Opinião|‘Jeitinho brasileiro’ e racionalização da fraude corporativa


O desafio é mantermos nossa essência criativa e, ao mesmo tempo, assumirmos uma postura mais crítica

Por Fernando Dal-Ri Murcia

A literatura acadêmica aponta que três elementos são comuns nos casos de fraudes corporativas: pressão, racionalização e oportunidade. A pressão pode decorrer, por exemplo, do cumprimento de determinada meta corporativa ou de um problema financeiro do fraudador. A oportunidade, por sua vez, geralmente decorre da ausência de controles internos que possibilitam a ocorrência do ato fraudulento.

Já o terceiro elemento que compõe o chamado triângulo da fraude – a racionalização – refere-se basicamente a como o indivíduo enxerga fraude, a visão que ele possui do ato ilícito. É comum, por exemplo, que os fraudadores aleguem ser inocentes.

A racionalização da fraude pode ser compreendida dentro do contexto em que o agente está inserido; quem não ouviu aquele famoso: “todo mundo no meu setor sonega, se eu pagar imposto vou quebrar”. O agente pode ainda enxergar a fraude como algo positivo, afinal, os fins justificam os meios: “ninguém vai descobrir, e no final do dia isso ajudará a empresa a superar essa fase difícil”.

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Uma questão que se coloca para debate é: os aspectos culturais em nosso país possuem relação direta com as fraudes corporativas? Nos parece que sim, afinal – apesar de não ser possível negar a existência de um pequeno grupo de criminosos “natos” provavelmente em decorrência de alguma disfunção genética, pessoas efetivamente “doentes” –, é fato que o meio contribui de maneira relevante para a forma como os indivíduos enxergam e racionalizam a fraude.

Fraudes corporativas também exigem algum tipo de racionalização Foto: Pixabay

Nesse contexto, um aspecto peculiar da nossa cultura diz respeito ao chamado “jeitinho brasileiro” que, de maneira geral, diz respeito à forma com que o nosso povo “improvisa” e utiliza soluções menos “ortodoxas” para a resolução de problemas.

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Aqui é preciso diferenciar “o joio do trigo”. Afinal, o jeitinho brasileiro é algo extremamente positivo, na medida em que denota criatividade, proatividade, etc. Diversos são os brasileiros que, sem oportunidades, mas com o “jeitinho”, se tornaram empreendedores de sucesso.

Contudo, o “jeitinho brasileiro” também tem uma face negativa, a da malandragem, da desonestidade, da corrupção, da fraude – que é muitas vezes relativizada e enxergada como algo normal em nosso país.

Este breve artigo não tem como objetivo demonizar ou sugerir acabarmos com o “jeitinho brasileiro”. O desafio é outro: mantermos nossa essência criativa, de improviso, de empreendedorismo e ao mesmo tempo assumirmos uma postura mais crítica sobre determinados atos e condutas ilícitas que tanto prejudicam as nossas empresas e o nosso país.

A literatura acadêmica aponta que três elementos são comuns nos casos de fraudes corporativas: pressão, racionalização e oportunidade. A pressão pode decorrer, por exemplo, do cumprimento de determinada meta corporativa ou de um problema financeiro do fraudador. A oportunidade, por sua vez, geralmente decorre da ausência de controles internos que possibilitam a ocorrência do ato fraudulento.

Já o terceiro elemento que compõe o chamado triângulo da fraude – a racionalização – refere-se basicamente a como o indivíduo enxerga fraude, a visão que ele possui do ato ilícito. É comum, por exemplo, que os fraudadores aleguem ser inocentes.

A racionalização da fraude pode ser compreendida dentro do contexto em que o agente está inserido; quem não ouviu aquele famoso: “todo mundo no meu setor sonega, se eu pagar imposto vou quebrar”. O agente pode ainda enxergar a fraude como algo positivo, afinal, os fins justificam os meios: “ninguém vai descobrir, e no final do dia isso ajudará a empresa a superar essa fase difícil”.

Uma questão que se coloca para debate é: os aspectos culturais em nosso país possuem relação direta com as fraudes corporativas? Nos parece que sim, afinal – apesar de não ser possível negar a existência de um pequeno grupo de criminosos “natos” provavelmente em decorrência de alguma disfunção genética, pessoas efetivamente “doentes” –, é fato que o meio contribui de maneira relevante para a forma como os indivíduos enxergam e racionalizam a fraude.

Fraudes corporativas também exigem algum tipo de racionalização Foto: Pixabay

Nesse contexto, um aspecto peculiar da nossa cultura diz respeito ao chamado “jeitinho brasileiro” que, de maneira geral, diz respeito à forma com que o nosso povo “improvisa” e utiliza soluções menos “ortodoxas” para a resolução de problemas.

Aqui é preciso diferenciar “o joio do trigo”. Afinal, o jeitinho brasileiro é algo extremamente positivo, na medida em que denota criatividade, proatividade, etc. Diversos são os brasileiros que, sem oportunidades, mas com o “jeitinho”, se tornaram empreendedores de sucesso.

Contudo, o “jeitinho brasileiro” também tem uma face negativa, a da malandragem, da desonestidade, da corrupção, da fraude – que é muitas vezes relativizada e enxergada como algo normal em nosso país.

Este breve artigo não tem como objetivo demonizar ou sugerir acabarmos com o “jeitinho brasileiro”. O desafio é outro: mantermos nossa essência criativa, de improviso, de empreendedorismo e ao mesmo tempo assumirmos uma postura mais crítica sobre determinados atos e condutas ilícitas que tanto prejudicam as nossas empresas e o nosso país.

A literatura acadêmica aponta que três elementos são comuns nos casos de fraudes corporativas: pressão, racionalização e oportunidade. A pressão pode decorrer, por exemplo, do cumprimento de determinada meta corporativa ou de um problema financeiro do fraudador. A oportunidade, por sua vez, geralmente decorre da ausência de controles internos que possibilitam a ocorrência do ato fraudulento.

Já o terceiro elemento que compõe o chamado triângulo da fraude – a racionalização – refere-se basicamente a como o indivíduo enxerga fraude, a visão que ele possui do ato ilícito. É comum, por exemplo, que os fraudadores aleguem ser inocentes.

A racionalização da fraude pode ser compreendida dentro do contexto em que o agente está inserido; quem não ouviu aquele famoso: “todo mundo no meu setor sonega, se eu pagar imposto vou quebrar”. O agente pode ainda enxergar a fraude como algo positivo, afinal, os fins justificam os meios: “ninguém vai descobrir, e no final do dia isso ajudará a empresa a superar essa fase difícil”.

Uma questão que se coloca para debate é: os aspectos culturais em nosso país possuem relação direta com as fraudes corporativas? Nos parece que sim, afinal – apesar de não ser possível negar a existência de um pequeno grupo de criminosos “natos” provavelmente em decorrência de alguma disfunção genética, pessoas efetivamente “doentes” –, é fato que o meio contribui de maneira relevante para a forma como os indivíduos enxergam e racionalizam a fraude.

Fraudes corporativas também exigem algum tipo de racionalização Foto: Pixabay

Nesse contexto, um aspecto peculiar da nossa cultura diz respeito ao chamado “jeitinho brasileiro” que, de maneira geral, diz respeito à forma com que o nosso povo “improvisa” e utiliza soluções menos “ortodoxas” para a resolução de problemas.

Aqui é preciso diferenciar “o joio do trigo”. Afinal, o jeitinho brasileiro é algo extremamente positivo, na medida em que denota criatividade, proatividade, etc. Diversos são os brasileiros que, sem oportunidades, mas com o “jeitinho”, se tornaram empreendedores de sucesso.

Contudo, o “jeitinho brasileiro” também tem uma face negativa, a da malandragem, da desonestidade, da corrupção, da fraude – que é muitas vezes relativizada e enxergada como algo normal em nosso país.

Este breve artigo não tem como objetivo demonizar ou sugerir acabarmos com o “jeitinho brasileiro”. O desafio é outro: mantermos nossa essência criativa, de improviso, de empreendedorismo e ao mesmo tempo assumirmos uma postura mais crítica sobre determinados atos e condutas ilícitas que tanto prejudicam as nossas empresas e o nosso país.

Opinião por Fernando Dal-Ri Murcia

Professor do Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA/USP

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