Pela narrativa dominante, no governo Lula o Brasil voltaria a figurar no radar internacional e a atrair os investidores estrangeiros, que haviam se afastado do País na gestão de Bolsonaro. Mas, a julgar pelo que mostram os números, há um tremendo abismo entre a narrativa que se propaga por aí e a realidade.
Segundo os dados mais recentes do Banco Central (BC), os investimentos diretos estrangeiros no País caíram 31,7% nos primeiros sete meses de 2023, para US$ 33,6 bilhões líquidos (deduzidas as saídas), ante os US$ 49,2 bilhões registrados no mesmo período de 2022. Em julho, isoladamente, o tombo foi ainda maior. De acordo com o BC, o volume de investimentos na produção no mês passou de US$ 7,2 bilhões em 2022 para US$ 4,2 bilhões este ano – uma queda de 42%.
Diante das incertezas existentes em relação aos rumos da economia no governo Lula, a retração acentuada nos aportes externos não chega a ser uma surpresa. Além das dúvidas sobre o equilíbrio das contas públicas e a viabilidade das metas fiscais anunciadas pela Fazenda, o atual governo tem deixado os investidores estrangeiros apreensivos ao defender a revisão da privatização da Eletrobras, da reforma trabalhista e da autonomia do Banco Central. Também tem gerado muito ruído ao colocar políticos e dirigentes partidários no comando das estatais, burlando a legislação que regula a questão com base numa liminar concedida pelo STF (Supremo Tribunal Federal), entre outras medidas controvertidas implementadas ou propostas desde a posse de Lula.
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Hoje, não falta capital no exterior para ajudar o Brasil a modernizar sua infraestrutura, promover a transição energética e reforçar a sua posição como potência dos alimentos no mundo. Seria um bom caminho para realizar os investimentos necessários, em vez de deixar o Orçamento federal no vermelho, como pretende fazer o governo. Mas, pelo andar da carruagem, parece improvável que, na atual gestão, o País aproveite a oportunidade para acelerar o desenvolvimento, oferecendo mais segurança aos investidores estrangeiros.