O outro lado do noticiário

Opinião|Debate na Band: Marçal perdeu a linha, mas expôs inclinações ideológicas de concorrentes


Apesar de o ex-coach e candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo ter se descontrolado, ele colocou o “dedo na ferida” ao abordar as visões políticas dos demais candidatos, que teriam passado em branco se ele não tivesse participado do programa

Por José Fucs
Atualização:

No primeiro debate realizado pela Band nesta quinta-feira entre os cinco principais concorrentes à prefeitura de São Paulo, que deixou de fora a representante do Novo Marina Helena, por não ter atingido nas pesquisas a “linha de corte” definida pela emissora, o candidato Pablo Marçal, do PRTB, deu um “show” à parte.

Em meio à profusão de palavras de baixo calão que proferiu no debate, Marçal pode ter mostrado que não está preparado para comandar a cidade, com propostas como a “empresarização” do ensino, a construção de um “cinturão” de teleféricos horizontais nas comunidades e a criação de bolsões de estacionamento nas rodovias que chegam a São Paulo, para resolver o problema do trânsito.

Marçal, do PRTB, afirmou no debate da Band ao abordar que Boulos "apoia terrorismo do Hamas" e Tábata Amaral "vive babando ovo" para Lula Foto: Daniel Teixeira/Estadão
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Ele pode também ter perdido a linha com as perguntas feitas pela deputada Tábata Amaral, candidata do PSB, sobre a Operação Água Branca, um projeto para transformar a vida urbana na região, localizada na zona oeste de São Paulo, que ele demonstrou desconhecer, e sobre sua “condenação por formação de quadrilha num esquema de fraudes bancárias”, que ele alega ter ocorrido porque não tinha dinheiro na época para pagar um advogado.

Para quem costuma pontificar sobre “inteligência emocional” e propõe a incorporação do tema ao ensino, para evitar que crianças e adolescentes entrem no mundo do crime, o ex-coach acabou mostrando, com seu destempero, que precisa aplicar a si próprio os princípios que prega para os outros.

Agora, no campo ideológico, é preciso reconhecer que Marçal fez algumas afirmações incômodas, que, se não são 100% precisas, refletem em boa medida a realidade da disputa e contribuíram para o público conhecer melhor os alinhamentos de cada candidato. A questão teria passado em branco se ele não tivesse participado do evento e as colocado em pauta.

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Entre outras coisas, Marçal questionou a ideia de que o prefeito Ricardo Nunes, candidato à reeleição, é de direita, apesar do apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, e afirmou que o candidato Guilherme Boulos, do PSOL, apoiado pelo PT e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é de extrema esquerda e defende os ditadores Nicolás Maduro, da Venezuela, e Daniel Ortega, da Nicarágua, além de grupos terroristas como o Hamas, e que Tábata Amaral, do PSB, “vive babando ovo” para Lula.

É certo que, ao abordar as inclinações políticas e ideológicas de seus concorrentes, Marçal jogou os holofotes também sobre suas próprias convicções, que podem parecer estapafúrdias para muita gente, mas representam, para o bem ou para o mal, conforme o ponto de vista, um contingente considerável dos eleitores de São Paulo.

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Confira a seguir algumas das afirmações de Marçal sobre as visões ideológicas dos candidatos, feitas por ele no debate da Band e na entrevista que deu à emissora ao chegar para o evento a respeito. O único que passou ao largo da artilharia foi o jornalista José Luiz Datena, do PSDB, poupado por Marçal de referências diretas sobre o assunto.

Sobre os demais candidatos presentes ao debate

“Aqui só tem candidato de esquerda e centro-esquerda”

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Sobre Ricardo Nunes

“Alguém que está agora à minha direita (faz parte) da falsa direita da cidade de São Paulo”

“Por que a Marta Suplicy, que é vice daquele cara de extrema esquerda (referindo-se a Boulos) era secretária desse cara aqui da falsa direita (referindo a Nunes)?”

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Sobre Guilherme Boulos

“Alguém ali apoia o terrorismo do Hamas, vive romantizando terrorismo, tirou foto com aquele ditador da Nicarágua, vive elogiando o ditador Maduro, que perdeu a eleição. Inclusive um esquerdista, o (Gabriel) Boric (presidente do Chile), acabou de falar que o Maduro perdeu eleição, mas gagueja na entrevista da Rede Globo falando que (o regime da Venezuela) não é o modelo dele de democracia. Quer dizer que cada ditador tem um modelo próprio (de democracia)?

“As pessoas (que vem a São Paulo para participar de eventos) tomam um choque de realidade muito grande no centro, que está completo de invasões daquele outro candidato que está na extrema esquerda deste palco.”

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“O Boulos é um cara que não responde sobre maduro, de quem ele é fã. É um comunista de carteirinha, um playboy que está querendo bancar o pobre.”

Sobre Tábata Amaral

“A Tábata Amaral está aí para ser o para-choque do comunista extremo (em referencia a Boulos). Isso é um jogo que o presidente Lula fez para colocar todo mundo junto para atacar o prefeito Ricardo Nunes (afirmou à entrada do debate)”

“Você tem um herói chamado Luiz Inácio Lula da Silva, que foi condenado por 9 juízes em 3 instâncias a 580 dias de cadeia e você vive babando ovo para ele.”

No primeiro debate realizado pela Band nesta quinta-feira entre os cinco principais concorrentes à prefeitura de São Paulo, que deixou de fora a representante do Novo Marina Helena, por não ter atingido nas pesquisas a “linha de corte” definida pela emissora, o candidato Pablo Marçal, do PRTB, deu um “show” à parte.

Em meio à profusão de palavras de baixo calão que proferiu no debate, Marçal pode ter mostrado que não está preparado para comandar a cidade, com propostas como a “empresarização” do ensino, a construção de um “cinturão” de teleféricos horizontais nas comunidades e a criação de bolsões de estacionamento nas rodovias que chegam a São Paulo, para resolver o problema do trânsito.

Marçal, do PRTB, afirmou no debate da Band ao abordar que Boulos "apoia terrorismo do Hamas" e Tábata Amaral "vive babando ovo" para Lula Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Ele pode também ter perdido a linha com as perguntas feitas pela deputada Tábata Amaral, candidata do PSB, sobre a Operação Água Branca, um projeto para transformar a vida urbana na região, localizada na zona oeste de São Paulo, que ele demonstrou desconhecer, e sobre sua “condenação por formação de quadrilha num esquema de fraudes bancárias”, que ele alega ter ocorrido porque não tinha dinheiro na época para pagar um advogado.

Para quem costuma pontificar sobre “inteligência emocional” e propõe a incorporação do tema ao ensino, para evitar que crianças e adolescentes entrem no mundo do crime, o ex-coach acabou mostrando, com seu destempero, que precisa aplicar a si próprio os princípios que prega para os outros.

Agora, no campo ideológico, é preciso reconhecer que Marçal fez algumas afirmações incômodas, que, se não são 100% precisas, refletem em boa medida a realidade da disputa e contribuíram para o público conhecer melhor os alinhamentos de cada candidato. A questão teria passado em branco se ele não tivesse participado do evento e as colocado em pauta.

Entre outras coisas, Marçal questionou a ideia de que o prefeito Ricardo Nunes, candidato à reeleição, é de direita, apesar do apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, e afirmou que o candidato Guilherme Boulos, do PSOL, apoiado pelo PT e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é de extrema esquerda e defende os ditadores Nicolás Maduro, da Venezuela, e Daniel Ortega, da Nicarágua, além de grupos terroristas como o Hamas, e que Tábata Amaral, do PSB, “vive babando ovo” para Lula.

É certo que, ao abordar as inclinações políticas e ideológicas de seus concorrentes, Marçal jogou os holofotes também sobre suas próprias convicções, que podem parecer estapafúrdias para muita gente, mas representam, para o bem ou para o mal, conforme o ponto de vista, um contingente considerável dos eleitores de São Paulo.

Confira a seguir algumas das afirmações de Marçal sobre as visões ideológicas dos candidatos, feitas por ele no debate da Band e na entrevista que deu à emissora ao chegar para o evento a respeito. O único que passou ao largo da artilharia foi o jornalista José Luiz Datena, do PSDB, poupado por Marçal de referências diretas sobre o assunto.

Sobre os demais candidatos presentes ao debate

“Aqui só tem candidato de esquerda e centro-esquerda”

Sobre Ricardo Nunes

“Alguém que está agora à minha direita (faz parte) da falsa direita da cidade de São Paulo”

“Por que a Marta Suplicy, que é vice daquele cara de extrema esquerda (referindo-se a Boulos) era secretária desse cara aqui da falsa direita (referindo a Nunes)?”

Sobre Guilherme Boulos

“Alguém ali apoia o terrorismo do Hamas, vive romantizando terrorismo, tirou foto com aquele ditador da Nicarágua, vive elogiando o ditador Maduro, que perdeu a eleição. Inclusive um esquerdista, o (Gabriel) Boric (presidente do Chile), acabou de falar que o Maduro perdeu eleição, mas gagueja na entrevista da Rede Globo falando que (o regime da Venezuela) não é o modelo dele de democracia. Quer dizer que cada ditador tem um modelo próprio (de democracia)?

“As pessoas (que vem a São Paulo para participar de eventos) tomam um choque de realidade muito grande no centro, que está completo de invasões daquele outro candidato que está na extrema esquerda deste palco.”

“O Boulos é um cara que não responde sobre maduro, de quem ele é fã. É um comunista de carteirinha, um playboy que está querendo bancar o pobre.”

Sobre Tábata Amaral

“A Tábata Amaral está aí para ser o para-choque do comunista extremo (em referencia a Boulos). Isso é um jogo que o presidente Lula fez para colocar todo mundo junto para atacar o prefeito Ricardo Nunes (afirmou à entrada do debate)”

“Você tem um herói chamado Luiz Inácio Lula da Silva, que foi condenado por 9 juízes em 3 instâncias a 580 dias de cadeia e você vive babando ovo para ele.”

No primeiro debate realizado pela Band nesta quinta-feira entre os cinco principais concorrentes à prefeitura de São Paulo, que deixou de fora a representante do Novo Marina Helena, por não ter atingido nas pesquisas a “linha de corte” definida pela emissora, o candidato Pablo Marçal, do PRTB, deu um “show” à parte.

Em meio à profusão de palavras de baixo calão que proferiu no debate, Marçal pode ter mostrado que não está preparado para comandar a cidade, com propostas como a “empresarização” do ensino, a construção de um “cinturão” de teleféricos horizontais nas comunidades e a criação de bolsões de estacionamento nas rodovias que chegam a São Paulo, para resolver o problema do trânsito.

Marçal, do PRTB, afirmou no debate da Band ao abordar que Boulos "apoia terrorismo do Hamas" e Tábata Amaral "vive babando ovo" para Lula Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Ele pode também ter perdido a linha com as perguntas feitas pela deputada Tábata Amaral, candidata do PSB, sobre a Operação Água Branca, um projeto para transformar a vida urbana na região, localizada na zona oeste de São Paulo, que ele demonstrou desconhecer, e sobre sua “condenação por formação de quadrilha num esquema de fraudes bancárias”, que ele alega ter ocorrido porque não tinha dinheiro na época para pagar um advogado.

Para quem costuma pontificar sobre “inteligência emocional” e propõe a incorporação do tema ao ensino, para evitar que crianças e adolescentes entrem no mundo do crime, o ex-coach acabou mostrando, com seu destempero, que precisa aplicar a si próprio os princípios que prega para os outros.

Agora, no campo ideológico, é preciso reconhecer que Marçal fez algumas afirmações incômodas, que, se não são 100% precisas, refletem em boa medida a realidade da disputa e contribuíram para o público conhecer melhor os alinhamentos de cada candidato. A questão teria passado em branco se ele não tivesse participado do evento e as colocado em pauta.

Entre outras coisas, Marçal questionou a ideia de que o prefeito Ricardo Nunes, candidato à reeleição, é de direita, apesar do apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, e afirmou que o candidato Guilherme Boulos, do PSOL, apoiado pelo PT e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é de extrema esquerda e defende os ditadores Nicolás Maduro, da Venezuela, e Daniel Ortega, da Nicarágua, além de grupos terroristas como o Hamas, e que Tábata Amaral, do PSB, “vive babando ovo” para Lula.

É certo que, ao abordar as inclinações políticas e ideológicas de seus concorrentes, Marçal jogou os holofotes também sobre suas próprias convicções, que podem parecer estapafúrdias para muita gente, mas representam, para o bem ou para o mal, conforme o ponto de vista, um contingente considerável dos eleitores de São Paulo.

Confira a seguir algumas das afirmações de Marçal sobre as visões ideológicas dos candidatos, feitas por ele no debate da Band e na entrevista que deu à emissora ao chegar para o evento a respeito. O único que passou ao largo da artilharia foi o jornalista José Luiz Datena, do PSDB, poupado por Marçal de referências diretas sobre o assunto.

Sobre os demais candidatos presentes ao debate

“Aqui só tem candidato de esquerda e centro-esquerda”

Sobre Ricardo Nunes

“Alguém que está agora à minha direita (faz parte) da falsa direita da cidade de São Paulo”

“Por que a Marta Suplicy, que é vice daquele cara de extrema esquerda (referindo-se a Boulos) era secretária desse cara aqui da falsa direita (referindo a Nunes)?”

Sobre Guilherme Boulos

“Alguém ali apoia o terrorismo do Hamas, vive romantizando terrorismo, tirou foto com aquele ditador da Nicarágua, vive elogiando o ditador Maduro, que perdeu a eleição. Inclusive um esquerdista, o (Gabriel) Boric (presidente do Chile), acabou de falar que o Maduro perdeu eleição, mas gagueja na entrevista da Rede Globo falando que (o regime da Venezuela) não é o modelo dele de democracia. Quer dizer que cada ditador tem um modelo próprio (de democracia)?

“As pessoas (que vem a São Paulo para participar de eventos) tomam um choque de realidade muito grande no centro, que está completo de invasões daquele outro candidato que está na extrema esquerda deste palco.”

“O Boulos é um cara que não responde sobre maduro, de quem ele é fã. É um comunista de carteirinha, um playboy que está querendo bancar o pobre.”

Sobre Tábata Amaral

“A Tábata Amaral está aí para ser o para-choque do comunista extremo (em referencia a Boulos). Isso é um jogo que o presidente Lula fez para colocar todo mundo junto para atacar o prefeito Ricardo Nunes (afirmou à entrada do debate)”

“Você tem um herói chamado Luiz Inácio Lula da Silva, que foi condenado por 9 juízes em 3 instâncias a 580 dias de cadeia e você vive babando ovo para ele.”

Opinião por José Fucs

É repórter especial do Estadão. Jornalista desde 1983, foi repórter especial e editor de Economia da revista Época, editor-chefe da revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, editor-executivo da Exame e repórter do Estadão, da Gazeta Mercantil e da Folha. Leia publicações anteriores a 18/4/23 em www.estadao.com.br/politica/blog-do-fucs/

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