos balanços financeiros ficou surpreso com as “inconsistências”, como foi batizada a maquiagem contábil que a empresa adotou por anos a fio.

“Recebi com surpresa o Fato Relevante das Lojas Americanas”, relatou num post em rede social Luciano Siani que deixou este mês o cargo de diretor executivo de Finanças da Vale. Na postagem, ele conta que por pouco não ingressou na empresa em 2011, quando Murilo Ferreira assumiu a presidência da Vale. Conta que estava na fase final de conversas com Beto Sicupira para assumir a B2W. “Felizmente me acertei com Murilo na Vale”, celebra.

Siani é cuidadoso o suficiente para comentar que “uma suposta fraude ou omissão não combinam com as Lojas Americanas e tampouco com a PWC”, mas lembra as operações para reduzir a conta de empréstimos e financiamentos nada teriam de errado se aumentassem, em valor equivalente, a conta de fornecedores. “E, sendo o capital de giro tão importante no varejo, deveria haver escrutínio permanente dos órgãos de governança”, diz.

Auditadas “sem ressalvas” pela PwC, as demonstrações financeiras da Americanas passaram ainda pelo crivo de três conselheiros fiscais, além do Conselho de Administração. Ex-auditores da PwC participam da gestão da Ambev, outra grande empresa controlada pelo trio Lemann-Sicupira-Teles. Dos seis integrantes do Conselho Fiscal da gigante de bebidas, três são ex-sócios da PricewaterhouseCoopers, dois como membros efetivos e um como suplente.

Não dá para saber ainda até que ponto o caso Americanas irá contaminar as demais empresas da 3G. Mas o mercado está inquieto e já podem ser observados alguns movimentos em outras áreas, além do setor varejista. “Tem de haver uma revisão mais apurada do balanço de todas as empresas, inclusive Ambev”, diz Paulo Petroni, diretor geral da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja.

Ele chama de “gigante anabolizado” a Ambev, entre outras coisas por, segundo afirma, não reconhecer de forma correta no balanço alguns subsídios operacionais para reduzir obrigações tributárias. “Não é correto afirmar que o mesmo erro cometido em uma empresa seja repetido em outra do mesmo controlador. Dá até para desconfiar do estilo de gestão, mas não se pode afirmar”, diz Petroni.

Gestores, auditores, acionistas, conselheiros. Um número grande de responsáveis pela criação e pelo referendo de um mecanismo que mascarou resultados da Americanas de forma escandalosa devem ser julgados e punidos de forma mais célere do que a própria tentativa de recuperar o grupo empresarial. Mal comparando, os investidores que perderam dinheiro com as promessas não cumpridas de Eike Batista e suas empresas X, compraram expectativas não confirmadas. Os de Americanas compraram fake news.

BTG Pactual, Bradesco, Itaú, Banco Votorantim, Goldman Sachs (do Brasil e Internacional), BofA Merrill Lynch, JP Morgan. É uma lista de peso a dos bancos que entraram com recursos judiciais contra a Americanas tentando recuperar créditos e/ou bloquear recursos. Isso até ontem, conforme apurou a Coluna.

O caso, forte candidato a entrar em outra lista, a dos maiores escândalos empresariais da história nacional, está apenas no começo. Na quinta, foi deferido o pedido de recuperação judicial, que suspende todas as ações e execuções contra a Americanas.

Credores das Americanas estão nervosos após a divulgação do rombo bilionário da varejista Foto: Taba Benedicto/Estadão

Mas a guerra Credores X 3G (do trio de “acionistas de referência” da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Teles) promete envolver mais atores, como as gestoras de investimentos expostas à rede varejista. Debenturistas também tentarão reaver, ao menos parcialmente, seu capital.

E os minoritários que, de fato, fazem jus ao termo? Estes, provavelmente, se lascaram. E assim o mercado brasileiro de renda variável vai afastando investidores que embarcaram na ideia de fazer o pé de meia ajudando a custear operacionalmente empresas do setor produtivo. Além de inúmeros investidores que sequer conheciam a própria exposição, como participantes de fundos de investimentos que envolvem uma seleção específica de ações.

Todo mundo conhece os riscos do mercado de ações. Mas, no caso Americanas, até quem está acostumado com os caminhos e atalhos dos balanços financeiros ficou surpreso com as “inconsistências”, como foi batizada a maquiagem contábil que a empresa adotou por anos a fio.

“Recebi com surpresa o Fato Relevante das Lojas Americanas”, relatou num post em rede social Luciano Siani que deixou este mês o cargo de diretor executivo de Finanças da Vale. Na postagem, ele conta que por pouco não ingressou na empresa em 2011, quando Murilo Ferreira assumiu a presidência da Vale. Conta que estava na fase final de conversas com Beto Sicupira para assumir a B2W. “Felizmente me acertei com Murilo na Vale”, celebra.

Siani é cuidadoso o suficiente para comentar que “uma suposta fraude ou omissão não combinam com as Lojas Americanas e tampouco com a PWC”, mas lembra as operações para reduzir a conta de empréstimos e financiamentos nada teriam de errado se aumentassem, em valor equivalente, a conta de fornecedores. “E, sendo o capital de giro tão importante no varejo, deveria haver escrutínio permanente dos órgãos de governança”, diz.

Auditadas “sem ressalvas” pela PwC, as demonstrações financeiras da Americanas passaram ainda pelo crivo de três conselheiros fiscais, além do Conselho de Administração. Ex-auditores da PwC participam da gestão da Ambev, outra grande empresa controlada pelo trio Lemann-Sicupira-Teles. Dos seis integrantes do Conselho Fiscal da gigante de bebidas, três são ex-sócios da PricewaterhouseCoopers, dois como membros efetivos e um como suplente.

Não dá para saber ainda até que ponto o caso Americanas irá contaminar as demais empresas da 3G. Mas o mercado está inquieto e já podem ser observados alguns movimentos em outras áreas, além do setor varejista. “Tem de haver uma revisão mais apurada do balanço de todas as empresas, inclusive Ambev”, diz Paulo Petroni, diretor geral da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja.

Ele chama de “gigante anabolizado” a Ambev, entre outras coisas por, segundo afirma, não reconhecer de forma correta no balanço alguns subsídios operacionais para reduzir obrigações tributárias. “Não é correto afirmar que o mesmo erro cometido em uma empresa seja repetido em outra do mesmo controlador. Dá até para desconfiar do estilo de gestão, mas não se pode afirmar”, diz Petroni.

Gestores, auditores, acionistas, conselheiros. Um número grande de responsáveis pela criação e pelo referendo de um mecanismo que mascarou resultados da Americanas de forma escandalosa devem ser julgados e punidos de forma mais célere do que a própria tentativa de recuperar o grupo empresarial. Mal comparando, os investidores que perderam dinheiro com as promessas não cumpridas de Eike Batista e suas empresas X, compraram expectativas não confirmadas. Os de Americanas compraram fake news.

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