O outro lado da notícia

Opinião|Com fala sobre Holocausto, Lula dá mais uma demonstração do preconceito que nutre contra as minorias


As declarações do presidente sobre a tragédia do povo judeu expõem um comportamento marcado por atos de discriminação contra deficientes, idosos, negros, homossexuais e até contra quem dá duro para viver honestamente

Por José Fucs
Atualização:

As afirmações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o Holocausto, comparando a reação de Israel em Gaza ao genocídio cometido contra os judeus pela Alemanha de Hitler, não ofendem apenas os que perderam familiares em campos de extermínio e conseguiram sobreviver às atrocidades nazistas.

As declarações de Lula sobre o Holocausto são um ultraje a todos os que respeitam a história e não banalizam o uso do termo “genocídio” Foto: Taba Benedicto

Também não ofendem apenas os judeus que procuram viver com dignidade em Israel e na diáspora, depois de ver seu povo quase desaparecer do mapa na Segunda Guerra Mundial, e que lutam contra a ignorância e o preconceito que ainda hoje impulsionam o antissemitismo pelo mundo afora, muitas vezes dissimulado como uma rejeição ao sionismo.

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A fala antissemita de Lula é um ultraje a todos os brasileiros e cidadãos do mundo inteiro que conhecem a tragédia do povo judeu, que deixou seis milhões de mortos, assassinados deliberada e barbaramente pelas forças de Hitler e por seus fantoches. É uma afronta a todos os que respeitam a história e não banalizam o uso do termo “genocídio”, aplicando-o a uma ação defensiva de Israel contra um ato terrorista abominável cometido pelo Hamas, em 7 de outubro.

As declarações de Lula sobre o Holocausto, porém, não são um fato isolado. E, por mais que provoquem a repulsa pelo que significam e pelo que revelam sobre a visão sinistra do presidente a respeito do assunto, expõem um comportamento que deve ser entendido num contexto mais amplo, marcado por manifestações explícitas de preconceito contra todos os tipos de minorias – deficientes, idosos, negros, homossexuais e até contra quem dá duro para viver honestamente, sem passagens pela polícia ou pelo xilindró e sem ter cartão corporativo para cobrir suas despesas às custas dos pagadores de impostos.

Embora a imagem de Lula seja muitas vezes associada à defesa dos “oprimidos” e suas declarações discriminatórias sejam suavizadas pela claque petista como “gafes” imaculadas, não faltam exemplos de falas preconceituosas ao longo do tempo – e nem é preciso ir muito longe para relembrá-las.

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A última de Lula – ou a penúltima, se levarmos em conta a fala sobre o Holocausto –, que gerou uma enxurrada de reações indignadas nas redes sociais, foi depreciar a atividade dos trabalhadores que atuam na função de ajudante geral, voltada a serviços diversos nas empresas e ao auxílio na carga e descarga de mercadorias e nas tarefas de manutenção e de limpeza.

“Em fábrica, a gente sabe que tem que ter uma profissão. Se a gente não tiver uma profissão, a gente vai ser ajudante geral. E ajudante geral não ganha nada”. afirmou, durante a inauguração de um ginásio numa escola localizada no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, no início de fevereiro. “Nenhuma mulher quer namorar com um cara que mostra a carteira profissional e tem (escrito lá) a profissão de ajudante geral”.

Talvez por ter subido na vida como dirigente sindical e político profissional, locupletando-se com o dinheiro dos trabalhadores e dos contribuintes, Lula pareça incapaz de valorizar um trabalhador que busca meios de garantir a ele e a sua família uma vida decente, ainda que modesta.

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Lula gosta de luxo. Gosta de se hospedar em hotéis cinco estrelas, com diárias de até R$ 80 mil, durante suas viagens. Gosta também de avião de última geração. Se depender dele, a Presidência da República vai comprar uma nova aeronave, pela bagatela de R$ 400 milhões, porque a atual “está velha” e “não atende mais às necessidades”. Ele gosta também de móveis de alto padrão. No ano passado, sua mulher Janja gastou quase R$ 200 mil em móveis para o Palácio da Alvorada. Um único tapete custou R$ 114 mil e um sofá, R$ 65 mil. Mas nem por isso ele deve encarar a atividade de ajudante geral, que oferece uma renda limitada, como algo menor.

Alguns dias antes do convescote no Complexo do Alemão, durante a cerimônia do anúncio de investimentos da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, ele já havia reforçado a objetificação feminina e o estereótipo dos negros ao se dirigir a uma jovem negra presente no evento.

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“Essa menina bonita que está aqui… Eu estava perguntando: ‘O que é que faz essa moça sentada que eu não ouvi ninguém falar o nome dela? Ela é cantora? Vai cantar? Não, não vai ter música (disseram)’. Aí, perguntei: ‘Então ela vai batucar alguma coisa? Porque uma afrodescendente assim gosta de um batuque, de um tambor. Também não vai (afirmaram)’. Eu falei: ‘Nossa, então ela é namorada de alguém’”, declarou Lula.

Como as afirmações partiram do petista, que é apoiado pelo “movimento negro”, não se ouviu uma única crítica das entidades de defesa dos afrodescendentes ao presidente. A própria moça disse não ter se sentido ofendida por sua fala. Se outro dissesse o que ele disse, teria sido pendurado no pelourinho ou queimado em praça pública, como nos tempos da inquisição. O noticiário da TV ficaria horas falando sobre a questão e chamaria até “especialista” para discutir o tema. Mas, como foi Lula que falou, a coisa passou praticamente batida.

Deficiência de mobilidade

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Meses atrás, em setembro de 2023, ao discorrer em sua live semanal – que deixou de existir por falta de audiência – sobre a recuperação da cirurgia no quadril a que seria submetido, os preconceitos foram contra os idosos e as pessoas com deficiência de mobilidade. “Vocês não vão me ver de andador, de muleta. Vão me ver sempre bonito, como se eu não tivesse operado”, disse Lula, despertando uma saraivada de críticas, por associar o uso de andador e de muleta à vergonha e à feiura. “Eu queria operar logo depois das eleições. Mas pensei que, se operasse, iam dizer: ‘O Lula está velho, ganhou as eleições e já está internado’”, acrescentou.

Antes, em abril do ano passado, ele já havia exposto seu preconceito contra as pessoas com transtornos mentais, gerando manifestações de repúdio das organizações que atuam em defesa do grupo e até da associação que reúne os psiquiatras do País, para a qual a fala do petista representou “psicofobia”.

“A OMS sempre afirmou que na humanidade deve haver 15% de pessoas com algum problema de deficiência mental. Se esse número é verdadeiro, e você pega o Brasil com 220 milhões de habitantes, significa que temos quase 30 milhões de pessoas com problema de desequilíbrio de parafuso. Pode uma hora acontecer uma desgraça”, disse Lula, durante uma reunião realizada em Brasília para tratar da violência nas escolas.

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E quem não se lembra de quando Lula, numa visita a Pelotas (RS) no ano 2000, reforçou a imagem da cidade como local de grande presença de homossexuais, ao afirmar que era um “polo exportador de veados”? Na época, sua declaração foi tratada mais uma vez como “brincadeira” por seus aliados e por grupos de defesa LGBTQI+ que o apoiam, mas para qualquer observador independente ela fala por si só.

‘Biden de Garanhuns’

Diante de tantos disparates, alguns analistas começam a questionar se Lula não estaria ficando meio gagá, se não estaria se tornando uma espécie de “Joe Biden de Garanhuns”, numa referência ao presidente do Estados Unidos que vem sendo alvo de acusações de “senilidade” por parte de seus opositores, em razão das constantes afirmações sem sentido que têm feito sobre diferentes temas.

Talvez, se fosse isso mesmo, haveria até uma explicação lógica para os absurdos que Lula tem proferido. Mas o pior é que não. Ele é assim mesmo e, aos 78 anos, ainda parece estar no gozo de suas faculdades mentais. É como afirmou alguém por aí outro dia: “Lula em silêncio é um poeta”.

As afirmações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o Holocausto, comparando a reação de Israel em Gaza ao genocídio cometido contra os judeus pela Alemanha de Hitler, não ofendem apenas os que perderam familiares em campos de extermínio e conseguiram sobreviver às atrocidades nazistas.

As declarações de Lula sobre o Holocausto são um ultraje a todos os que respeitam a história e não banalizam o uso do termo “genocídio” Foto: Taba Benedicto

Também não ofendem apenas os judeus que procuram viver com dignidade em Israel e na diáspora, depois de ver seu povo quase desaparecer do mapa na Segunda Guerra Mundial, e que lutam contra a ignorância e o preconceito que ainda hoje impulsionam o antissemitismo pelo mundo afora, muitas vezes dissimulado como uma rejeição ao sionismo.

A fala antissemita de Lula é um ultraje a todos os brasileiros e cidadãos do mundo inteiro que conhecem a tragédia do povo judeu, que deixou seis milhões de mortos, assassinados deliberada e barbaramente pelas forças de Hitler e por seus fantoches. É uma afronta a todos os que respeitam a história e não banalizam o uso do termo “genocídio”, aplicando-o a uma ação defensiva de Israel contra um ato terrorista abominável cometido pelo Hamas, em 7 de outubro.

As declarações de Lula sobre o Holocausto, porém, não são um fato isolado. E, por mais que provoquem a repulsa pelo que significam e pelo que revelam sobre a visão sinistra do presidente a respeito do assunto, expõem um comportamento que deve ser entendido num contexto mais amplo, marcado por manifestações explícitas de preconceito contra todos os tipos de minorias – deficientes, idosos, negros, homossexuais e até contra quem dá duro para viver honestamente, sem passagens pela polícia ou pelo xilindró e sem ter cartão corporativo para cobrir suas despesas às custas dos pagadores de impostos.

Embora a imagem de Lula seja muitas vezes associada à defesa dos “oprimidos” e suas declarações discriminatórias sejam suavizadas pela claque petista como “gafes” imaculadas, não faltam exemplos de falas preconceituosas ao longo do tempo – e nem é preciso ir muito longe para relembrá-las.

A última de Lula – ou a penúltima, se levarmos em conta a fala sobre o Holocausto –, que gerou uma enxurrada de reações indignadas nas redes sociais, foi depreciar a atividade dos trabalhadores que atuam na função de ajudante geral, voltada a serviços diversos nas empresas e ao auxílio na carga e descarga de mercadorias e nas tarefas de manutenção e de limpeza.

“Em fábrica, a gente sabe que tem que ter uma profissão. Se a gente não tiver uma profissão, a gente vai ser ajudante geral. E ajudante geral não ganha nada”. afirmou, durante a inauguração de um ginásio numa escola localizada no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, no início de fevereiro. “Nenhuma mulher quer namorar com um cara que mostra a carteira profissional e tem (escrito lá) a profissão de ajudante geral”.

Talvez por ter subido na vida como dirigente sindical e político profissional, locupletando-se com o dinheiro dos trabalhadores e dos contribuintes, Lula pareça incapaz de valorizar um trabalhador que busca meios de garantir a ele e a sua família uma vida decente, ainda que modesta.

Lula gosta de luxo. Gosta de se hospedar em hotéis cinco estrelas, com diárias de até R$ 80 mil, durante suas viagens. Gosta também de avião de última geração. Se depender dele, a Presidência da República vai comprar uma nova aeronave, pela bagatela de R$ 400 milhões, porque a atual “está velha” e “não atende mais às necessidades”. Ele gosta também de móveis de alto padrão. No ano passado, sua mulher Janja gastou quase R$ 200 mil em móveis para o Palácio da Alvorada. Um único tapete custou R$ 114 mil e um sofá, R$ 65 mil. Mas nem por isso ele deve encarar a atividade de ajudante geral, que oferece uma renda limitada, como algo menor.

Alguns dias antes do convescote no Complexo do Alemão, durante a cerimônia do anúncio de investimentos da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, ele já havia reforçado a objetificação feminina e o estereótipo dos negros ao se dirigir a uma jovem negra presente no evento.

“Essa menina bonita que está aqui… Eu estava perguntando: ‘O que é que faz essa moça sentada que eu não ouvi ninguém falar o nome dela? Ela é cantora? Vai cantar? Não, não vai ter música (disseram)’. Aí, perguntei: ‘Então ela vai batucar alguma coisa? Porque uma afrodescendente assim gosta de um batuque, de um tambor. Também não vai (afirmaram)’. Eu falei: ‘Nossa, então ela é namorada de alguém’”, declarou Lula.

Como as afirmações partiram do petista, que é apoiado pelo “movimento negro”, não se ouviu uma única crítica das entidades de defesa dos afrodescendentes ao presidente. A própria moça disse não ter se sentido ofendida por sua fala. Se outro dissesse o que ele disse, teria sido pendurado no pelourinho ou queimado em praça pública, como nos tempos da inquisição. O noticiário da TV ficaria horas falando sobre a questão e chamaria até “especialista” para discutir o tema. Mas, como foi Lula que falou, a coisa passou praticamente batida.

Deficiência de mobilidade

Meses atrás, em setembro de 2023, ao discorrer em sua live semanal – que deixou de existir por falta de audiência – sobre a recuperação da cirurgia no quadril a que seria submetido, os preconceitos foram contra os idosos e as pessoas com deficiência de mobilidade. “Vocês não vão me ver de andador, de muleta. Vão me ver sempre bonito, como se eu não tivesse operado”, disse Lula, despertando uma saraivada de críticas, por associar o uso de andador e de muleta à vergonha e à feiura. “Eu queria operar logo depois das eleições. Mas pensei que, se operasse, iam dizer: ‘O Lula está velho, ganhou as eleições e já está internado’”, acrescentou.

Antes, em abril do ano passado, ele já havia exposto seu preconceito contra as pessoas com transtornos mentais, gerando manifestações de repúdio das organizações que atuam em defesa do grupo e até da associação que reúne os psiquiatras do País, para a qual a fala do petista representou “psicofobia”.

“A OMS sempre afirmou que na humanidade deve haver 15% de pessoas com algum problema de deficiência mental. Se esse número é verdadeiro, e você pega o Brasil com 220 milhões de habitantes, significa que temos quase 30 milhões de pessoas com problema de desequilíbrio de parafuso. Pode uma hora acontecer uma desgraça”, disse Lula, durante uma reunião realizada em Brasília para tratar da violência nas escolas.

E quem não se lembra de quando Lula, numa visita a Pelotas (RS) no ano 2000, reforçou a imagem da cidade como local de grande presença de homossexuais, ao afirmar que era um “polo exportador de veados”? Na época, sua declaração foi tratada mais uma vez como “brincadeira” por seus aliados e por grupos de defesa LGBTQI+ que o apoiam, mas para qualquer observador independente ela fala por si só.

‘Biden de Garanhuns’

Diante de tantos disparates, alguns analistas começam a questionar se Lula não estaria ficando meio gagá, se não estaria se tornando uma espécie de “Joe Biden de Garanhuns”, numa referência ao presidente do Estados Unidos que vem sendo alvo de acusações de “senilidade” por parte de seus opositores, em razão das constantes afirmações sem sentido que têm feito sobre diferentes temas.

Talvez, se fosse isso mesmo, haveria até uma explicação lógica para os absurdos que Lula tem proferido. Mas o pior é que não. Ele é assim mesmo e, aos 78 anos, ainda parece estar no gozo de suas faculdades mentais. É como afirmou alguém por aí outro dia: “Lula em silêncio é um poeta”.

As afirmações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o Holocausto, comparando a reação de Israel em Gaza ao genocídio cometido contra os judeus pela Alemanha de Hitler, não ofendem apenas os que perderam familiares em campos de extermínio e conseguiram sobreviver às atrocidades nazistas.

As declarações de Lula sobre o Holocausto são um ultraje a todos os que respeitam a história e não banalizam o uso do termo “genocídio” Foto: Taba Benedicto

Também não ofendem apenas os judeus que procuram viver com dignidade em Israel e na diáspora, depois de ver seu povo quase desaparecer do mapa na Segunda Guerra Mundial, e que lutam contra a ignorância e o preconceito que ainda hoje impulsionam o antissemitismo pelo mundo afora, muitas vezes dissimulado como uma rejeição ao sionismo.

A fala antissemita de Lula é um ultraje a todos os brasileiros e cidadãos do mundo inteiro que conhecem a tragédia do povo judeu, que deixou seis milhões de mortos, assassinados deliberada e barbaramente pelas forças de Hitler e por seus fantoches. É uma afronta a todos os que respeitam a história e não banalizam o uso do termo “genocídio”, aplicando-o a uma ação defensiva de Israel contra um ato terrorista abominável cometido pelo Hamas, em 7 de outubro.

As declarações de Lula sobre o Holocausto, porém, não são um fato isolado. E, por mais que provoquem a repulsa pelo que significam e pelo que revelam sobre a visão sinistra do presidente a respeito do assunto, expõem um comportamento que deve ser entendido num contexto mais amplo, marcado por manifestações explícitas de preconceito contra todos os tipos de minorias – deficientes, idosos, negros, homossexuais e até contra quem dá duro para viver honestamente, sem passagens pela polícia ou pelo xilindró e sem ter cartão corporativo para cobrir suas despesas às custas dos pagadores de impostos.

Embora a imagem de Lula seja muitas vezes associada à defesa dos “oprimidos” e suas declarações discriminatórias sejam suavizadas pela claque petista como “gafes” imaculadas, não faltam exemplos de falas preconceituosas ao longo do tempo – e nem é preciso ir muito longe para relembrá-las.

A última de Lula – ou a penúltima, se levarmos em conta a fala sobre o Holocausto –, que gerou uma enxurrada de reações indignadas nas redes sociais, foi depreciar a atividade dos trabalhadores que atuam na função de ajudante geral, voltada a serviços diversos nas empresas e ao auxílio na carga e descarga de mercadorias e nas tarefas de manutenção e de limpeza.

“Em fábrica, a gente sabe que tem que ter uma profissão. Se a gente não tiver uma profissão, a gente vai ser ajudante geral. E ajudante geral não ganha nada”. afirmou, durante a inauguração de um ginásio numa escola localizada no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, no início de fevereiro. “Nenhuma mulher quer namorar com um cara que mostra a carteira profissional e tem (escrito lá) a profissão de ajudante geral”.

Talvez por ter subido na vida como dirigente sindical e político profissional, locupletando-se com o dinheiro dos trabalhadores e dos contribuintes, Lula pareça incapaz de valorizar um trabalhador que busca meios de garantir a ele e a sua família uma vida decente, ainda que modesta.

Lula gosta de luxo. Gosta de se hospedar em hotéis cinco estrelas, com diárias de até R$ 80 mil, durante suas viagens. Gosta também de avião de última geração. Se depender dele, a Presidência da República vai comprar uma nova aeronave, pela bagatela de R$ 400 milhões, porque a atual “está velha” e “não atende mais às necessidades”. Ele gosta também de móveis de alto padrão. No ano passado, sua mulher Janja gastou quase R$ 200 mil em móveis para o Palácio da Alvorada. Um único tapete custou R$ 114 mil e um sofá, R$ 65 mil. Mas nem por isso ele deve encarar a atividade de ajudante geral, que oferece uma renda limitada, como algo menor.

Alguns dias antes do convescote no Complexo do Alemão, durante a cerimônia do anúncio de investimentos da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, ele já havia reforçado a objetificação feminina e o estereótipo dos negros ao se dirigir a uma jovem negra presente no evento.

“Essa menina bonita que está aqui… Eu estava perguntando: ‘O que é que faz essa moça sentada que eu não ouvi ninguém falar o nome dela? Ela é cantora? Vai cantar? Não, não vai ter música (disseram)’. Aí, perguntei: ‘Então ela vai batucar alguma coisa? Porque uma afrodescendente assim gosta de um batuque, de um tambor. Também não vai (afirmaram)’. Eu falei: ‘Nossa, então ela é namorada de alguém’”, declarou Lula.

Como as afirmações partiram do petista, que é apoiado pelo “movimento negro”, não se ouviu uma única crítica das entidades de defesa dos afrodescendentes ao presidente. A própria moça disse não ter se sentido ofendida por sua fala. Se outro dissesse o que ele disse, teria sido pendurado no pelourinho ou queimado em praça pública, como nos tempos da inquisição. O noticiário da TV ficaria horas falando sobre a questão e chamaria até “especialista” para discutir o tema. Mas, como foi Lula que falou, a coisa passou praticamente batida.

Deficiência de mobilidade

Meses atrás, em setembro de 2023, ao discorrer em sua live semanal – que deixou de existir por falta de audiência – sobre a recuperação da cirurgia no quadril a que seria submetido, os preconceitos foram contra os idosos e as pessoas com deficiência de mobilidade. “Vocês não vão me ver de andador, de muleta. Vão me ver sempre bonito, como se eu não tivesse operado”, disse Lula, despertando uma saraivada de críticas, por associar o uso de andador e de muleta à vergonha e à feiura. “Eu queria operar logo depois das eleições. Mas pensei que, se operasse, iam dizer: ‘O Lula está velho, ganhou as eleições e já está internado’”, acrescentou.

Antes, em abril do ano passado, ele já havia exposto seu preconceito contra as pessoas com transtornos mentais, gerando manifestações de repúdio das organizações que atuam em defesa do grupo e até da associação que reúne os psiquiatras do País, para a qual a fala do petista representou “psicofobia”.

“A OMS sempre afirmou que na humanidade deve haver 15% de pessoas com algum problema de deficiência mental. Se esse número é verdadeiro, e você pega o Brasil com 220 milhões de habitantes, significa que temos quase 30 milhões de pessoas com problema de desequilíbrio de parafuso. Pode uma hora acontecer uma desgraça”, disse Lula, durante uma reunião realizada em Brasília para tratar da violência nas escolas.

E quem não se lembra de quando Lula, numa visita a Pelotas (RS) no ano 2000, reforçou a imagem da cidade como local de grande presença de homossexuais, ao afirmar que era um “polo exportador de veados”? Na época, sua declaração foi tratada mais uma vez como “brincadeira” por seus aliados e por grupos de defesa LGBTQI+ que o apoiam, mas para qualquer observador independente ela fala por si só.

‘Biden de Garanhuns’

Diante de tantos disparates, alguns analistas começam a questionar se Lula não estaria ficando meio gagá, se não estaria se tornando uma espécie de “Joe Biden de Garanhuns”, numa referência ao presidente do Estados Unidos que vem sendo alvo de acusações de “senilidade” por parte de seus opositores, em razão das constantes afirmações sem sentido que têm feito sobre diferentes temas.

Talvez, se fosse isso mesmo, haveria até uma explicação lógica para os absurdos que Lula tem proferido. Mas o pior é que não. Ele é assim mesmo e, aos 78 anos, ainda parece estar no gozo de suas faculdades mentais. É como afirmou alguém por aí outro dia: “Lula em silêncio é um poeta”.

As afirmações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o Holocausto, comparando a reação de Israel em Gaza ao genocídio cometido contra os judeus pela Alemanha de Hitler, não ofendem apenas os que perderam familiares em campos de extermínio e conseguiram sobreviver às atrocidades nazistas.

As declarações de Lula sobre o Holocausto são um ultraje a todos os que respeitam a história e não banalizam o uso do termo “genocídio” Foto: Taba Benedicto

Também não ofendem apenas os judeus que procuram viver com dignidade em Israel e na diáspora, depois de ver seu povo quase desaparecer do mapa na Segunda Guerra Mundial, e que lutam contra a ignorância e o preconceito que ainda hoje impulsionam o antissemitismo pelo mundo afora, muitas vezes dissimulado como uma rejeição ao sionismo.

A fala antissemita de Lula é um ultraje a todos os brasileiros e cidadãos do mundo inteiro que conhecem a tragédia do povo judeu, que deixou seis milhões de mortos, assassinados deliberada e barbaramente pelas forças de Hitler e por seus fantoches. É uma afronta a todos os que respeitam a história e não banalizam o uso do termo “genocídio”, aplicando-o a uma ação defensiva de Israel contra um ato terrorista abominável cometido pelo Hamas, em 7 de outubro.

As declarações de Lula sobre o Holocausto, porém, não são um fato isolado. E, por mais que provoquem a repulsa pelo que significam e pelo que revelam sobre a visão sinistra do presidente a respeito do assunto, expõem um comportamento que deve ser entendido num contexto mais amplo, marcado por manifestações explícitas de preconceito contra todos os tipos de minorias – deficientes, idosos, negros, homossexuais e até contra quem dá duro para viver honestamente, sem passagens pela polícia ou pelo xilindró e sem ter cartão corporativo para cobrir suas despesas às custas dos pagadores de impostos.

Embora a imagem de Lula seja muitas vezes associada à defesa dos “oprimidos” e suas declarações discriminatórias sejam suavizadas pela claque petista como “gafes” imaculadas, não faltam exemplos de falas preconceituosas ao longo do tempo – e nem é preciso ir muito longe para relembrá-las.

A última de Lula – ou a penúltima, se levarmos em conta a fala sobre o Holocausto –, que gerou uma enxurrada de reações indignadas nas redes sociais, foi depreciar a atividade dos trabalhadores que atuam na função de ajudante geral, voltada a serviços diversos nas empresas e ao auxílio na carga e descarga de mercadorias e nas tarefas de manutenção e de limpeza.

“Em fábrica, a gente sabe que tem que ter uma profissão. Se a gente não tiver uma profissão, a gente vai ser ajudante geral. E ajudante geral não ganha nada”. afirmou, durante a inauguração de um ginásio numa escola localizada no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, no início de fevereiro. “Nenhuma mulher quer namorar com um cara que mostra a carteira profissional e tem (escrito lá) a profissão de ajudante geral”.

Talvez por ter subido na vida como dirigente sindical e político profissional, locupletando-se com o dinheiro dos trabalhadores e dos contribuintes, Lula pareça incapaz de valorizar um trabalhador que busca meios de garantir a ele e a sua família uma vida decente, ainda que modesta.

Lula gosta de luxo. Gosta de se hospedar em hotéis cinco estrelas, com diárias de até R$ 80 mil, durante suas viagens. Gosta também de avião de última geração. Se depender dele, a Presidência da República vai comprar uma nova aeronave, pela bagatela de R$ 400 milhões, porque a atual “está velha” e “não atende mais às necessidades”. Ele gosta também de móveis de alto padrão. No ano passado, sua mulher Janja gastou quase R$ 200 mil em móveis para o Palácio da Alvorada. Um único tapete custou R$ 114 mil e um sofá, R$ 65 mil. Mas nem por isso ele deve encarar a atividade de ajudante geral, que oferece uma renda limitada, como algo menor.

Alguns dias antes do convescote no Complexo do Alemão, durante a cerimônia do anúncio de investimentos da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, ele já havia reforçado a objetificação feminina e o estereótipo dos negros ao se dirigir a uma jovem negra presente no evento.

“Essa menina bonita que está aqui… Eu estava perguntando: ‘O que é que faz essa moça sentada que eu não ouvi ninguém falar o nome dela? Ela é cantora? Vai cantar? Não, não vai ter música (disseram)’. Aí, perguntei: ‘Então ela vai batucar alguma coisa? Porque uma afrodescendente assim gosta de um batuque, de um tambor. Também não vai (afirmaram)’. Eu falei: ‘Nossa, então ela é namorada de alguém’”, declarou Lula.

Como as afirmações partiram do petista, que é apoiado pelo “movimento negro”, não se ouviu uma única crítica das entidades de defesa dos afrodescendentes ao presidente. A própria moça disse não ter se sentido ofendida por sua fala. Se outro dissesse o que ele disse, teria sido pendurado no pelourinho ou queimado em praça pública, como nos tempos da inquisição. O noticiário da TV ficaria horas falando sobre a questão e chamaria até “especialista” para discutir o tema. Mas, como foi Lula que falou, a coisa passou praticamente batida.

Deficiência de mobilidade

Meses atrás, em setembro de 2023, ao discorrer em sua live semanal – que deixou de existir por falta de audiência – sobre a recuperação da cirurgia no quadril a que seria submetido, os preconceitos foram contra os idosos e as pessoas com deficiência de mobilidade. “Vocês não vão me ver de andador, de muleta. Vão me ver sempre bonito, como se eu não tivesse operado”, disse Lula, despertando uma saraivada de críticas, por associar o uso de andador e de muleta à vergonha e à feiura. “Eu queria operar logo depois das eleições. Mas pensei que, se operasse, iam dizer: ‘O Lula está velho, ganhou as eleições e já está internado’”, acrescentou.

Antes, em abril do ano passado, ele já havia exposto seu preconceito contra as pessoas com transtornos mentais, gerando manifestações de repúdio das organizações que atuam em defesa do grupo e até da associação que reúne os psiquiatras do País, para a qual a fala do petista representou “psicofobia”.

“A OMS sempre afirmou que na humanidade deve haver 15% de pessoas com algum problema de deficiência mental. Se esse número é verdadeiro, e você pega o Brasil com 220 milhões de habitantes, significa que temos quase 30 milhões de pessoas com problema de desequilíbrio de parafuso. Pode uma hora acontecer uma desgraça”, disse Lula, durante uma reunião realizada em Brasília para tratar da violência nas escolas.

E quem não se lembra de quando Lula, numa visita a Pelotas (RS) no ano 2000, reforçou a imagem da cidade como local de grande presença de homossexuais, ao afirmar que era um “polo exportador de veados”? Na época, sua declaração foi tratada mais uma vez como “brincadeira” por seus aliados e por grupos de defesa LGBTQI+ que o apoiam, mas para qualquer observador independente ela fala por si só.

‘Biden de Garanhuns’

Diante de tantos disparates, alguns analistas começam a questionar se Lula não estaria ficando meio gagá, se não estaria se tornando uma espécie de “Joe Biden de Garanhuns”, numa referência ao presidente do Estados Unidos que vem sendo alvo de acusações de “senilidade” por parte de seus opositores, em razão das constantes afirmações sem sentido que têm feito sobre diferentes temas.

Talvez, se fosse isso mesmo, haveria até uma explicação lógica para os absurdos que Lula tem proferido. Mas o pior é que não. Ele é assim mesmo e, aos 78 anos, ainda parece estar no gozo de suas faculdades mentais. É como afirmou alguém por aí outro dia: “Lula em silêncio é um poeta”.

Opinião por José Fucs

É repórter especial do Estadão. Jornalista desde 1983, foi repórter especial e editor de Economia da revista Época, editor-chefe da revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, editor-executivo da Exame e repórter do Estadão, da Gazeta Mercantil e da Folha. Leia publicações anteriores a 18/4/23 em www.estadao.com.br/politica/blog-do-fucs/

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